Os erros do PT e do PSDB em Curitiba

Por Marco Antonio L.

Da Carta Capital

Em Curitiba, erros de PT e PSDB abrem espaço para Ratinho Júnior

José Antonio Lima

A eleição municipal em Curitiba pode ser mais uma prova de que a aposta na dicotomia entre PT e PSDB não é um caminho sempre eficiente nas disputas políticas no Brasil. O deputado federal Ratinho Júnior (PSC), sem apoio da máquina estadual ou da federal, é o líder das pesquisas contra os candidatos apoiados por PSDB e PT e favorito para conquistar a vitória na capital paranaense no segundo turno.

A eleição em Curitiba é marcada por erros de estratégia de PT e PSDB. Chefiado pelo governador Beto Richa, o PSDB abriu mão de Gustavo Fruet, um de seus principais quadros no estado. Deputado federal premiado e bem conceituado, Fruet sucumbiu à insistência da cúpula tucana para disputar uma improvável vaga no Senado em 2010. Derrotado, foi preterido por Richa na formação de seu secretariado estadual. Quando o PSDB discutia seu candidato na capital, Fruet ficou novamente para trás, já que o governador decidiu apoiar o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), que assumiu Curitiba quando Richa renunciou para buscar o governo estadual.

Fora do PSDB em julho do ano passado, Fruet migrou para o PDT e recebeu o apoio do PT, numa aliança insólita. Como sub-relator da CPI dos Correios, Fruet ganhou fama em 2005 ao se tornar um dos mais ferrenhos críticos do PT durante a crise do “mensalão”. Para o eleitor de Fruet, e para o do PT, a aliança foi demais. Fruet, que chegou a estar empatado com Ratinho Júnior e Ducci, vem perdendo votos desde agosto, enquanto as outras candidaturas se sustentam. A explicação tem dois caminhos. Há em Curitiba, cidade que o PT nunca governou, uma forte rejeição ao partido. Certamente, muitos simpatizantes de Fruet, que fez sua fama atacando o PT, não aceitaram a aliança. Por outro lado, Fruet não conseguiu conquistar o eleitor cativo do PT. Reportagem da Gazeta do Povomostrou que apenas 20% dos eleitores que identificam o PT como partido preferido vão votar no ex-tucano.

Neste vácuo apareceu Ratinho Júnior. Vendendo sua candidatura como alternativa, e muitas vezes se colocando acima da rivalidade entre PT e PSDB, como fez no último debate, realizado na quinta-feira 4, Ratinho conseguiu conquistar a liderança. Com um discurso sobre valores familiares, o candidato do PSC cresceu também graças ao apoio de um eleitor conservador, de forma parecida com a que Celso Russomano (PRB) fez em São Paulo. Ratinho Júnior é filho do apresentador Carlos Massa (o Ratinho, do SBT) e tem no pai, um dos principais empresários do setor midiático do País, o principal apoiador. Na campanha, o apresentador ressalta, entre as qualidades do filho, a habilidade para administrar os negócios da família.

Ocorre que, se o cenário é bom para Ratinho Júnior no primeiro turno, as coisas podem mudar no segundo turno. Pontos fracos de sua candidatura certamente serão mais explorados pelo rival na próxima fase da eleição, como o fato de não ter experiência administrativa e ter trocado duas vezes de partido (antes foi do PSB e do PPS). O prefeito Luciano Ducci, provavelmente o adversário de Ratinho Júnior no segundo turno, acusa o candidato do PSC de fazer propostas que não cabem no orçamento da cidade. Soma-se aos problemas de Ratinho a ausência, no segundo turno, das críticas que Fruet e o quarto colocado, Rafael Greca (PMDB), fizeram ao prefeito durante os últimos meses.

Hoje, as pesquisas indicam que Ratinho Júnior venceria Ducci por cinco pontos no segundo turno. É uma diferença apertada, mas que pode garantir a vitória do “alternativo” em Curitiba.


Luis Nassif

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