Janot negou pedido da PF para investigar Lula. O resto é “chover no molhado”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Sugerido por Amaro Doce

Por Fernando Brito

Do Tijolaço

A mistificação do noticiário é fantástica.

Dizem as manchetes da noite que “Janot é favorável à convocação de Lula como testemunha” em uma das investigações da Lava Jato.

Sobre o que era o parecer de Rodrigo Janot?

O juiz Márcio Schiefler Fontes, auxiliar do o ministro Teori Zavascki nos processos da Lava-Jato, solicitou ao Ministério Público Federal que se manifestasse “sobre a possibilidade de o ex-presidente passar a ser investigado em um dos inquéritos que tramitam no STF”.

Janot negou essa possibilidade.

É cristalina a negativa quando ele diz que “quanto aos novos nomes indicados pela autoridade policial (o de Lula entre eles) , não há nada de objetivo até o presente momento que justifique uma ampliação, perante o Supremo Tribunal Federal, do escopo das pessoas investigadas”. Objetivamente, ele nega o pedido.

A afirmação de que “isso não impede, entretanto, que as pessoas mencionadas pela Polícia Federal sejam ouvidas no presente inquérito, por ora, como testemunhas” é, como dizem os advogados, “lana caprina”, algo sem valor real.

Por  que?

Porque a autoridade policial (ou judicial) não tem de pedir licença a ninguém para ouvir alguém que não detenha foro privilegiado (e ex-presidente não detém) como testemunha num inquérito, pelo simples entender que ela pode saber de fatos que interessem à investigação.

Deveria, sim, pedir autorização ao próprio bom-senso para saber que o ex-presidente não dará, e nem poderia dar, qualquer dado concreto sobre as operações de propinagem em negócios da Petrobras, porque é obvio que ele não participou – e ninguém disse o contrário –  dos negócios que se fez.

Para dizer o mínimo, é absolutamente inócuo do ponto de vista da apuração dos fatos – em tese, o objetivo da investigação policial – mas extremamente rentável do ângulo de quem a transforma em “marketing político”.

Durante o período em que trabalhei com Brizola, ele depôs dezenas de vezes como testemunha. Quando era governador, e o testemunho era em processo judicial, usava a prerrogativa de escolher local e hora e o fez muitas vezes no próprio palácio.

Nada demais e, na maioria das vezes, era arrolado como testemunha sem ter nenhum dado objetivo a informar.

Mas quando se faz do procedimento investigatório – que não é o judicial, não permite o contraditório e nem mesmo o direito a não responder perguntas – um espetáculo, este só serve para mostrar que o investigador, afinal, é o suspeito.

Infelizmente, porém, estamos vivendo um ambiente em que a ação do aparelho policial de Estado tornou-se político.

Em outra ocasião, num quadro de normalidade, delegados que agissem assim seriam afastados, porque delegado não é juiz, inamovível.

Mas fazem o que querem.

O país está entregue à vontade distorcida dos meganhas.

E tudo porque vivemos uma situação que era uma piada nos tempos da ditadura.

Dizem que num evento  um diplomata brasileiro foi apresentado ao comandante da Marinha da Bolívia – e ela tem uma, uma pequena flotilha que patrulha o imenso lago Titicaca – e assustou-se: “Mas como é que vocês têm Marinha se não têm mar?”

– Ora, mas vocês, no Brasil, não têm um Ministério da Justiça?

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Essa mídia!!!

    É que o Brito, acho, não abriu a página da MSN, que se constitui na fina flor. Ali na pagina inicial tudo se transforma em algo sempre pior, para o que for do PT ou seus políticos.

    Vejam a chamada:

    “JANOT PEDE AO STF QUE LULA SEJA OUVIDO”

    Essa nossa mídia!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  2. Eh, mas a chamada foi feita

    Eh, mas a chamada foi feita pra trairar a esquerda -leitor de direita acredita qualquer coisa.

    E porque eh que foi feita pra trairar a esquerda mesmo?

    Seria porque Janot tem fama de traira?

    Pois eh…

  3. Em outra reportagem, de

    Em outra reportagem, de autoria de Rodrigo Rangel, a Veja confirma que Lula passará a ser investigado oficialmente na Lava Jato. Os termos de colaboração de Ricardo Pessoa, da UTC, que citam Lula e são mantidos em segredo, foram remetidos pelo STF ao juiz Sergio Moro.

    Sergio Moro, de acordo com a reportagem, “deverá determinar a abertura de um inquérito para apurar relações do ex-presidente com o dinheiro sujo do petrolão”.

    Se não melarem a Lava Jato, o destino de Lula será a prisão.

  4. Como afirma a reportagem da

    Como afirma a reportagem da Veja, Pedro Corrêa “sabe de cor e salteado de quem é a responsabilidade pelas roubalheiras praticadas nos últimos anos na Petrobras, no Ministério da Saúde e, principalmente, no Ministério da Cidades. Ele tem na manga detalhes impressionantes de como o ex-presidente tentou melar o julgamento do mensalão”.

    Se falar tudo o que sabe, Pedro Corrêa demonstrará que Lula não é um bandido em fatias. É um bandido por inteiro, chefe de uma organização criminosa empenhada em roubar o patrimônio do Brasil e eternizar-se no poder. Que os ministros do STF não comprometidos com o PT tenham isso em mente e voltem atrás na sua decisão de desarticular a Lava Jato.

     

  5. MPF pede arquivamento de

    MPF pede arquivamento de inquérito sobre atuação de Lula no mensalão

    GABRIEL MASCARENHAS
    REYNALDO TUROLLO JR.
    DE BRASÍLIA

    26/09/2015  11h00Compartilhar2,9 milOuvir o texto Mais opçõesPUBLICIDADE 

    A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu o arquivamento de um inquérito instaurado para investigar um suposto repasse de US$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT.

    O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci eram suspeitos de terem participado diretamente da negociação do repasse.

    Essa era a última investigação em curso sobre eventual envolvimento de Lula em crimes correlatos ao mensalão.

    A apuração foi aberta em 2013, a partir de um depoimento do publicitário Marcos Valério, preso desde novembro daquele ano por ter sido o operador do esquema.

    Interessado em obter benefício de redução de pena, Valério afirmou ao Ministério Público Federal, na reta final do julgamento do mensalão, que a transferência em questão foi acertada em uma reunião no Palácio do Planalto, na presença de Lula e Palocci.

    Valério apontou as contas no exterior que teriam sido indicadas ao empresário Miguel Horta, diretor da Portugal Telecom, para realizar as transações com o PT.

    No depoimento, Valério disse que Lula tinha conhecimento do mensalão e que o suposto empréstimo da Brasil Telecom serviria para quitar dívidas de campanhas do PT de 2002 e 2004. De acordo com o publicitário, à época, a companhia portuguesa pretendia adquirir o controle da brasileira Telemig Celular.

    A Polícia Federal comprovou que o publicitário viajou a Portugal, onde se reuniu com Horta. Do mesmo modo, constatou que Lula esteve com Horta, na presença de Palocci e do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), mas não foi possível saber o teor do que foi tratado.

    A polícia não conseguiu rastrear, porém, os supostos desembolsos da Portugal Telecom, “seja porque algumas das contas não foram localizadas, seja porque não foram identificadas movimentações financeiras capazes de indicar pagamentos aos ora investigados”, afirma a Procuradoria no despacho de arquivamento, que data do último dia 3.

    Segundo a Folha apurou, de quatro contas investigadas, uma não existia e duas não puderam ser rastreadas, porque a China e a Bélgica não firmaram acordo de cooperação com o Brasil.

    Apenas uma conta pôde ser localizada e rastreada pela PF: levou a uma empresa corretora de grãos, com sede em São Paulo e filial na Suíça. Não foram encontrados, no entanto, vínculos entre o dinheiro que por ali passou e a empresa portuguesa e o PT.

    Entre pessoas ligadas à investigação, afirma-se que não havia instrumentos para “fechar o caminho do dinheiro”, e que Valério não forneceu informações suficientes.

    A investigação ouviu cerca de 20 pessoas em mais de dois anos, entre elas Lula, que depôs em Brasília em dezembro de 2014, e Horta, ouvido no início deste ano. Ambos negaram os repasses. Também prestaram depoimento Palocci, Dirceu e o ex-deputado Roberto Jefferson, delator do mensalão.

    Ao final do despacho de arquivamento, a Procuradoria conclui: “As investigações não conseguiram comprovar o desembolso de valores da empresa em favor do Partido dos Trabalhadores”.

    Agora, o arquivamento aguarda análise da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, especializada em casos de lavagem de dinheiro.

    O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que não comentaria o caso porque não o acompanhou.

    “Nós não acompanhamos [a investigação] porque, naquele momento, o Ministério Público não revelou interesse de viabilizar para Marcos Valério uma delação premiada. Nem naquele momento eles tinham a expertise que têm hoje [com a Operação Lava Jato]”, afirmou. 

    COMPARTILHE Compartilhar2,9 mil

     

  6. Amigos, quem escreve nestes

    Amigos, quem escreve nestes jornais do PIG, é jornalista, ou não, mas qualquer que seja, é um enrolão ou um “enrola” bosta”!

  7. mas nossa mídia cresceu disso aí mesmo…

    de catar lixo

    catar o que sobra do uso inadequado de alguns instrumentos da polícia federal, principalmete dos que são usados para constrangimento/humilhação

    mas podre mesmo é o representante do Estado, MJ, que tem medo de chamar na chincha os delegados que insistem em usar este tipo de instrumento, uma vez que não há nada que justifique

    1. até que seria uma boa, para casos desse tipo…

      o próprio MJ ser enquadrado pelo MPF

      afinal de contas é dever do Estado, ou não, combater o uso desenfreado desse tipo de instrumento?

      quem ou o que é o Estado afinal?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador