“Não queremos esse Temer nem outro Temer”, diz Laura Carvalho

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Diretas Já

Da Rede Brasil Atual

O Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, está tomado por manifestantes que acompanham o ato SP pelas Diretas Já, convocado por artistas, ativistas da mídia independente e blocos de carnaval, com a presença de movimentos sociais. A primeira atração do dia ensolarado na capital foi o cantor paraibano Chico César. “O Brasil não suportaria a possibilidade de uma eleição indireta tendo um Congresso completamente contaminado”, disse.

“É importante que o povo se manifeste hoje pela queda de Michel Temer (PMDB). Parece que esse governo que entrou há um ano quer desfazer tudo que foi conquistado nos últimos 100 anos. Ele deseja a precarização completa das relações de trabalho, levando o país a um sistema de semiescravidão”, completou. O cantor ainda levantou a bandeira da necessidade da realização de uma greve geral no país. “A greve significa a classe trabalhadora unida para assegurar direitos conquistados arduamente”.

Após o show do artista, um dos apresentadores do evento, Leo Madeira, chamou o coletivo carnavalesco Arrastão dos Blocos. “Os blocos de carnaval são as pessoas unidas. E isso não acontece apenas em cinco dias. Os blocos entendem que o papel da mobilização não é só o escape, mas o posicionamento político, especialmente em um momento tão delicado como esse.”

Arrastão levantou o público com marchinhas tradicionais e composições dedicadas ao tema da manifestação: a queda do presidente Temer e a realização de eleições diretas. “Fora Temer! Ele é golpista, ladrão devoto, quer roubar o trabalhador. Arrastão está nas ruas para derrubar esse imposto”, cantaram.

Integrantes de movimentos populares utilizaram o microfone para reforçar a unidade do ato. “Lutar pelas diretas hoje é essencial. Primeiro, para derrubar o Temer, que mesmo envolvido nos maiores absurdos está querendo se recompor, começa a ensaiar uma forma de se agarrar no governo até 2018. E também, caso o Temer caia, precisamos barrar a tentativa de um Congresso totalmente desmoralizado de eleger o presidente”, disse o coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem teto (MTST) e da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos.

“Sem ampliar a luta, não vamos conseguir derrubar o Temer. Os grupos de cultura estão de parabéns”, disse Boulos sobre a organização dos artistas. “A única forma de construir uma saída da crise é resgatar a soberania popular, chamando o povo a decidir. Isso não resolve tudo, mas é o princípio de um caminho democrático. No nosso entendimento, o movimento das diretas é a bandeira hoje que pode barrar as reformas da Previdência e trabalhista, que ninguém conseguiria se eleger nas urnas com essas propostas. Vamos derrubar essa agenda política”, completou.

O presidente da CUT-SP e integrante da Frente Brasil Popular, Douglas Izzo, ressaltou a importância da união em torno das diretas. “Estamos todos aqui, Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, artistas, CUT. Nós, das centrais sindicais, lutamos também contra a retirada de direitos, contra reformas apresentadas por Temer. É a luta pela garantia de direitos, para que o povo possa definir quem será o próximo presidente. Não aceitamos eleições indiretas. Precisamos ficar de olho. O Congresso é totalmente envolvido com corrupção e com as mais diretas falcatruas deste país”, disse.

Presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, também da Frente Brasil Popular, elogiou a iniciativa. “Esse ato é muito importante. A luta pelas diretas tem que ser de todos. Das pessoas, dos artistas, dos partidos, dos cidadãos comuns que podem e devem se unir nesta grande campanha. Venham juntos e vamos derrubar o Temer e conquistar as eleições diretas”, disse.

Para a economista Laura Carvalho, professora da USP, a luta contra a desigualdade social passa pela ampliação da democracia e não sua supressão. “A gente não quer esse Michel Temer nem outro Michel Temer para fazer isso. A gente quer mais democracia e novos direitos. Mais direitos e mais participação dos movimentos. A gente quer mais igualdade. Tudo isso a gente só conquista com o voto. Fora Temer e Diretas Já.”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. Se tem uma coisa que isso nao

    Se tem uma coisa que isso nao eh, eh “live”!  Som enlatado, multidao “ao vivo”(!), e nao da pra saber o que esta acontecendo ainda.  (e o som enlatado eh LIIIIIIIINDO!)

  2. Desde quando Chico Cesar é

    Desde quando Chico Cesar é referencia de alta politica? O Congresso NÃO está todo contaminado, 81% dos congressistas NÃO são sequer citados em qualquer investigação, como assim está todo contaminado? Esse é o jogo de todos os tiranos,

    dizer que o Parlamento está podre, Hitler dizia isso, Mussolini seguia essa linha. E ser CITADO por delator não é prova de nada.

    Quanto à professora Laura Carvalho, excelnte economista mas cuidado com as simplificações da politica de rua, a politica se faz com o material que se tem disponivel, não com os anjos do paraiso celestial. Os politicos que temos são esses, AFASTAMOS TODOS?

    E com quem se governa o Estado ? Com o Chico Cesar? A posição da professora Laura não está à altura da sua inteligencia.

    Politica real é a POLITICA DO POSSIVEL, não do Mundo Magico da Alice no Pais das Maravilhas.

    1. “a politica se faz com o

      “a politica se faz com o material que se tem disponivel”:

      O que voce ta sugerindo, que o Brasil “faca politica”  aa base de ralas bostas ou de grossas bostas?

    2. Sofisma muito primário para uma pessoa inteligente

      ANDRÉ

      Penso que a maioria dos parlamentares receberia calorosos elogios tanto de Mussoline, quanto do Adolf.

      Defenda a eleição indireta com argumentos à altura de sua reconhecida inteligência. Mas, por favor, não tente nos convencer de que 81% dos parlamentares são pessoas íntegras.

      Eu prefiro a companhia do Chico Cesar e Laura Carvalho do que estar acompanhado de Eduardo Cunha, Temer, Juca, Aécio Neves e centenas de outros parlamentares…

      1. Parlamentares pessoas

        Parlamentares pessoas integras? Vamos falar do MUNDO REAL. Não tem parlamentares “pessoas integras” em lugar algum do planeta, para ser eleito precisa ser politico e para ser politico tem que ter um perfil que não se encaixa na “pessoa integra”.

        Os paises prcisam lidar com os seus Parlamentos como eles são, um pouco de tudo, o ambiente politico em Brasilia, Washington ou Paris é um zoologico com varias faunas mas levando em conta cada cultura os Parlamentos são bem parecidos,

        ciom os mesmos tipos de personalidades. Washington tem fama de ter muitos aspones que não trabalham, secretarias bonitas e insinuantes, lobistas picaretas, puxa secos em profusão, o ambiente é muito parecido com Brasilia, é o ambiente do poder.

        Se vc ler as memorias do Embaixador Heitor Lyra, um diplomata importante da Republica Velha (em dois volumes, Editora Universidade de Brasilia) voce vai impressionantes descrição de corrupção nos anos da Belle Epoque, já nos primeiros emprestimos ao Brasil realizados em Londres o Embaixador brasileiro levava sua comissão para assinar o contrato.

        Então esperar “pessoas integras” na vida politica é demais. Tem os mais ou menos bons ou ruins, santos vc não encontrará MAS é com esses paralmentos que os Pais tem que saber viver e lidar. Se esse Congresso pode fazer leis que afetam a todos, porque não pode eleger presidentes? Ambos eventos tem a mesma importancia, Leis e Presidentes.

        1. Para que eleições, afinal?

          Que se resolva tudo em conchavos palacianos. Alta política.

          Ou que se restaure a Monarquia.

          Ou que se restaure o voto censitário.

          Ou que se deixem as decisões que afetam o o país nas mãos desse Congresso golpista e corrupto….

          Agora sabemos que os votos do impeachment foram comprados com malas de dinheiro.

          Concordo que, por pior que seja, este Parlamento ao menos foi eleito, o que não se aplica aos “iluminados” do MPF e República de Curitiba.

          Mas daí a preferir a solução das eleições indiretas, e por esta gangue, a eleições diretas, vai um abismo.

           

  3. (elas cantaram “Podres

    (elas cantaram “Podres Poderes” uma oitava abaixo da de Caetano!  KKKKKKKKKKK….  foi BARBARO!  Introduziram “Oto”, que aparentemente nao precisa de segundo nome e pode ser “pesquisado” no google com qualquer “oto” de qualquer pais do mundo!  Pior nome?  Macan de Jupiter ou Capitao Peido da Abelha.)

  4. O “Diretas Ja” na roupa da

    O “Diretas Ja” na roupa da mulher ficou lindo!  Uma colega de servico ha 37 anos atraz colou fotos de Indiana Jones nas costas da jaqueta dela, com durex e tudo mais.  Ficou barbaro, de olhar de longe voce pensava que era uma jaqueta oficial do filme de tao autentica.  Essas letras nao sao nem coladas (sao impressas) mas onde eu consigo uma camisa dessas?

    Eh que o vestido dela nao me serve nem nos quadris e muito menos nos seios…

    E a voz dela eh linda!

  5. Empresariado nacional, vanguarda do atraso suicida

    Paulo Copacabana: Quem promoveu a crise sempre pode fugir para Miami

    do Viomundo

     

    Encontrei amigos empresários nesta última semana. Estão desiludidos com suas apostas no Brasil no último ano.

    A economia não reage rapidamente como imaginavam. Os três possuem empresas prestadoras de serviços.

    Estavam de férias nos States. Pretendem voltar para lá rapidamente. “Férias prolongadas”.

    Talvez três ou quatro vindas para o Brasil até o final do ano. O dinheiro fica rendendo aqui e também no exterior, porque “ninguém é de ferro”.

    Pergunto inocentemente:

    — Mas, e as empresas?

    Me dizem que vão mantê-las abertas. São elas que construíram o nome deles no mercado.

    Vão seguir tocando os contratos já existentes. Empurrando com a barriga. Novos investimentos ficam pra depois. 2018, talvez 2019.

    Pergunto também inocentemente:

    — Mas, e os juros? A Globo mostra todo santo dia que eles estão caindo forte, que a inflação caiu forte.

    Um deles me esclarece: a inflação está caindo forte porque ninguém compra nada. Falta demanda.

    Os juros estão caindo depois. Para o dinheiro deles, aplicado no mercado financeiro, é isso que interessa.

    Os juros reais ainda estão nas nuvens. Os mais altos do mundo.

    Nada como conversar com pessoas pragmáticas para saírmos do Brasil das “telas globais”.

    Provoco ainda estes amigos empresários sobre suas opções políticas e as expectativas para 2018.

    Reafirmam tranquilamente que afastar Dilma foi crucial na defesa dos seus interesses. Na crise que atingiu o Brasil em cheio, Dilma teria que fazer cortes e ajustes, e estes não poderiam ser feitos na rentabilidade do capital financeiro.

    Simples assim. Dilma, quando baixou fortemente os juros em 2012, perdeu a confiança do mercado financeiro e de grande parte dos empresários.

    Agora, com juros reais nas alturas e reformas que cortam despesas do orçamento e facilitam as contratações, duas coisas estariam garantidas: a rentabilidade de suas aplicações financeiras e a queda do custo da mão de obra.

    Temer serviu para fazer esta “ponte para a segurança financeira”.

    Agora, o custo em mantê-lo ficou muito elevado, com o risco de não entregar o que prometeu.

    Aécio nunca foi levado a sério.

    Vale a pena colocar alguém que complete esta transição com “ficha limpa”.

    Alguém que represente a “purificação” do momento e das reformas.

    Para as próximas eleições apostam em qualquer candidatura competitiva que mantenha as atuais reformas em andamento ou as mudanças obtidas em 2017 e 2018.

    Prefeririam a segurança de Alckmin, mas algumas denúncias da Lava Jato comprometem seu projeto.

    Por isso sabem que Doria corre forte por fora.

    Para eles, Moro e Cia. já estão finalizando seus trabalhos atingindo o objetivo final: tirar Lula do páreo.

    Assim, o caminho estaria aberto para o candidato conservador que reunir melhores condições.

    — Mas, e a corrupção? E os efeitos da Lava Jato sobre toda a classe política?

    Minha última provocação foi respondida mais uma vez pelo pragmatismo.

    Corrupção sempre existiu em todos os governos, com todos os partidos em todos os períodos da historia.

    Eles sabem por experiência própria. Agora, a justiça não tem como pegar todo mundo.

    O PT e parte dos outros grandes partidos vão responder pela corrupção sistêmica.

    No ano que vem todo mundo vai estar cansado desta história, querendo alguma solução e, principalmente, propostas para reduzir o desemprego e reativar a economia.

    O candidato que não tiver o nome associado aos escândalos atuais, der segurança na manutenção das reformas e na retomada da economia ganha as eleições.

    Minha preocupação, neste cenário pragmático desenhado pelos amigos empresários, reside exatamente neste “day after”.

    Como manter as atuais reformas e retomar o crescimento? Cortar demanda e querer novos investimentos?

    Não existe experiência internacional em que isso tenha dado certo.

    Pior: o próximo governo, seja ele qual for, terá que conviver com a criminalização da política fiscal, do BNDES e o desmonte da Petrobrás.

    Estão decretando o fim da economia nacional. Querem que nos tornemos um Panamá. Só que o Brasil não cabe no modelo do Panamá.

    Crises políticas, econômicas e sociais não cessarão. Quem pode, terá sempre os States como solução.

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