Falta povo ao liberalismo brasileiro, por Luis Nassif

Falta POVO no liberalismo brasileiro. O dia em que casar o discurso anti-Estado com as propostas pró-POVO, ampliando a visão Estado x empresas, será politicamente competitivo.

O fator POVO é fundamental por várias razões.

Primeiro, para incutir um pouco de alma no liberalismo brasileiro. Faltam aos liberais generosidade, solidariedade e outros sentimentos nobres que ajudam a legitimar ideias e partidos. O discurso da eficiência ganharia outro colorido, se os resultados fossem claramente destinados à melhoria de vida, dos serviços públicos e das oportunidades à população como um todo. Precisará ser mais Ricardo Barros e menos Eduardo Gianetti.

Segundo, por uma questão de visão de país.

Não se constrói um país sem uma identificação umbilical com seu povo.

Sem propostas para o desenvolvimento social, para o aprimoramento da sociedade, para a ampliação das oportunidades para o POVO, não existe projeto de país.

O Bolsa Família nasceu em cima de princípios anteriormente consagrados pelo liberalismo, pela noção da focalização, pelo uso de indicadores que ajudassem a focalizar a ação nos mais necessitados, pelo cartão que permite sacar dinheiro direto do banco, sem passar pelos coronéis locais.

Bastou ser bem-sucedida para sair do ideário liberal. O mesmo ocorreu com políticas como o REUNI, Ciência Sem Fronteias e outros.

Ora, qual a proposta alternativa? Não se consegue sair da visão fiscalista mais primária, como se superávit fiscal fosse objetivo final, e não o resultado do aumento da eficiência.

Terceiro, para consolidação da própria visão de empreendedorismo e de 4a revolução industrial.

Há uma energia enorme escondida nas classes de menor renda, uma gana pela educação e pelo trabalho, vistos como únicas saídas para o estado de pobreza secular. A ampliação do ensino universitários, as bolsas de estudo, inclusive para faculdades no exterior, foram uma pequena amostra do extraordinário potencial da população, se exposta às mesmas oportunidades da classe média.

A 4a Revolução Industrial prescinde dos operários de chão de fábrica. E exigem trabalhadores criativos. A cultura brasileira é fundamentalmente flexível. Falta o preparo. No entanto, o modelo educacional defendido pelo liberalismo é um oceano de ensino massificado cercando algumas ilhas preferenciais.

A falta de pensadores

Direita e esquerda têm seus ideólogos, formados em torno de uma série de valores positivos e negativos.

A direita conseguiu se estruturar dentro de uma pauta moral medieval, mas, em todo caso, pauta. A esquerda tem os vários matizes, dos direitos humanos às guerras revolucionárias.

Já o liberalismo tupiniquim consagrou alguns porta-vozes fracos, com um discurso recorrente  anti-Estado e pró-políticas monetária e cambial, e não sai desse diapasão. São uma antologia de chavões.

Vez ou outra tentam desenvolver um discurso moral antagônico ao da direita troglodita. Mas são meras posições pessoais, pois não conseguem transformar esses princípios em propostas claras de políticas públicas. E tem uma ojeriza invencível por POVO. Qualquer política visando a melhoria da população é considerada populista, anacrônica, atrasada.

Com essa posição primária, superficial, preconceituosa, acabam comprometendo valores que são essenciais em qualquer modelo: a produtividade, a meritocracia no sentido amplo de igualdade de oportunidades, a criação de um ambiente desburocratizado, favorável ao empreendedorismo, ainda mais nesses tempos de profundas mudanças tecnológicas.

Os fóruns de participação

Nos últimos anos, houve proveitosa convivência dos lados social e empresarial em pelo menos dois fóruns relevantes: o da educação e o da inovação.

Na Educação, juntaram-se as ONGs do setor privado com sindicatos e associações da categoria, discutiram e tiraram um documento precioso, o Plano Nacional de Educação. Houve consenso sobre três pontos:

1. O professor tem que ter as condições ideais na escola.

2. Tem que ser bem remunerado.

3. Dadas as condições anteriores, sua produtividade tem que ser medida e resultados precisam ser cobrados.

E juntaram-se as duas pontas para trabalhar por aumento do percentual para educação no orçamento federal. Obviamente, esse trabalho foi interrompido pela ascensão da quadrilha Temer.

O segundo evento da maior relevância foram as conferências de inovação, que juntaram empresas, cientistas e técnicos em torno do mesmo projeto de país. O que gerou o MEI (Movimento Empresarial pela Inovação), com grandes empresas levantando conceitos de inovação para as pequenas e médias.

Trata-se de bandeira a ser levantada por qualquer partido moderno, liberal ou de esquerda.

Mas, para tanto, os liberais precisam se curar da síndrome Maria Helena Guimarães, a Secretaria Executiva do MEC, ex-Secretária da Educação de São Paulo, que acha que programas de qualidade são um manual que se aplica sem sair da sala e sem ouvir a ponta.

A noção de Estado

Assim como falta a parcelas da esquerda noções maiores sobre o funcionamento e o papel do mercado, há a mesma ignorância dos liberais sobre os limites de atuação do Estado. Em todos os grandes temas nacionais – energia, telecomunicações, logística, financiamento de longo prazo – analisa-se o Estado com a mesma ótica, de que ele seria substituível pelo mercado.

Nessa superficialidade, não conseguem entender sequer princípios de funcionamento do Estado regulador moderno. Não apresentam alternativas minimamente viáveis para a substituição do Estado no financiamento da pesquisa, na oferta de financiamento de longo prazo, nos investimentos em infraestrutura. Ou, a grandeza intelectual de reconhecer os setores em que o papel do Estado é imprescindível. Com isso, se enfraquecem até nas críticas relevantes contra o Estado, porque misturadas no caldeirão dos preconceitos ideológicos.

Qualquer restrição ao setor privado, não é analisado pela ótica interesse público x interesse privado, mas de Estado x mercado, mesmo quando o interesse público é explícito.

Mais que isso. No esforço de desmerecer todas as políticas bem-sucedidas do governo petista, ajudaram a criminalizar os fundos de participação do BNDES e da Finep, ponto central dos novos mercados, avalizando a análise burocrática do Tribunal de Contas da União.

Não saíram em defesa do BNDES, mesmo sabendo que é um órgão eminentemente técnico, trabalhando em uma área não atendida pelo setor privado.

O centro democrático

O fortalecimento do centro-democrático não virá dessas aventuras inconsequentes, com Dória ou Huck, ou o extraordinário blefe que é Paulo Hartung, o seguidor do manual do perfeito idiota fiscalista – o que desmonta um Estado inteiro para garantir um equilíbrio fiscal.

O centro-democrático se fortalecerá quando criar-se uma massa crítica de pensadores e políticos capazes de entender as características de um Estado moderno, de colocar o foco de todas as políticas públicas na promoção do brasileiro, desenvolvendo uma maneira diferente de entender o país, não como uma fazenda, mas como um organismo social e economicamente complexos.

Houve um tempo em que o PSDB tinha como aliados pensadores social-democratas que vicejavam na USP e que conseguiam contrapor ideias aos pensadores mais à esquerda.

Todos pularam do barco tucano.

É hora de começar a se pensar em uma convergência de ideias, acima das quizilas partidárias e eleitorais.

 

Luis Nassif

32 Comentários

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  1. O tempo para isto acabou, caro Nassif

    Solidariedade e proximidade com o povo sempre foi uma coisa muito difícil para os liberais. Sempre tiveram medo e, às vezes, tolerância com o povo, e tentavam transformar estes sentimentos em solidariedade e proximidade.

    Mas o tempo para isto acabou no mundo inteiro, Nassif. As elites do Brasil são oligárquicas e nunca foram liberais (nem hard, nem de forma generosa). E agora é tarde demais para ser liberal-generoso, pois a conjuntura mundial não permite.

    O liberalismo em todo o mundo está cada vez mais radical, anti-povo e pró-1%. O cobertor da crise está muito curto e os liberais voltaram às suas origens do séc. XIX: farinha pouca meu pirão primeiro.

    Esqueça esta ilusão.

    Os Gianettis da vida (que CDF bundão!) é que darão as cartas na seara das ideias liberais.

  2. Utopia

    Essa convergência é tão possível quanto o Feliciano admitir que Jesus o expulsaria do templo.

    A burrice, jequice e apetite incomensurável por lucro fácil impede que isso aconteça. Ninguém reconhece que para promover a justiça social é imprescindível distribuir renda e educação e não tocam no ponto nevrálgico: a profunda imbecilidade e tacanhez do sistema tributário, que afoga empresa e contribuintes, com base restrita e efeito cascata sobre consumo, produção e emprego.

    Sem ampliar a base contributiva e mudar o foco para renda, patrimônio e herança, nada vai mudar.

    Dar acesso a quem precisa de serviços de educação e saúde e garantir a segurança mínima, jurídica e de ir e vir é o papel do Estado.

  3. “A ampliação do ensino

    “A ampliação do ensino universitários, as bolsas de estudo, inclusive para faculdades no exterior, foram uma pequena amostra do extraordinário potencial da população, se exposta às mesmas oportunidades da classe média.”

    Sabe qual foi o maior problema com estas políticas?

    Os beneficiários dela começaram a pensar exatamente como o Eduardo Gianetti.

    Não foram gratos pela oportunidade e nunca praticaram qualquer ação para perpetuação daquelas políticas. 

  4. Pergunto mas só de sacanagem:

    Os que “pularam do barco tucano” sabiam nadar? Espero que não. E vamos para frente.

    Só uma amostra da imbecilidade tosca boçal e arrogante dos tais “liberais paulistas”: ficam discutindo nos clubes e restaurantes dos Jardins/Higienópolis se o Macron brasileiro será o Huck ou o Dória, sem saber nadica de nada de onde veio a candidatura Macron (Clube Montaigne e outros “Think tanks” ligados aos empresários mais antenados com os novos tempos –  pontos de encontro dos capitalistas com a alta administração pública etc…

    E olham com desprezo os empregados dos tais clubes e restaurantes dos Jardins/Higienópolis que sabem que não sabem mas tem certamente muito mais sabedoria que não vem do “berço” (palavra horrível que escuto sempre nestes locais – mas graças a Deus cada vez menos já que minha presença em terras tupiniquins são cada vez mais curtas).

     

    Só o Nassif para esperar algo que preste desta turma.

    1. Os auto denominados liberais

      Os auto denominados liberais paulistas, são o que de mais podre existe no país! Se agarram a chavões liberais, pois é o que mais lhes convêm momentaneamente! Uma das grandes vantagens que obti na vida é não ter mais que pisar neste lugar para trabalhar! E espero nunca mais precisar ter que interagir com (classe média para cima) paulista! Sério, quando estou em São Paulo, tudo me soa “fake”, uma cópia mal enjambrada de “coisas de primeiro mundo”. Das idéias até a forma de agir! Uma lancelot link real! 

      O Brasil não merece São Paulo!

      1. Eu não esqueço de um caso –

        Eu não esqueço de um caso – nem sei se é o mais grave, rsrsr – de um cidadão paulistano que perguntava, em um tom afetadamente distraído, a distancia entre uma cidade e outra, “quantas milhas?”.

        … Ai, ai…

  5. “Precisará ser mais Ricardo

    “Precisará ser mais Ricardo Barros e menos Eduardo Gianetti.”

    Espero que este Ricardo Barros, não seja o ministro da Saúde, que de liberal não tem nada, ao contrário, não passa de um fascista que está destruindo o que resta do SUS, está ferrando com os usuários dos planos de saúde e odeia pobre. 

  6. A verdade:
     
    ou o povo acorda

    A verdade:

     

    ou o povo acorda e roda a baiana, ou será massacrado sem dó, enquanto o homem do báu joga aviõezinhos para um platéia anestesiada, e o bonitão do telejornal regurgita que as reformas vão trazer o paraíso para o trabalhado……e espera alguma coisa que preste de intelectual é demais…..não passam de um bando de desocupados doidos por uma sinecura…….

  7. Enquanto

    a Direita se limita a repetir os chavões / decorebas, a esquerda traça planos para o projeto de poder. E o país? Caminha para a inanição, para a africanização e para a balcanização.

  8. Ainda que o texto de Nassif

    Ainda que o texto de Nassif mereça elogios,não gostaria de aprofundar-me sobre o tema,visto que,tenho uma opinião não muita lisonjeira sobre isso.Seja a direita,a esquerda,centro,extremos de qualquer ordem,em qualquer outro lugar do planeta Terra,por muitissimo menos do que se atrevem fazer no Solo Consolidado Pátrio,teriamos um País em chamas.Não sem razão o filosofo e pensador francês Joseph-Maire Maistre,escreveu para a posteridade:”Cada povo tem o governo que merece”.Não saberia informar,se desde então,teve o Brasil como fonte inspiradora.

  9. Paradoxo

    No fundo, o que se está querendo ou esperando, por puro desespero, seria uma “Direita civilizada”. Que é um paradoxo, ao menos no Brasil (*): se é direita não pode ser civilizada; se é civilizada, não pode ser direita. 

    (*) O professor Janine jura que na França a direita é civilizada. Como não tenho conhecimento, mal dou conta de acompanhar este lupanar tupiniquim, louvo-me nas palavras do professor. 

    1. Exemplo de direita civilizada

      Da revista Forum – O âncora do Jornal da Globo, William Waack, aparece ao lado de um comentarista, à frente da Casa Branca, em Washington (EUA), quando um carro começa a buzinar na rua. Irritado, ele reage ao barulho: “tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é… é preto. É coisa de preto!”, e ri junto com o comentarista ao lado. O vídeo vazou nas redes e está viralizando.

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=yhzgqDdbm4Q%5D

  10. O liberalismo brasileiro

    O liberalismo nessas plagas é uma aberração. Em uma passagem de seu livro “O mito do desenvolvimento econômico”, Celso Furtado escancara os interesses ocultos por  trás do  liberalismo ao deixar claro que essa corrente econômica só é vantajosa para as nações que, industrialmente, têm vantagem competitiva. Nesse sentido, lembra que o liberalismo surgiu na Inglaterra (Adam Smith et caterva), país mais industrializado da época. Para além disso, é bom destacar que esses “liberais” brasileiros são, na verdade, uns beócios “neoliberais”, fundamentalistas que idolatram Margareth Tatcher e Ronald Reagan. Me surpreende muito o Nassif achar que o problema deles é não incluir o povo em suas formulações, não falar de solidariedade, não ter propostas para o desenvolvimento social etc. etc. etc. Falar de neoliberalismo e “solidariedade”, neoliberalismo e preocupação com “desenvolvimento social” etc. é uma contradição em termos. Pois, como diria a “dama de ferro”, parteira do neoliberalismo, “não existe essa coisa de sociedade, o que há e sempre haverá são indivíduos”.

  11. Já era.

    Já era, Nassif,

    Esses “pensadores” que você procura estão fazendo acerto de contas com o passado deles de gremio estudantil; estão parados na década de 60 e de lá não saem de jeito nenhum.

    “O Caminho da Servidão” é de 44/45, uma obra meramente antitrabalhista. Ainda assim, só chegou aqui na final dos 70, no bojo da ascensão de Thatcher e Reagan, dois simplórios!

    Da “nova geração”, então…. esses estão na década de 30!

    Do mundo empresarial é que sempre foi mais difícila ainda sair qualquer coisa que prestasse. Herança e diplomas sempre serviram somente como emblemas de distinção. O beletrismo, as saladas conceituais e o rasteirissimo espirito científico são evidências disso. Além, é claro das péssimas condições de vida do povo, que sempre se ferrou na mão de elites estúpidas, preconceituosas e brutais.

    Não há motivo para se iludir mais: falam mal da Política, do Estado e do Governo porque querem a Pólítica, o Estado e o Governo para eles e somente para eles. O Povo, que se dane.

    Não é só ignorância, não: é mesquinharia

  12. O Brasil é isso Nassif,

    O Brasil é isso Nassif, sempre foi e sempre será.

    Os anos PT foram uma leve esperança de tornar isso aqui mínimamnete civilizado. 

    Já foi.

    O Lula morrerá na cadeia, para mostrar quem manda. 

    E em breve olavo de carvalho e o pessoal do Brasil Paralelo vai conseguir emplacar a monarquia no Brasil.

    Esse é o nosso destino.

  13. O caldeirão pode estar borbulhando

    Sera que 2018 podera ser pior de tudo o que estamos vivendo desde 2014? Porque se Huck ou Doria ou outro deslumbradinho pensa que pode ser o proximo Trump ou Macron e a imprensona apoia (tudo menos Lula), ai acho que ficamos de vez no fundo do poço. Ou os miseraveis marcharão sobre as cidades. Porque uma coisa era viver na miséria antes de Lula e da Internet. Pouco a pouco a consciência da enorme desigualdade de classe vai fazendo caminho nas periferias.

  14. A maior balela contada pelo

    A maior balela contada pelo liberalismo é a de que o Estado tem de deixar o mercado e tudo mais se auto regular, com a estória de que estado mínimo fortalece as empresas e abre oportunidades 

    Na visão hoje, principalmente a do governo Temer, o povo já não é mais dono da riqueza do país, somos meramente mão de obra e pagadores de impostos que sustentam o legislativo, o executivo e p judiciário, este último o maior comedor de dinheiro do planeta e não dá nenhum retorno efetivo pra população, muito pelo contrário, enche as prisões com gente pobre, soltam os ricos e ainda se dizem justos o suficiente para apoiar a retirada de uma presidente da república eleita por esse povo explorado, é só foi eleita porque prometeu não fazer o que o aecio prometeu fazer, mas acabou fazendo 

    Todos os capitalistas são contra a intervenção do estado na economia, a não ser na hora de salvar bancos, aumentar salários de juízes acima do teto constitucional e salvar empresas doadoras de campanha emeitoral

     Fala sério, nesse país a única certeza é a nossa exploração econômica por uma elite atrelada a potências estrangeiras, ou se faz uma revolução de pensamento no Brasil ou vamos acabar como o México; todos ferrados, com a riqueza do país entregue nas mãos de estrangeiros, todos com o pires na mão e sonhando atravessar um muro pra tomar uma coca-cola com o mickey…

    Pois somos todos ainda patetas

     

     

  15. “Assim como falta a parcelas

    “Assim como falta a parcelas da esquerda noções maiores sobre o funcionamento e o papel do mercado…”

    Qual mercado? O mercado que destruiu a maior economia do mundo e enlouqueceu a sua população com retirada de direitos e a alienação do consumo de um lado e a pressão da meritocracia de outro? O mercado que é o cassino das bolsas de valores mundiais? O mercado do Lemann que dá um golpe de estado para se apropriar do sistema Eletrobrás enquanto mantém contas em paraísos fiscais para desviar dinheiro de impostos? O mercado da Trafigura mostrado na série Lava Jato?

    Explica aí o que tem de bom esse “deus mercado” porque eu sou de esquerda.

  16. Ah se eu soubesse quem é este tal povo

    Boa noite,

    Não tenho ou passo procuração para avaliar ignorâncias, mas sempre me pergunto quem é este tal povo que todos se referem como a um velho conhecido, mais ou menos com a mesma liberdade que falam de um tal de mercado.

    Dizem que dorme e que irá acordar, que deseja ou tem ojeriza a algo, alguém, alguma coisa. Mas raramente, estes que dizem, se veem em meio ao tal povo que falam, pois quando o tal povo diz ou faz besteiras, alegram-se em dizer, não sou esse povo. Mas se fazem algo corajoso, heroico, imediatamente estão entre o tal povo.

    Isto me faz acreditar que o tal povo é bipolar ao melhor estilo Jack & Hyde ou há mais de um povo, e que pela quantidade de vezes que alguém está ao lado de um povo ou de outro, deve haver muitos povos dentro do tal povo.

    Quando dizemos que o melhor para eles é educação, de qual educação se fala? O Nassif fala de um modo que me lembrou Marx: o que o proletariado deseja, é ser burgues. Educar para “melhorar de vida”, “gerar oportunidades”, o escambau. Mas quem perguntou ao tal povo se quer isto? Na maior parte dos casos, isto é atribuído ao tal povo, por um outro povo que diz: seja como eu e meu povo.

    Com o nível de educação que é dada em casa e nas escolas, o indivíduo em meio ao povo, será qualquer coisa, menos ao final, povo, pois agora “estará em outro nível”.

    “condições ideais na sala de aula”?  que bobagem é esta? segundo meus colegas, a condição ideal é que não houvesse alunos… Aprender, aprendemos em qualquer lugar, especialmente nas ruas. Por que a escola até hoje, isola os jovens da vida cá fora? porque não são peripatéticos? poderiam assistir à vida e aprender com um bom orientador…

    “tem que ser bem remunerado”?  bem, em um país no qual um policial militar é mais valorizado que um professor, parece que temos um problema. Mas honestamente, penso que faz mais sentido. O policial dá a vida para proteger. Conheço bem poucos professores que dão a vida para ensinar. Se pagar bem, sem o devido esforço, reflexão aprendizado, teremos uma espécie de procuradores e juizes, que sabem tudo, mandam em tudo, mas não ensinam ou aprendem coisa alguma. Para não ser cruel, sim, o professor deve ser bem pago, mas tem de demonstrar que sabe dar uma aula de 200 reais melhor que uma de 20 reais.

    “sua produtividade tem de ser medida…” nada mais neoliberal, dourado por pseudocientificidade. Nem tudo que pode ser contado, conta de fato. Educação é um processo longo, que adianta ir bem no segundo ano do primário (perdão, sou velho) e ser um idiota na faculdade? Ah, dirão os espertos, o importante é uma sucessão de sucessos. Curioso lugar no qual se submete a uma avaliação, ou avaliação sem critérios claros, e diz que se não for bem nelas, está reprovado ou demitido. Alguém aí se arrisca a me dizer como se deve medir a educação de um indivíduo? 

    Inovação, criatividade, flexibilidade, malemolencia, que lindo! Somos criativos, simpáticos, solidários, só que não! Criatividade sem disciplina é sonho. Não adianta sonhar com teletransporte e ignorar física básica. Simpáticos com quem merece, porque a balconista não merece nem por favor e obrigado. Tudo bem, quando for a vez dela ser cliente, também não dirá por favor e obrigado. Falta solidariedade.

    Precisamos aprender que nãos somos essa delícia, e que criatividade sem limitação de recursos, de nada serve. Quero ver ser criativo em meio às restrições severas. Criativo é quem vive de salário mínimo e se vira. Mas a viração desse povo, será que é válido para o povo que lê aqui?  Levará o país ao progresso? A ver, mas desculpe, não acredito muito.

    Lamento por água no chopp, mas a verdade é que o que falta é cidadania. É saber (disse saber e não conhecer) dos direitos e deveres. É reconhecer as próprias limitações e lutar contra estas. É na vitória saber que é pó e ao pó voltarás. É na derrota saber que não perdeu a própria dignidade pois combateu o bom combate.

    É isto que forma um povo, gente que sonha juntos, que sabe o caminho para o bem estar, para o respeito e tolerancias mútuas.

    Direita, esquerda, centro, são apenas caminhos. Um deles é mais rápido para aquele que viaja sozinho, o outro mais belo por viajar juntos e por isto, mais demorado. E há aqueles que tem preguiça de se aventurar, ou equilibrio para ver as virtudes de cada lado, mas escolheu equilibrar.

    Chega de ideologias toscas! É preciso pensar no povo, no individuo, na cidade, país, planeta. Pensemos em nós todos e na reciprocidade. Só assim, teremos de acordo com nossas necessidades e daremos de acordo com nossas capacidades.

     

  17. Os liberais eram “solidários

    Os liberais eram “solidários e generosos” quando distribuiam esmolas. Agora nem esmolas estão dispostos a dar. Mercado não tem alma. 

  18. Posso contar, nos dedos das
    Posso contar, nos dedos das mãos as vezes, em que li um texto tão honesto e sensato sobre, liberalismo na direita brasileira!

  19. Nassif,
    Seria de extrema

    Nassif,

    Seria de extrema importância você iniciar e aprodundar-se nos estudos de todas as matizes de pensamento Liberal e Conservador.Ele começou a ganhar massa e relevância somente depois de muito tempo,mas as semente aqui no Brasil,foi lançadas lá atrás no Fórum da Liberdade no longínquo ano de 1988.

    Sugiro debrusar-se sobre a série e estudos apresentados por um autodenominado grupo de mídia independente de nome : Brasil Paralelo.No Wikipidia você pode encontrar algumas informaçoes no link : https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Paralelo

    Já assisti todos esses vídeos abaixo,além de uma grande parte das entrevistas.Posso lhe assegurar,que a busca dessa gente psicótica e hipócrita até a medúla e plantar no inconsciente coletivo um mito que vai tornar nossa sociedade,tão neurótica e conservadora no pior sentido que se possa imaginar.

    Episódio 1: Panorama Brasil — Um raio-x inconvenienteEpisódio 2: Terra de Santa Cruz — Uma história não contadaEpisódio 3: A Raiz do Problema — Como chegamos aqui?Episódio 4: Dividindo Pessoas, Centralizando o PoderEpisódio 5: PropostasEpisódio 6 (extra): Impeachment — Do apogeu à quedaEpisódio 1: A Cruz e a EspadaEpisódio 2: A Vila Rica.

  20. Falta povo ao liberalismo brasileiro

    seria tão simples quanto é quase impossível: os Donos do Dinheiro no Brasil se reconciliarem com o Povo e a Nação.

    jamais farão isto. não tenhamos ilusão.

    as idéias dos liberais brasileiros sempre permaneceram fora de lugar. antes combinaram liberalismo com escravidão, agora Estado Democrático de Direito com um Judiciário fora da lei.

    qual entidade empresarial, ou mesmo um único grande empresário brasileiro, que já se manifestou contra o desmonte do Brasil?

    jamais farão isto. não tenhamos ilusão. são os legítimos herdeiros dos primeiros “empresários” que aqui aportaram para pilhar e saquear. desde a madeira e o ouro e diamantes. escravizando os povos originários e sem qualquer intenção em desenvolver a sociedade.

    o desGoverno Temer é o governo que mais representa os Donos do Dinheiro no Brasil: uma lumpenburguesia que vê o Povo sob a ótica da escravidão e a Nação da perspectiva de colônia.

    o modelo do empresariado brasileiro ainda é o Visconde de Mauá: a união da mão de obra escrava com o capital internacional.

    e assim percorremos um viagem redonda até desembarcarmos no Golpeachment, numa procissão de cinismo, ambição, hipocrisia, traições, malversações. ao longo da História as mesmas Famiglias sempre expropriando os recursos públicos em benefício de seus interesses privados.

    seus nomes?

    Guinle, Simonsen, Klabin, Lafer, Gerdau, Bouças, Marinhos, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Odebrecht, Moreira Salles, Setúbal, Villela, Sarney…

    p.s.: Lemann, Armínio Fraga, Goldfajn, Safra, Steinbruch, Henrique Meirelles…

    .

  21. Covardia X Serenidade
     
    A

    Covardia X Serenidade

     

    A nossa vida se desenvolve em um mundo de normas. Acreditamos ser livres, mas na realidade, estamos envolvidos em uma rede muito espessa de regra de conduta que, desde o nascimento até a morte, dirigem nesta ou naquela direção as nossas ações. Norberto Bobbio TEORIA DA NORMA

     

     

        

  22. O que falta é amor

    Um dos pensadores que mais estudou o povo brasileiro foi Darcy Ribeiro.
    Antes do livro “O povo brasileiro” ele construiu o que ele mesmo chamava de Teoria do Brasil, argumentando que nenhum povo vive sem a teoria de si mesmo. O que Darcy nos ensina, entre outras coisas, é que o povo brasileiro se constituiu como um proletariado externo, ou seja, um povo que não vive para si mesmo. Nesse sentido, fica mais fácil compreender o que o Nassif diz quando falta povo no projeto das elites. Estas nunca se preocuparam com o bem estar da população, e nunca tiveram amor por ela.
    O que o povo quer é se sentir útil e participante na construção do país, o que é justamente o contrário do que acontece agora e sempre aconteceu na história cultural brasileira. O compositor Crioulo já disse que não existe amor em SP, e provavelmente não exista amor no Brasil inteiro. Não há amor pela terra, pela água, pela gente e pelos animais. O Brasil tem um sério problema de autoestima, e isso o indica a própria bandeira adotada como sendo a do país chamado Brasil.
    O professor baiano José Antonio Gomes de Pinho escreveu um artigo sobre isso, chamado “A herança da bandeira brasileira: problemas de identidade e  auto-estima para a construção da nação. Creio que ele não se importará de ser citado aqui.
    O resumo do artigo diz:
    “Este trabalho discute a questão da inserção do dístico “Ordem e Progresso” na bandeira nacional e os problemas que isso
    representa. Para tanto, é feita uma análise da proclamação da repúblca, destacando as forças sociais que nela tomaram parte. O dístico “Ordem e Progresso” é lema básico do positivismo que possui forte carga autoritária. Essa herança, presente até os nossos dias, contribui para uma baixa autoestima, bem como dificulta a criação de uma nação democrática”.

    Já o verbete filosófico da FAFICH-UFMG sobre o positivismo
    http://www.fafich.ufmg.br/~labfil/mito_filosofia_2_arquivos/verbetes_dicionario_filosofico.pdf  aponta que o lema original do positivismo de Augusto Comte dizia:
    O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”
    Creio que não é preciso dizer mais nada

  23. Povo e Anti-povo
    Algum dia o “anti-povo” irá enteder que buscamos uma sociedade mais justa sem privilégios, em um Estado que não tire tanto do pobre para dar aos mais ricos, entenda que os programas sociais são fundamentais para quem passa fome e que além disso respeite nossa história de nação liberal em sua primeira constituição e que se perdeu no pesadelo de Gramsci…

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