O pensamento de Eco nesses tempos de desordem

Dia desses encontrei um velho conhecido, empresário bem informado do setor imobiliário. Estava assustado com a informação de que o terrorismo do Oriente Médio já tinha conseguido cargos relevantes no governo e era questão de tempo para dar o golpe.

Tempos atrás fui a um jantar, presente uma juíza de direito que jurava de pés juntos que os comunistas dominavam a revista Veja e o Jornal Nacional.

Ontem encontrei no shopping um senhor egípcio, há 40 anos no Brasil, e espantado com a facilidade com que o seu meio – classe média alta – engolia as maiores fantasias.

***

Morto dias atrás, o filósofo italiano Umberto Eco foi um estudioso dos meios de comunicação de massa. Certamente faria do Brasil atual um excelente laboratório.

Um dos primeiros fenômenos analisados por ele foi o da televisão recriando a realidade de acordo com seus scripts e sua dramaturgia (veja, a propósito, o excelente ensaio de Wilson Ferreira http://migre.me/t3Tjo).

No ensaio “A Nova Idade Média”, Eco prevê que a televisão deixaria de ser uma janela aberta para o mundo, e passaria a falar de si mesma, “em um labirinto de metalinguagem e eventos-encenação”. Para o telespectador, o mundo só acontece se aparecer na tela.

***

Eco encontra muito pontos em comum dos tempos atuais com a Idade Média, a era das trevas que se seguiu ao desmonte do Império Romano.

As mudanças globais implicaram na substituição do entendimento global, da informação sistematizada, da hierarquia nas informações pela instabilidade, a mutabilidade, a ausência de estruturas.

Ocorre um desmonte das instituições similar ao desmanche do Império Romano.

Eco comparava esse caos ao labirinto medieval – diferente do labirinto clássico grego, no qual o fio de Ariadne é a solução para se encontrar o caminho de volta. O labirinto medieval é maneirista, como múltiplas ramificações de uma árvore, permitindo múltiplas interpretações onde o jogo que encanta é “o prazer em se perder e abandonar as noções de verdade, fidelidade ou originalidade”. Não importa a verdade, mas as maneiras de interpreta-la.

O discurso medieval era composto por grandes monólogos, repletos de citações de autoridades, “mantendo o mesmo léxico, a mesma retórica, o mesmo argumento”. Como explica Wilson, era a forma como o medieval reagia à desordem e à dissipação cultural da decadência do Império Romano.

***

Hoje em dia, prossegue Eco, esse recurso ao trololó se repete sob a roupagem da “falácia referencial”. “Através de maneirismos, bricolagens, pastiches etc. produzem-se novas significações através da repetição. Se na Idade Média a repetição da “Autorictas”, hoje é escondida sob a pátina das diferentes opiniões, métodos e do monopólio econômico e midiático”, diz Wilson.

***

No final de sua vida, Eco passou a considerar a Internet como “como uma semiose selvagem e perigosa”, com informações excessivas  e sem hierarquia, onde a criação de novas significações transformou-se em replicações, como na autorictas medieval.

***

De fato, até alguns anos atrás a hierarquização da informação produzia uma ordem, muitas vezes falsa mas, enfim, ordem. Na fase inicial, o advento das redes sociais e dos blogs permitiu o contraponto às verdades estabelecidas da velha mídia.

Com o tempo, o opinionismo expandiu-se, liquidando com qualquer hierarquia. Não vale mais o carteiraço, a exposição de currículos para fortalecer a opinião. Pelo contrário, o populismo desvairado investe contra qualquer tentativa de hierarquizar as opiniões.

Ao mesmo tempo, o oportunismo irresponsável dos jornais abriu espaço para um discurso delirante da ultra-direita, esfumaçando ainda mais o cenário turvo das informações. Em vez de filtro para o caos da Internet, os grupos de mídia se transformaram em potencializadores das pirações da rede.

***

Tudo isso acontece em um quadro de dissolução dos partidos sociais, de perda de controle das corporações públicas sobre a base, de corrosão inédita do poder presidencial, de fim de ciclo dos grupos de mídia, de falta de perspectivas da oposição.

Os otimistas costumam argumentar que é do caos que nasce a luz. Os pessimistas diriam que é do caos que nasce mais caos.

Inegavelmente, o Brasil entra na fase mais complexa da sua história, período de terremotos universais, de caos global das democracias, sem um fio condutor. O espaço está sendo ocupado por uma nova geração, sem passado, ocupando o lugar de uma velha geração que recusou-se a ver o futuro.

A falta de figuras referenciais, para conduzir a transição, é o que mais assusta nesses tempos de caos.

Luis Nassif

35 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Idade das trevas?

    Tudo bem, exceto pela metáfora gasta da Idade Média como “idade das trevas”. Provavelmente, Eco não concordaria com isso; bem como outros medievalistas importantes. Maiores ou menores, zonas “escuras” existem em qualquer época, como o próprio artigo defende, em relação à nossa. Tal metáfora das trevas, quando ainda não era gasta, foi atribuída ao poeta Petrarca, e fartamente usada desde a Renascença ou Renascimento (que é uma metáfora do historiador Michelet, do século XIX) até se tornar um clichê. É sempre de um ponto de vista atual que se idealiza (mesmo baseando-se em documentos), hierarquiza e lineariza o processo histórico: a saudosa idade antiga; no meio a média, trevosa; e, cá estamos nós, na idade moderna, dadivosa, que “se acha” desde o Iluminismo das luzes, as quais também cegam. Basta citar duas terríveis guerras mundiais no século XX, vindas do “centro do mundo” (a Europa), além de muitos outros massacres em larga escala, tão recentes…

  2. Enigma

    O grande enigma não é o “tempos de desordem”, mas o tempos de desordem gerado por leniência. Para não irmos muito longe, aqui mesmo nesse blog, o Nassif ficou rouco de tanto instigar o governo à “chamamentos à Nação” para nortes minimos a seguirmos; ele e o André Araujo (para não falar de outros e das consultorias gratuitas feitas pelo Brasilianas) fizeram inúmeros “mini papers” de sugestões de caminhos necessários para desviarmos do atoleiro; o Diego Costa, por ex., sempre nos brindou com dados objetivos para contraposição dos ideológicos de certa plutocracia e … nada. Todo mundo sabe que ajuste fiscal tem que ser feito e que deve preservar tanto quanto possível o andar de baixo desse ajuste, e também que uma luta ideológica dever ser feita para tentar preservar um Estado mais inclusivo dessa crise (exógena e, depois, endógena) que é passageira. E o governo perdeu a batalha da narrativa! Acho que foi Humberto Eco que disse que, no fundo, toda pergunta básica da Filosofia e da Psicanálise é a mesma do romance policial: “de quem é a culpa”. Em se tratando de Pindorama nesses tempos, eu tenho meus suspeitos.

  3. Deve existir um antídoto

    Nassif, bom dia,

    Desde 2013, com as manifestações de junho, há a discussão sobre se aquilo foi bom ou ruim. Salvo engano, vc saudou as manifestações como o novo, realidade diferente, de forma positiva. Desde lá me coloquei entre os que viam um transe coletivo, uma catarse. A meu ver induzida.

    Parece, se entendi direito, que agora vc começa a se preocupar com o monstro que foi solto.

    A questão é: tem como prender o monstro de novo?

    Eu penso que deve haver, se acredito que a catarse foi forjada. Ou não a teriam forjado.

    Minha dúvida é se, caso consigam sacramentar o golpe, vão conseguir aplacar os ânimos da turba. Será que já têm o antídoto que vai fazer a razão voltar às cabecinhas delirantes?

    1. O de sempre

      Sim, com certeza a resposta de sempre: policia nas rus pras abafar reclamações, midia passando na tv horas e horas de documentarios dizendo que tudo está bem, rentistas segurando o governo neo liberal e a maioria da população se danando de novo, como sempre foi na nossa historia de republica das bananas

  4. A maior vitória do neoliberalismo – matar o pensamento
    E assim, mataram as lideranças e os referênciais.

    Brilhante:

    “Inegavelmente, o Brasil entra na fase mais complexa da sua história, período de terremotos universais, de caos global das democracias, sem um fio condutor. O espaço está sendo ocupado por uma nova geração, sem passado, ocupando o lugar de uma velha geração que recusou-se a ver o futuro.

    A falta de figuras referenciais, para conduzir a transição, é o que mais assusta nesses tempos de caos.”

  5. O bicho vai pegar. ..
    Se o golpe acontecer, e os entreguistas implementarem seu plano servil……vai faltar polícia pra conter os diversos movimentos sociais que, contidos por uma visão tênue de democracia, ainda seguram a onda….
    Vão ter que pedir intervenção do padrinho do golpe: o tio Sam…

  6. A esquerda brasileira se suicidou, infelizmente

    A esquerda brasileira ainda tem uma visão de economia e de administração pública da época dos militares… e isso em plena era digital. Nenhuma reforma foi feita ao longo de todo esse tempo, como se o estado e a burocracia brasileiras fossem extremamente eficientes… mas era mais fácil pensar nas próximas eleições do que no longo prazo, claro. Julgam-se os únicos portadores das boas intenções, e por isso não aceitam críticas, nem mesmo vindas da própria esquerda. Também por isso foram tolerantes ao extremo com a corrupção, desde que em prol da “boa causa”… apesar da “boa causa” já ter virado “causa própria” a muito tempo. Nossa esquerda se mostrou tão arcaica quanto a nossa direita. E agora estamos num vácuo de lideranças.

  7. Não precisa nem publicar,

    Não precisa nem publicar, Nassif, porque é mais um “opinismo” intuitivo.  Mas creio que uma das próximas fases da Lava Jato terá por objetivo pegar jornalistas dos “blogs sujos”.   Gilmar Mendes já deu a deixa em várias oportunidades.
    Está claro que a operação já vem desenvolvendo a estratégia de comer pelas beiradas, atacando pessoas próximas ao Lula, ao PT e ao Governo.   Chegou a fase dos advogados e marqueteiros. Depois, restam os “defensores” na mídia e nos movimentos sociais, última barreira que poderia mobilizar uma massa de apoio aos alvos da operação.  Depois vem a rainha e o rei.

  8.                              

                                                                                   

  9. Bom diagnóstico

    Como lhe é usual, acredito que o seu diagnóstico está correto. O problema é detectar qual a melhor estratégia para conter a onda obscurantista patrocinada pela união fortíssima entre a grande imprensa, sempre entreguista, e o pensamento autoritário e fascista adquirido por boa parte de nossa sociedade, inclusive as classes baixas…

    Não vejo entre as pessoas que resistem ao pensamento único, de sentido maniqueísta, uma resistência orgânica, com estratégias claras de combate. Vejo uns poucos blogs sem força de influência no sistema institucional, um governo que não manda em ninguém, e alguns bravateiros com promessas de luta, até com armas, que não sabem que uma multidão não dura cinco minutos diante de uma tropa coesa e bem armada… Claro que terá que haver uma resistência, mas ela não está configurada e creio que a hora pensar isto é agora…

    Quem viveu a virada dos anos 70/80 sabe do que estou falando, pois a ditadura não caiu por causa da luta armada, mas sim pela perda do consenso diante da sociedade, principalmente a classe média, e diante de suas próprias contradições econômico sociais. Por exemplo, para boa parte de nossa “elite”, os militares sofriam de um defeito ideológico, davam um viés nacionalista a moda européia à nossa economia, coisa que nossa elite americanizada nunca gostou. A ditadura caiu muito auxiliada pelo fracasso de sua política econômica. Alguns “saudosistas” esquecem ou não sabem que Figueiredo passou o comando do país com uma inflação anual de 148% e com poucas reservas externas. Apenas naquele tempo ainda não estava na moda o determinismo do “faliram o país e criaram um governo que roubou tudo”, como é a moda agora, porque não havia liberdade de dizer isso.

    Um abraço.

     

  10. Um Profeta… Previu a Lava-Jato e seus arquitetos!

    Em seu último livro publicado, cujo foco central é deixar claro o LIXO que é a grande Imprensa ocidental, Eco entre outras coisas levanta suspeitas sobre os “golpes paraguaios” mundo afora e quem – as usual – estaria por trás…

    “[…] e já há quem diga que, depois da queda do Muro de Berlim e do desmantelamento da União Soviética, os americanos já não precisam dos partidos que podiam manobrar e os deixaram nas mãos dos magistrados, ou talvez, poderíamos arriscar, os magistrados estão seguindo um roteiro escrito pelos serviços secretos americanos, mas por enquanto não vamos exagerar… […].” (… página 53 – NÚMERO ZERO – Umberto Eco…). 

  11. Não vejo ineditismo nenhum, muito antes pelo contrário

    O que acontece hoje no Brasil, e de resto no mundo inteiro, é um grande mal estar social. Este mal estar social nada mais é do que o resultado do desalento das populações com relação à frágil recuperação econômica global no pós Crash de setembro de 2008. 

    O período atual da humanidade tem muitas similitudes – e por isso não existe nenhum ineditismo – com o período dos anos 30 do século passado, no pós Crash de outubro de 1929. O mal estar do pós Crash acirrou os ânimos no mundo inteiro. Milhões de famílias se viram de uma hora para outra na rua da amargura, etc. 

    O Brasil teve 02 anos consecutivos de queda no PIB, em decorrência do Crash de 1929 (1930 e 1931, igual ao que vamos ter em 2015 e 2016 como decorrência do Crash de 2008). 

    O governo do então presidente Washington Luís simplesmente não tomou nenhuma medida para conter a derrocada econômica mundial que havia chegado no Brasil e os anos de 1930 e 1931 experimentariam um inédito biênio de queda no PIB. 

    A solução para o suposto caos evidenciado com o Crash de 1929, e também decorrência da quebra do pacto da política do café com leite, foi uma demonstração de força que apeou o presidente do cargo ao mesmo tempo em que impediu a posse do então presidente eleito, Júlio Prestes. 

    Getúlio Vargas é empossado em novembro de 1930. O café, naquele tempo, representava 75% das exportações do país. 

    A partir de 1931, e até 1944, o governo brasileiro, chefiado por Getúlio Vargas, queimaria mais de 78 milhões de sacas de café, para impedir o aviltamento cada vez maior do preço dessa commodity que era a viga de sustentação da grande fazenda chamada Brasil. 

    De modo que o momento atual, no Brasil e no mundo, reflete essa ansiedade, essa desconfiança, esse mal estar com a falta de uma recuperação decente no pós Crash de 2008. 

    O Brasil tomou excelentes medidas anticíclicas, que proporcionaram um bem estar no período mais duro do estouro do Crash, entre 2008 e 2009. Mas o orçamento não suportou a manutenção destas medidas anticíclicas e estamos agora passando pela purga que os EUA e a Europa passaram conheceram antes.

    Enquanto a humanidade não se livrar da desgraça econômica do pós Crash de 2008, e enquanto a nova divisão internacional do trabalho não ficar nítida, ficaremos com esse mal estar que aí está. 

    Só espero que a superação do Crash de 2008 seja alcançada sem os mesmos recursos que vimos no pós Crash de 1929 (II Guerra Mundial).

    Quando nada mais dá certo para recuperar o sistema capitalista, a guerra e uma ampla destruição de capital podem ser a válvula de escape do sistema (uma purga forçada).

    Seria uma solução a contento para os capitalistas, como já fizeram inúmeras vezes no passado. 

  12. O Nassif desprezou os avanços da matemática e da informática

    Não só a matemática têm avançado como nunca, em qualidade e quantidade, como as tecnologias eletrônicas descortinaram para os humanos capacidades nunca antes sonhadas com seus avanços obedecendo a Lei de Moore.

    Falo  de algorítmos e da computação em grande escala com os novos bancos de dados. As possibilides são inimagináveis, tendo já atualmente causado efeitos em organismos de largas escalas e abrangência mundial, como as bolsas de valores do planeta, que se renderam aos robot traders que dominaram os mercados.

    O leigo não faz a mais pálida idéia do que se é capaz de controlar com estas tecnologias, mas os cartões perfurados da IBM na segunda guerra mundial em 1930 indicavam fortes mudanças no controle de populações.

    O Eco nunca se sentiu à vontade com a cibernética, no seu romance O Pêndulo de Foucalt ele briga com a senha do PC durante o livro todo “têns a senha?”, o que demonstra o seu desconforto pessoal com a tecnologia, dai, a distorcer sua utilidade e falar mal dela é um passo, que ele deu.

    O Brasil ficou no uso das novas tecnologias da informação pelo meio do caminho, mas o Umberto Eco também não integrou, apesar dos esforços que reconheço nele, o uso concomitante do Tarot, Geometria e Astrologia, assim, não conseguiu mapear na integridade os mecanismos de poder, donde surge este sentimento captado pelo Nassif de impotência e Caos.

    Como diria o poeta, ou a coisa é fácil ou impossível.

     

  13. A esquerda brasileira suicidou, infelizmente

    A esquerda brasileira ainda tem uma visão de economia e de administração pública da época dos militares… e isso em plena era digital. Nenhuma reforma foi feita ao longo de todo esse tempo, como se o estado e a burocracia brasileiras fossem extremamente eficientes… mas era mais fácil pensar nas próximas eleições do que no longo prazo, claro. Julgam-se os únicos portadores das boas intenções, e por isso não aceitam críticas, nem mesmo vindas da própria esquerda. Também por isso foram tolerantes ao extremo com a corrupção, desde que em prol da “boa causa”… apesar da “boa causa” já ter virado “causa própria” há muito tempo. Nossa esquerda se mostrou tão arcaica quanto a nossa direita. E agora estamos num vácuo de lideranças.

  14. A grande mídia ‘livre”

    Em qualquer país capitalista, a conhecida roubalheira, pai e mãe das injustiças sociais, está sempre presente. Essa monumental subtração da coisa alheia, por diversos meios e artifícios, na maioria das vezes, nunca sai na grande mídia “livre”. Permanece bem escondida e camuflada. Bem longe do conhecimento do povão, que nuca tem a parda idéia do quanto lhes é roubado, sob mil artifícios e mecanismos, “legais”. Para evitar maiores problemas, as elites procuram mater o povão longe da cultura e do devido poder de análise. Mas, o povo não é besta. Acaba percebendo. Assim sendo, para que as coisas não fujam ao controle e objetivos das elites, nada melhor do que a eficiente grande mídia “livre”, em especial, a poderosa televisão. Tivesse existido a TV nos tempos de Roma, possivelmente, o Império Romano ainda estaria por aí. Quem sabe, com as arenas de gladiadores em pleno funcionamento. Nada mais eficiente do que a TV para formatar e conduzir a cabeça do povão, para cá e para lá. Só não pode, faltar pão e circo.

  15. a definição dessa geração de

    a definição dessa geração de “geração sem passado” é marcante.

    é histórica, no sentido de que percebe que sem histrória tende-se a repetir

    os erros do passado sem nenhuma noção do que está se fazendo….

    a ideia de eco da necessidade de  filtragem não é tão nova quanto

    parece,mas mais fundamental que antes…

    os jornalistas já usam isso há tempos, pois são treinados diariamente

    para sacaram o que é essencial do que é superficial….

    mas acabaram caindo no supeficial, pois talvez não dominem o sentido

    histórico de suas filtragem, de suas triagens –

    brincando com as palavras – trairagens…….

    aliás, a palavra triagem é muito chegadinha a uma burocracia policial, o

    que pode tb definir o jornalismo persecutório e o jornlismo de porta de cadeia feito hoje em dia….

    a filtragem definida por eco tem mais força porque usa a teoria, a linguagem,

    linguística, a boa investigação científica para permitir o sucesso dessa filtração…

     

  16. A imprensa terceirizou o confronto na web

    Nassif, este é um excelente debate, mas, convenhamos, Eco era visionário e dinossauro ao mesmo tempo. Talvez tivesse saudades dos tempos das máquinas de escrever.

    A internet é o atual campo de batalha do jornalismo. Pois bem, neste campo, a mídia tradicional perde e perderá qualquer batalha contra os blogueiros e internautas, mas, ressalto, perde quando vende informação fabricada e não fidedigna. Sim, dentro deste cenário de campo de batalha adverso, a mídia tradicional incentivou um exercito de mercenários obtusos e não remunerados. Gente que passa informações falsas acreditando ser verdadeira. Gente que acredita que a própria imprensa conservadora é comunista. Claro, eles fazem isso para despistar que eles são as fontes desses trogloditas.

    Mas, quem são esses trogloditas, radicais ultra-conservadores? Qualquer um com mente obtusa e que precise de um inimigo para viver: um crente. Então alguém captura suas angustias e lhes fornecem um inimigo. Simples. Um dia desses ouvir no rádio uma entrevista de um cantor que fora convidado para ser ator. O rapaz afirma: “minha vida mudou, tenho uma vida mais intelectual, preciso decorar textos…”. Então devemos ter muito cuidado com esse pessoal que acredita que decorar algo é atividade intelectual. Muito cuidado!!!

    Continuando, a mídia conservadora terceirizou sua guerra, na internet, para esse exercito de trogloditas que acredita no comunismo. O problema é quando esses trogloditas podem tomar alguma decisão no mundo real. Aí acontece uma lava jato da vida. Os caras mal sabem como o mercado funciona aqui e fora e se metem para intervir. Ah, eles precisam de uma bandeira: o combate a corrupção como um fim em si mesmo.

    Mas, mas, mas, quando alguém joga um pouco de luz. Mostra a verdade, que estão sendo enganados, que estão em um pesadelo, em uma espécie de matrix… Aí você é atacado ferozmente. Eles não querem acordar, pois criaram um mundinho mágico e perfeito cujo os vilões são os outros. Eles, os executores do verdadeiro vilanismo, querem se sentir heróis dentro desse enredo. Querem sentir a emoção de “mudar o mundo”, quando estão simplesmente o destruindo. Ah, uma parênteses, muito gente que não teve infância, não tem emoções, vive eternamente atrás das emoções de uma serie de tv, de filmes e, pasmem, buscando notoriedade na sociedade, capas de revistas e etc. São, facilmente, susceptíveis a essas pequenas e tolas vaidades que a imprensa pode oferecer.

     

    1. UFA, até que enfim…

      Não costumo dar muito bola pra comentários de blogs, acho uma perda de tempo, e na maioria das vezes não passam de agressões gratuitas. Mas, poxa, o seu comentário faz uma análise de fôlego sobre os acontecimetos atuais, Parabéns e conserve a lucidez.

    2. Paulo F. Souza

      Só uma observação: a mesma lavagem cerebral que você disse ser feita nos radicais de direita também é feita nos radicais de esquerda. Isso vale para os dois lados.

  17. A brincadeira colonial

    A brincadeira colonial (sempre decidida em favor do colono) finalmente acabou.

    Sem a inclusão político-social produzida pelo PT a  antropofagia voltará a ser um fenômeno importante em Pindorama.

    Aqueles que tiverem suas vidas, imóveis e empresas devorados pela guerra civil irão chorar mais do que os descendentes dos índios e dos negros eternamento excluídos da política.

    Hora de abrir champanhes e de comemorar.

    Uma nação não pode ser forjada numa televisão, num campo de batalha ela pode sempre ser reforjada. 

    1. Confesso
      Confesso que ando assustado com a penetração abusiva da televisão no cotidiano da sociedade Fabio…
      Estou num bar, aguardando um amigo e com uma TV ligada ao meu lado. E claro, colocada em operação por escolha do proprietário/vítima que não tem tempo de ler, aprender ou ver a realidade. Ele mais ou menos conscientemente abre mão disso em troca da “verdade” por ela colocada, a qual ele repetirá à exaustão como se fosse produto de sua mente… Aparentemente a clientela solitária acaba aprovando a presença da “caixinha de doutrinação”.
      E elas estão ligadas em quase todos os ambientes populares… Assustador!
      Um abraço.

  18. Só um aparte…

    Caro Nassif, 

    Aficionado do medievo como era, dificilmente, Umberto Eco ratificaria essa noção tão divulgada, herdeira de Petrarca, da idade média como idade das trevas. Aliás, nenhum bom historiador do período medieval endossa esse rótulo. Eco considerava a idade média sobretudo uma época de contrastes.

    Apenas um exemplo: foi na idade média que foram fundadas as universidades de Marrocos, do Cairo, de Bolonha, de Oxford, de Paris, de Modena, de Cambridge, de Salamanca, de Montpellier, de Toulouse, de Pádua, de Siena, de Praga, de Coimbra, de Colônia, de Heidelberg, dentre outras…

    Abraço 

    1. Para ser mais exato Eco
      Para ser mais exato Eco considerava o período medieval como uma fase de transição entre o mundo antigo, que se dissolvia, e o moderno, que estava ainda sendo gestado, daí a falta de referenciais e âncoras de valores.

      E mais: Para ele o mundo atual está passando pelo mesmo momento histórico de transição entre dois períodos, por isso a crise de valores e a perda de referenciais que assola a vida social.

      1. Onde Onde João Santana estava

        Onde Onde João Santana estava com a cabeça quando decidiu voltar por espontânea vontade ao Brasil sabendo que seria preso sem pos ppossibilidade de defesa? 

  19. “O espaço está sendo ocupado

    “O espaço está sendo ocupado por uma nova geração, sem passado, ocupando o lugar de uma velha geração que recusou-se a ver o futuro.”

    Muito bom.

  20. o papel da ciência e da tecnologia

    Os titãs do século XXI ainda são incompreendidos : Richard Dawkins, Daniel Dannett, Sam Harris, Stephen Hawkins, Marvin Minsky, William H. Calvin, Brian Greene, Miguel Nicolelis, Steven Pinker, Noam Chomsky. Se na idade média o paradigma era o sobrenatural, a crise da razão contemporânea se estabelece na concepção naturalista do universo. Os paralelos do medievalismo traçados por Umberto Eco se reduzem a uma oligarquia que morreu mas se recusa a ser enterrada. Serão fragmentados e destroçados pela ciência e tecnologia. 

  21. Nassif,
    Já era possível

    Nassif,

    Já era possível sentir o cheiro do caos alguns anos atrás, especialmente no auge do ufanismo, quando a melhor oportunidade de reformas na estrutura do Estado foi aberta, mas senhores como você tocaram loucamente a melodia ufanista.

    Como gosta tanto de uma pesquisa, peque seu blog como objeto de análise e verifique que alí por volta de 2008 a 2010 boa parte do que hoje condena escorando-se no escritor italiano vocês praticaram aqui sem dó numa leviandade de dar medo.

    Disse-lhe naquela ocasião que seu maior engano não foi se enganar em relação ao Serra, mas em relação ao Lula.

    Ele e seu partido mataram o sonho e a esperança com seu beneplácito e de todos os seguidores que o bajulam de modo asqueroso.

    1. O ufanismo destruiu o pensamento de longo prazo

      O PT quis 20 anos no poder, mas para tanto focou apenas nas próximas eleições, sem nunca atentar para o longo prazo. Por conta disso, nunca fez nenhuma reforma, apesar de terem governado no período mais propício para isso sem gerar traumas. Mas o ponto principal – já que estamos falando de Umberto Eco – é: quem alertava para o desleixo com o longo prazo era acusado de direitista e de não gostar de pobre. Quer manipulação discursivo-ideológica mais descarada que essa??? Ia ser interessante a militância petista fazer uma análise do seu próprio discurso da mesma maneira que pretendem fazer do discurso da mídia. As malandragens retóricas são incrivelmente mais toscas e facilmente identificáveis do que as sutilezas abstratas que eles costumam enxergar no discurso alheio.

  22. Excelente post, mas relativizado pelo comentário de Diogo Costa

     

    Luis Nassif,

    Excelente post embora tenha sido bem relativizado pelo excepcional comentário de Diogo Costa, enviado terça-feira, 23/02/2016 às 09:28. Aliás o comentário de Diogo Costa deveria ter se transformado em post. Há nele infinitas mais qualidades do que o comentário de Andre Araujo (por quem tenho grande admiração, mas que me parece perdido com essa questão da operação Lava Jato) que ele enviou terça-feira, 23/02/2016 às 19:03, para junto do post “Moro e a exploração da ingenuidade imperial” de terça-feira, 23/02/2016 às 19:11, aqui no seu blog e de sua autoria. Comentário que foi transformado no post “O Golpe Judiciário já está na etapa final, por André Araújo” de terça-feira, 23/02/2016 às 19:40, aqui no seu blog e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-golpe-judiciario-ja-esta-na-etapa-final-por-andre-araujo

    Fiz um comentário no post “Moro e a exploração da ingenuidade imperial” em que para que o título coubesse eu tive que abreviar o nome de Umberto Eco. Como nunca tinha feito essa abreviatura antes ela saiu assim: HE. Bem, o endereço do post “Moro e a exploração da ingenuidade imperial” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/moro-e-a-exploracao-da-ingenuidade-imperial

    E o texto de autoria de Wilson Ferreira transformado em post e para o qual você deixa o link é “Nos labirintos da Nova Idade Média com Umberto Eco, por Wilson Ferreira” de segunda-feira, 22/02/2016 às 20:25. Para lá eu enviei terça-feira, 23/02/2016 às 01:03, com muitos links relacionados com Umberto Eco e com as discussões que ele provoca.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 23/02/2016

  23. E a velha imprensa criou o midiota.
    Vivemos o Império do senso comum, onde “os imbecis que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”, agora têm o monopólio da verdade.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador