Por que Lula lidera? É a pobreza, estúpido!, por Helena Chagas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Ricardo Stuckert

Por Helena Chagas

Em Os Divergentes

Alguns podem não entender ainda, mas estão a cada dia mais claras as razões pelas quais o ex-presidente Lula, mesmo sob o bombardeio da Lava Jato, e às vésperas de ser condenado, continua à frente nas pesquisas presidenciais de 2018. É a pobreza, estúpido! A manchete do jornal O Globo deste domingo é simbolo da enxurrada de dados negativos que comprovam o enorme retrocesso social dos últimos tempos: crise pode levar Brasil de volta ao mapa da fome, uma estatística da ONU, da qual havia saído há três anos.
 
Os personagens dessas estatísticas, na maioria parte do contingente de 14 milhões de desempregados, provavelmente não estão preocupados em verificar se a crise a qual se refere o jornal tem o nome Michel Temer ou Dilma Rousseff. Poderá mesmo vir a se chamar Rodrigo Maia.
 
Mas esse pessoal se lembra que, não muito tempo atrás, fazia parte da fatia de pelo menos 20 milhões de viventes que deixaram a linha da pobreza. Alguns conquistaram a casa própria no Minha Casa Minha Vida, compraram todos os eletrodomésticos que puderam no Minha Casa Melhor, viram seus filhos chegar à faculdade graças ao Fies ou ao ProUne, viajaram de avião… Chegaram, enfim, a fazer parte da chamada nova classe média.
 
Cadê ela, a nova classe média? Tomou doril. Mudou o governo, veio o ajuste fiscal, os programas sociais foram desidratados. Apesar de manter o discurso em torno do Bolsa Família, que atinge 25% da população, na prática o governo Temer excluiu beneficiários – num momento de crise em que a lógica indicaria exatamente o contrário –  desacelerou o aumento no volume de recursos e, recentemente, suspendeu o reajuste previsto. Encolheram também outros programas, como o BPC, o Farmácia Popular, o PPA, de compra de alimentos da agricultura familiar para distribuição à população de baixa renda.
 
Todo mundo sabe que nunca nos livramos da pobreza no Brasil. Mas é inegável que ela foi enormemente reduzida nos anos petistas, e a fome praticamente erradicada. O retrocesso social, agora, tem peso muito maior. É sempre muito pior tirar de quem já teve acesso a algum tipo de melhoria de vida do que manter o estágio anterior de iniquidade em que tantos brasileiros nascem, vivem e morrem.
 
São essas pessoas, incluindo a ex-nova classe média, que votam no Lula. Seriam, segundo os especialistas, aqueles 30% que, em tese, o PT sempre teve – o que não dá para ganhar a eleição. Teoricamente, o PT precisa daquela fatia da classe média que, de 2002 a 2014, completou o que faltava para eleger e reeleleger Lula e Dilma.
 
Esses, da velha classe média, são justamente os que mais se impressionam e revoltam com a corrupção, calcanhar de Aquiles de Lula hoje, e não parecem dispostos a voltar a votar no PT. A ver. Afinal, é também um pessoal sensível ao desemprego que se alastrou, à falta de perspectiva para seus filhos no ensino superior e na vida profissinal, à violência crescente nas grandes cidades e, agora, à falta de dinheiro para hospitais (já que muitos não podem mais pagar o plano de saúde), para vaga nas escolas, para a vigilância da polícia rodoviária e para a emissão de passaportes.
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. O que o homem de bem pensa do Lula

    O indigitado lidera dentre os indigentes. Para esta massa difusa, que não reconhece o mérito pessoal e a superação, e considera que é dever do governo retirar de quem tem sucesso profissional para dar aos preguiçosos ele é o político perfeito. Para os que não tiveram competência de superar os desafios de concluir um boa universidade, não fizeram extensões e especializações no exterior e muito menos aprenderam outros idiomas, o beneficiário do Itaquerão, dos caças suecos, dos submarinos nucelares franceses, do triplex, do sítio, das caixas armazenadas, dos pedalinhos e da cópia do Cristo Redentor é o ideal. Com ele o subqualificado penaliza o setor produtivo. Regulamentação da jornada de trabalho com poucas horas, intervalo para refeições, descanso semanal e férias remuneradas, FGTS e aposentadoria quando ainda tem forças para varrer o chão ou carregar uma caixa reduz a lucratividade dos empreendedores. A baixa rentabilidade do investimento força a aplicação nos títulos da dívida pública, que possuem juros muito baixos. Demora quase uma década para que o ganho real dobre o capital investido. Sem estas limitações, que os esquerdopatas e petralhas chamam de direitos sociais, a vida dos que produzem seria fácil e o retorno aconteceria em prazos razoáveis. O absurdo é tão grande que tem que pagar até para demitir.

    A política externa bolivariana foi um fracasso. O Brasil não aderiu a nenhum bloco econômico. Não apoiou nenhuma iniciativa americana de levar a democracia a outros países. Apoiou diplomaticamente a Coréia do Norte, Cuba, Líbia e Síria. Esta última então foi um absurdo, apoiou um ditador que é odiado até pelos seus vizinhos, países livres como Emirados Árabes e Arábia Saudita. Transformou-se num pária. Reuniões de cúpula apenas com tiranias atrasadas como Rússia e China. Para ajudar os comunistas trouxe até médicos de Cuba. Uma desculpa para dar dinheiro para o Fidel Castro e a corja do Foro de São Paulo.

    Na economia foi uma catástrofe. Abandonou os projetos importantes do FHC e do PSDB. A Alca e as privatizações, tudo para manter a distribuição de cargos e comprar apoios. Fez a Petrobras investir no pré-sal, comprou equipamentos aqui dentro com a desculpa de gerar impostos e empregos, na verdade para reduzir os dividendos dos donos da ações da empresa. Nos seus mandatos os aeroportos se transformaram no caos, verdadeiras rodoviárias. Voos atrasados, overbooking e outros problemas. Não é justo que uma família que paga impostos ao voltar das férias passe por isso. No passado, que felizmente está voltando, era melhor. Da classe C para baixo avião era só para olhar.

    O Brasil mais uma vez mostra que não é sério. Se o Moro e o Poder Judiciário não impedirem o Lula de se candidatar ele pode vencer. A culpa será dos sanguessugas que não se importam com a corrupção e com os benefícios da liberdade econômica. Foram anos com a imprensa mostrando todos os crimes que ele cometeu, a expectativa e o suspense de quando seria preso. Quanta vezes no Antagonista não li: vai ser amanhã. Os vídeos da TVeja, até que por pressão dele mandaram a Joice embora. Coitada, mais uma vítima da perseguição comunista.

    Se ele for para o Planalto e não para a Papuda não me conformarei. Pego o patinho da banheira, a camisa da seleção, a frigideira e vou para a varanda. Mando a Maria ficar piscando as luzes. Rezo todas as noites para que o magistrado honre a toga e não deixe nenhum pobre, preto, prostituta ou petista livre. 

    Preciso para por aqui. Tinha muito mais para falar, mas preciso ler o relatório da Empiricus que acabou de chegar.

    1. “Preciso para por aqui”:
      E eu

      “Preciso para por aqui”:

      E eu li ate aqui.  Apertei “responder” contabilizando em quantas maneira diferentes eu ia te xingar.

      Ai eu me dei ao trabalho de ler a proxima sentenca.  Sorte minha!

      KKKKKKKKKKKKKKKKK…

    2. Kkkk Gostei. Faltou colocar o

      Kkkk Gostei. Faltou colocar o ódio que dá ver um monte de pretos e pobres com diploma de médico, de agrônomo, de veterinário…

  2. Essa Helena Chagas não engana nem a si mesma

    Prezados,

    Percebam o malabarismo e as contradições em que se mete essa Helena chagas, dublê de jornalista que já assessorou Dilma e até chegou a dirigir a SECOM, no governo da Presidenta leita e legítima.

    Helena chagas desdenha dos 30% que – segundo estatíiscticas pigais – sempre votaram e  votam em Lula, alegando que são insuficientes para elegê-lo presidente da república no ano que vem, caso a Fraude a Jato não o inabilite pra a disputa ou ele não seja assassinado. 

    Essa pseudo-jornalista se esquece que sem as fraudes e manipulações Lula teria sido eleito presidente já na primeira eleição presidencial que disputou, em 1989. Tanto o PIg/PPV com  a banca e o empresariado nacional e internacional bancaram a eleição e compraram de forma fraudulenta/criminosa a reeleiçao de FHC. 

    Portanto é falsa a afirmativa da jornalista de araque, segundo a qual Lula precisa da classe média para se eleger, entendida essa classe como a daqueles que vestiram verde e amarelo e foram manipulados pelo PIG/PPV, apoiando o golpe. Desses analfabetos políticos Lula nunca precisou e nunca precisará.

    O que a dublê de jornalista se esquece de dizer é que uma classe não se define apenas pela renda; milhões de brasileiros cuja renda leva os pseudo-cientistas colocá-los como “classe média” NUNCA pertenceram e NÃO pertencem a esse estrato social. 

    Quem vota em Lula, na Esquerda e no PT é a classe trabalhadora (aquela que compõem a base da pirâmide e trabalha de forma assalariada ou mesmo a que tem renda intermediária, mas igulamente assalariada e provinda dos estratos menos aquinhoados), os secularmente excluídos e explorados e excluídos, principalmente negros e mestiços, habitantes das periferias e regiões mais pobres.

  3. Perfeito a constatação. Eu

    Perfeito a constatação. Eu mesmo tenho mais de um na família que estão passando perrengue duro. Nem insulina consegue no posto de saúde. Estão em massa esperando para votarem em Lula.

  4. Tem gente revoltada que está silenciosa

    Conheço muita gente que não está na esfera da votação histórica do PT, que é da classe média baixa ou média-média, que estão mais revoltados do que os que se manifestam. São pessoas que têm saudades do ganha-ganha da era Lula, onde ninguém saiu prejudicado. Sãos os jovens sem perspectivas de emprego e sem concurso público e sua respectiva família, são os pequenos e microempreendedores, os que têm medo de perder o subemprego que têm, são os que só agora perceberam que eram felizes e não sabiam nos governos Lula, é o mundo jurídico que vê um país sem lei, os que se sentem enganados com o discurso anti-corrupção dos golpistas, os que só agora começam a ver e ouvir com um olhar crítico as mentiras escandalosas da mídia dominante, os que votaram ou simplesmente torceram pela vitória do Mineirinho em 2014, os que sentiram o gostinho da Democracia e nem se lembram mais que gosto tinha, os que vêm a volta da mendicância em número alarmante, os que perderam a expectativa que havia sido criada quando Lula era o Presidente, os que se envergonham dos vexames que os golpistas vêm dando diariamente no exterior, depois de ter visto o respeito que o Ministro Celso Amorim despertou em todo o mundo, os que vêm lojas sendo fechadas todo o dia (só no primeiro trimestre foram quase quase DEZ MIL no varejo), os que se revoltam com a perda da tecnologia conquistada pelas nossas grandes empresas/indústrias, com o abandono dos programas sociais e estratégicos (submarino nuclear, indústria de defesa, etc.). Enfim é enorme o contingente de pessoas inconformadas com a situação vigente e que sonham com o retorno de Lula. No momento não temos outra saída.

  5. Pois eu quero mais é que

    Pois eu quero mais é que sofram o máximo. Acreditaram e acreditam na Globo e ela sempre os tratou como lixo social. O resultado não podia ser outro.

    Deus não gosta de idiotas.

    Toda burrice deve ser castigada.

    1. Ele, Jorge Rebolla, foi finamente irônico.

      Caro Rui Ribeiro,

      Irônico, e daquela forma sutil que até nos faz lembrar Machado de Assis, foi o Jorge Rebolla, não a dublê de jornalista, essa Helena Chagas.

  6. O cinismo de Helena CHagas

    O cinismo e a desfaçatez das palavras desta senhora é impressionante. Me parece que quem nunca se importou com a corrupção no país foi esta classe que promoveu o golpe. O que os incomodava mesmo é a perda de privilégios e os avanços daquela plebe ignara de quem tem tanto medo.  Assim se esta senhora tem tanta consciência do que fala, porque continua afirmando com tanta certeza a condenação de Lula. Porque de modo sutil, diz que esta plebe não está nem aí com as acusações de corrupção. Porque nas entrelinhas chama esta plebe de conivente com a corrupção.  Enquanto isto esta senhora passa o tempo lustrando o ego do mercado e dos empresários, que não chamam corrupção pelo nome. Eles apenas dizem, isto é business. Eles apenas querem legalizar seu tráfico, passando projetos de lei, decretos presidenciais, ou reformas, principalmente a trabalhista,  Eles não chamam exploração pelo nome, mas sim de flexibilização e modernização das leis trabalhistas. Não se intimidaram  apenas  em dar o golpe mas fizeram de tudo para  dar suporte para este que está ai,. E isto o fizeram, conhecendo bem a figura, pois  para não sujar as mãos, colocaram um crápula e seus  asseclas para tomarem conta do dinheiro publico, desde que fizessem as reformas, que vai fazer com que todos possam vender suas empresas para estrangeiros e assim se dirigirem para seus “paises de origem.”

    E esta senhora fala da condenação de Lula como certa e nas entrelinhas, mesmo sem provas mesmo que seja em cima de pedalinhos e propriedades de outros, ou de um acervo presidencial. Esta triste figura, que um dia se disse jornalista, não se horroriza quando afirma que  Lula vai ser certamente condenado.  O cinismo é imenso, ela não se horroriza com esta bárbarie que ora grassa neste país comandada por uma gangue,e por  um verdadeiro atentado jurídico moral e ético que em um ano de poder destruiu tudo que demorou tanto para ser construído.

    Ela não passa de instrumento para um golpe, e de uma deslumbrada e agora temerosa  coxinha. Ela se deu conta do que participou, mas agora quer tomar distância do pelotão de linchamento ao qual pertenceu, e foi da linha de frente.

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