Jornal GGN – A tecnologia 5G se tornou um dos pontos delicados na já complicada relação entre Estados Unidos e China, e isso fica claro na entrevista que o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, concedeu ao jornal O Estado de S.Paulo neste domingo.
Na ocasião, o embaixador afirmou que as relações com os norte-americanos estão em uma “nova encruzilhada”, e que o ponto mais importante é saber se os Estados Unidos reconhecem ou não o direito chinês de atingir o progresso.
Quanto à tecnologia 5G, Yanming diz que a plataforma vai garantir um impulso ao crescimento econômico, o que vai exigir equipamentos “verdadeiramente confiáveis, avançados e de melhor custo-benefício”, e uma concorrência justa vai ser algo positivo tanto para o mercado como para os clientes.
Contudo, o embaixador chinês diz que os Estados Unidos “têm usado repetidamente o pretexto de segurança nacional para cercear empresas chinesas de alta tecnologia e interferir na escolha autônoma de parceiros de 5G por outros países”.
Na visão de Wanming, o objetivo não é proteger a segurança cibernética, mas manter sua rede de vigilância e a hegemonia digital, um ato que configura “bullying tecnológico”.
“Acreditamos que o governo brasileiro vai levar em consideração os próprios interesses nacionais para viabilizar uma concorrência leal entre as empresas com regras transparentes, imparciais e livres de discriminação. Isso é propício para a parceria sino-brasileira no 5G, os interesses de operadoras brasileiras e a lisura do ambiente de negócios em geral”, ressalta.
A abordagem de Wanming ao tema é semelhante à tratada pelo economista e consultor Luiz Alberto Melchert de Carvalho e Silva. Em entrevista à TV GGN 20 horas, Melchert explica que a China tem tentado fazer com que os EUA entreguem a IANA (Internet Assigned Numbers Authority, responsável por definir todos os IPs da internet global, entre outras funções) para uma organização supranacional, e os Estados Unidos se recusam a perder tal poder.
“Como o 5G é 15 vezes mais rápido do que as mais rápidas das internets atuais, e ele usa o IP de seis blocos (…) Você imagina se isso tudo continua na mão da IANA: a IANA desliga o Brasil e pronto, carro autônomo sai batendo, nenhuma transação bancária é feita”, disse.
“A questão é que isso é uma arma de dissuasão – eles não precisam fazer isso para assustar (…) E outra coisa: a IANA dentro dos EUA é uma forma de espionagem (…) Não existe informação que seja secreta para os americanos”, ressalta Melchert. “Na minha opinião, fechar com a tecnologia americana é suicídio”.
A entrevista completa com Luiz Alberto Melchert foi ao ar na última sexta-feira, e pode ser vista abaixo
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