Porque a prisão de Geddel apavora o governo Temer, por Bernardo Mello Franco

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Aliados de Michel Temer podem tentar negar o impacto da prisão de Geddel Vieira Lima sobre a denúncia contra o presidente, que já está na Câmara. Mas a verdade é que Geddel está tão envolvido na delação da JBS quanto Rodrigo Rocha Loures.
 
É por isso que a alegria com a liberdade de Loures durou muito pouco para Temer, diz Bernardo Mello Franco em sua coluna na Folha, nesta terça (4). Conhecido como “pavio curto”, Geddel na cadeia é como um jacaré recolhido à jaula, afiando os dentes, apontou Franco.
 
Pelos relatos de Joesley Batista, era Geddel quem fazia a ponte entre a JBS e os presos Lucio Funaro e Eduardo Cunha, que teriam recebido propina na cadeia. Funaro já admitiu a acusação. Cunha elabora sua delação. Geddel, amigo de décadas de Temer, foi pego por mensagens de celular e é acusado de obstruir a Lava Jato. Até quando ficará em silêncio?
 
Por Bernardo Mello Franco
 
Na Folha
 
Jacaré na jaula
 
Não durou três dias o alívio do governo com a libertação do deputado da mala. No sábado, o Planalto festejou a soltura de Rodrigo Rocha Loures. Na segunda, voltou a se assustar com outra prisão: a do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
 
O peemedebista é um dos aliados mais próximos de Michel Temer. Os dois atuam em parceria desde a década de 90, quando viraram colegas na bancada do PMDB na Câmara. No ano passado, Geddel estava sem mandato e voltou a Brasília para ajudar a aprovar o impeachment. Foi recompensado com o posto de ministro da Secretaria de Governo.
 
O articulador caiu em novembro, acusado de usar o cargo para liberar a construção de um espigão em área tombada de Salvador. Na carta de demissão, descreveu Temer como um presidente “sério, ético e afável” e o chamou de “fraterno amigo”.
 
Oito meses depois, essa fraternidade começará a ser posta à prova. Solto, Geddel já era visto como um delator em potencial. Preso, ficará mais perto de agravar os problemas do presidente. Ele é conhecido por ter pavio curto e falar demais —duas características apavorantes para quem depende do seu silêncio.
 
Na ordem de prisão, o juiz Vallisney de Souza Oliveira afirma que o ex-ministro tentava obstruir as investigações da Operação Cui Bono, que apura desvios na Caixa Econômica Federal. Ele atuava para evitar uma delação do doleiro Lúcio Funaro, que o apelidou de “boca de jacaré” por causa da gula para fechar negócios.
 
Funaro afirmou à polícia que Geddel mordeu R$ 20 milhões em propinas da JBS. Parte do dinheiro teria ajudado a silenciar outro faminto, o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba. A história combina com o relato de Joesley Batista e deve reforçar uma nova denúncia contra Temer por obstrução da Justiça.
 
O Planalto teme uma delação do ex-ministro desde janeiro, quando a PF fez buscas na sua casa. Recolhido à jaula, o jacaré terá mais motivos para afiar os dentes.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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