China investiu R$ 150 bi na África para ampliar influência

Atualizado em  30 de abril, 2013 – 11:06 (Brasília) 14:06 GMT

Pesquisadores nos Estados Unidos mapearam os investimentos da China em projetos de ajuda na África no maior levantamento do tipo já feito sobre o tema.

Na tentativa de ampliar sua influência política e econômica no continente, os chineses têm financiado obras de infraestrutura e se tornado responsáveis por serviços básicos em países que, em troca, contratam empresas chinesas ou tornam-se importantes fornecedores de recursos naturais para o país asiático.

Mas quanto exatamente os chineses estão investindo, onde e em que condições sempre foram segredos guardados a sete chaves por autoridades de Pequim.

Agora, pesquisadores da organização AidData e do Center for Global Development (CGD), com sede em Washington, prometem expor esses dados no maior levantamento público sobre o que eles classificam de “ajuda” chinesa para a África – e que, na realidade, se refere ao “financiamento oficial” pelo Estado chinês de diversos projetos e iniciativas, desde obras de infraestrutura (com o envolvimento de empresas chinesas) até fluxos de comércio, investimentos em petróleo ou telecomunicações, joint ventures de empresas africanas com estatais chinesas, bolsas de estudo e programas de cooperação militar.

Seus números mostram que em dez anos a China investiu um total de US$ 75 bilhões (R$ 150,6 bilhões) em projetos de “ajuda” e “desenvolvimento” na tentativa de assegurar seu poder de influência na África.

E uma das novidades para a qual a pesquisa parece chamar a atenção é que, além da extração de recursos naturais e grandes obras de infraestrutura, os chineses estão financiando projetos em uma gama bastante variada de setores – que inclui, por exemplo, saúde, educação e até cultura.

“É impressionante a diversidade de projetos que eles têm tocado na área de desenvolvimento”, opinou, em entrevista à agência de notícias Reuters, Brad Parks, diretor executivo da AidData.

As informações foram coletadas em veículos da imprensa e documentos oficiais públicos. Como resultado, uma ampla base de dados já está disponível na internet no endereço aiddatachina.org com o objetivo de “ajudar pesquisadores, formuladores de políticas públicas, jornalistas e organizações da sociedade civil a entenderem o papel da China na África”.

A catalogação foi feita com a ajuda de estudantes e os coordenadores do levantamento admitem que pode haver erros. Por isso, a própria base de dados oferece àqueles que fazem consultas a opção de sugerir ajustes.

Destino dos aportes

No total, foram reunidos dados sobre 1.673 projetos em 51 países entre 2000 e 2011. Eles mostram que os países que reúnem o maior número de iniciativas financiadas pelos chineses são Zimbábue (295), Gana (195) Zâmbia (167) Sudão (164), Etiópia (159) e Quênia (151).

Angola e Moçambique, países que concentram presença e interesses brasileiros, receberam financiamento chinês para 91 e 130 projetos respectivamente.

No que diz respeito a setores, o que concentra o maior número de iniciativas financiadas pela China é o de “Governos e Sociedade Civil”, com um total de 191 projetos.

Mas um estudo do Center for Global Development feito a partir da nova base de dados ressalta que enquanto a “ajuda externa” de países do Ocidente nessas áreas hoje é direcionada a projetos de “melhorias na gestão de finanças públicas, instituições anticorrupção e iniciativas de boa governança”, a “ajuda” Chinesa inclui, “entre outras coisas, a construção de edifícios presidenciais e escritórios executivos”.

Na área de “Saúde”, os chineses financiaram 174 projetos, na de “Educação”, 136, e na de “Transportes e Armazenagem”, 103.

Em termos de volumes de investimentos, porém, o setor de “Transporte e Armazenagem” assume a liderança na lista dos aportes chineses, seguido de “Geração e Suprimento de Energia”. No total, foram investidos pela China, US$ 16,6 milhões (R$33,2 milhões) e US$ 14,7 milhões (R$29,4) nessas áreas, respectivamente.

Luis Nassif

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