Helena Chagas: Só Fachin pode acabar com os vazamentos seletivos da Lava Jato

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Só tem uma maneira de os vazamentos seletivos da Operação Lava Jato, ocasionados por ajuda ou omissão da própria força-tarefa do Ministério Público Federal, ser estancada: o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, deve levantar o sigilo dos nomes envolvidos na delação da Odebrecht, assim que decidir sobre os pedidos de inquérito feito por Rodrigo Janot.
 
Caso contrário, o que continuaremos a ver é o já conhecido modus operandi da Lava Jato: vazar nomes que atingem um grupo de políticos e, na outra mão, proteger outros. É o que avalia a jornalista Helena Chagas, em Os Divergentes.
Por Helena Chagas
 
Em Os Divergentes
 
Sangria dos vazamntos dá dois pesos e duas medidas à Lava Jato
 
Quem sou eu para sugerir mudanças de procedimentos ao Supremo Tribunal Federal ou ao Ministério Público. Mas há algo de errado, muito errado mesmo, nos rituais, prazos e normas regimentais dessas instituições, que parecem ter parado no tempo e acabam produzindo situações injustas. Não dá nem para comentar a lentidão, clara no prazo de uma semana que a Lista de Janot versão 2.0 está levando para chegar às mãos do relator Edson Fachin.
 
O que pode trazer mais danos, porém, é a sangria dos vazamentos seletivos, que continuam a pingar diariamente, apesar do sigilo legal que ainda protege a lista dos políticos citados nos depoimentos da Odebrecht. Em tese, o Ministério Público é o guardião da lei. Mas parece não hesitar em descumpri-la na hora de passar alguns nomes que interessam para a imprensa.
 
E aí é que está. São sempre alguns, enquanto outros são preservados. A imprensa não pode ser responsabilizada. Afinal, queremos notícia. Mas está sendo dado um benefício indireto aos políticos que estão tendo seus nomes não revelados. Por quê?
 
Diferentemente do vazamento do primeiro dia, fruto de uma coletiva em off – uma contradição em termos – agora cada veículo dá um time diferente. Sabemos de um lado que já serão nove ministros de Michel Temer no alvo. De outro, que Aécio Neves será objeto de seus inquéritos. De forma mais diluída, que Geraldo Alckmin, que não apareceu no primeiro momento, está, sim, entre os futuros investigados. Só que eles são mais de cem.
 
Ninguém tem dúvida alguma de que o nosso sistema político está caindo de podre. Na hora de reforma-lo, porém,  é preciso incluir também o STF e as normas processuais elaboradas no tempo do telex e das cartas, quando ainda havia possibilidade de haver sigilo sobre alguma coisa.
 
A primeira atitude de Edson Facchin deveria ser a suspensão total, geral e irrestrita do sigilo da lista de Janot.
 
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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Se é assim o Brasil está

    Se é assim o Brasil está perdido.

    Haja personagem pequeno e minúsculo é esse tal de canivetinho.

    Talvez o menor e mais fraco dos patetas indicados pela Dilma.

    É só olhar a foto, só pela cara dos dois patetas vemos que o Brasil está é na roça, isso sim.

     

     

     

  2. As instituições, não apenas SP, estão podres e fedendo.

    Prezados,

    Dizer que o sistema político está apodrecido é chutar cachorro morto. Apodrecidas, corrompidas, tomadas por delinqüentes  estão TODAS as instituições da república; o triunvirato polícias, ministério público (na União e nos estados federados) e poder judiciário (na União e nos estados, em todas as instâncias) não escapam. 

    Poucas são as vozes que fazem as denúncias contra as apodrecidas instituições que compõem o chamado ‘sistema de justiça’  porque estas têm o poder da coerção, do arbítrio de perseguir, processar e privar o cidadão de várias coisas, inclusive da liberdade. Mas é preciso que milhões rompam essa barreira.

    Nas ruas se um ou outro cidadão subir num palanque e chamar as apodrecidas instituições que compõem o ‘sistema de justiça’ pelo que elas de fato são, eles podem ser seqüestrados judicialmente, torturados, ter bens e material de trabalho confiscados, ser torturados física e pisològicamente, ameaçados, processados, julgados, condenados e privados de liberdade. Mas se milhões de brasileiros forem às ruas e dirigirem a esssas instituições e alguns de seus integrantes os mesmos ‘elogios’ que têm feito aos integrantes dos poderes políticos, aí não há blindagem midiática nem poder de coerção e repressão capaz de silenciar a multidão consciente.

  3. Não nos esqueçamos da imensa

    Não nos esqueçamos da imensa e extensa condição de trabalho do dito cujo ministreco; afinal, quando ainda não juizeco, na curitibas da vida, a semana dele tinha mais de 168 horas: professor com contrato de dedicação integral (40 horas), firma de advocacia, firma de consultoria, firma de filantropia e outros centavos de tarefas…

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