Maduro pede para Brasil “não apoiar atos terroristas contra a Venezuela”

Líder indígena fez referência ao ataque realizado na manhã do último domingo (22) a bases militares localizadas em Luepa, fronteira com o Brasil

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu ao Brasil para deixar de apoiar atos terroristas em seu país – Foto: REUTERS/Manaure Quintero/File Photo
Da Rfi
Por Elianah Jorge
Correspondente da RFI Brasil em Caracas

Na noite de segunda-feira (23), o presidente venezuelano pediu para “o governo do Brasil deixar de apoiar atos terroristas contra a Venezuela”. Nicolás Maduro fez esta afirmação, durante uma transmissão obrigatória de rádio e TV, em referência ao ataque realizado na manhã do último domingo (22) a bases militares localizadas em Luepa, município do estado Bolívar, que fica na fronteira com o Brasil.

O grupo teria levado cerca de 122 fuzis e outros armamentos. De acordo com o chefe de Estado venezuelano, parte das armas roubadas está em território brasileiro.

Durante a transmissão, Maduro mostrou a foto de uma arma e garantiu que o lança-granadas “está em mãos de terroristas”.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, também reforçou que a intervenção foi um “ataque terrorista”.

O número de pessoas que participaram da ação contra a base não foi divulgado. Um soldado venezuelano morreu e seis pessoas estão presas. Até o momento foram recuperados 82 fuzis, 60 granadas e seis caixas de munição.

Planejamento

Horas antes de acusar o governo brasileiro de apoiar os responsáveis pelo ataque em Luepa, o governo de Maduro apontou que a ação seria um plano orquestrado pelo “fugitivo da justiça venezuelana, Leopoldo López, com base de operações na Colômbia, Peru e Brasil”.

A operação foi chamada de “Natal Sangrento” pelo ministro venezuelano de Comunicação, Jorge Rodríguez.

O objetivo, segundo Rodríguez, era usar militares desertores e mercenários pagos pela Colômbia para assaltar unidades militares em seis estados venezuelanos e na capital Caracas. O propósito da operação, de acordo com o ministro, era derrubar um avião militar da Força Aérea colombiana para que os Estados Unidos tivessem motivo para invadir a Venezuela.

Segundo o governo de Maduro, os envolvidos no plano ficaram cerca de 15 dias na cidade brasileira de Pacaraima, no estado Roraima, que faz fronteira com a Venezuela. Antes o grupo, composto também por desertores das Forças Armadas venezuelanas, teria passado por um acampamento paramilitar na Colômbia.

Ainda segundo o regime bolivariano o grupo teria recebido suporte logístico e financeiro do governo do presidente colombiano Iván Duque. Da Colômbia, o grupo teria seguido para o Peru e, de lá, para Manaus, já no Brasil, de onde seguiu para Pacaraima “recebendo instruções”, informou o ministro de Comunicação venezuelano.

Piora nas relações

Em uma mensagem publicada no Twitter, o ministro venezuelano de Comunicação afirmou que os ataques receberam colaboração do governo do presidente Jair Bolsonaro. As acusações do governo bolivariano ao brasileiro fragmentam ainda mais a delicada relação entre os países. O Brasil reconhece como líder venezuelano o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, e não Nicolás Maduro.

O Itamaraty, em comunicado, respondeu que o Brasil não tem conexões com o que aconteceu em Luepa no último domingo.

Já o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, afirmou que os ataques são uma “estratégia golpista do Grupo de Lima para produzir violência, morte e desestabilização política na Venezuela”.

Cidade militar

A pequena cidade venezuelana onde aconteceu os ataques no último dia 22 tem pouco menos de 150 habitantes. A importância de Luepa tem a ver com com as estruturas militares sediadas no local, por estar localizada perto da fronteira com o Brasil e nas imediações do Arco Mineiro do Orinoco, de onde são extraídas pedras e metais preciosos.

Além disso, há uma grave divergência entre os indígenas da etnia pemón, a maioria dos habitantes do estado Bolívar, com o governo do presidente Nicolás Maduro. Eles acusam o Estado de militarizar a região para manter o controle dos recursos naturais. Por outro lado, há denúncias sobre a presença de militares estrangeiros no local, entre eles russos e cubanos.

 

Redação

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