O golpe camuflado e o ajuste fiscal, por Luiz Alberto Gómez de Souza

Enviado por Webster Franklin

Da Carta Maior

Uma mídia antinação e um golpe camuflado
 
Ao ler a imprensa do ‘quanto pior, melhor’, percebemos uma guerra de foice da oposição que não tem programa, mas apenas vontade de derrubar o adversário.    
 
Luiz Alberto Gómez de Souza
 
Ao ler certa imprensa, temos a impressão que ela se deleita com uma situação que se deteriora, de fato ou com dados cuidadosamente selecionados: quanto pior, melhor. Abrimos O Globo de 29 de agosto e lá está uma enorme manchete, como quando se festejam vitórias nos esportes: RECESSÃO! E logo embaixo: economia abaixo de zero, com os piores índices possíveis. Manchetes menores: PIB caiu mais e só ganha da Rússia e Ucrânia; consumo das famílias é o pior desde 2001; investimentos em construção desabam.  Merval Pereira, com seus bigodes tremulando de satisfação, indica que Lula tenta segurar um PT moribundo. Mais adiante, Guilhermo Fiuza considera a presidente, “a representante legal da maior pilhagem na história do país”. Miriam Leitão exulta: “É uma recessão. Ontem acabaram todas as dúvidas”. E determina, com o cacoete doutoral de tantos economistas: ”É hora de parar de improvisar e de autoridades terem um plano para tirar o país do buraco em que o governo Dilma nos colocou”. A coluna de Ricardo Noblat, nas segundas-feiras, destila rancor. E se ainda temos paciência para ligar a Globo News das 22 horas, nos deparamos com uma equipe bem azeitada, com o sorriso feliz de Renata Lo Prete, os olhinhos apertados que brilham de Cristiana Lôbo, passando pelo ar  bem comportado de Gerson Camarotti, fazendo crer que tem informações inéditas; trata-se de apresentar um desfile de desgraças do país, declaradas triunfalmente, com ar de “eu não disse?” Passando à TV Cultura, no noticiário, o debatedor Marco Antonio Villas  ressuma ódio. E no Roda Viva, seu apresentador, Augusto Nunes, colunista da Veja, insiste para que os convidados declarem o fim próximo do mandato presidencial.

 
Na TV argentina havia o personagem de um ventríloquo, Don Viceversa Segundo, que anunciava catástrofes com entusiasmo e boas notícias com um ar contrito. Vários desses meios de comunicação, em lugar de informar trazem um desfile de opiniões preconceituosas: estamos num precipício sem volta, para felicidade deles. E o futuro da nação não parece causar-lhes inquietação.
 
Se fosse esse o cenário real, como parecem fazer crer, a oposição, voltando ao poder, encontraria terra arrasada e uma situação ingovernável. Aécio, que não se repôs da derrota, com a irresponsabilidade que lhe é própria, desenha um abismo futuro a seus pés e deixa claro que não terá fôlego para chegar a 2018. Já Geraldo Alckmin é cuidadoso, ele que, governando o maior estado do país, sabe como seria dar um tiro no pé, ao querer passar do Palácio dos Bandeirantes a um Planalto estilhaçado. Logo poderá disputar a liderança da oposição com José Serra, dono de uma ambição desmedida e capaz de usar os mais insidiosos meios, como parece ter feito ao detonar, faz alguns anos, as ambições presidenciais de Roseana Sarney. Guerra de foice numa oposição que não tem programa alternativo, mas apenas vontade de derrubar o adversário. 
 
Isso se nos ativermos a certa mídia e a partidos de oposição. Mas se olhamos mais fundo, nos setores realmente decisivos, encontramos outro cenário. Os dirigentes da Fiesp e da Firjam não parecem tão negativos. Pelo contrário. E nos levam a repensar a própria ideia de golpe. 
 
Normalmente associamos golpe a uma ruptura na ordem jurídico-institucional, com a deposição das autoridades. Dia 20 de agosto, muitos de nós saímos à rua com cartazes e  faixas em defesa de um governo legalmente eleito. Mas eis que nos deparamos com o perigo de outro tipo de golpe, à primeira vista invisível, onde a legalidade se mantém, mas a legitimidade poderia corroer-se.
 
Há sinais inquietantes à vista. Foi plantada a notícia de uma possível saída de Joaquim Levy do governo. Porém tudo poderia indicar tratar-se de um pretexto para reforçá-lo ainda mais. Confirmada sua permanência no governo, com declarações incisivas do setor mais próximo do Planalto, então o sensível mercado – um grupo de especuladores – reagiu favoravelmente. Levy pôde viajar tranquilo ao exterior, pois seu poder permanece aparentemente intacto. Antes disso ele se reuniu com as maiores lideranças empresariais e, ao fim do encontro, um dos participantes telefonou à presidente para levar, em primeira mão, a posição das chamadas “classes produtivas”, pedindo uma política fiscal equilibrada e cortes nos gastos, mesmo que afetassem programas sociais. Estava ali embutido um apoio que mais se parecia ao abraço que asfixia. 
 
Dito em palavras simples, para esses setores não seria necessário derrubar a presidente, ela mesma poderia servir aos interesses do grande capital. Em plena recessão cantada pela mídia, cresce como nunca o lucro dos bancos e do 1% mais rico do país, cuja renda é cerca de 90 vezes maior do que a dos 10% mais pobres. Essa crise penaliza os setores inferiores e chega a uma boa porção da classe média. A mal denominada “nova classe média”, os cerca de quarenta milhões que saíram do nível da pobreza nos governos do PT, correm o risco de regressão e de estar entre os que mais pagam a conta do ajuste acordado por Levy e sua equipe ultraliberal.
 
Economistas como Paul Krugman e Joseph Stiglitz estão cansados de denunciar, pela imprensa norte-americana, que uma política de ajustes, sob o pretexto de enfrentar a recessão, na verdade a retroalimenta. Reduz-se a produção, cai a oferta, aumenta o desemprego e retrai-se a demanda, seguindo num círculo vicioso descendente. E o terrível é que essa receita segue sendo proposta aqui, na Grécia e onde for o caso. À primeira vista pareceria um desvario, um equívoco com receitas de economistas que, como gosta de dizer com ironia Delfin Neto, vivem dentro de um ritual religioso ou falsamente científico. Porém, na verdade, é uma política pragmática e consequente, claramente orientada para defender os interesses do grande capital especulativo. 
 
O governo apresentou um déficit orçamentário de 30,5 bilhões, previsto para 2016, indicado como sinal de transparência. Como enfrentá-lo? Para os fiscalistas no governo a solução seria basicamente uma, como sinalizada pelos empresários: corte nos gastos, mesmo atingindo os programas sociais. Mas aqui temos felizmente uma contradição. Dilma declarou enfaticamente: “Foram feitos todos os cortes possíveis no orçamento, sem prejudicar os recursos dos programas sociais”. Fazer o contrário seria renegar um dos mais importantes eixos programáticos que restariam do programa original do governo. Ali as gestões do PT obtiveram resultados expressivos. Mas na realidade, o programa “Minha Casa Minha Vida” praticamente está diminuindo o ritmo, atendendo nos próximos meses apenas obras em curso. E o Pronatec seguirá com um desempenho menor.
 
Lula intervém para, ao mesmo tempo pedir o fim de uma tensão interna Joaquim Levy – Nelson Barbosa e, logo adiante, solicitar que se liberem créditos para aquecer a economia, em direção oposta do receituário Levy. 
 
Que fazer diante de um orçamento deficitário? Uma saída seria crescer a receita, com aumento da tributação. O governo chegou a anunciar a volta da CPMF, para logo voltar atrás. Outra saída poderia seu o combate à sonegação: a dívida ativa da União chegou a 1,46 trilhões! Cobrar dos grandes devedores poderia ser um caminho e não seria necessário um ajuste, que recai sobre os mais pobres. Mas na prática parece irrealizável. A solução poderia estar também numa medida aparentemente simples, mas impossível de implementar na atual conjuntura, no acordo com os empresários, via Levy: um imposto sobre as grandes fortunas.
 
Já foi calculado por Amir Khair, que gravar essas grandes fortunas daria um resultado de 100 bilhões, resolvendo com acréscimo o rombo orçamentário. Mas isso não aparece no horizonte imediato, nem aqui, nem em outros países, incluídos os Estados Unidos, onde Obama não consegue dobrar a maioria opositora e a tendência Reagan. Para este e os republicanos, numa previsão enganosa, tributar menos os ricos seria ter mais recursos para, na reinversão, alimentar a economia. No caso brasileiro, o grande capital, praticamente livre de impostos, não vai necessariamente reinverter seus ganhos na produção, mas pode seguir fazendo crescer suas contas nos paraísos fiscais, realizando gastos suntuosos, comprando belas residências na Flórida ou na Riviera. E a tributação desigual segue penalizando os assalariados.
 
Fica claro que chegar ao governo não leva necessariamente a mudar o poder real. No Brasil, temos o seguinte paradoxo: um esforço do governo que, pelas políticas sociais, deu excelentes resultados para a melhoria dos setores populares, corre o risco de involução na redistribuição da renda. Pelos dados do IPEA e do IBGE, vai ficando clara a confirmação das análises de Piketty quanto à crescente concentração do capital. Este autor declara enfaticamente que não discutir impostos sobre a riqueza é pura loucura.
 
A situação tende a tornar-se ainda pior, aumentando as disparidades sociais. Com isso, os grandes produtores, da indústria ao agronegócio, só teriam que se beneficiar com a nova política econômica do segundo governo Dilma. Para a Fiesp então,  não interessaria uma ruptura institucional. A atual política já lhe daria segurança. Daí o apoio demonstrado, velada ou abertamente.
 
Em março de 1964, o general Kruel indicou ao presidente João Goulart que o II exército o apoiaria, desde que ele se desfizesse dos esquerdistas, ao seu ver enquistados  no governo. Jango não aceitou e caiu. Agora, uma política econômica sempre mais ortodoxa, levaria a manter e reforçar o apoio dos grandes setores produtores. Ela marginaliza os setores populares que, entretanto, ainda estão em boa parte mobilizados contra possível golpe de ruptura legal. Entretanto este não parece ser necessário, já que, insidiosamente, dentro da própria institucionalidade vigente, as exigências do poder real vão sendo atendidas.
 
Não estamos vivenciando a posta em prática de uma sorte de golpe, mais ou menos camuflado, salvas as regras institucionais?  Em tantos países, partidos socialistas ou de esquerda passaram a tomar decisões com as receitas de seus adversários. Isso em nome de uma governabilidade que justificava as mais esdrúxulas alianças. Nesse caso, os setores dominantes não precisariam derrubar o governo. Esse se manteria, ao preço de aceitar os ditames do poder real.
 
Na França, François Mitterrand sustentou e dobrou seu septenato, renegando o projeto que o levou ao poder em 1981, em meio a grande entusiasmo popular e com promessas de estatizações. Este projeto foi mais adiante interrompido e chegou mesmo a entrar num  processo de regressão.
 
Saímos às ruas para defender o mandato da presidente Dilma e seguiremos atentos às tentativas de ruptura institucional, denunciando também esse golpe camuflado. Depois das mobilizações do dia 20 de Agosto, em vários lugares do país estão sendo preparados manifestos, em defesa da democracia, dos direitos populares e da soberania nacional. Eles denunciam uma tecnocracia que tenta capturar o Estado a serviço dos interesses dos setores dominantes. Dia 5 de setembro, em Belo Horizonte, foi lançada uma Frente Brasil nessa direção. No dia da pátria, 7 de setembro, o 21º Grito dos Excluídos, liderado pela conferência dos bispos católicos e com o apoio de movimentos sociais, teve o seguinte lema: “Que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome?” O governo da presidente Dilma teria que sentir o clamor que vem das bases da sociedade e que lhe daria apoio para evitar políticas antipopulares.
 
Se a oposição fosse um pouco mais inteligente, veria que as políticas econômicas de ajuste poderiam preparar sua volta ao poder em 2018, sem necessidade de abreviar prazos eleitorais. Um programa de oposição, basicamente, teria que continuar as linhas mestras da atual política ortodoxa, mas além disso, como nos tempos da “privataria tucana”, escancarando o mercado aos interesses do grande capital globalizado. Dando-se conta dessa realidade este último, frio e pragmático, daria um puxão de orelhas a essa mídia vociferante, fazendo-a mudar seus tiques violentos. Fala-se de uma possível aproximação das Organizações Globo com as políticas de ajuste do governo. Nesse caso seus serviçais teriam que refrear suas reações figadais.
 
Tudo parece indicar que a presidente chegará ao final de seu mandato mas, se não houver uma inflexão nas políticas econômicas, poderá transmitir uma herança maldita aos apoiadores de esquerda que buscarem sucedê-la. Compete aos setores populares, partidos progressistas, movimentos sociais, independentes e intelectuais de esquerda, fazer-se presentes e exigir mudanças de rota. Trata-se, ademais, de fortalecer uma estratégia, num prazo longo, que deveria ir além dos prazos eleitorais de 2016 e 2018, buscando novas alternativas para a construção de um país menos desigual e mais justo.
 
Vejamos uma situação com algumas semelhanças. Giuseppe Dosseti foi um importante político italiano no pós-guerra. Saiu de cena e fez-se religioso, criando um centro de reflexão e de espiritualidade. Mas em 1994, sentindo uma terrível crise política e ética dos partidos, voltou de seu isolamento e exigiu uma mudança nos rumos de seu país. Baseou-se num texto do profeta Isaias, com uma pergunta a alguém que via a realidade do alto e pela frente: “Sentinela, quanto falta para acabar a noite?”. E veio a resposta: “o amanhecer vai chegar” (Is. 21,11-12). Para além das crises, num horizonte histórico ambicioso, temos de trabalhar para a criação de uma ampla aliança popular e nacional transformadora.
Redação

15 Comentários

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  1. Temer Temer

    Segue a linha do Tarso, e tem o mesmo obstáculo: Dilma, suas escolhas, suas alianças, suas submissões, razões não declaradas e não sustentáveis publicamente. Temos o golpe econômico e uma esperança para Temer de um golpe político. Temer presidente. Imagina uma coisa dessas…

  2. Juro real zero! Não adianta tirar do pobre pra dar pro rico !

    Esse modelo de alta taxa selic tá quebrando o Brasil. O cidadão comum (que sentiu um gostinho das políticas sociais) não vai aceitar essa . È só polítcios, líderes de Partidos , Juíses e Delegados darem um passeio no Brasil real pra saberem onde todos eles estão se metendo. Houve uma mudança de perspectiva de vida, de paradgma na cidadania e ninguèm vai aceitar que o andar de cima mande a conta pro andar de baixo.

    A Porcca-Midia e a Elite rentista tem que sentir um ajuste que o  sacrifíca.

    Não se pode fazer “Transfusão de sangue do atropelado pro atropelador”.

    Vai dar merda .Congressistas, a Presidenta ,Ministros do Governo e da Justiça tem que buscar o pacto social possível, 

    Deesa vêz é juro real zero(ou próximo) e destravar os projetos que nos levará a retomada do desemvolvimento.

    é 

  3. Li uma notícia falando de

    Li uma notícia falando de alíquota de 35% no IR para quem ganha mais de R$ 4500,00 mês (classe média).

    Enquanto isso os grandes caminham pagando 4-5% e usando laranjas para pagar menos ainda. Imposto sobre fortuna: necas. Sobre grande heranças? Neca.

    Se isso realmente acontecer, juro solenemente nunca, jamais, votar no PT novamente.

    Vou torcer para Haddad mudar de partido para eu poder votar nele.

  4. O golpe camuflado e o ajuste fiscal, por Luiz Alberto Gómez de S

    Precisamos de criticas construtivas e ter a humildade de buscar gente que pensa em busca de soluções.

    As palavras do Sr. Luiz Alberto Gómez de Souza foram sábias e que alguém do governo possa ler e reletir:

    ” Para além das crises, num horizonte histórico ambicioso, temos de trabalhar para a criação de uma ampla aliança

    popular e nacional transformadora”      Que o pessoal do governo entenda que existem muitos que podem ajudar e 

    que não é porque estão no governo, eles sabem  tudo.

     

  5. “Tudo parece indicar que a

    “Tudo parece indicar que a presidente chegará ao final de seu mandato mas, se não houver uma inflexão nas políticas econômicas, poderá transmitir uma herança maldita aos apoiadores de esquerda que buscarem sucedê-la.”

    Como se vê, os economistas precisam reconhecer que, baseados no mito ou em qualquer prerrogativa governamental, as suas implicações com os conceitos sobre o financismo não potencializam os procedimentos de recuperação nacional.

    Há um carater ainda mais marcadamente que tem se mostrado anterior a crise movente em suas afirmações: Os economistas querem apenas o paliativo, como o próprio texto acima disse, uma inflexão nas políticas econômicas; ou seja, o mercado financeiro continuará governando os juros, com efeito, pelo Banco Central; e os ministros da economia e planejamento, de plantão, regulamentará a potência do mercado dentro do congresso.

    Mudem o que pode ser mudado:

    A lógica do investimento externo e juros não é, do ponto de vista do método econométrico (a história da economia), a substância primeira (móvel) que interessa ao desenvolvimento em potencial do país, senhores economistas!!!

    Temos que transmitir o valor da natureza das coisas, que estão sendo envolvidas pelo dólar (potêncial), para nós mesmos, ao extrair o valor das nossas riquezas enquanto objeto de representação social, para, assim (não como divida externa) situarmos a combinação monetária das medidas de todas as possibilidades econômicas a serem representadas na política.

     

  6. 9 meses

    Estamos a nove meses do inicio do governo. É normalissimo um inicio de aperto, reconsideração e acerto das contas para qualquer empreitada. Não acredito em economista. Por exemplo , uma questão: como estarão sentindo a crise os talvez setenta milhões de brasileiros que: sairam da miséria e pobreza; receberam casas novinhas; formam seus filhos nas universidades; e tem assistência médica nunca vista do mais médicos? Choram copiosos a crise?

    Derrotamos golpistas da rede golpe e do pig, estes sim, uma desgraça que pesa sobre o país; pelo menos até agora.

    Fora estes comentários que quase dão razão ao pig, que coisa!, vai tudo dentro da normalidade. Parem de negativismo.

     

  7. O que foi e o que é…

    “Ao ler a imprensa do ‘quanto pior, melhor…”

    Poucos lembram, mas no passado os tucanos usavam esta mesma expressão em referência ao PT que era oposição . 

    Felizmente as nossas mazelas são apenas um ponto de vista da imprensa. O nosso copo está meio cheio.Será?

  8. Sensacional

    Perfeito o texto. Resumidamente, entendo que há outros meios de se fazer o ajuste fiscal, ou, melhor dizendo, equilibrar as contas e fazer o país voltar a crescer, com geração de emprego e bons salários. Nunca vi qualquer explicação do Governo no sentido de mostrar que a alta dos juros é o melhor meio para se conter a inflação, por exemplo. Sabemos que a dívida do Governo aumenta mais com a alta dos juros do que a inflação cai por conta dessa medida. Lula, em 2008, fez exatamente o contrário: reduziu os juros e aumentou os investimentos públicos. O país cresceu “como nunca antes na hisória desse país”, e o povo o conclamou o melhor presidente de todos os tempos. Dilma é a presidenta do Brasil, e, como tal, governa para todos. Mas o foco tem que ser para os mais pobres e classe média, os maiores pagadores de impostos do país. Não deve temer o grande empresariado. Demos mostra de que, sendo preciso, defenderemos o mandato dela a qualquer custo. Dilma, vire o barco. Estaremos do seu lado.

  9. Quem pagará a conta da normalidade democrática?

    O risco, agora, é o custo da manutenção da ordem democrática ser pago pela classe trabalhadora. Transformando 2º governo Dilma no 3º governo FHC.

    A recente e ainda instável manutenção da ordem democrática foi obtida por uma concertação à direita do espectro politico. Dela participaram a mídia mainstream, empresários, entidades de classe patronais e fortemente o poder financeiro. A esquerda, as centrais sindicais e os movimentos populares demoraram muito em perceber a bandeira da manutenção da ordem democrática. A classe artística e a intelectualidade, com as raras exceções de praxe, sequer participaram.

    Não que a esquerda tenha vindo a reboque do patronato, não. Mas vieram tarde e vieram fracos. A esquerda é adjutória nas atuais forças de apoio do governo.

    Parece muito provável que seja a partir dessa correlação de forças que se dará a construção do próximo modelo econômico brasileiro. Será desenhado pelos patrões com o Partido dos Trabalhadores na presidência da República.

    Pode ser que os últimos 12 anos de governo tenham mostrado ao poder econômico os ganhos de um mercado interno de consumo de massa. Porém, tal mercado só é mantido, no Brasil, na Europa ou nos EEUU, pela manutenção de baixos índices de desemprego e do poder aquisitivo da classe trabalhadora.

    E é nesse ponto que está o principal risco ao futuro do Brasil. A rejeição do poder econômico ao golpe não incluiu a sua rejeição à luta de classes, ao contrário, pode ser e, por certo, será mais uma de suas batalhas.

    Para prever o que virá nos próximos anos, poderíamos nos basear no modelo que vem sendo adotado na Europa – austeridade. Mas temos algo muito mais próximo – o 2º governo FHC.

    O 2º governo FHC também era um governo fraco politicamente. Recebia críticas, mas era sustentado pelo poder econômico nacional e internacional, cujos interesses eram o que realmente definia a política econômica. Era apoiado, no Congresso, por uma base política mercenária. Tinha o crescimento econômico comprometido por crises financeiras internacionais e estava, internamente, em meio a uma crise ética motivada pelos escândalos da privatização e da compra de votos para a reeleição.

    Ainda que, nos governos FHC, jamais tenha existido uma única CPI, quanto mais uma Lava Jato, imaginemos, a partir de uma analogia com ele, o que pode vir a ser o governo Dilma que começa a partir de agora. 

    Qual seria o fundamento desse governo?

    A manutenção de altas taxas de juros e a busca persistente de superávits fiscais que garantam os ganhos financeiros.

    Embora o subterfúgio apregoado seja o da estabilização financeira, o rentismo, como principal força no comando da economia, é uma forma de transferência de ganhos do setor produtivo e dos interesses populares para os investidores. 

    A economia real se ajusta ao tamanho de um mercado com crescimento apenas vegetativo e faz de seus excedentes de caixa aplicações financeiras. Sem cescimento, a remuneração do capital deverá vir da redução do tamanho do Estado. Mais exatamente da eliminação de ministérios que cuidam de questões sociais e da consequente desarticulação da estrutura que dá apoio às suas reivindicações.

    Em última análise, o aumento da conta juros seria compensado com a redução de custos sociais e trabalhistas.

    Contingenciamento de programas tais como o FIES, o PRONATEC, o Mais Médicos, o Brasil Sorridente, o Luz para Todos e o Minha Casa Minha Vida. Tais programas são feitos a fundo perdido, com crédito fortemente subsidiado ou de difícil mensuração de retorno financeiro, caso do Bolsa Família.

    Imagino que o empresariado continuaria pressionando por juros subsidiados, via BNDES, por redução de impostos e desoneração da folha de pagamentos. São ferramentas que podem ser utilizadas para estimular o crescimento econômico, mas que em um ambiente de pouca confiança, servem mesmo é para aumentar a lucratividade das empresas. Que as lições de 2012 não se percam por esquecimento.

    A queda na arrecadação levando à necessidade do governo fazer caixa aumentando tarifas, tais como, energia e combustíveis, trazendo de volta à inflação dos preços controlados e realimentando as pressões pelo aumento das taxas de juros.

    A redução da atividade econômica, substituída por um aumento proporcional da atividade financeira mantém a lucratividade das empresas, mas leva inevitavelmente ao desemprego.

    Os anos FHC nos ensinaram que as demissões começam na base, mas destroem, a seguir, os postos médios e gerenciais. Os filhos da classe média voltariam a Miami e à Europa, não mais como turistas, mas como imigrantes ilegais. Poderiam dizer, então, que estavam corretos, quando pediam o impeachment de Dilma. Estariam certos e, por isso, mesmo, errados.

    A combinação de baixo consumo interno e queda do real frente às moedas estrangeiras fortes transformaria o Brasil em uma plataforma de exportação. Mas com os ganhos em dólar retidos em aplicações no exterior para garantia da banca internacional. Teria o mesmo efeito dos tais “empréstimos-ponte” do governo FHC junto ao FMI.

    O capital econômico teria uma compensação com a redução dos custos trabalhistas, cuja cereja do bolo é a aprovação da lei da terceirização com a permissão de sua aplicação para as atividades fins. O que representaria, no médio prazo, o desmonte da legislação trabalhista e da atividade sindical.

    A precarização das relações trabalhistas foi uma das características dos governos FHC.

    Lembremos que, nos anos FHC, além das tais “cooperativas de mão de obra”, aprovaram-se leis sobre a tramitação dos processos trabalhistas que só beneficiaram os patrões. Sob o pretexto de modernização – eliminaram-se os juízes classistas, uma herança do varguismo, mas também, reduziram-se os prazos para os trabalhadores recorrem à justiça e, na prática, deu-se aos patrões uma anistia a cada cinco anos. Manobras que foram mantidas por Lula e Dilma.

    Os consequentes déficits da previdência seriam cobertos pela definição de uma idade mínima para aposentadoria – 60 anos para mulheres e 65 para homens, reintroduzindo, na prática, os efeitos espoliativos do fator previdenciário. Somando-se a isso, o fim da valorização do salário mínimo deprimindo o valor das aposentadorias.

    Como altas taxas de juros também impedem o crescimento sustentado da economia via investimentos privados, o que poderia carrear recursos para a economia real e para a infraestrutura? Algo muito atrativo – a privartização do pré-sal.

    Esse cenário distópico para a classe trabalhadora foi o cotidiano de quem já era adulto nos anos 90 – a segunda das nossas décadas perdidas.

    Não consigo avaliar se os três anos e meio que restam ao governo Dilma seriam suficientes para implantá-lo. Mas que são o suficiente para avançar em muito o retrocesso a FHC, disso não tenho dúvidas.

    Com a agravante de que, agora, não haveria mais, em 2018, um Lula no fim do túnel.

    E a Lava Jato? A Lava Jato? Ora, a Lava Jato! Quem iria se preocupar com a Lava Jato?

  10. Essa zelite zelote é a mais atrasada e ignara do mundo

    Já foi calculado por Amir Khair, que gravar essas grandes fortunas daria um resultado de 100 bilhões,

    Se há uma crise, que deixe a presidente resolvê-la, o que não querem e por isso não aceitam colaborar, que tal se pagassem os 500 bi de reais que sonegaram apenas em 2014.  Não querem  a solução da crise pq  essa zelite zelote faz com que o Brasil tenha o infortúnio de conviver com a elite mais atrasada, egoista, escravista e ignara do mundo, duvidododo que em alguma parte do mundo haja coisa igual, se empanturram de dinheiro mas só pensam em golpe, em jogar o pais no atraso, quem sabe se o povo brasileiro começar a pensar noutra solução que passe pela revolta popular levada ao extremo para por esses vermes prá correr…me desculpem dizer isso mas é disso que se trata, e não pensem esses parasitas que o povo brasileiro viva sob a coleira da Globo e, por isso, incapaz de pensar que não pela ótica desses nababos safados sonegadores de impostos e secularmente corruptos e escravistas que, como vemos todos os dias, insistem em fazer das tripas coração para  impedir noso desenvolvimento, não qerem que esse pais prossiga seu caminho pelas vias da democracia com justiça social. Se não querem assim, topamos a parada….

  11. De Seir alguém me chama:

    «Guardaquanto falta para acabar a noiteGuardaquanto falta para acabar a noite?» 12 O guarda responde: «O amanhecer vai chegarmas a outra noite também. Se querem  perguntarperguntemVoltem* de novo».

    As pessoas perguntam ao profeta: «Quando vai acabar isso?» Ele responde que a história é um vai-e-vem de sucessivas dominações, entremeadas por espaços de libertação e esperança.

    ( * Voltem ou Convertam-se, já que a palavra em hebraico tem os dois sentidos. O chamado à volta a Deus permanece uma exigência permanente)

    10  O Anjo falou ainda: «Não guarde em segredo as palavras da profecia deste livropois o tempo está próximo. 11 O injustoque continue com sua injustiça; o sujoque continue com suas sujeiras; o justo, pratique ainda a justiça; o santocontinue a se santificar! 12 Eis que venho em breve, e comigo trago o salário para retribuir a cada um conforme o seu trabalho. 13 Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o último, o Princípio e o Fim. 14 Felizes aqueles que lavam suas roupas para terem poder sobre a árvore da Vida, e para entrarem na Cidade pelas portas. 15 Vão ficar de fora os cães, os feiticeiros, os imorais, os assassinos, os idólatras, e todos os que amam ou praticam a mentira.» – Apocalipse (Revelação) 22,10-15

  12. Ajuste de merda!Porque impor tanto sofrimento ao povo?

    09/09/2015 19p7 – Atualizado em 09/09/2015 19p2

    Standard and Poor’s tira grau de investimento do Brasil

    Agência fez anúncio nesta quarta-feira (09).
    Agência é a 1ª entre as principais a tirar do país o selo de bom pagador.

     

    Do G1, em São Paulo

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    O Brasil perdeu o grau de investimento na classificação de crédito da Standard and Poor’s (S&P), informou a agência de classificação de risco nesta quarta-feira (09). A nota foi rebaixada de “BBB-” para “BB+”, com perspectiva negativa.

    No mercado financeiro, a nota de um país funciona como um “certificado de segurança” que as agências de classificação dão a países que elas consideram com baixo risco de calotes a investidores.

    saiba maisEntenda o que é grau de investimento

    A S&P é a primeira agência entre as maiores a tirar o grau de investimento do Brasil.

    O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de risco que determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros maiores) compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.

    O Brasil conquistou o grau de investimento pelas agências internacionais Fitch Ratings e Standard & Poor’s em 2008. Em 2009, conquistou a classificação pela Moody’s.

       Classificação das agências de risco (Foto: Arte/G1)

     

     

    tópicos:Economia

     

    1. Lembrando que essa mesma

      Lembrando que essa mesma agência dava grau de investimento elevado para o Leman Brothers dias antes de sua quebradeira e falência.

      A verdade é que está em curso uma conspiração para quebrar a economia do país para atender a interesses de uma minoria golpista.

  13. Aahhh, golpe “camuflado”!?

    Aahhh, golpe “camuflado”!?

    Dá até preguiça… Nessa altura do campeonato…

    “Camuflado” de quê, de “tapetão”?!

    Só falta declararem o cargo de Presidente “vago”…

    São os mesmos que só acordaram ontem pra campnaha de desinformação e ódio que está grassando há décadas…

    … Bom, pelo menos bom dia!

    … Ai, ai…

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