Odebrecht: polêmicas “estéreis e falsas” sobre BNDES afastam oportunidades

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Na página 7 do Valor desta terça-feira (9), um anúncio da Odebrecht tenta esclarecer o noticiário que atinge obras da empresa com financiamento do BNDES no exterior. As manchetes sobre a Odebrecht ter recebido, entre 2007 e 2015, cerca de US$ 8 bilhões do Banco de Desenvolvimento faz parte de “uma história muito mal contada e que deve ser esclarecida”, informa a peça publicitária.

Sem citar grupos de comunicação, a Odebrecht sugere que a cobertura da mídia em torno de financiamentos em países como o Panamá estão recheadas de “manipulação da verdade, ignorância e má-fé”.

A empresa explica que o papel do BNDES não é emprestar dinheiro para empresas brasileiras fazerem obras no exterior. “Empresta para clientes estrangeiros comprarem do Brasil os produtos e serviços que precisam para fazer suas obras. Trata-se de um crédito para exportação, com o dinheiro nunca saindo do Brasil. (…) Trata-se de uma política de Estado praticada por todas as grandes economias mundiais”, aponta.

E emenda: “Infelizmente, enquanto outros países como Alemanha, China, Coreia, Espanha, Estados Unidos e Itália estendem cada vez mais linhas de crédito para que suas empresas ampliem seus negócios no mercado internacional e gerem novas riquezas, aqui desperdiçamos tempo e energia discutindo fantasias, enredados em polêmicas estéreis.”

Uma dessas fantasias, segundo a companhia, “é alegar que obras deixaram de ser feitas no Brasil por conta desses empréstimos para exportação.”

Diz a Odebretch que conquistou há poucos dias a segunda linha do metrô do Panamá e fará a obra com financiamento de bancos do Japão, Estados Unidos e Alemanha. “Se fosse via BNDES, iriamos gerar ou preservar muitos empregos no Brasil, em um momento que precisamos disso. Essas polêmicas estéreis e falsas sobre os créditos de exportação do BNDES afastam oportunidades”, dispara a empresa.

 

Leia a íntegra da nota abaixo:

 

“ODEBRECHT RECEBEU US$ 8 BILHÕES DO BNDES PARA OBRAS NO EXTERIOR ENTRE 2007 E 2015”

Essa afirmação, entre outras que vêm sendo repetidas ultimamente, faz parte de uma história muito mal contada e que deve ser esclarecida.

Entenda por que isso não é verdade, por que esse valor é baixo e por que o financiamento do BNDES é bom para o Brasil.

É fundamental entender que:

O BNDES não empresta dinheiro para empresas brasileiras fazerem obras no exterior.
Empresta para clientes estrangeiros comprarem do Brasil os produtos e serviços que precisam para fazer suas obras. Trata-se de um crédito para exportação, com o dinheiro nunca saindo do Brasil. O crédito para exportação no Brasil é uma política de Estado e não um programa de Governo. Foi implantado em 1966, com o FINEX, gerido pela então CACEX; depois com o PROEX, gerido pelo Banco do Brasil, e nos últimos 20 anos pelo BNDES.

Trata-se de uma política de Estado praticada por todas as grandes economias mundiais. Infelizmente, enquanto outros países como Alemanha, China, Coreia, Espanha, Estados Unidos e Itália estendem cada vez mais linhas de crédito para que suas empresas ampliem seus negócios no mercado internacional e gerem novas riquezas, aqui desperdiçamos tempo e energia discutindo fantasias, enredados em polêmicas estéreis.

Uma dessas fantasias é alegar que obras deixaram de ser feitas no Brasil por conta desses empréstimos para exportação. É o mesmo que dizer que o Brasil não pode exportar soja e carne porque sua população ainda se alimenta mal. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Há inúmeras alternativas de financiamento para bons projetos no país. Se nossa infraestrutura não deslancha, é preciso avaliar as verdadeiras causas e tomar medidas efetivas para tanto.  As informações distorcidas que vêm sendo ventiladas apontam para um caminho que nos afasta da verdade e nos distancia de um avanço definitivo em nossa economia.

A realidade é que a Odebrecht trouxe US$ 8 bilhões em oportunidades para o Brasil

Apenas em 2014, 2.783 empresas brasileiras exportaram produtos e serviços financiados com os recursos do BNDES para os contratos da Odebrecht Engenharia e Construção no exterior. Dessas, 2.100 são pequenas e médias empresas, muitas acessando pela primeira vez o mercado externo.

1,5 milhão de empregos foram gerados ou preservados no Brasil por meio desses contratos de exportação da Odebrecht Engenharia e Construção, entre 2007 e 2015.

Se o BNDES não tivesse liberado o crédito de US$ 8 bilhões, essas obras teriam sido executadas apenas com financiamentos externos, transferindo esse volume de empregos para outros países. E nem por isso qualquer outra nova obra teria, necessariamente, sido executada no Brasil.

Tudo isso com inadimplência zero para o BNDES, já que nenhum cliente da Odebrecht Engenharia e Construção deixou de honrar seus compromissos com o BNDES nos mais de 35 anos que a Odebrecht atua no exterior.

E esses números não são ainda mais relevantes porque o crédito para exportação do Brasil é um dos mais restritivos e caros do mundo, e o pouco que existe é atacado continuamente, por ignorância ou má-fé.
O Brasil perdeu mais uma oportunidade

A última conquista de obra da Odebrecht Engenharia e Construção no exterior se deu há alguns dias. Trata-se da segunda linha do metrô da cidade do Panamá. O financiamento internacional será feito por bancos do Japão, dos Estados Unidos e da Alemanha. Caso o financiamento fosse brasileiro, via BNDES, iríamos gerar ou preservar muitos empregos no Brasil, em um momento em que, mais do que nunca, precisamos disso.

Essas polêmicas estéreis e falsas sobre os créditos para exportação do BNDES afastam as oportunidades para exportarmos mais e fazermos o Brasil crescer.

Quantas oportunidades ainda vamos perder?

A Odebrecht Engenharia e Construção é uma das líderes mundiais na exportação de bens e serviços para projetos de engenharia. Conquistou e executou projetos de mais de US$ 120 bilhões em 20 países entre 2007 e 2015.

A Odebrecht Engenharia e Construção exportou do Brasil US$ 8 bilhões, mas poderia ter exportado muito mais, já que importou de outros países para suas obras no exterior mais de US$ 20 bilhões no mesmo período. Os créditos do BNDES para os nossos clientes respondem por menos de 8% do faturamento da Odebrecht Engenharia e Construção no exterior. Um valor que poderia e deveria ser bem mais significativo

Foram mais de US$ 20 bilhões de oportunidades perdidas pelo Brasil, pelas dificuldades aqui impostas, e pelos incentivos concedidos à Odebrecht por outros países através dos seus bancos e agências de fomento à exportação.

Mesmo tendo a Odebrecht Engenharia e Construção, uma das maiores empresas internacionais do setor, o Brasil possui apenas 2,4% do mercado mundial de exportação de serviços de engenharia, que somou US$ 543 bilhões em 2014. São centenas de milhares de oportunidades de emprego que não estão sendo geradas e de crescimento econômico desperdiçado.

Esta é a verdade que precisa ser dita e conhecida!

Temos que incentivar o BNDES e os exportadores brasileiros a gerarem cada vez mais emprego e renda para o Brasil e não aceitar essa contínua manipulação da verdade, por ignorância ou má-fé.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

14 Comentários

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  1. FOI JUSTIFAMENTE POR ISSO QUE

    FOI JUSTIFAMENTE POR ISSO QUE OS  EUA  E  A OPOSIÇAO ATACOU  O GOVERNOS  E  AS  EMPRESAS DA TAL LAVA JATO.  OS  EUA   VIU  QUE  ESSAS EMPRESAS  ESTAVAM  SE TORNANDO  GRANDES   GIGAMNTES  NA CONCORRENCIA  E SUBRE  TUDO  IMPEDINDO QUE  ELES  ENTRASSEM  NO BRASIL   DITANDO  SUAS REGRAS.  E AINDA POR CIMA  tomaram  tal iniciativa  atraves dos  seus  serviços secretos de   dominar  o judiciario e a policia  federal ameaçando  juizes e familiares  para  obter   o que  querem  como  desemprego,  recessao,  aumentos dos juros  aumentos de  combustiveis energia  agua   transportes  e outros,  desemprego. esse ai  foi  um   dos quwe mais   eles  procuraram destruir  com a tal  operaçao lava jato. porque hoje  as construtora alem de  botar para fora  nao  contratam E voces estao pensando que  AECIO ALCKMIN FHC  OU TODO O  PSDB  ESTAR LIGANDO ./ DE JEITO NENHUM ELES NAO ESTAO NEM AI,.  O JULGMAMN  JA  CONFIRMOU  ISSO. eles  querem  que o Brasil pegue  fogo para eles comer  peixa  assado 

  2. O pig e o empresariado.

    As grandes empreiteiras, os empresários, ainda vão se conscientizar que o pig os traiu na  sua sanha de ser destruidor ao atual governo.Destririam as grandes empreiteiras para destruir o pt. Ver lava jato. É suicida mas é assim. Do mesmo modo que promovem uma crise e esquecem que espantam os anunciantes (quem anuncia onde se propõe que o cidadão deixe de comprar porque “vem aí” uma crise?, só idota).

    Mas o ódio é mortal e eles se alimentam dele acima de tudo. Estão doentes e morrendo, mas com ódio nos dentes.

    Que os empresários se lembrem sempre de quem são eles e do que são capazes. E resistam e os denuncie, que é o que está demorando.

    Mas esta nota da odebrecht é sintomática. Estão acordando. Espero.

     

    1. Minha leitura é diferente.

      Se agora a Odebrecht vai a público para se defender, e defender o papel do BNDES, e cita claramente a mídia corporativa – só falta escrever globo, abril, fsp e oesp –  é que ela já tem:

      1 – armas para se defender da Lava-Jato, inclusive as que vão transforma-la num bala de festim, tanto são as ilegalidades na ação do Dr Moro e parceiros, e tão poucas são as provas factuais,

      2 – um certo consenso no capitalismo brasileiro que todos os envolvidos na aventura Lava-Jato, sejam globo, abril, fsp e oesp, seja o psdb foram longe de mais e custaram bilhões a este capitalismo brasileiro.

      Será que vamos ver um racha profundo neste capitalismo brasileiro ?

      As posições defendidas no blog pelo AA são um indício desta fissura aberta,

      Só não sei dizer a extensão e profundidade dela.

      1. Criar uma nova mídia nacional

        Com o poder economico que ainda lhes resta, seria bem melhor para as grandes empresas nacionais que investissem na criação e manutenção de uma nova rede de mídia nacional que as defendesse da sanha entreguista do PIG. Até pensei que o Eike Batista se aventuraria numa dessas, talvez comprando a RedeTV e criando um grande portal de internet, mas aí o cara faliu.

      2. Lionel, perfeito.
         
        Também

        Lionel, perfeito.

         

        Também considero que isso vai levar a um racha no capitalismo, piis, antes do amor anti-petista, há o amor ao dinheiro como todo capitalista deve cultivar. 

        Por mais que eles odeiem o PT, a saga moralista da Lava-Jato foi a demonstração de como a insanidade anti-petista pode levar a diversos tiros no pé.

        A mídia já percebeu isso, mas, como de costume, vai dizer: não se pode culpar o mensageiro…

  3. Depois do Mensalão e do

    Depois do Mensalão e do Petrolão é humanamente impossível que o B N D S não entrou nessa ciranda.

        ”Estéries e Falsas”?

           Dá licença…..Se toca….

  4. Agora??

    Agora? Depois da água no pescoço? Só agora ocorreu isso? Há 3 anos quando começou isso não passou pela cabeça da SECOM, em conjunto com as empresas beneficiadas, iniciar uma maciça campanha midiática para informar à população? 

    Na cabeça do povão, o BNDES é uma casa da mãe Joana, que joga dinheiro pela janela. 

  5. O objetivo da mídia

    O objetivo da mídia não-brasileira é exatamente esse – fazer confusão e impedir que o país avance. Essa mídia não-brasileira, embora seja apoiada por quase a totalidade do empresariado nacional, não tem escrúpulos de rifar algumas das maiores empresas nacionais unicamente para tentar colocar todo o Brasil em marcha a ré. Isso acontece porque nosso desenvolvimento atrapalha o desenvolvimento de nossos concorrentes econômicos, e é a esses inimigos não–declarados que a nossa mídia serve. E muitos empresários que disso têm consciência nada podem dizer, ou não serão mais convidados para nenhum evento importante da classe.

  6. Anti capitalismo

    o papel do pig ‘e assim anticapitalista. O ‘odio acima de  tudo. o ‘odio mais que tudo e com isso destroem seus parceiros empresariado e anunciantes. Nada logico. ‘odio que leva a bandidagem mesmo.

    Sugest~ao: ” senhor empres’ario, seja um idiota, anuncie em quem promove a crise; associe seu produto `a crise . Anucie no pig” .

  7. Dizem que louco é quem rasga

    Dizem que louco é quem rasga dinheiro. Há muitos loucos nos estamentos mais abastados da sociedade. O problema é que essa gente tem tanto dinheiro e nosso sistema tributário é tão besta que esses doidos continuarão ricos, faceiros e debochando dos demais.

  8. Hoje assisti num canal marginal algo que mostra a ignorância…

    Estava zapeando pela NET e caí num desses canais de sinal aberto que não tendo o que apresentar alugam espaço para qualquer palhaço disposto a pagar o horário.

    Era um programa de um “pseudo-debate” com uma série de imbecis aqui da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. No fim um idiota fala do problema do fechamento do HSBC no Brasil como se fosse um problema da economia brasileira. São tão burros, mas tão burros mesmo, que nem sabe que o HSBC está fechando em vários países depois da série de multas multimilhionárias que está recebendo nos países da OCDE.

    Ou seja, vemos como é manipulada pela mídia a cabecinha desses intelectuais da província, eu até fiquei com pena de não ter dinheiro para comprar uns cinco minutos por dia e colocar o meu cachorro, o Quincas, fazendo crítica economica e política na TV. Ele ia só latir, mas pelo menos não diria burrices.

  9. Isto tudo chega a ser hilário!

    Vejamos então como estão as posições das pessoas:

    A direita baseada na grande imprensa está tentando de todas as formas destruir o capitalismo brasileiro, já os blogs progressistas mais a esquerda estão utilizando as suas parcas armas para junto com alguns direitistas mais esclarecidos (AA, por exemplo) preservar o capitalismo nacional.

    Pelo menos a Odebrecht deveria fazer propaganda nos Blogs que de graça estão pensando tanto no futuro do Brasil como nas próprias empresas que se beneficiam com o progresso material (Minha casa, minha vida, obras de infraestrutura, etc.).

    Bota direita BURRA NISTO.

  10. E a bancada da empreiteiras

    Como pode vc ter uma bancada(gostando-se ou não) e não existir um trabalho para resolver a Lava-Jato? Resolver não é não punir.

    Devemos evoluir para um modelo Americano, os bancos “mexeram com moedas) , pagaram uma grana e vida segue.

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