O escritor antigay do gibi do Super-Homem

[Nota: onde está a polêmica se o gibi em si não é antigay? (Mas não sabemos ainda se não conterá algo subliminar como gibis dos Metralhas no Brasil.) Isto é, é certo se boicotar uma editora por patrocinar o trabalho de alguém assumidamente homofóbico? Na minha opinião, É, posto que fazer a crítica e propor boicote é uma liberdade de expressão.]

Da Folha

Escritor antigay assume gibi do Superman

Contratação de Orson Scott Card como roteirista de nova revista do super-herói gera protestos e boicotes nos EUA

Título “Adventures of Superman” sai em maio; autor faz parte de organização que ataca o casamento homossexual

RODRIGO SALEM

Enquanto heróis como Lanterna Verde e Wolverine estão saindo do armário em HQs publicadas recentemente, o Superman vai na contramão.

A editora DC Comics anunciou que o herói terá um novo título em maio escrito por Orson Scott Card, autor de ficção científica e um dos mais conhecidos ativistas contra os direitos dos homossexuais nos Estados Unidos.

Card, autor do livro “O Jogo do Exterminador” (Devir, 1985), premiado com o Hugo e o Nebula, duas das mais importantes honrarias do gênero, escreverá “Adventures of Superman”, que será lançado em maio nos EUA.

Mas não houve comemoração. Membro da Organização Nacional pelo Casamento, dedicada a impedir a união legal entre pessoas do mesmo sexo, Card é famoso por suas posições homofóbicas.

Ele já escreveu diversas teses polêmicas sustentando a teoria de que o casamento gay seria “o fim da civilização” e que “a atração entre pessoas do mesmo sexo não é uma camisa de força, [pois] o desejo das pessoas muda com o passar do tempo”.

Orson Scott Card já tinha escrito, em 2005, histórias do Homem de Ferro, mas o defensores dos direitos gays acreditam que alguém tão ativo contra os homossexuais não deveria assumir um personagem que representa justiça e igualdade.

“A DC Comics deu as chaves do ‘campeão dos oprimidos’ a um sujeito que dedica sua vida a oprimir a mim e a meu companheiro, além de milhões de pessoas como eu”, escreveu o jornalista gay Glen Weldon no site da Rádio Pública Nacional.

“Card quer negar a essas pessoas suas liberdades básicas. Ao comprar o trabalho dele, não estaríamos apoiando seus objetivos?”, questionou Jason CranfordTeague, colunista da revista “Wired”.

Neste caminho, uma petição on-line já angariou 16 mil assinaturas contra a editora, e várias lojas de gibis anunciaram boicote ao título.

“Seus ensaios dizem que sou oriundo do estupro e ligado à pedofilia”, reclamou Richard Neal, dono de uma loja de HQs em Dallas que iniciou o movimento ao qual já aderiram estabelecimentos na Califórnia e em Nova York.

Um proprietário de Chicago disse que doará os lucros das vendas da revista a uma ONG de direitos humanos.

Já a DC só fez um anúncio em que diz “apoiar a liberdade de expressão e que as visões particulares das pessoas ligadas à empresa são apenas isso: visões particulares”.

Luis Nassif

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