Sociedade e poder na era da Internet

O poder do tipo que se aparta da sociedade, a fim de criar um mito da dominação, e assim poder dominá-la, não sobrevive sem a interdição das informações, mesmo as mais triviais. Nas tantas vezes que se esclareceram os “segredos e razões de Estado”, mundo fora, o que se viu é que, tirando informações realmente estratégicas, que são muito poucas, diga-se de passagem, as outras são informações triviais, porém, concernentes a um grupo que deseja o poder e a dominação sobre os outros. O represesamento da informação pode criar um caldo que se converte no mito da dominação e do dominado.

Isso já não é mais tanto assim, pois essa formas de poder estavam todas muito ligadas à acumulação de capitais, ou mesmo à mera apropriação deles, ainda que por métodos muito pouco recomendáveis. Mas hoje a cidadania tem uma visão mais madura do que seja a divisão de trabalho na sociedade e de quais são as suas perspectivas e opções. O mundo cada vez mais oferece outras alternativas, que não sejam ter um castelo, um exército e uma sala do tesouro. Os valores estão muito mais harmonizados e mesmo essas funções sociais destacadas, elas só fazem sentido se forem de fato necessidades sociais. Os mitos mais arcaicos se desfizeram ou pelo menos foram esclarecidos.

A Internet é de fato o paradoxo da dominação e do dominado. Os sistemas, o econômico, o poder político, nas formas pós-industriais, precisam da Internet, mas ao haver Internet, o dominado abre as portas de sua libertação. As “receitas” de poder já não fermentam mais, a ingenuidade se foi, e uma nova força gravitacional mais complexa passa a organizar as comunidades. Aquela coisa de castas, de ser superior, de raça superior, de sangue azul, tende a desaparecer na sociedade da informação, e os sistemas nacionais e internacionais não têm escolha, pois o próximo passo na produtividade é a sociedade da informação. Há uma igualdade intrínseca nesse novo mundo, o outro sabe que é igual a você, e que ninguém é melhor do que ninguém. Temos apenas diferenças, singularidades, pontos fortes e pontos fracos, características individuais ou grupais, e mesmo coletivas, valores que no final das contas são todos importantes, e nenhum deve ser subestimado e nem superestimado. 

Luis Nassif

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