Por democratização da diplomacia, grupo pede conselho anexo ao Itamaraty

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI) aproveita o momento eleitoral para discutir a criação de um conselho popular que possa atuar junto ao Itamaraty. A ideia é tentar quebrar um pouco da hierarquia da Pasta e colocar outros interesses sociais em matéria de política externa em pauta.

Reportagem do Opera Mundi ouviu o assessor de Relações Internacionais da Presidência Ricardo de Azevedo, que disse que o governo Dilma de fato tem uma simpatia pela medida. “Somos a favor de espaços democráticos da sociedade civil junto aos governos. Isso é um princípio que apoiamos. Agora a forma que será feita, isto é, se será um fórum ou um conselho, ainda está em discussão. Mas fortaleceria, sim, a democracia e o Itamaraty”, garante.

Para democratizar diplomacia, grupo defende criação de Conselho Nacional de Política Externa

Do Opera Mundi

Uma carta aberta do GR-RI (Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais) divulgada nesta semana veio a público reforçar a proposta de criação de um Conselho Nacional de Política Externa. Formado a partir de movimentos sociais, sindicais, empresariais, partidos políticos e organizações acadêmicas que atuam no campo das relações internacionais, o grupo tem o intuito de discutir as diretrizes da política externa ao lado do Itamaraty.

“Esse é um debate muito caro. Aqui funciona um mecanismo de elite que só o pessoal da hierarquia do Itamaraty tem acesso. Outros interesses menos poderosos da sociedade brasileira ficam em uma situação de informalidade e não conseguem ter acesso a esse debate”, afirma a Opera Mundi Gonzalo Berrón, da Fundação Friedrich Ebert, que atua como um dos principais facilitadores do GR-RI.

“O conselho é simplesmente uma maneira de o Estado dialogar com outras instâncias da sociedade civil”, explica. “Se você envolve a sociedade no debate político, você ganha mais legitimidade e consistência. Dá mais trabalho, mas o resultado é melhor para todos”, acrescenta.

Na mesma linha, Fátima Mello, da ONG Fase, acredita que tal conselho incluiria setores historicamente marginalizados. “A ideia é criar um instrumento poderoso de democratização do Estado brasileiro. No caso da ONG, abordamos uma agenda de sustentabilidade e direitos da agricultura familiar. Mas é um grupo plural e tentamos articular nossa agenda com as negociações internacionais”, explica.

Para Gonzalo Berrón, em geral há uma sinalização positiva do Estado em relação à proposta. “Há algumas resistências de setores mais conservadores do Itamaraty no modo de operação do órgão, mas a abertura do governo para a discussão deste tema tem sido ampla”, afirma.

Por sua vez, o assessor de Relações Internacionais da Presidência Ricardo de Azevedo argumenta que há de fato uma simpatia no atual governo federal pela medida. “Somos a favor de espaços democráticos da sociedade civil junto aos governos. Isso é um princípio que apoiamos. Agora a forma que será feita, isto é, se será um fórum ou um conselho, ainda está em discussão. Mas fortaleceria, sim, a democracia e o Itamaraty”, garante.

“Criou-se uma polêmica sobre essa questão sendo que já existem mais de 30 conselhos em outras áreas que não são das Relações Exteriores”, acrescentou Azevedo.

Outra membra do GR-RI é Maria Regina Soares de Lima, professora de ciência política da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Para ela, o conselho é uma iniciativa muito importante para a política externa, mas há uma leitura equivocada em relação a essa proposta.

“O programa da Marina [Silva, candidata à presidência] dizia que um conselho enfraqueceria e tiraria a autonomia e o protagonismo Itamaraty. Mas, na verdade, ele fortaleceria o Itamaraty e o legitimaria mais ainda. Com isso, teríamos uma politica externa mais densa”, argumenta.

Segundo a acadêmica, como existem conselhos em áreas como saúde e educação, a criação do órgão para a política externa serviria como uma forma de democratizar a relação internacional. “É muito claro que esse órgão é de caráter de assessoria, consultivo. Dizer que é deliberativo é uma distorção”, completa.

Procurada por Opera Mundi, a assessoria de imprensa do Itamaraty limitou-se a informar que a proposta de criação de um Conselho Nacional de Relações Exteriores é um “assunto que está em debate no âmbito do governo federal”.

Leia a carta aberta do GRRI na íntegra, clicando aqui.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

22 Comentários

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  1. E desde quando DIPLOMACIA tem

    E desde quando DIPLOMACIA tem que ser democratizada? Em nome de que? Em função de que?

    Proposta absolutamente ridicula, sem pé nem cabeça. Diplomacia é função do nucleo do Governo e da Chancelaria, não foi coisa de “”coletivos” nem na União Sovietica ou na China de Mao, muito menos durante toda a Historia da humanidade.

    1. “E desde quando DIPLOMACIA

      “E desde quando DIPLOMACIA tem que ser democratizada?”:

      Desde quando o baixo clero todinho do Itamaraty eh essa branquelada privilegiadissima de nascenca que eh CONTRA O GOVERNO brasileiro sob toda e qualquer circunstancia.

      Isso nao existe em embaixada nenhuma dos Estados Unidos nem -ao que eu saiba- de um monte de outros paises.  So no Brasil.

      1. Vindo de um pelego como voce
        Vindo de um pelego como voce é normal confundir interesse da Naçao com o interesse do ” governo ” ( diga-se PARTIDO )
        A funçao do Itamaraty nao é ser moldado pelo governo de plantao nao ok?

    1. AHA!  Tai a confirmacao de

      AHA!  Tai a confirmacao de quem ja conhece a tralha baixo clero de direita que trabalha no Itamaraty!

      Nao era isso que eu tava dizendo?

  2. “Formado a partir de

    “Formado a partir de movimentos sociais, sindicais, empresariais, partidos políticos e organizações acadêmicas que atuam no campo das relações internacionais, o grupo tem o intuito de discutir as diretrizes da política externa ao lado do Itamarat”:

    Nao sou a favor ou contra porque nao sei o que isso significa.  Quais sao as areas de atuacao desse grupo e o que movimentos sociais, sindicais, empresariais, e organizacoes academicas estao fazendo na area internacional que tem a ver com o Itamaraty?

    Em geral, quem trabalha no Itamaraty eh direitista lunatico -voce nao acha um governista entre eles.  Se essa influencia “externa for quebrar o monopolio deles, pra mim ta otimo.  (Sai dai, direitalha.)

    Nao, nao estou falando da cupula:  EM GERAL o funcionario do Itamaraty eh de direita.  Nesse estritissimo sentido, se nao fosse pela hierarquia a diplomacia brasileira tava frita.  Por sinal, ainda inexplicada esta a “greve” que eles supostamente fizeram uns 3 anos atraz e que os impediu de fabricar passaportes, pelo menos em Nova York.  Aa epoca me disseram que era em um monte de paises que tava acontecendo e eu documentei isso aqui.  Nunca mais ouvi falar no assunto, e talvez nem tenha sido verdade nada, so fofoca direitista.  Mas fica minha pergunta de 3 anos atraz, de qualquer maneira.

    (antes que fique no ar, nao, os unicos amigos pessoais que ja tivemos no staff la nao sao nem lunaticos nem direitistas)

  3. Mais uma penca de vagabundo
    Mais uma penca de vagabundo financiados por dinheiro publico querendo emporcalhar com suas visoes baratas de mundo coisa séria como politica externa
    Nossa politica externa ja foi envergonhada demais no governo do PT ao submeter interesse nacional à agenda de teor bolivariano.
    Não bastasse isso ainda querem mais boçais para tumultuar algo que nao tem relaçao alguma com movimentos sociais.
    Moviemntos sociais sao grupos politizados normalmente inflexiveis e que jamais podem ser levados em conta na hora em que a naçao tenha que apoiar, condenar ou se abster sobre algum assunto minimamente serio no ambito internacional…

    1. “Mais uma penca de vagabundo

      “Mais uma penca de vagabundo financiados por dinheiro publico”:

      Penca de vagabundo de direita financiado por dinheiro publico pode?  PORQUE?

      Por sinal, voce ta falando pelo traseiro.  Voce NUNQUINHAS deu a menor sombra de razao pra alguem acreditar que voce tem ou ja teve contacto com qualquer pessoa de area diplomatica em seus 4 ou 5 de blog.  Eu ja dei varias.

  4. Calma gente

      Oxigenar o Itamaraty construindo “pontes” com o universo academico, é bom para ambos, já relegar o debate a uma simples equação direita x esquerda, cheira a mofo, anos 60/70 – esclerose reativa, bate – papo de boteco.

       O GR-RI, originário do CEBRI, é composto por pessoas sérias, e dos que assinaram a carta, muitos podem ser classificados de “esquerdistas”, como o Maringoni e o Fuser, mas outros são liberais como o Prof. Haddad, já a Fundação F. Ebert é um apendice  internacional da Social – Democracia Alemã, já a Dra. Maria Regina é Vanderbilt University e PUC/RJ, portanto não tem pedigree para uma bolivariana, nem de longe.

        Outubro próximo, o CEBRI/GRRI irá realizar a XI Conferencia do Forte de Copacabana sobre Segurança e Defesa, em conjunto (desde a I ), com duas entidades que de “esquerdizantes” ou “bolivarianas”, nada possuem: a Konrad Adenauer e a Delegação da União Européia – Para saber mais sobre o CEBRI/GRRI: http://www.cebri.org.br

         P.S.: Confundir serviços consulares com politica externa e/ou diplomacia, é ridiculo

         

    1. “P.S.: Confundir serviços

      “P.S.: Confundir serviços consulares com politica externa e/ou diplomacia, é ridiculo”:

      E onde e quando essa branquelada direitalha desaparece da minha vista TODA santa vez que eu preciso deles?

      Nao tou “confundindo” nada.

    2. http://www.cebri.org/
      Meu

      http://www.cebri.org/

      Meu caro Junior, com todo respeito, de onde vc deduziu uma relação entre esse Grupo de Relexão, como diz o texto do post, nascido nos ninhos conhecidos da esquerda intelectual com o CEBRI-CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS, um respeitado think-tank de diplomacia na linha do Council of Foreing Relations de Nova York, 

      cujo Presidente de Honra é Fernando Henrique Cardoso e Vice-Presidentes Executivos Luis Felipe Lampreia, chanceler do Governo FHC e Botafogo Gonçalves, Secretario Geral do Itamaraty no Governo FHC?

      No Conselho do CEBRI estão Celso Lafer, Arminio Fraga, Marcos Azambuja, Seixas Correia, Pedro Malan Pratini de Moraes

      Winston Fritsch e Roberto Abdenur, jamais imaginei que um grupo que pede um “”conselho popular” pudesse ter alguma ligação, mesmo a mais remota, com a catedral da politica externa conservadora representado pelo CEBRI, onde estão os diplomatas demonizados pela linha Amorim-Pinheiro Guimarães e despachados para fora do Itamaraty pelos bolivarianos.

      Se existir essa ligação JAMAIS o Itamaraty de hoje, à esquerda da Chancelaria de Havana, iria sequer atender o telefonema desse  grupo mas acredito que não tem nada a ver um com o outro, são linhas opostas de pensamento.

      Na carta do Grupo de Reflexão NÃO tem uma unica assinatura do CEBRI.

      O interessante evento no Forte de Copacabana é do CEBRI, não tem nada a ver com as pessoas que assinam a carta.

      Se eu estiver enganado por favor me esclareça.

       

      1. Esclareço

          O GRRI nasceu em discussões dentro do CEBRI, que apesar de seu conselho ser como vc. descreve, é um centro aberto a discussões sobre a politca externa e suas vertentes, Maria Regina (UERJ/PUCRJ/Vanderbilt), T. Vergiani (USP e Council of Foreing Relations) e o Haddad ( FGV/SP), já deram palestras lá.

            Usando uma terminologia “esquerdista”, o GRRI pode até ser considerado um “racha” do CEBRI.

           O problema maior do post original, é que está mal escrito, levando a um entendimento erroneo, como o prórpio Azevedo diz, não existe a minima possibilidade da existência de um suposto “conselho popular” sobre politica externa, não se trabalha com esta panacéia ridicula, mas com que o Itamaraty tenha subsidios externos e comunique-se melhor com os entes interessados.

            Outro “problema”, é que com razão, o Itamaraty, mesmo nas gestões petistas, sofreu muita interferencia externa vinda do Gabinete da PR, quando Marco Aurelio Garcia praticamente assumiu uma função de Super Chanceler, e fez muita besteira, e a midia bombardeou, Marco Garcia “surfou” na vaidade – adora uma manchete, uma polemica, o que para politica externa é um comportamento não aceitavel, não se admite pirotecnia.

             Outra informação: Mesmo considerada por muitos, como vc., uma “chancelaria cubana”, tanto os liberais como os supostos esquerdistas, principalmente estes, não tem a minima idéia das movimentações itamaratianas, enquanto nos palanques/comentarios, demonizam a “Aliança do Pacifico”, a realidade nos faz tecer acordos bilaterais com o Peru e Colombia ( em breve nosso maior parceiro na América do Sul) e o Chile de Bachelet nos procura.

             Se os dinossauros esquerdizantes soubessem de tudo que “rola”, em nossa real politica externa, cairiam de costas.

            

  5. Ótima medida

    É uma excelente forma de penetrar naqueles poderes ocultos por trás dos panos. Poderes estes que trouxeram à revelia do governo um senador Boliviano para o Brasil.

    Existem vários poderes paralelos e ocultos que fogem da vida democrática como o Diabo da Cruz. Democracia neles, sim.

    Chega de governo tutelado, depois destes novos 4 anos de Dilma teremos 16 anos, já com direito a carteira de motorista para pilotar o Brasil sozinhos.

  6. Pragmatismo , lobbies & “think thanks”

     Politica externa é movida a interesses economicos e geopoliticos, apendices sobre direitos humanos, condições sociais, são apenas floreamentos para agradar determinados setores da opinião publica, tipo ativistas, ongs, jornalistas, academicos comprometidos e demais inuteis, tipo “manifestos”, “declarações na onu/oea”, compromissos sociais, possuem um valor muito pequeno, quando comparados a um acordo comercial, ou um manifesto de exportação.

      Pragmatismo: Será que alguem em sã consciência consideraria o Ditador Presidente Ernesto Geisel, como um “esquerdista”, mas a “politca externa” em seu governo poderia ser considerada como “anti-americana”, enquanto matava esquerdistas no Brasil, reconhecia os governos comunistas da ex-colonias portuguesas em Africa, votava contra os Estados unidos/ Israel na ONU (questão do sionismo), estabelecia relações com a China Continental e rompia com Formosa/Taiwan, e foi um dos primeiros paises, a época, a denunciar o regime sul-africano do apartheid.

        Lobbies e think thanks: É alvissareira a constituição no Brasil, de um possivel lobbie não conservador, que tenha o objetivo de discutir e influir em nossa politica externa, lobbies conservadores de ex-itamaratinescos já existem há anos, tipo Barbosa, Ricupero,Lampreia ; liberais social democratas como Celso Lafer, bastante influentes, por que não outro para contrabalançar esta influência, e “aberto”, claro – ou a suposta esquerda, ainda quer continuar refem das idéias de politica externa apenas de Marco Aurélio Garcia ?

  7. Mas é muita tolice junta,

    Mas é muita tolice junta, politica externa se faz a portas fechadas, não é circo,  operada por gente treinada, preparada, que conhece os codigos complexos das relações internacionais, não tem espaço para amadores e curiosos.

    Alguem toma um avião manejado por um palpiteiro ou prefere um piloto profissional, treinado e checado?

    Conheço um dos signatarios da tal carta, é professor de uma das novas universidades lulistas, não deixaria ele tomar conta de uma bicicleta e o cara quer dar pitaco na politica externa de um dos maiores paises do mundo, é Chico Anysio puro.

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