Os silêncios da sociedade sobre a ditadura

Sugerido por sergior

Da Folha

Para historiadora, sociedade brasileira ainda cultiva silêncios sobre a ditadura

Em sua exposição no seminário “1964: 50 anos depois”, em São Paulo, a historiadora Heloisa Starling, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), listou o que ela classifica como “silêncios” da sociedade atual a respeito do período ditatorial. 

O primeiro desses silêncios, segundo ela, diz respeito à participação dos empresários no golpe e nas estruturas que sustentavam a ditadura, como o aparato repressivo. O segundo é sobre as ações dos militares contra alguns setores específicos da sociedade: “Sabemos pouco sobre o que aconteceu com os camponeses e nada sobre o que fizeram com os índios”, afirmou.

Outra lacuna são os arquivos documentais de órgãos de segurança e inteligência daquela época, “material que os militares até hoje se recusam a entregar”. O último silêncio, segundo ela, é com relação ao alcance e as estruturas do próprio aparato de repressão.

Ao lado do também historiador Carlos Fico, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro),Starling participou da quarta mesa do seminário, que é promovido pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) em parceria com o Sesc São Paulo.

A historiadora aproveitou a ocasião para apresentar dados já apurados de uma pesquisa que está conduzindo sobre o aparato de repressão. Para tentar desfazer a ideia de que a tortura só teria começado a ser usada de forma sistemática após 1968, com o AI-5 (Ato Institucional nº 5), ela reuniu todos os registros em jornais de denúncias de tortura feitas em instituições militares entre 1964 e 1968.

Conforme seu levantamento, os casos já eram constantes e numerosos em todos os anos pesquisados. Começou com 168 registros em 1964, caiu para 35 em 65, mas pulou para 66 no ano seguinte, 50 em 67, e foi a 85 no último ano pesquisado.

Essas ocorrências ocorreram em 36 quartéis ou outras instalações militares em sete Estados, pelo que conseguiu mapear até agora. E com modos sempre muito parecidos: pau de arara, afogamento e choques elétricos entre as principais modalidades de violação.

“A repressão pode ter se expandido ou se modificado durante os anos, mas a matriz dessa repressão foi a mesma desde 1964”, afirmou.

Utopia autoritária

Carlos Fico fez uma explanação sobre o que ele chama de “utopia autoritária” dos militares: a ideia de que o Brasil poderia se transformar numa potência se alguns obstáculos como a corrupção e os políticos demagogos fossem removidos, segundo sua definição. Essa utopia, disse, é o que serviu de motivação para a repressão.

O historiador divide os militares em dois grupos: o dos saneadores, os radicais que queriam “fazer uma operação limpeza para prender, exilar e até matar, se fosse preciso”; e o dos pedagógicos, os que defendiam o desenvolvimento de projetos para suprir o que eles julgavam como deficiências do país.

O projeto saneador, segundo ele, é o que explica a tortura e outros instrumentos que inicialmente eram ocultados, como a censura à imprensa. Seus pilares eram a espionagem e a polícia política. Em documentos, tratavam dessas iniciativas como atos “revolucionários”, afirmou. Esse projeto cresceu com a chegada de Costa e Silva à presidência, em 1967, e foi “vencedor” com o AI-5, disse.

Já o projeto pedagógico, diferentemente de seu concorrente, era orgulhosamente assumido. “Para esses, o brasileiros eram despreparados, não sabiam votar, não tinham noções básicas nem de higiene”, afirmou, lembrando do Sugismundo, personagem de um desenho animado criado para campanhas educativas na TV. Seus instrumentos eram a censura moral e a propaganda política, explicou.

Fico criticou também o que ele chama de “discurso de vitimização” em relação à ditadura, um comportamento que, segundo ele, simplifica a história em uma mera disputa entre militares e opositores que tentaram combater o regime. “Esse discurso deixa de incluir no rol das vítimas muitas pessoas que foram atingidas e que nem sabem disso”, afirmou.

O historiador citou um exemplo vivenciado por ele mesmo anos atrás. Contou que ao pesquisar arquivos da época, encontrou o caso de um engenheiro da Petrobras que deixou de ser promovido para um importante cargo graças a um relatório confidencial sobre ele produzido internamente por agentes da empresa que colaboravam com a repressão. “Esse engenheiro foi uma vítima, mas nunca soube disso. E ele nem era militante de esquerda, era até bastante discreto, só que era homônimo de um militante”, explicou.

Fico contou que procurou o tal engenheiro para mostrar aquela documentação. “Me arrependi muito de ter feito isso”, afirmou. “Ele viu aquilo, ficou em silêncio por uns 30 segundos e aí começou a chorar”, afirmou.

Em outra mesa de debates realizada, os pesquisadores Marcos Napolitano (USP) e Ismail Xavier(Cebrap e USP) discutiram as manifestações culturais de contestação ao regime militar.

As exposições, que ocorrem no Teatro Anchieta, região central de São Paulo. No dia 25 haverá uma sessão especial com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os sociólogos Francisco de Oliveira e José Artur Giannotti.

Redação

24 Comentários

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  1. “”silêncios” da sociedade

    “”silêncios” da sociedade atual a respeito do período ditatorial”

    É claro que existe um silêncio sobre a violência, em nenhum momento se fala sobre os crimes que a esquerda fez no século XX.

    “Justiçamento” no Nordeste

    Ação Libertadora Nacional promoveu o justiçamento de um possível delator no município de São Benedito.Matéria pesquisada e editada pelo site  http://www.averdadesufocada.com Em 29 de agostode 1970, o seqüestro e o assassinato do comerciante José Armando Rodrigues, proprietário da firma Ibiapaba Comercial Ltda,em São Benedito/CE, revoltaram a opinião pública. O que os agentes do Estado conseguiram apurar na ocasião foi o seguinte:
    Após assaltarem  a loja, os terroristas da ALN levaram José Armando , sob ameaça de revólveres, amarraram-no com cordas para prevenir resistências, torturaram-no  barbaramente, conforme laudo cadavérico , assassinaram-no a tiros e lançaram seu corpo num precipício na Serra de Ibiapaba.
    Texto completoO grupo assassino foi  chefiado por José Sales de Oliveira e constituiu-se por Carlos Timoschenko Soares de Sales, Antonio Espiridião Neto, Francisco William de Montenegro Medeiros, Gilberto Thelmo Sidney Marques e Waldemar Rodrigues de Menezes
    Os assaltantes recolheram 32 mil cruzeiros da loja do comerciante,sem qualquer reação.
      Porque o mataram? A resposta à pergunta envolve-se no absurdo, quando se sabe que dois de seus assassinos eram os ex-seminaristas Antonio Espiridião Neto e Waldemar Rodrigues de Menezes — este, o autor dos disparos. Cabe uma reflexão sobre o assunto: teriam assimilado tanto ,ódio e violência na curta estada em Cuba?
    Após atirarem o corpo no penhasco, os terroristas reencetaram a fuga rumo a Fortaleza. A noite, nas cercanias de São Luiz do Curu, o grupo foi cercado, ocorrendo as prisões de Waldemar de Menezes e de Francisco William de Montenegro Medeiros
    Fonte Projeto Orvil
    Há, porém, algo mais , que foi revelado, juntamente com outros casos ainda obscuros e que precisam ser apurados na Comissão da Verdade na tese de mestrado de História de José Airton de Farias .
    Título da dissertação: “Além das Armas” – (GUERRILHEIROS DE ESQUERDA NO CEARÁ DURANTE A DITADURA MILITAR (1968-72), Dissertação apresentada como exigência para a obtenção do grau de Mestre em História Social de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Ceará  há outra explicação para este crime.Depois de entrevistas entre ex-militantes, pesquisas em jornais e depoimentos de pessoas  que conheciam os envolvidos , o autor chega a algumas conclusões bastante interessantes sobre o caso, que passamos a transcrever abaixo:(…)Pelos depoimentos colhidos junto a nossos entrevistados, foi passada informação por José Bento da Silva, um apoiador da ALN na região da Ibiapaba, divisa Ceará-Piauí, que um comerciante chamado José Armando Rodrigues tornara-se um perigo para a Organização no Estado. Na condição de negocista, conhecedor de muita gente por sua atividade, o comerciante descobrira que José Bento era comunista e militante de um grupo “terrorista”, sabendo inclusive dos nomes de alguns contatos da ALN que o visitavam em São Benedito. Teria então, feito uma lista com o nome de vários “subversivos”, ameaçando entregá-la ao Exército.(…)(…) O negocista tornou-se um obstáculo à sobrevivência da Organização e dos revolucionários, pois caso a lista fosse entregue aos órgãos de repressão, o grupo guerrilheiro seria desarticulado no Estado, levando à queda, tortura e provavelmente morte de vários militantes. Era um caso de legítima defesa revolucionária: devia-se eliminar o inimigo antes que ele agisse, ou seja, realizar-se-ia um justiçamento. Além disso, imaginava-se que a execução seria um extraordinário feito de propaganda revolucionária, afinal, se eliminaria um “inimigo do povo e da revolução”, um aviso claro para aqueles que exploravam a população. (…)(…)  a ALN agiu a 29 de agosto, como de costume, num sábado, em torno de 18p0min na expectativa de contar com uma eventual desmobilização das forças policiais em virtude do final de semana. A operação foi realizada num carro DKW por seis revolucionários, alguns vestidos com fardas semelhantes as do Exército. O disfarce visava facilitar a captura de Armando Rodrigues, dando a entender que se tratava realmente de uma ação feita pelas Forças Armadas; (…)(…) Em pouco a polícia da região foi comunicada por telefone do seqüestro. A 53 quilômetros de São Benedito, no lugar chamado Cascatinha, estrada de Tianguá, os revolucionários pararam o DKW e realizaram o justiçamento. Ainda na noite do sábado a polícia montou várias barreiras para deter o carro dos militantes,(…) (…) Dos militantes que fugiram da polícia em São Luis do Curu, dois foram presos na tarde do domingo, dia 30, por volta das 16h, nas proximidades de São Gonçalo do Amarante, Valdemar Menezes e William Montenegro. A caçada continuou aos demais implicados, os quais, não obstante, mais uma vez mostrando o despreparo dos órgãos de repressão, conseguiram fugir do cerco – nos meses seguintes, porém,acabariam todos caindo, à exceção do policial civil Carlos Thmoskhenko, que atuava como informante da Organização dentro dos órgãos de segurança (…)
     (…)Foram indiciados pelo caso de São Benedito: Valdemar Rodrigues Meneses, Francisco William Montenegro, Carlos Thimonshenko, José Sales de Oliveira, GilbertoTelmo Sidnei Marques, Antônio Experidião Neto, João Xavier de Lacerda e José Bento da Silva.(…) Thmoskhenko conseguiu deslocar-se para Brasília e Rio de Janeiro (contando, inclusive, com o apoio do PCBR) e a seguir para o Uruguai, Chile e França – voltaria ao Brasil apenas após a anistia, em 1980, constituindo-se o único partícipe de São Benedito a não ser capturado.(…) (…) Uma das hipóteses mais destacada pelos ex-guerrilheiros, inclusive entre os participantes da ação e mesmo aqueles que não eram da ALN associa São Benedito e a possibilidade de delação da Organização como fruto de uma questão passional. A filha do mencionado militante da ALN naquele município da Serra da Ibiapaba, José Bento, tivera um envolvimento amoroso com o comerciante José Armando Rodrigues, na qual perdera a virgindade. O genitor da garota, por esse motivo, inventara a historia de que o comerciante seria uma ameaça para a ALN, portador que seria de uma lista a ser entregue ao Exército delatando os “subversivos” atuantes na região, além de que seria um “mau caráter”, explorador que era de pequenos proprietários com a prática de agiotagem. Dessa maneira, ante a ameaça da segurança dos guerrilheiros, dos riscos da delação para o projeto revolucionário e até como propaganda revolucionária (eliminação de um “inimigo do povo”), a Organização agiu,executando o comerciante. Apenas após o justiçamento que a maioria dos militantes da ALN teria tomado conhecimento das questões pessoais envolvidas no caso e do “real” interesse motivador da ação.Tal versão, primeiramente, é muito cômoda para os militantes e revela um velho traço stalinista das esquerdas, de individualizar ou restringir as culpas e encontrar um “bode expiatório” para o sucedido. (…)(…)Em suma, a culpa do justiçamento recairia sobre alguns poucos (no caso, José Bento da Silva, sua filha e alguns integrantes da direção da ALN,destacadamente José Sales de Oliveira, que teria conhecimento também dos fatores passionais envolvidos), os quais “desvirtuaram” a causa revolucionária, levando ao erro do justiçamento e ao fracasso da Organização.José Bento era antigo militante do PCB e seguira seu amigo e companheiro Silvio Mota quando do ingresso na Ação Libertadora Nacional.(…)(…)estamos tentando argumentar é que o justiçamento de São Benedito não deve ser analisado em termos de questões puramente passionais ou individuais.Devem-se observar outros fatores para entender a ação, conforme escreveremos adiante. A nosso ver, havia também toda uma conjuntura, um contexto, mais ameaçador em 1970 para justificar o assassinato, (…)(..)A nosso ver, numa questão como essa, não se deve ficar buscando culpas ou “verdades absolutas”. Deve-se, sim, tentar compreender os  interesses envolvidos nas versões e o contexto no qual os fatos sucederam-se.Como dissemos, não se pode restringir esse episódio a razões passionais, mesmo porque não há como saber se foram realmente motivos de vingança pessoal que levaram Zé Bento e a filha a acusarem o comerciante de ter uma lista com os nomes de “terroristas” da ALN. Se a lista existia ou não, isso vai ficar sempre pendente nas versões dos ex-militantes.(…) 
    (…) Nas entrevistas realizadas, alguns dos ex-guerrilheiros sempre ressaltavam que no Ceará “ninguém morrera”, “estavam todos vivos para contar a história”, etc. Preocupação em preservar seus quadros, num momento de aumento da repressão no Estado: essa parece uma possibilidade que pode ajudar a entende melhor o caso de São Benedito. Ante a possibilidade de que novos companheiros fossem mortos ou presos, José Sales, como dirigente da cúpula da ALN, não poderia desconsiderar qualquer denúncia de delação – seria um irresponsável caso desconsiderasse. Não estamos dizendo que existia tal ameaça de delação, apenas tentando entender o que imaginaram os militantes naquele contexto.(…)(…)Longe de nós tentar justificar as ações de José Sales e outros integrantes da cúpula da ALN. Não temos capacidade nem competência para traçar um “perfil psicológico” do mesmo – mesmo porque ele já falecera.Poderia ser que muitas de suas ações de fato fossem precipitadas e autoritárias, como disseram alguns dos entrevistados. Isso, porém, não era algo exclusivo de Sales. Não havia democracia interna nas organizações armadas. Ante a crescente militarização das organizações revolucionárias, prevalecia mesmo o “centralismo democrático”, em que uma minoria decide o “melhor para os rumos da revolução”. (…)(…)Pelo exposto pelos entrevistados, a cúpula nacional da ALN corroborou na decisão do justiçamento. Existiriam planos da Organização para a Ibiapaba, de instalar uma guerrilha rural naquela região, de certo modo “fronteiriça” com Maranhão, Pará, etc. – lembremos que fora no sul paraense que se instalara a guerrilha do Araguaia pelo PC do B, que, não por coincidência, montou campos de treinamento e de apoio exatamente nas proximidades da mesma Ibiapaba.(…)(…) Mas que a questão do justiçamento teve o apoio da cúpula diretiva da organização da entidade, isso foi dito por todos nossos entrevistados.Ao mesmo tempo, poucas pessoas dentro da organização se opuseram à realização da ação, (…)
     (…) o episódio, quaisquer que fossem as razões do justiçamento, foi muito mal recebido pelos próprios militantes de esquerda já à época, o que ajuda a entender o verdadeiro trauma que é falar sobre esse assunto.Em suma, não temos como saber se havia ou não uma lista elaborada pelo comerciante José Armando. Não temos como saber se foi uma questão passional que levou José Bento e filha a fazerem a denúncia do risco dedelação à ALN. (…)

    (…)  Dessa forma, para alguns militantes da ALN, ante o risco de queda da Organização, nada restava senão a execução. E ela aconteceu (…)

     

    1. Rides again

      Pois então meu amigo,

      Mesmo assim, quem ocupava o poder e possuia todos os registros de mortes de ambos os lados?

      Por que os sonegam até hoje? Por que escondem ou dizem que os arquivos foram queimados?

      Por que não se responsabilizam pelos “desaparecidos”?

      Não estou pedindo punição de ninguém não. Só quero o franco e total restabelecimento da verdade. 

      1. Frequentemente os terroristas

        Frequentemente os terroristas da época e de hoje se justificam que estavam em guerra, e os seus atos dão justificados por isso, mas não aceitam o mesmo argumento dos seus “inimigos”.

        Em uma guerra o primeiro a morrer e a verdade, eu não sei quantas pessoas foram mortas pela esquerda nem pelo regime militar, não tem honestidade histórica, só versões ideológicas de ambas as partes.

        1. Os militares são organizados

          Aliança,

          Sem má fé: As organizações de esquerda eram inúmeras, e não tinham um registro centralizado dos fatos. O poder era um só. 

          Os militares nunca negaram ter os registros. Nunca quiseram entrega-los, o que é diferente. 

          Por que não os entregam? Ou, por que os destruiram?

          1. Entregar o que? Os militares

            Entregar o que? Os militares nãosão um poder autonomo, não são donos dos quarteis e repartições miliatres, eles fazem parte da estrutura do Ministerio da Defesa, ocupado há 11 anos pelo PTm porque os Ministros do PT não pediram as pastas?

            A Comissão de Anistia do Ministerio da Justiça já deu 13.000 indenizações e pensões baseadas nos arquivos sobre perseguidos, como é que esses arquivos apareceram?  Os fatos já se passaram há mais de tres decadas, que arquivo falta aparecer e com quem estão? Na casa dos genrais que já morreram, quase todos?

    2. De que silêncio vc fala, cara

      De que silêncio vc fala, cara pálida?

      Os caras foram presos, indiciados, julgados e condenados. Pronto, caso resolvido.

      Vamos ao outro lado? Cadê a verdade ?

  2. Quando a Justiça tortura a verdade.

    Bem, falando em silêncio, que tal o MP e o STF fazerem uma avaliação sobre o seu papel na ditadura?

    Afinal, se é verdade que a sociedade não pode varrer suas memórias para baixo do tapete, sob pena de repetir os erros cometidos, o que dizer dos órgãos que reivindicam a tarefa da proteção da pessoa?

    Que a mídia pose de defensora das liberdades enquanto apoiava o terror nos porões da ditadura já é grave, mas e estes entes republicanos?

    Afinal, vai ficar tudo por isto mesmo?

    Será que foi por isto que o SFT ratificou a Lei de Anistia?

     

  3. Silencio aonde? São mais de

    Silencio aonde? São mais de 500 livros publicados sobre 1964, as obras enormes de Elio Gaspari, Helio Silva, 99% dos livros são de autores de ESQUERDA malhando tudo, de cabo a general, obras que consideram o contexto historico e a realidade dos fatos são rarissimas, nas redes sociais não há silencio algum, MALHAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS, no Congresso quantos deputados ou senadores tem as Forças Armadas? No Chile tem um terço do Congresso que fazem a defesa permanente da F.A, aqui só tem um. Basta ver neste blog, hoje, há sete posts CONTRA o regime militar, não se fala uma unica coisa a favor, por exemplo, foi Geisel quem começou a exploração maritima de petroleo no Brasil e foi tambem no governo dele que se criou o Pro-Alcool, programa unico no mundo hoje em processo de destruição pela demagogia.

    A historiadora ultra esquerda até pelo DNA quer mais o que? Mais malhação? Obviamente nunca malhou Fidel, que está no poder há 54 anos montando uma oligarquia familiar com o que sobrou de Cuba.

    O regime de 1964 merece criticas, muitas criticas mas tambem tem muitas realizações, da agua que se bebe hoje à luz que se acende, quase tudo foi feito no tempo deles, depois pouco ou nada se fez.

    A repressão geralmente burra merece criticas, as alianças com péssimos politicos, a saida mal programada e mal executada do regime, muita coisa foi errada e merece toda critica mas, como se faz quando se analisa Stalin, tem um ATIVO e um PASSIVO, não se pode fazer historia só analisando o PASSIVO de um regime, até o fascismo na Italia teve boas realizações, uma deles a legislação trabalhista que copiamos integralmente aqui.

    Que o mestre dos mestres dos historiadores modernos, Eric Hobsbawn,  nos sirva de farol. Marxista convicto desde a juventude, Hobsbawn com 90 anos e mais de 60 obras publicadas NUNCA, nem de leve, deixou transperecer nas milhares de paginas que escreveu qualquer viés ideologico. Hobsbawn é historiador e não panfletario, coisa rara especialmente nas redes sociais, só se vê ativismo ideologico empurrando qualquer resquicio de realidade.

    Nas Forças Armadas, sem relevar seus erros, há muito mais patriotas e brasileiros bem intencionados e bem preparados do que no conjunto dos partidos politicos brasileiros, onde os que entram “”pra se arrumar”” no padrão Justo Verissimo são a regra, nas Prefeituras brasileiras auditadas pela Controladoria Geral da União em cada 50, 49 tem roubalheiras escabrosas, rouba-se pão de pobre, remedio de moribundo, leite de crianças, essa é a realidade da politica brasileira, as Forças Armadas são uma ilha acima dessa mar de detritos, com os eventuais erros que toda instituição tem, até a Santa Sé.

     

    1. Isto é história, não ideologia

      Motta,

      Repetindo o que disse ao Aliança, e aproveitando o seu elogio feito ao Hobsbawm, é de história que eu trato aqui:

      Quem ocupava o poder e possuia todos os registros de mortes de ambos os lados?

      Por que os sonegam até hoje? Por que escondem ou dizem que os arquivos foram queimados?

      Por que não se responsabilizam pelos “desaparecidos”?

      Não estou pedindo punição de ninguém não. Só quero o franco e total restabelecimento da verdade: isto é história, não ideologia.

      Os militares nunca negaram ter os registros. Nunca quiseram entrega-los, o que é diferente. Por que não os entregam? Ou, por que os destruiram?

       

      1. Desconheço essa assunto

        Desconheço essa assunto especifico mas o PT está no governo desde 2003, ocupa o Ministerio da Defesa, os militares não são um Poder autonomo, eles fazem parte da estrutura do Ministerio da Defesa, quem é que tem os arquivos e não entrega? Arquivos do Estado não tem dono pessoal, são do aparelho do Estado ou será que estão em alguma caverna secreta? Depois em muitos casos desse tipo existiram processo judiciais no STM ou nos Juizos Militares, que arquivos podem ainda existir que ninguem entrega? Há muita espuma nese pano de fundo já estamos há uns 35 anos dos fatos e ainda ha tantas duvidas? Parece estranho.

        1. Na Folha

          Prezado Andre,

          E o PT fez. Um único exemplo mais recente, uma rápida busca mostrará inumeros outros. Se não há o que esconder, por que esconder? Por que resistir  e esperar medidas legais? Poria um ponto final no assunto.

          A história não estaria sendo reescrita. Estaria sendo escrita e pública pela primeira vez. Inumeras famílias poderiam, enfim, enterrar os seus “desaparecidos”.

          Da Folha

          Marinha fez cópias de arquivos da ditadura

          LUCAS FERRAZ
          DE SÃO PAULO

           

          07/10/2013  03p5

          Documentos encontrados pela Comissão Nacional da Verdade revelam a existência de um arquivo desconhecido das Forças Armadas sobre o período da ditadura militar (1964-85) com pelo menos 1,2 milhão de páginas.

          Batizada de Netuno, operação realizada entre 1972 e 1974 pelo Cenimar (serviço de informações da Marinha) microfilmou papéis do regime –classificados como sigilosos, oficiais, secretos e ultrassecretos– com o objetivo de preservar a documentação.

          Destino de acervos da ditadura ainda é desconhecido

          Foram produzidos cerca de 1,2 milhão de fotogramas, divididos em dez temas, tais como “mortos”, “agentes” e “operações”.

          Os microfilmes preservam arquivos por um tempo superior e, por serem compactos, também facilitam o armazenamento de documentos.

          Ainda não se sabe qual o destino dado a tal acervo.

          Relatório do Cenimar, assinado pelo capitão Ronaldo Velloso Netto dos Reys (já falecido), diz que os microfilmes deveriam ser guardados nos arquivos do Rio e em Brasília, “para efeito de prova em juízo ou fora dele”.

          Os documentos que listam o arquivo desconhecido das Forças Armadas foram encontrados pelo grupo investigativo da Comissão da Verdade. A equipe foi desativada em maio, após divergências entre os comissários, conforme noticiado pela Folha na semana passada.

          A pedido da comissão, três historiadores analisaram o relatório da Marinha.

          No parecer obtido pela Folha, os professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) Ângela Castro Gomes, Daniel Aarão Reis, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Murilo de Carvalho, afirmam tratar-se de “prova contundente da existência de uma vasta documentação inédita, até agora desconhecida”.

          Para realizar a tarefa de microfilmagem dos papéis, a Marinha investiu na aquisição de equipamentos e até enviou militares a Washington para um curso na biblioteca do Congresso americano.

          Procurada, a Marinha informou não ter registros da Operação Netuno.

          O Ministério da Defesa afirma que foi procurado pela Comissão Nacional da Verdade e pela Casa Civil em maio. Eles cobravam informações da pasta sobre os papéis copiados pela Marinha.

          O ministro Celso Amorim pediu informações sobre o assunto aos comandantes das Forças Armadas.

          A Folha apurou que, no ofício enviado à Defesa, os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica fizeram menção à legislação que vigorava na ditadura e que previa a destruição de documentos, sugerindo que esse acervo não existe mais. 

           

    2. Sem ser ideológico

      Há uma condição inicial que inviabiliza um olhar de aprovação ao regime de 1964. Não se trata do fato de um alinhamento à determinada corrente ideológica. Ela é bem mais elementar. Se funda em princípios que são fundamentais, basilares, de uma sociedade que se quer realmente democrática. Estou falando do fato de ter havido um golpe. Mais especificamente, um grupo altamente especializado de funcionários públicos, ou seja, um grupo de militares – diga-se, aliás, ocupantes de altos cargos na hierarquia dessa instituição pública – se colocou contrário à legalidade.

      Em um país democrático, como, por exemplo, os EUA, não seria tolerado que algum general, mesmo que tivesse em seu currículo ter sido melhor aluno na academia militar, ou participado com distinção e glória em alguma guerra, praticasse a ilegalidade contra as instituições do Estado. E digo isso sem ideologia e sim amparado nos fatos.

      Não há realizações que justifiquem a ilegalidade do ato primeiro, o golpe. Aliás, um outro post de hoje faz referência ao fato de que as ações realizadas no campo econômico, após o golpe, já estavam na agenda governamental antes dele. Tivessem os militares sido legalista, tivessem os políticos que se envolveram no golpe se mantido dentro do jogo democrático, teríamos eleições em 1965. Haveria a sucessão. Um novo governo, democraticamente eleito, teria de tomar medidas – talvez as mesmas que foram tomadas pelo governo golpista (no campo econômico, de organização do poder público, é claro). Contudo, seriam medidas legítimas uma vez que estariam respaldas pelo processo democrático.

      Esse me parece o ponto focal. Quem considera a democracia, nos moldes do que foi construído nos EUA e nos países da Europa ocidental não pode aprovar “soluções” como a de 1964.

      1. Nos EUA realmente não

        Nos EUA realmente não correria algo com 1964 porque lá as instituições são muito sólidas e JAMAIS se permtiria em Washington um Presidente da Republica fazer um comicio agitando os soldados contra seus oficiais.

        1. Em defesa da democracia

          Longe de mim dizer que o Jango era um santo. Aliás, essa tentativa de endeusá-lo é algo que só serve para tornar a água mais turva.

          O que há de importante em relação ao que aconteceu em 1964 é a lição que fica: o que não se deve fazer – seja de um lado, seja de outro.

          Se o presidente praticava ilegalidades, remédios dentro da lei deveriam ter sido utilizados, nunca as armas.

          Para mim, defender o golpe de 1964 é como defender o fazer justiça com as próprias mãos. O resultado é o mesmo: a barbárie. Por isso, legalidade e democracia SEMPRE.

        2. Estava planejado muito tempo antes

          Os oficiais deram o golpe na constituiçao federal e derrubaram o chefe do estado maior das forças armadas porque este comandante supremo das forças armadas fez “um comício agitando soldados contra oficiais”?

          Afinal, quem quebrou a hierarquia?

          ….

          Com todo respeito, mas quem acredita nisso, acredita em qualquer coisa.

    3. Hobsbawn, nos últimos anos,

      Hobsbawn, nos últimos anos, escreveu “Como mudar um mundo”, um ensaio explicando o porque de o Marxismo ainda ser viável nos dias atuais.

      Neutralidade completa não existe. Só os liberais acreditam nisso, sendo eles na prática os mais panfletários.

      1. O livro Como mudar um Mundo é

        O livro Como mudar um Mundo é uma HISTORIA do marxismo, é a historia de uma ideologia, Hobsbawn até nesse livro é um Historiador digno, não é um ativista politico, ele descreve a historia de uma ideologia, é um excelente livro.

  4. Infelizmente, a sociedade

    Infelizmente, a sociedade silencia sobre a ditadura militar pois, sob o aspecto específico da tortura e da violação sistemática dos direitos humanos, o período não foi anômalo na nossa história.

    A verdade é que a nossa história inteira é pontuada por violência. Contrariando nossa fama de povo pacífico, desde que os portugueses chegaram (e os indígenas nativos foram levados ao quase-extermínio) até os dias de hoje, em que nossos índices de homicídios suplantam muitos países em guerra externa ou conflito civil, a extrema-violência é banalizada para o brasileiro.

    Estava conversando ontem com um amigo, psicólogo, extremamente obcecado em estudar a mente de serial-killers, psicopatas e quejandos, e questionei-o porque muitas vezes tipos assim surgem em países como a Suécia e a  Noruega, uma vez que nascidos em sociedades extremamente harmônicas.

    Ele, em resposta, fez lembrar que, quanto menos a violência bate a porta das pessoas, mais elas ficam chocadas com certos episódios. No caso brasileiro, temos tantos assassinatos, chacinas, grupos de extermínios, serial-killers, mortes estas por motivos tão banais quanto um fora da namorada ou briga no trânsito, que nada disso é notícia, de tão banal.

    Claro que a tortura, os desaparecimentos e as prisões arbitrárias da ditadura militar são chocantes. Mas como negar que tais violações, em plena democracia, não acontecem aos montes nos dias atuais?

    A diferença é que, na ditadura militar, a violência atingiu a classe média, em que basicamente pertenciam os militantes esquerdistas que foram vítimas do arbítrio. Quanto a deposição de um governante legitimamente eleito, a extinção de partidos políticos, a abolição de garantias processuais básicas (como o habeas corpus), isto nada ou pouco significa para grande parte da população, que cidadania nunca teve e vê de longe os acontecimentos políticos se sucederem.

    A única maneira de mudar este status quo e nossa sina de sociedade psicopata é corrigir hoje as violações que ainda acontecem, fora do período ditatorial. E não com mais violência, repressão policial, mas com mais cidadania, distribuição de renda, acesso a justiça. Parece clichê o que eu digo (e é), mas quanto mais o sistema em que vivem é injusto (e o cidadão percebe isto), menos eles se preocupam com o sistema democrático. Na cabeça das pessoas, tanto faz ser governado por um corrupto ou por um general.

  5. esquerdista nao tem moral

    esquerdista nao tem moral para falar de ditadura nenhuma

    fazem isso pois sao desavergonhados e adeptos da contra informaçao, tranformando mentirass em verdades atraves da insistencia para incautos comprar…

  6. Falta alguém nesse Nuremberg aí: a grande mídia.

    Será que foi a professora, ou a Folha de S, Paulo, que se esqueceu do papel crucial da maior parte da imprensa e da mídia na elaboração, instalação e manutenção da ditadura implantada a partir de 1964? Palpite: deve ter sido a Folha, que não trata daquela história de seu apoio material à repressão, inclusive havendo denúncias de que colaborou até para “entregar” uma jornalista que trabalhava lá. Silêncio sepulcral. E bota sepulcro nisso.

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