Homem forte de Serra, Paulo Preto é preso pela PF

Operação desdobramento da Lava Jato fez buscas em endereços do cacique tucano Aloysio Nunes

Jornal GGN – A Polícia Federal prendeu na manhã desta terça-feira (19) o ex-diretor da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A.) e fez busca e apreensão em endereços ligados ao ex-senador e ex-ministro das Relações Exteriores no governo Temer, Aloysio Nunes (PSDB).

O trabalho faz parte de uma nova fase da Operação Lava Jato, batizada de Ad Infinitum. Paulo Preto foi detido pela suspeita de operar propinas da Odebrecht. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal de ter movimentado cerca de 130 milhões em contas na Suíça, entre 2007 e 2017. 

A PF também fez buscas em endereços de Aloysio Nunes, atual presidente da estatal InvesteSP, na gestão do governador João Dória (PSDB), porque o MPF identificou um cartão crédito emitido em favor do ex-senador, em dezembro de 2007, em uma das contas movimentadas por Paulo Preto.

O MPF revela, ainda, que o cartão com o nome de Aloysio foi entregue entre o Natal e o Ano Novo, em um hotel em Barcelona, Espanha, quando era secretário da Casa Civil do governo de São Paulo, na gestão Serra.

As investigações tiveram origem nos dados do sistema de propinas da empreiteira Odebrecht. Não é a primeira vez que Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, é preso. Em julho de 2010, o ex-diretor da Dersa foi detido em flagrante por receptação de material ilícito ao tentar negociar uma joia de diamantes avaliada em R$ 20 mil na loja Gucci do shopping Iguatemi, em São Paulo. Os vendedores identificaram que a peça havia sido furtada da própria loja. Depois de pagar fiança, o engenheiro foi solto.

Preto também é alvo de outro inquérito movido pelo MPF, sobre o desvio em três obras durante a gestão de José Serra no governo de SP: a nova marginal do Tietê, a construção do eixo Sul do Rodoanel e o prolongamento da Avenida Jacu Pêssego. O caso levou à deflagração da primeira fase da Lava Jato em São Paulo.

Segundo o MPF, Preto montou um esquema que fraudava o cadastro de moradores desalojados pelas obras. Cerca de 1.800 pessoas foram inseridas indevidamente no programa de reassentamento em outras áreas, incluindo seis famílias de pessoas que trabalharam para a família de Preto. Na época, cerca de R$ 7,7 milhões (ou R$ 10 milhões corrigidos hoje), foram desviados.

No início deste mês, o MPF pediu à Justiça uma pena de 80 anos de prisão para o engenheiro nesse inquérito, pelos crimes de peculato, inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.

Entretanto, uma decisão decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes pode levar as crimes cometidos por Preto à prescrição. Ele concedeu uma decisão liminar na semana passada anulando a fase final do processo. A medida possibilita mais tempo para a produção de provas por parte dos réus do inquérito, que inclui José Serra.

Na operação deflagrada nesta manhã, Preto é acusado pelo MPF de ter operado em favor da Odebrecht. Os valores eram entregues em espécies para o setor de pagamentos de propinas que ele comandava.

As investigações mostram, ainda, que o ex-diretor da Dersa recebeu valores em contas na Suíça das empreiteiras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Em 2017, quando o acordo entre a Odebrecht e o MPF se tornou público, as contas de Preto na Suíça foram encerradas e os valores transferidos para agências nas Bahamas.

Segundo informações da Folha de S.Paulo, apesar do contato próximo com caciques do PSDB, a situação como ex-funcionário do governo de São Paulo não é alvo das investigações deflagradas nesta terça. A Lava Jato se concentra apenas no papel do engenheiro como operador da Odebrecht. Ainda, segundo o jornal, o procurador da República Júlio Noronha disse que há “várias caixas-pretas que precisam ser abertas”.

Vida pública

Muito antes de se tornar diretor da Dersa, Paulo Preto trabalhou no programa Brasil Empreendedor Rural, no cargo de assessor especial da Presidência da República, durante os quatro anos do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.

Em 2007, Tatiana Cremonini, filha de Preto, fez um empréstimo de R$ 300 mil para Aloysio Nunes comprar um apartamento. Na época, o cacique do PSDB disse que pagou pelo empréstimo.

Em 2010, Preto foi acusado por integrantes do PSDB por ter desviado para si cerca de R$ 4 milhões da campanha do partido. Os valores tinham sido doados por empreiteiras à candidatura de José Serra para presidência da República. Após Paulo Preto fazer ameaças de que poderia fazer declarações polêmicas contra o partido, as denúncias sobre os desvios de dinheiro para campanhas do PSDB foi abafada por integrantes da própria sigla.

Redação

7 Comentários

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  1. 130 milhões é merreca…..

    Já noticiaram que só nesse esquema de obras foram desviados quase 10 bi………..

    Mas como não tem PT ou Lula no meio isso acaba não interessando muito…..

  2. Tem-se ai todo o enredo de corrupção publica, passando até por roubo de dinheiro partidario e a imprensa jamais escandilizou esse caso como escandaliza qualquer tapioca petista… Os patos estão murchos. E Aloisio Nunes, José Serra, Alckmin, FHC o Honesto, fazem de conta que não foram eles que engordaram seus patrimônios à partir das propinas e quetais.

  3. UM “SALVE” NA PRETARIA

    Nassif: não quero assustar quilobolas e assemelhado. Mas essa de encanarem o PauloMoreninho não foi porque ele é o laranja mór do Carcamano da Moóca e da quadrilha do Principe de Paris, que enrustiu quase um trilhão de euros dos cofres públicos. É porque ele pesa mais de 3,5 arrobas. O daBala já tinha cantado a caçapa. Essa foi a primeira bola… E pela cor, EliotNessTupiniquim tá nem aí.

    Esse acho que nem o Carrasco de Diamantino solta.

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