Os secretariado do governo Alckmin

Do Estadão

Alckmin vai se cercar de antigos aliados

Base do governador eleito de São Paulo será formada por políticos que ficaram ao seu lado na fracassada campanha à Prefeitura, em 2008 

03 de novembro de 2010 | 20h 23 

Roberto Almeida, de O Estado de S.Paulo 

SÃO PAULO – A próxima gestão no Palácio dos Bandeirantes, liderada pelo governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB), já tem cara e marca própria. A base da nova administração deve ser o corpo político que o tucano construiu durante seu isolamento na legenda, com auge nas municipais de 2008, quando saiu candidato à Prefeitura paulistana com partido dividido.

Traço marcante dos principais apoiadores de Alckmin é a lealdade e, pontualmente, a capacidade de interlocução com a ala serrista do PSDB. O foco primordial, que pode vir a ser a marca da gestão, é o afinco com que se pretende criar a Secretaria de Gestão Metropolitana, que almeja atender às demandas de 80% da população paulista que vive entre Grande São Paulo, Campinas e Baixada Santista.

OsinOs indícios para a composição do novo governo, apesar de mantida em sigilo, foi evidenciada ontem no Palácio dos Bandeirantes, quando o tucano, ao lado do atual governador paulista Alberto Goldman (PSDB), formalizou o gabinete que fará a transição administrativa.

O principal articulador e porta-voz dessa movimentação é o deputado estadual Sidney Beraldo (PSDB), ex-secretário de Gestão de José Serra e escudeiro de Alckmin durante a vitoriosa campanha para o governo do Estado.

Beraldo, cotado para assumir a Casa Civil de Alckmin, transita bem entre as alas do PSDB. Ele coordena a transição de projetos e orçamento da próxima gestão com o atual secretário pasta, Luiz Antônio Guimarães Marrey, indicado por Goldman para a tarefa.

Ele lidera ainda o núcleo duro da transição, que até o momento tem três nomes fortes: o deputado federal não reeleito Silvio Torres (PSDB-SP), que ganhou destaque nos debates sobre a Copa do Mundo de 2014; Jurandir Fernandes, ex-secretário de Transportes Metropolitanos de Alckmin; e Emanuel Fernandes (PSDB-SP), deputado federal reeleito e ex-prefeito de São José dos Campos (SP), que ganhou a confiança de Alckmin.

Essa equipe, que hoje realiza os trabalhos técnicos de transição no gabinete do governo na Rua Boavista, centro de São Paulo, detém a preferência para as principais secretarias.

Enquanto isso, na retaguarda um grupo de deputados federais reeleitos que garantiram a articulação tucana em São Paulo durante a campanha esperam a definição de espaços no governo. Os deputados tucanos José Aníbal, Edson Aparecido, Duarte Nogueira e Julio Semeghini mantiveram-se leais a Alckmin e hoje colhem os dividendos.

Aníbal foi coordenador do programa de governo do tucano e trabalhou em parceria com a campanha serrista, enquanto os demais compuseram o pano de fundo essencial para que Alckmin barrasse o avanço petista e liquidasse a eleição estadual ainda no 1.º turno.

Pastas e nomes

Segundo interlocutores, Alckmin não ventilou qualquer nome para o secretariado até o momento. Balizado por sua equipe de transição e corpo político que o sustenta, o governador eleito vem estabelecendo as diretrizes de seu futuro governo. Além de tratar com prioridade as regiões metropolitanas do Estado – para as quais defende a implantação da nova secretaria – ele diz dar “absoluta prioridade” na transição de projetos para cumprir as metas de infraestrutura necessárias para a Copa de 2014. Admite ainda que fará “ajustes” nas pastas, um aceno para o enxugamento do quadro de secretários.

Enquanto isso, as apostas para o vaivém no Palácio dos Bandeirantes continua a todo vapor. Ontem, Alckmin sinalizou pela primeira vez em público que poderá manter quadros da gestão Serra em seu governo.

“Claro, por que não?”, questionou o governador eleito. “Não há nenhuma ruptura. O que nós fazemos é a continuidade absoluta dos valores e dos princípios que vem desde a época do Mário Covas. Nós temos ótimos secretários”, observou.

Entre os nomes que devem permanecer estão o do secretário de Cultura, Andrea Matarazzo, que participou da campanha alckmista, e da Educação, Paulo Renato de Souza.

As maiores incógnitas, afirmam tucanos reservadamente, estão nas pastas de Segurança Pública e Saúde, em que nenhum nome aparece como preferencial.

Enquanto isso, Jurandir Fernandes, proeminente nome da equipe de transição, é figura quase certa para substituir o atual secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, que não tem afinidade com o grupo alckmista.

Apetite

O PV é o primeiro partido a dar um passo à frente nas costuras para emplacar um nome na nova gestão. A legenda adotou o método da ex-presidenciável verde Marina Silva e redige documento com dez compromissos ambientais a serem aceitos por Alckmin.

Nos bastidores, porém, o certo é que o candidato derrotado do PV ao governo paulista, Fábio Feldmann, é nome natural para a pasta do Meio Ambiente de Alckmin. Basta querer. 

Luis Nassif

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