O lugar do Brasil de Bolsonaro no mundo: Suhayla Khalil no Cai na Roda deste sábado

"A gente não consegue pensar política pública local, sem pensar nas relações internacionais. E a pandemia expôs isso, porque fatalmente olha onde nós estamos”, diz a pesquisadora às jornalistas do GGN

TV GGN

Jornal GGN – A pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e professora de Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Suhayla Khalil, fala às jornalistas do GGN sobre a política externa brasileira adotada nos últimos dois anos do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), considerando a evidência que ganhou as conexões globais com a crise sanitária. Autora do curso “O lugar do Brasil no mundo”, Khalil responde essa e outras questões na edição deste sábado, 20 de março, do Cai Na Roda, programa exibido na TV GGN.

“Hoje o Brasil tem sido visto como um país parea, tanto pela questão da pandemia [da Covid-19] e também por ter rompido com inúmeras tradições de um país negociador, de tradição diplomática, extremamente admirado nos órgãos multilaterais como a ONU [Organização das Nações Unidas]. Além disso, o Brasil se alinhou com teocracias em pautas muito ruins e nocivas para os direitos humanos”, explica a professora. “A gente não consegue pensar política pública local, sem pensar nas relações internacionais. E a pandemia expôs isso, porque fatalmente olha onde nós estamos”, lamenta.

Apesar de todos esses retrocessos, no entanto, Khalil destaca um fenômeno positivo dentro do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) de Bolsonaro nos últimos meses. “Se é possível falar que existe algo positivo na política externa de Bolsonaro é que houve uma grande convergência entre diferentes grupos do Itamaraty que defendem diferentes formas de inserção do Brasil no mundo (…) Dentro do Itamaraty, nesse momento, existe uma união entre esses diferentes grupos diplomatas e de pensadores e formadores da política externa contra a política externa de Bolsonaro”, diz.

Uma política externa pós-bolsonarista  

Khalil faz parte do grupo de intelectuais que fazem parte do Projeto Renascença, uma iniciativa de diplomatas para a construção coletiva de uma política externa pós-bolsonarista. Durante a entrevista, ela destacou a necessidade dessa formação, tendo em vista que “os olhos do mundo estão no Brasil, porque é um país importante e significativo, mas que tem gerado inúmeras inseguranças internacionais”.

Mas, “uma reconstrução depende de um momento pós-Bolsonaro”, aponta Khalil. No entanto, “mesmo com essa tragédia absoluta que estamos vivendo, esses números extremamente dramáticos, a falência do sistema de saúde, a incapacidade do governo de se articular, é muito difícil prever o fim do governo Bolsonaro”, dispara. “Não é só o Bolsonaro, é o bolsonarismo. Mesmo com a derrota do Bolsonaro o bolsonarismo não deve morrer e isso é muito nocivo”, pontua.    

Porém, tendo em vista a imagem desastrosa do Brasil para o mundo, a professora também avalia que atualmente o país já vem sendo penalizado por outras nações. “A questão da China com os insumos farmacêuticos [que ocorreu em janeiro], é uma penalização profunda, até piores que outras, porque isso gera mortes, perdas de vidas de brasileiros, isso é uma tragédia”, aponta.

O questão climática nas relações internacionais  

A professora também explica que a questão climática “é um tema central quando se pensa a agenda internacional, a formulação da política externa brasileira”.

“Não é segredo pra ninguém que o Brasil tem demonstrado pouca preocupação em relação a isso. A diplomacia brasileira não tem se mobilizado por essas questões nas pautas internacionais, pelo contrário”, diz. “Esse é um conjunto muito negativo e que tem repercutido de forma dramática na imagem do Brasil no cenário internacional”, pontua.  

Para Khalil, por conta da questão climática o “Brasil tem tido perdas econômicas e comerciais, uma vez que “não é só uma agenda verde, mas isso afeta questões fundamentais de outras pautas”, completa.

A professora ainda ilustra as relações entre Brasil, China e Estados Unidos; relembra a cooperação brasileira com África na era Lula; e explica o novo capitalismo informacional por meio do embate do Leilão do 5G. Assista

Participaram desta edição do Cai na Roda as jornalistas Lourdes Nassif, Cintia Alves e Ana Gabriela Sales.

Sobre o Cai na Roda

Todos os sábados, às 20h, o canal divulga um novo episódio do Cai Na Roda, programa realizado exclusivamente pelas jornalistas mulheres da redação, que priorizam entrevistas com outras mulheres especialistas em diversas áreas. Deixe nos comentários sugestão de novas convidadas. Confira outros episódios aqui: 

Redação

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