O xadrez das candidaturas para São Paulo

Do Correio do Brasil

Candidatura de Serra seria a “solução ideal” para petistas contrários a Kassab 

Eleições
Petistas contra a aliança com o PSD do prefeito Gilberto Kassab (á esquerda) vêm uma esperança de não cessar ao ideal, se José Serra (foto à direita) se candidatar à Prefeitura de São Paulo

As sinalizações de que o ex-governador José Serra deverá ser mesmo o candidato do PSDB nas eleições municipais de São Paulo – já noticiada pela Rede Brasil Atual em meados de janeiro – dividiu ainda mais no PT os setores que apoiam uma aliança com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e os que se colocam contra a coligação.

Se entre os críticos de uma aliança com Kassab está um considerável número de vereadores e a esmagadora maioria dos militantes que compõe a corrente petista Construindo um Novo Brasil (CNB), o grupo de favoráveis à parceria conta com ninguém menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e o presidente estadual do PT, deputado Edinho Silva.

Uma coligação com o PSD, defende uma parcela dos petistas, representaria, além de uma chapa com chances reais de vitória no pleito municipal, a terceira maior bancada da Câmara Federal apoiando uma eventual candidatura de Marinho a governador do estado, nas eleições de 2014.

É de conhecimento geral o desejo de Lula em vencer a eleição para o Palácio dos Bandeirantes, e há uma forte tendência, também encabeçada pelo ex-presidente, de que o prefeito de São Bernardo seja realmente o candidato petista.

Oficialmente, o presidente do diretório municipal do PT, vereador Antonio Donato, afirmou que sempre trabalhou com o cenário de candidatura de Serra pelo PSDB. “A base do argumento de quem defende uma aliança com o PSD era que Serra não seria o candidato. Agora, para eles, essa tese pode ruir”, teorizou. Antes do início das conversas, Donato já havia declarado por diversas vezes que uma união entre os partidos seria inviável em São Paulo.

Entre os tucanos ouvidos, há quem diga que a aproximação com o PT, exercida por Kassab, seria somente para chamar a atenção de Serra. A tese se justificaria novamente nas estratégias para a eleição de governadores, daqui a dois anos. Kassab – virtual pré-candidato – pretende ter o apoio de Serra no pleito. Entretanto, a entrada do ex-governador na disputa municipal deste ano só se dará com a garantia de apoio integral do grupo encabeçado pelo atual governador, Geraldo Alckmin, que no entanto é candidato natural do PSDB à reeleição em 2014.

Calma para alianças

O PT segue a prática de manter as conversas com todos os partidos que compõem a base governista da presidenta Dilma Rousseff, exceção feita em relação aos que terão candidato próprio à prefeitura paulistana, como o PMDB, com o deputado federal Gabriel Chalita, e o PCdoB, com o vereador Netinho de Paula.

Mesmo os dirigentes petistas contrários à aliança com Kassab enxergam ser imprudente um “não” à coligação neste momento. O prefeito dificultaria as conversas com o PSB e PR, que atualmente compõem a base governista em São Paulo, deixando o PT praticamente isolado na disputa.

A estratégia de “cozinhar” a aliança pode se mostrar eficiente. A rebeldia da militância mais radical, avessa à parceria com o PSD, está razoavelmente contida, uma vez que a coligação é ainda uma possibilidade não concretizada; o PT mantém boas relações e vem adiantando o diálogo com PSB e PR para garantir apoio, especialmente se Kassab debandar para o apoio a Serra; e, mais que tudo, a candidatura de José Serra começa a sair do armário, o que deve levar as eleições para uma disputa novamente baseada na polarização, como foi o pleito presidencial de 2010 entre Dilma e Serra.

Os próximos movimentos do intrincado xadrez em que se transformou os acontecimentos que antecedem a campanha em São Paulo serão conhecidos muito brevemente.

Luis Nassif

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