Obama diz que é preciso negociar com Irã

Voltando às propostas políticas da campanha, e ao acordo Brasil-Irã-Turquia?

Do Estadão

EUA pressionam Irã, mas Obama sinaliza abertura para diálogo05 de agosto de 2010 | 18h 04

REUTERS

Os Estados Unidos apontaram nesta quinta-feira o Irã como maior patrocinador global do terrorismo, ao mesmo tempo em que o presidente Barack Obama sinalizou estar aberto a conversar sobre o programa nuclear da República Islâmica.

Em sua publicação anual intitulada “Relatórios sobre Terrorismo por País”, o Departamento de Estado disse que o Irã fornece apoio financeiro, material e logístico para grupos terroristas e militantes no Líbano, Iraque e territórios palestinos, e também para o Taliban no Afeganistão.

Suas ações teriam tido um “impacto direto sobre os esforços internacionais para promover a paz, ameaçaram a estabilidade econômica no golfo (Pérsico) e prejudicaram o crescimento da democracia.”

Desde junho, os Estados Unidos, a União Europeia e a Organização das Nações Unidas (ONU) endureceram suas sanções contra o Irã por causa da sua recusa em participar de negociações envolvendo o seu programa nuclear, que Washington teme estar voltado para o desenvolvimento de armas atômicas, algo que Teerã nega.

O governo Obama acredita haver pequenos sinais de que as sanções estão começando a fazer efeito, disse uma fonte oficial de alto escalão à Reuters, admitindo no entanto que é difícil quantificar esses efeitos.

Em conversa com jornalistas na Casa Branca, Obama reafirmou sua disposição em negociar.

“É muito importante colocar diante dos iranianos um conjunto claro de medidas que iríamos considerar suficientes para mostrar que eles não estão buscando armas nucleares”, disse ele a jornalistas na quarta-feira, segundo relato do jornal The Washington Post.

A Casa Branca se negou a oferecer a transcrição completa da conversa com os jornalistas.

A analista Suzanne Maloney, autora de “Iran’s Long Reach: Iran as a Pivotal State in the Muslim World” (O Longo Alcance do Irã: o Irã como Estado Essencial no Mundo Muçulmano) disse que a declaração de Obama, num ambiente tão excepcional, pode ser um recado sutil ao Irã de que a oferta de diálogo é o outro lado da pressão exercida pelas sanções.

“Acho que é uma preocupação correta a de que pode haver um revés imprevisto por parte do lado iraniano em caso de muita pressão”, disse ela.

(Reportagem de Ross Colvin) 

Todos apóiam o acordo Brasil-Irã-Turquia, menos Israel, diz ex-inteligência americana:

Ex-espiões alertam Obama para ataque de Israel ao Irã05 de agosto de 2010 | 19h 03

RENATO MARTINS – Agência Estado

O grupo Profissionais Veteranos da Inteligência pela Sanidade (Vips) enviou uma carta ao presidente dos EUA, Barack Obama, “alertando para a probabilidade de que Israel vá atacar o Irã tão cedo quanto neste mês, e isso provavelmente levaria a uma guerra mais ampla”.

A carta diz ao presidente que “isso pode ser detido, mas somente se você agir rapidamente para prevenir um ataque israelense com uma condenação pública dessa medida antes que ela ocorra”. O documento acrescenta que “mudança de regime, e não armas nucleares iranianas, é a preocupação primária de Israel”.

O documento também diz que “se o temor declarado de Israel, de que uma ou duas armas nucleares no arsenal iraniano seriam algo que mudaria o jogo, seria de se esperar que os líderes israelenses dariam pulos de alegria diante da possibilidade de ver metade do urânio levemente enriquecido do Irã ser embarcado para o exterior”.

Ao invés disso, acreditam os membros do grupo, Israel descarta como ”um truque” o acordo tripartite negociado por Turquia e Brasil para embarcar metade do urânio levemente enriquecido do Irã para longe do controle de Teerã.

Programa nuclear

A carta diz ainda que a liderança israelense está na expectativa de um memorando que a comunidade de inteligência dos EUA estaria preparando para atualizar a Estimativa de Inteligência Nacional de 2007, que diz que “nós julgamos com alta confiança que, no outono de 2003, Teerã suspendeu seu programa de armas nucleares”. Segundo os integrantes do Vips, uma de suas fontes diz que o novo memorando deverá reafirmar o conteúdo daquela estimativa, ou seja, de que o Irã não tem um programa nuclear militar.

O grupo avalia que o anúncio, na semana passada, de que funcionários dos EUA vão se reunir com os iranianos no próximo mês para retomar conversações sobre maneiras de “arranjar um enriquecimento maior do urânio levemente enriquecido do Irã para o reator de pesquisas médicas de Teerã foi bem-vindo por todos, menos os líderes de Israel”.

Argumento

Para os autores da carta, um acordo “enfraqueceria grandemente o argumento mais assustador de Israel para atacar o Irã” e, por isso, “cresce o incentivo em Tel Aviv para que os israelenses ataquem antes que tal acordo seja alcançado”.

Um dos autores da missiva é Phil Girardi, que foi da Diretoria de Operações da CIA por 20 anos. O grupo foi formado no começo de 2003, com o objetivo de denunciar as distorções que o governo do então presidente George W. Bush fazia das análises dos serviços de inteligência norte-americanos para justificar a invasão do Iraque. 

Luis Nassif

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