FHC defende início do julgamento do mensalão tucano

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu nesta quarta-feira que o Supremo Tribunal Federal (STF) inicie o julgamento do chamado mensalão mineiro, esquema de desvio de recursos públicos que abasteceu caixa de campanha de políticos tucanos locais. Ele criticou o fato do processo do mensalão do PT, concluído esta semana, ter paralisado o país. Para o ex-presidente, isso mostra que ainda não existe “um sentimento efetivo do respeito à lei” no Brasil.

– O Brasil ficou quase paralisado frente a um julgamento quando deveria ser uma coisa normal. Por quê? ê que tem graúdos aí sendo julgados. O que mostra que é inusitado. Um país que ainda tem pouco respeito à igualdade, pelo menos perante a lei, não dá. O fundamento da democracia é a igualdade – afirmou o ex-presidente, em discurso na Associação Comercial do Rio.

Questionado se essa critica se estendia ao fato de ainda não ter sido julgado o mensalão tucano de Minas Gerais, FH disse que suas declarações valem para todos.

– Isso vale para todos. Não sou uma pessoa de ficar… Está ou não errado? Não sou juiz. Não sei. Tem que julgar e julgar rápido – afirmou.

O ex-presidente também disparou críticas contra o Congresso, a CPI do Cachoeira e a correligionários. Para ele, o Brasil precisa passar por uma “sacudida forte” e que é necessário iniciar um movimento para se construir um país decente.

– Estamos todos vendo que o rei está nu. E temos medo de dizer que o rei está nu. Um dia o povo vai dizer que o rei está nu, e nos enganou. Não vamos nos enganar mais, vamos falar com franqueza, com sinceridade, e assim vamos ajudar a conduzir um Brasil melhor para todos nós – disse FH, ao fim do discurso.

Posteriormente, ele negou que estava se referindo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo de mais uma série de denúncias nas últimas semanas.

– Eu não faço insinuações. Quando eu digo, eu digo. Já escrevi uma vez sobre o Lula um artigo com esse título (O Rei está nu), mas não foi agora. Faz oito anos. Agora eu disse metaforicamente. As coisas estão erradas e todos nós estamos vendo. Não foi pessoal – afirmou FH.

Ao analisar a maneira como o poder público vem conduzindo questões importantes para toda a sociedade, o ex-presidente comparou o momento atual com o período da ditadura militar:

– Estamos vivendo de novo como se vivia nos anos 70. Projeto impacto. O governo decide, publica e acabou”, criticou o ex-presidente, citando a importância de se debater temas nacionais e dando como exemplo a questão dos royalties do petróleo.

FH disse ainda considerar falsa a crise entre o Congresso e o STF, por conta da cassação dos mandatos de deputados condenados no mensalão e questões referentes aos royalties do petróleo.

– Não há crise nenhuma. Tudo é uma questão de interpretação. Uma vez que o Supremo toma a decisão de suspender os direitos políticos, não há como a pessoa exercê-lo. Agora, eu entendo que se informa à Câmara, que deverá tomar uma decisão formal de levar adiante a execução do caso. Fora disso, acho que é uma tempestade em copo d’água – disse.

O ex-presidente também manifestou contrariedade em relação ao correligionário Teotônio Vilela Filho, governador de Alagoas, que integrou na terça-feira uma comitiva de chefes de executivos estaduais que foram prestar apoio a Lula. Também sobrou crítica indireta ao governador de Goiás, Marconi Perillo, e à bancada tucana no Congresso. FHC reclamava de “um vazio” do Congresso no exercício do poder e na atuação de fiscalização ao Poder Executivo. Neste caso, citou o fracasso da CPI do Cachoeira.

– Veja o caso desta CPI, não estou de acordo com o que houve. Não tenho por que me solidarizar com erro, mesmo do meu partido disse.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,fhc-defende-inicio-do-julgamento-do-mensalao-mineiro,975782,0.htm

Redação

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