O alckmismo reciclado

Da Folha

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Alckmismo reciclado

SÃO PAULO – Ainda faltam algumas definições, mas o secretariado de Geraldo Alckmin já tem cara. Saulo de Castro Abreu desponta como homem forte do governo. Mas nos Transportes? Alguém duvida?

Castro Abreu é um sujeito de arroubos, do tipo que dá soco em mesa quando contrariado. No primeiro governo Alckmin, imprimiu à Segurança Pública o estilo prendo, esculacho, aconteço. Reduziu índices de criminalidade, mas intimidou adversários, abusou da sua autoridade e atropelou os direitos humanos com estardalhaço. Convive mal com a cultura democrática.

AlckAlckmin gosta dele, por motivos não muito claros. O próprio secretário adiantou que não entende patavina da pasta que vai assumir. Deve estar lá por razões de Estado -ou razões que a razão desconhece.
De resto, o governo Alckmin vai se revelando mais “alckmista” do que gostariam serristas, fernandinos e outros tucanos sem mandato.

Não que o futuro governador não tenha feito concessões. A mais significativa delas é a permanência de Antonio Ferreira Pinto na Segurança. Não era, de início, o seu preferido e havia muita pressão da banda podre da polícia para derrubá-lo.

Alckmin, no entanto, desagradou a Serra e a FHC ao fritar Paulo Renato e substitui-lo na Educação por Herman Voorwald -reitor da Unesp, indicação de Gabriel Chalita. (A manutenção do ex-ministro havia sido o único pleito de FHC).

Chalita, hoje vereador pelo PSB, caso ímpar de lulo-alckmismo, segue com forte influência sobre o casal 20 de Pinda. Isso deixa o serrismo mais nervoso do que o retorno de Saulo como xerife do Rodoanel.

Serra, porém, não pode reclamar de Alckmin. Primeiro, pelo que Alckmin fez por ele na campanha. Segundo, pelo que ele fez contra Alckmin quando o sucedeu no Estado. O ex (e futuro) governador era ridicularizado em público por assessores de Serra, com respaldo do chefe. Era um tal de xô, caipirada.

Alckmin voltou, cheio de votos. E Saulo e Chalita voltam a tiracolo. 

Luis Nassif

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