Possibilismo não é realismo, por Luis Felipe Miguel

2013 marcou, portanto, o esgotamento da política do possibilismo estreitado. No mesmo movimento, mostrou que existe inconformidade no mundo social, que pode ser canalizada para estratégias transformadoras. Cabe às organizações da esquerda, entre elas o PT, estreitar o diálogo com essas vozes, aceitar sua diversidade, romper com suas percepções hegemonistas e tentar voltar ao governo não para domá-las ou para tentar vender às classes dominantes sua pacificação, mas para dar a elas melhores condições de expressão e de pressão. Esse é o único projeto realista no momento.

Possibilismo não é realismo, por Luis Felipe Miguel

Em um dos trechos mais eloquentes dos Cadernos do cárcere, Gramsci exalta o caráter criador do “político em ação”, que “é um criador, um suscitador; mas não cria do nada, nem se move no vazio túrbido dos seus desejos e sonhos. Baseia-se na realidade fatual”. De maneira sintética, o revolucionário sardo está apontando a necessidade de ultrapassar tanto o possibilismo estreito, que vê os limites postos à ação política como imutáveis, quanto o voluntarismo, que julga que eles podem ser desprezados por mera decisão subjetiva. Ele adota um realismo dinâmico, que é herdeiro do realismo de Maquiavel e de Marx, incluindo em seu relato tanto as energias transformadoras latentes no mundo social quanto a vontade atuante de mobilizá-las.

Vejo que parte da esquerda brasileira permanece presa a este possibilismo, que leva a uma redução brutal do horizonte de expectativas, a partir do entendimento que há uma “correlação de forças” favorável aos grupos conservadores e, portanto, nossa opção é entre o pouco e o nada. Ou melhor, essa foi a opção do lulismo; com o golpe, a direita endureceu suas posições e o que nos resta é o pouquíssimo, como alternativa ao menos que nada.

Nessa linha de pensamento, a correlação de forças é percebida sobretudo como aquela presente nas instituições políticas formais. O argumento é: se Lula for eleito, vai ter que negociar com um Congresso muito conservador; logo, a margem para adotar políticas redistributivas e democratizantes será muito pequena. Corolário: é melhor esperar por muito pouco, porque mais do que isso não será possível alcançar.

Não estou entre os que negam liminarmente validade a um cálculo desse tipo. Na verdade, a diferença entre o muito pouco e o nada pode ser desprezada pelos privilegiados, mas muitas vezes é questão de vida e morte para os mais pobres. O problema – e aqui está minha divergência com a inspirada tréplica de Fernando Horta a meu texto de sábado passado – é que essa leitura deixa de lado dois elementos.

O primeiro é o próprio golpe. A derrubada da presidente Dilma Rousseff mostrou que as classes dominantes não se sentem dispostas a honrar o acordo pelo qual a melhoria das condições de vida dos mais pobres seria tolerada em troca da garantia de paz social. Como parte da barganha envolvia a desmobilização popular, para que as elites se sentissem seguras, ficamos em condição difícil para resistir ao retrocesso. Renovar esse acerto significa aceitar limites ainda mais rígidos à transformação social, em nome de vantagens ainda menos expressivas para a população pobre. E com o risco de que, mais adiante, um novo retrocesso seja imposto, com condições de resistência ainda mais frágeis. É uma armadilha. Qualquer governo progressista que volte ao poder no Brasil tem que inverter a opção do lulismo e apostar em ampliar a mobilizaçãon popular.

Porque este é o segundo limite desta leitura: uma redução do jogo político aos espaços institucionais. Há a presidência, há o Congresso conservador, há o Judiciário inconfiável. Se não é possível mudar a maioria do Congresso, o único caminho é, de novo, tentar comprá-lo, uma vez que ele é ainda mais fisiológico do que conservador.

Com incrível frequência, a discussão se limita a isto. Mesmo quem quer superar os limites do arranjo lulista inicial muitas vezes se perde em fantasias sobre a eleição de uma grande bancada de esquerda. Mas isto é muito improvável. De Lênin a Claus Offe ou a um liberal esclarecido como Albert Hirschman, há uma vasta literatura que aponta como o mecanismo eleitoral traduz mal as demandas dos dominados. Não se trata de ignorar as eleições, mas de ter clareza de que qualquer mudança passa pela pressão sobre os eleitos.

A questão não é ter ou não ter fé nas ruas. Há um rio de inconformidade a ser revelado por quem deseja a mudança do Brasil. E há um conjunto significativo de manifestações desse desejo, que ainda estão desarticuladas, talvez caóticas, mas que cabe fomentar, em vez de abafar. São milhares de coletivos de mulheres, da população negra, das periferias, de lésbicas, gays e travestis. São as impressionantes mobilizações da juventude. São as greves “selvagens”, que passam ao largo das burocracias sindicais e pipocam por todo o país. Mesmo a adesão regressista ao fundamentalismo religioso é indício de uma inadequação ao mundo tal como ele é, que permite disputa. Muito da esquerda partidária, preocupada somente com suas posições no Estado, voltou as costas para todos esses grupos.

As jornadas de junho de 2013 são um símbolo dessa energia. Não se tratar de “exaltar” as manifestações de rua então ocorridas, mas de entendê-las como um fenômeno complexo, cujo primeiro resultado foi revelar que os modelos com os quais os analistas políticos em geral trabalham, restritos às instituições, são insuficientes para apreender a dinâmica do conflito social. Permito-me uma digressão sobre aquele momento.

As manifestações contra o aumento nas passagens do transporte coletivo ganharam dimensão maior do que a esperada, num processo que é possível dividir em três etapas (ainda que a cronologia não seja rígida). Primeiro, a adesão superou, e muito, a capacidade de organização do Movimento Passe Livre (MPL). Depois, a pauta foi ampliada, demonstrando a insatisfação não só com o transporte, mas com os serviços públicos em geral. Por fim, os protestos foram parcialmente colonizados por uma pauta antipolítica e de combate à corrupção, própria do registro discursivo mais conservador, com a adesão de setores da classe média.

Do primeiro para o segundo momentos, ocorre a indicação de que a base social dos governos petistas queria mais do que estava sendo oferecido a elas. Embora haja um toque de exagero na imagem apresentada por Ruy Braga, de trabalhadores em condições cada vez mais precárias sendo tantalizados pela perspectiva de fazer um curso superior privado noturno com financiamento pelo FIES, o fato é que o arranjo lulista tanto privilegiou a oferta de empregos de baixa qualificação e baixo salário quanto tinha dificuldade de prover melhorias expressivas nos serviços socializados. A opção pela inclusão pelo acesso ao mercado satisfazia o compromisso de não interromper a privatização do fundo público, parte do acerto com as classes dominantes. Mas o morador da periferia que comprou uma geladeira nova com subsídio governamental continuava precisando de educação, saúde e transporte.

Do segundo para o terceiro momentos, o que intervém é a compreensão, por parte da oposição de direita, que há uma fissura a ser explorada. A mudança na cobertura jornalística é reveladora. O registro da “baderna” foi substituído pelo da “mobilização cívica”. Houve um grande esforço para separar a “minoria” de manifestantes violentos, que precisavam ser reprimidos, da maioria pacífica e respeitosa – desde então, a estigmatização dos adeptos das táticas de autodefesa black bloc serve para legitimar a repressão policial aos movimentos de rua. Os atos passaram a ser praticamente convocados por jornais e emissoras de televisão (prática que se repetiu durante o processo do impeachment de Dilma), que por vezes os transmitiam ao vivo e davam destaque desproporcional mesmo a pequenas passeatas com poucas dezenas de pessoas. Embora as redes sociais tenham sido ferramentas importantes na construção das mobilizações, o peso predominante da mídia tradicional na construção dos sentidos foi indiscutível.

Foi aberta uma disputa pelo sentido das manifestações, em que os organizadores iniciais, MPL à frente, tentavam reafirmar seu caráter progressista, ao passo que a mídia as enquadrava como uma demonstração de descrédito na política, com foco na corrupção dos funcionários do Estado. Elas teriam como pauta a derrubada da Proposta de Emenda Constitucional nº 37, que restringia o poder do Ministério Público na condução de investigações criminais – o que impediria abusos, na visão de seus defensores, e protegeria os malfeitores, segundo seus adversários. O foco na PEC 37, algo bizarro, uma vez que era um assunto de interesse corporativo e localizado, serviu de teste para o discurso do “combate à impunidade”, que desqualifica elementos do Estado de direito, como a presunção de inocência, o direito de defesa, o direito à privacidade e as regras para produção legal de provas, como sendo artifícios que servem apenas para impedir ou protelar a devida condenação dos corruptos.

Os grupos mais à esquerda viram nas jornadas de junho a possibilidade de construção de uma mobilização de massa com pauta radical, que desafiasse a moderação petista. A direita animou-se com o que indicava o declínio da “mágica” do lulismo. No meio do tiroteio, o PT ficou paralisado. Os movimentos populares sob influência petista se viram na obrigação de blindar o governo e, com isso, perderam a oportunidade de dialogar com os manifestantes. Ganhou corpo a tese de que eram mera massa de manobra da direita, deixando patente que, para muitos dos intelectuais do petismo, o caminho era não atrapalhar o trabalho do governo com reivindicações intempestivas. Junho de 2013 marca o aprofundamento da cesura entre o PT e os movimentos populares aos quais ele se propunha a dar voz quando nasceu.

De maneira similar, o governo Dilma Rousseff foi incapaz de encontrar sua posição nesse novo cenário. Sua resposta às manifestações foi sempre ziguezagueante; quando a presidente se manifestou em rede nacional de televisão, em 17 de junho de 2013, propôs “cinco pactos”, uma mixórdia que incluía uma reforma política potencialmente democratizante, mas também aderia ao receituário conservador da “responsabilidade fiscal”. Fora isso, promessas genéricas em favor da educação, saúde e mobilidade urbana. A preocupação da presidente e de seu círculo era reduzir os danos até as eleições presidenciais do ano seguinte – quando, se esperava, tudo voltaria à “normalidade”.

2013 marcou, portanto, o esgotamento da política do possibilismo estreitado. No mesmo movimento, mostrou que existe inconformidade no mundo social, que pode ser canalizada para estratégias transformadoras. Cabe às organizações da esquerda, entre elas o PT, estreitar o diálogo com essas vozes, aceitar sua diversidade, romper com suas percepções hegemonistas e tentar voltar ao governo não para domá-las ou para tentar vender às classes dominantes sua pacificação, mas para dar a elas melhores condições de expressão e de pressão. Esse é o único projeto realista no momento.

Luis Felipe Miguel

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  1. Sobre as Jornadas de 2013

    … prefiro a análise de Haddad:

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    “Somos um misto de sociedade de “castas” com meritocracia. O indivíduo pode, por esforço e talento próprios, mudar de casta sem reencarnar – mas a posição relativa das “castas” há de ser mantida.

    Durante o governo Lula essa estrutura começou a se alterar e, aparentemente, gerou grande mal-estar: os ricos estavam se tornando mais ricos e os pobres, menos pobres. Por seu turno, as camadas médias tradicionais olhavam para a frente e viam os ricos se distanciarem; olhavam para trás e viam os pobres se aproximarem. Sua posição relativa se alterou desfavoravelmente. Se os rendimentos dessas camadas médias não perderam poder de compra medido em bens materiais, perderam-no quando medido em serviços.

    O verdadeiro shopping center das camadas médias brasileiras sempre foi o mercado de trabalho. A abundância de mão de obra barata lhes garantia privilégios inexistentes no núcleo duro do sistema. A empregada barata, a babá barata, o motorista barato. Serviços domésticos em quantidade eram a grande compensação pela falta de serviços públicos de qualidade.

    A princípio, o desconforto não tinha como se expressar politicamente, pelo menos não da forma tradicional. Num dos países mais desiguais do mundo, defender a desigualdade não traria à oposição a projeção necessária nos embates no plano socioeconômico. Esse desconforto encontrou sua expressão possível pelo discurso da intolerância – contra pobres (Bolsa Família), pretos (cotas), mulheres (aborto), gays (kit) ou jovens (maioridade penal) –, que flertou com o fundamentalismo, violento ou religioso.

    A panela de pressão estava ali, acumulando energia, e só não explodia porque o palpável sucesso econômico do governo a impedia. E, ao contrário do que já vinha acontecendo no restante da América Latina, na Venezuela, na Argentina, no Peru, no Equador e na Bolívia, a direita no Brasil ainda não tinha saído às ruas. A partir de 2006, em particular com a reeleição de Lula, apesar do aumento contínuo da aprovação ao governo, já se podia perceber um sentimento crescente de desalento por parte de setores mais tradicionais.

    E veio a fagulha, acesa num protesto organizado pelo MPL, o Movimento Passe Livre, contra o aumento da tarifa de ônibus – um reajuste, é bom lembrar, de apenas 6% diante de uma inflação acumulada de 17%. Eu sabia que a situação exigia cuidado, que teria repercussão, ainda mais sendo eu o prefeito, mas imaginava que conseguiria estabelecer um diálogo com os manifestantes que, a princípio, recusaram o aceno.

    Eis que entra em cena o “comando da polícia”, uma entidade desde sempre mais preocupada com a ordem pública do que com a segurança pública, mais preocupada com os deveres do cidadão do que com seus direitos.

    Na ocasião, a administração municipal se desgastava com a cúpula da Polícia Militar em função da readequação das regras de remuneração da chamada Operação Delegada, programa criado por Kassab mediante o qual o município repassava mais de 100 milhões de reais para a corporação por serviços de combate aos ambulantes ilegais. Atrito, aliás, que já havia se manifestado na primeira Virada Cultural sob nossa administração, quando arrastões aconteceram diante de olhos displicentes de alguns policiais, segundo diversos relatos da época. E se agravaria com o boicote explícito ao programa De Braços Abertos, com a transferência dos excelentes policiais militares que inibiam a ação do tráfico na região da Cracolândia.

    Em 13 de junho de 2013, a foto de um policial com o rosto coberto de sangue estampou a capa dos jornais. Ele havia sido agredido pelos manifestantes. Naquele dia eu voltava de uma viagem de trabalho com o governador Geraldo Alckmin e, até aquele momento, a situação nem de longe parecia fora de controle. Aquela foto, entretanto, me impeliu a dar um telefonema ao secretário de Segurança Pública do estado: era imprescindível um esforço para que não houvesse um revide da polícia. Mas ele veio. E então o país explodiu.

    Para os padrões da classe média, a violência foi grande. Ainda tentando manter a situação sob controle, fiz uma crítica à atuação policial abaixo do tom, na esperança de criar algum espaço para a interlocução. Em vão. O MPL passou a me corresponsabilizar pela truculência da polícia, e a polícia, por seu turno, reprimia o movimento – a não ser quando os alvos da fúria eram prédios municipais, como o Edifício Matarazzo ou o Theatro Municipal. Nesses casos, a Polícia Militar simplesmente cruzava os braços. Apesar de um pedido que na ocasião fiz em audiência, Alckmin só viria a substituir o comandante-geral da PM ao final do seu mandato, em dezembro de 2014.

    Alguém dirá, com razão, que nem o MPL nem a PM explicam a eclosão da crise. Aqui, é necessário introduzir um elemento sem o qual os eventos de 2013 não encontram explicação: a forma assumida pelas manifestações.

    Tradicionalmente, todas as modernas organizações contestatórias no Brasil, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (mst) ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (mtst), passando pela Central Única dos Trabalhadores (cut), pela União Nacional dos Estudantes (une) e demais movimentos sociais, sempre foram adeptas de alguma mediação político-institucional. Mesmo durante a fase mais aguda do neoliberalismo, essas organizações faziam atos, exerciam seu direito de protesto, mas buscavam a negociação com as instituições. Diante de governos de centro-esquerda, essa tendência se acentuava e trazia ganhos efetivos para os grupos representados.

    Nos países do núcleo orgânico do sistema, onde essa mediação era menos provável, ganhou corpo desde os eventos de Seattle, em 1999, uma certa esquerda antiestatal, neoanarquista charmosa, que mantém distância dos governos e das instâncias de representação política em geral. Os protestos nessas circunstâncias ocorrem de forma inteiramente nova. Sem vínculos partidários nem pretensões eleitorais, a partir de uma agenda bastante específica e de difícil contestação, esses movimentos começaram a fazer sucesso mundo afora. E eles foram bastante críticos em relação à política e às formas tradicionais de negociação, que viriam inspirar os movimentos mais contemporâneos que se desenvolveram no Brasil, dentre os quais o MPL.

    Traduzida para as condições locais, porém, a novidade provocou um curto-circuito. A forma dos protestos, muito mais do que o conteúdo de suas reivindicações, oferecia uma chave de contestação que se prestava à defesa de tantas outras bandeiras. Logo ficou claro que ela, a forma, poderia ser sequestrada e servir de embalagem para uma miríade de novas demandas. E a panela de pressão de que falávamos pareceu ter encontrado a válvula para dar vazão à energia que havia se acumulado por anos.

    No intervalo de uma semana as ruas estavam cheias, com uma pluralidade de reivindicações desconexas e às vezes contraditórias entre si. Quando o sequestro da forma se consumou, o MPL se retirou das ruas, bem como a esquerda tradicional caudatária do movimento. E grupos de direita, apartidários, se organizaram para emparedar o governo federal, apropriando-se sintomaticamente da própria linguagem dos protestos originais, que ganhavam simpatia popular: MBL (Movimento Brasil Livre) é uma corruptela de MPL; Vem Pra Rua era um dos gritos mais ouvidos nos protestos; Revoltados On Line evoca diretamente a natureza daqueles eventos convocados via rede social.

    Sem tratar das redes sociais não se entende 2013 em sua totalidade. (…)

    Somos decodificados a partir das nossas manifestações digitais e convertidos numa sequência binária de curtidas/não curtidas que revela nossas preferências e gostos, com um grau acurado de precisão. São essas preciosas informações que garantem o patrocínio às megacorporações como o Facebook e o Google. E, se essas informações podem ser usadas não somente para promover a venda de mercadorias, mas também a “venda” de ideias e ideais, estamos diante de um desafio considerável para a democracia.

    A decorrência lógica desse processo é a formação de múltiplos nichos que exacerbam o individualismo e reforçam as “identidades digitais”. O indivíduo, nesse universo paralelo caracterizado pelo feixe de relações virtuais que estabelece, tende a adotar uma atitude francamente reativa e reacionária em relação ao contraditório.

    Durante os protestos de 2013 no Brasil, a percepção de alguns estudiosos da rede social já era de que as ações virtuais poderiam estar sendo patrocinadas. Não se falava ainda da Cambridge Analytica, empresa que, segundo relatos, atuou na eleição de Donald Trump, na votação do Brexit, entre outras, usando sofisticados modelos de data mining e data analysis. Mas já naquela ocasião vi um estudo gráfico mostrando uma série de nós na teia de comunicação virtual, representativos de centros nervosos emissores de convocações para os atos. O que se percebia era uma movimentação na rede social com um padrão e um alcance que por geração espontânea dificilmente teria tido o êxito obtido. Bem mais tarde, eu soube que Putin e Erdogan haviam telefonado pessoalmente para Dilma e Lula com o propósito de alertá-los sobre essa possibilidade.”

    1. Maldito seja o Trotsky, com

      Maldito seja o Trotsky, com sua infeliz descrição impressionista da nomenklatura soviética como “casta”.

      Tudo virou “casta” agora. Já vi até gente dizendo que mulheres são uma casta.

      Somos é uma sociedade de classes, com tudo que isso acarreta. É agravado por que temos uma classe média que se recusa a encarar o óbvio – que vive de salário, e não de lucro, que são empregados, não empregadores – e bajula ferozmente a burguesia, em troca de migalhas – que não consegue sequer perceber que são migalhas. Mas não tem nada de “casta” aí.

    2. A transformação de aeroportos em rodoviárias

      “Durante o governo Lula essa estrutura começou a se alterar e, aparentemente, gerou grande mal-estar: os ricos estavam se tornando mais ricos e os pobres, menos pobres. Por seu turno, as camadas médias tradicionais olhavam para a frente e viam os ricos se distanciarem; olhavam para trás e viam os pobres se aproximarem. Sua posição relativa se alterou desfavoravelmente. Se os rendimentos dessas camadas médias não perderam poder de compra medido em bens materiais, perderam-no quando medido em serviços.” – Dandara

      “Ir a Nova York já teve sua graça, mas, agora, o porteiro do prédio também pode ir, então qual a graça?” – Colunista Social Danuza Leão

      “Para entender São Paulo é necessário entender a classe média paulistana, formadora de opinião. A classe média é um malabarista andando em uma corda bamba a 30 metros de altura, não tem como subir e se cair o tombo será grande. O que malabarista espera é que as coisas permaneçam exatamente como estão, pois qualquer pequena mudança, pode balançar a corda. Nessas condições, não há porque estranhar que o paulistano seja conservador, São Paulo tem a classe média mais numerosa do país. Enquanto houver esse abismo entre a classe média e os pobres, o simples fato de olhar para baixo continuará a provocar vertigem.” – Roberto Romaro

      http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-ascensao-conservadora-em-sp/#comment-204943

  2. Sejamos realistas: Exijamos o impossível

    Que os nossos esforços desafiem as impossibildades. Lembremo-nos de que as façanhas da humanidade foram conquistadas do que pareceia impossível.

    É do Chaplin.

    You can make if you try, diria o Brian Jones.

    A conciliação de classes esgotou-se, pois os parasitas sociais não querem conciliação com os parasitados a não ser para sugá-los ao máximo e eternamente.

     

  3. Para ajudar na discussão das Jornadas de Junho de 2013

    Para colaborar com o texto do Luis Felipe Miguel busco o texto que ESCREVI NO AUGE das Jornadas de Junho de 2013. 

    Creio que tanto a análise do Haddad e do Luis Felipe não são excludentes, se complementam em boa parte. 

    A UTILIDADE DO MPL PARA A DIREITA, A MÍDIA TRADICIONAL E A ALIENAÇÃO POLÍTICA E A CONTINUADA DESILUSÃO DAS CLASSES SOCIAIS: MÉDIA E ALTA TRADICIONAIS.

    A Direita enxergou no MPL (Movimento do Passe Livre) uma forma de televisionar multidões de jovens “supostamente” se manifestando contra Governos e políticos.

    O MPL, formado, majoritariamente, por jovens contrários à presença de partidos políticos nas manifestações que realiza a favor do passe livre e da revogação do aumento das passagens de ônibus, acendeu uma luz verde para a Direita política se aproveitar do movimento em benefício próprio.

    A negação da política, dos políticos e o enfraquecimento dos partidos políticos são armas da Direita na busca de controlar os poderes executivos e legislativos em qualquer esfera: Federal, Estadual ou Municipal. Eleitor desinteressado e desinformado da política e eleitor que não se diz de esquerda ou direita, que não sabe diferenciá-las é um prato cheio para a Direita. Direita sonha governar sem povo!

    Bem sabemos que a Direita por si só não é capaz de reunir multidões. Nas duas tentativas clássicas deste ano, uma de protesto contra o Mensalão e outra de protesto contra a eleição do Senador Renan Calheiros na Avenida Paulista não se viu mais do que 20 pessoas.

    A juventude nas ruas e aos milhares acabou sendo um caminho para que a Direita se infiltrasse nas manifestações, colocasse suas pautas conservadoras no meio das manifestações pelo passe livre e revogação do aumento das passagens de ônibus, trem e metrô.

    Utilizou, mesmo que com atraso, a oportunidade das passeatas do MPL, televisionadas por horas e horas, para fazer com que no Brasil se acreditasse na existência de uma insatisfação generalizada do povo contra políticos e, principalmente com os(as) Deputados(as), os(as) Senadores(as) e o Presidente(a), estes, talvez, protagonistas de sempre, quando o assunto em pauta é a corrupção e mau uso do dinheiro público. O que acaba prevalecendo sobre a parte dos “alienados da informação” – a parte que se informa quase que apenas, via mídia tradicional e que, pouco consegue formar opinião própria sobre a realidade do Brasil e do Mundo.

    Saíram às ruas quantas pessoas? Que representatividade tem uma parcela, talvez, de 1% dos brasileiros, se tanto? Diante de 200 milhões de brasileiros?

    No Brasil, a informação sobre os acontecimentos do cotidiano está nas mãos de poucos grupos de mídia, grupos que controlam TVs, Rádios, Jornais e Revistas. São poucas famílias, a dos Marinhos – Rede Globo de Televisão e mais 4 ou 5 famílias. Todas essas mídias dão o mesmo enfoque na notícia que veiculam, sempre informando sobre acontecimentos cotidianos segundo a visão de mundo, interesses e ideologia particulares a eles. Acaba por não existir o contraponto da notícia, outra visão dos fatos pela concentração midiática através da unificação ideológica. A verdade do Brasil e do Mundo acaba sendo uma só. Excetuando um ou outro Jornalista que destoa da turma do pensamento único, minoria esmagadora dos empregados dessas mídias, todos entoam a mesma visão dos fatos sobre qualquer assunto, seja da Política, da Economia, da sociedade, etc.

    Nessa unicidade da informação da mídia tradicional a ideia veiculada da Política, dos políticos e partidos políticos é sempre marcada pela imagem de que os políticos não estão preocupados com os brasileiros, seus eleitores, e que há em suas atitudes uma propensão para a corrupção, para o desvio do dinheiro que pagamos como impostos e enriquecimento ilícito. Políticos seriam ladrões, se enriquecem no poder e não fazem nada pela população.

    A associação da Política e dos Políticos à corrupção é martelada desde sempre e todo dia no imaginário coletivo da população e não há quase nenhum outro meio de comunicação capaz de propagar ideia de que a Política, os políticos e os partidos políticos são importantes para a Democracia e que nem todos os políticos são corruptos. Certamente, que boa parcela dos políticos está preocupada com a população brasileira e o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Ficamos reféns dessa imagem e de qualquer imagem que a mídia tradicional colocar na “testa” do político ou partido político, mesmo que seja imagem fabricada pela notícia e não a verdade dos fatos.

    Deputado(a), Senador(a) e o(a) Presidente(a) acabam sempre culpados de tudo o que acontece de “ruim” no Brasil, para a grande maioria das pessoas que se informam pela mídia tradicional. Muitos destes “alienados da informação” não sabem distinguir atribuições dos governos federais, estaduais e municipais e nem o que é do âmbito do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.

    O MPL é, em certa parte, refém dessa imagem criada da Política pela mídia tradicional. Nesse processo que já dura anos e anos seguidos esses jovens criaram a imagem de que os políticos e seus partidos políticos não mais os representam e nem trabalham em prol de suas causas, apesar de serem progressistas em muitas de suas ações e seus desejos de transformação da qualidade do transporte nas grande cidades em prol de toda população e estarem por sua ideia de passe livre à esquerda no espectro político.

    Da martelação diária de que políticos e partidos políticos são corruptos e que não mais poderiam os representar, por não se comprometerem e trabalharem em prol de seus ideais, o MPL criou (incorporou subjetivamente) a máxima: – Sem partidos políticos! Eles não nos representam! Somos anarquistas!

    Das manifestações do MPL se apoderou a Direita política e a mídia tradicional. Imagina que coisa boa: jovens aos montes nas ruas contrários aos políticos e aos partidos políticos. A ideia martelada por anos a fio de desqualificação da Política se materializou.

    Então, a bandeira básica do MPL – a do passe livre foi editorializada e transformou-se!

    A visão de mundo e interesses particulares da mídia tradicional passou a pautar as manifestações dos jovens do MPL, não os jovens, mas a mídia, seus infiltrados e seus “alienados de plantão”. A televisão e as principais mídias da internet fizeram a população crer que os jovens nas ruas lutavam, conscientemente, por outras causas, também! Aquelas causas ligadas à corrupção dos políticos e outras mais.

    Fique claro! Sozinha a Direita, mesmo ajudada pela mídia tradicional não levaria muita gente às ruas. E, talvez, passada a onda de protestos atuais, continue igual. Com gente jovem, aos montes, nas ruas foi fácil desvirtuar o real motivo das passeatas do MPL e editar em benefício próprio e de seus aliados às razões das passeatas.

    Direita e mídia tradicional se aproveitaram das passeatas do MPL para infiltrar nelas, a pauta conservadora da corrupção e até interesses mais imediatos como a não aprovação PEC 37 – chamada pelos que se informam através da mídia tradicional de Lei da Impunidade e até instrumentalizar politicamente a ideia de que os gastos da Copa do Mundo no Brasil eram exagerados e que davam para se construir hospitais, escolas, etc. de alta qualidade com esse dinheiro. Como se não existisse verbas várias vezes maiores para as áreas da Saúde e Educação nesse período de gastos para a realização da COPA de 2014.

    Passou-se a crer que aqueles jovens estavam desfraldando a bandeira anticorrupção e contra o Governo constituído. Até jovens artistas da Rede Globo entraram nas passeatas e até vídeo com artistas da emissora, conclamando sair às ruas, foi editado, um vídeo dos novos “caras-pintadas”, onde uma das artistas da emissora aparecia com o rosto marcado, idêntico à como ficou o da Repórter da Folha que feriu o olho direito pela ação da PM em manifestação do MPL, antes deles serem incorporados pela mídia. Os “Alienados da informação” entraram nas passeatas do MPL, também.

    A razão inicial do movimento se perdeu.

    Agitadores profissionais, supostamente contratados pela extrema-direita (os fascista de plantão – ínfima parcela da população), parte deles mascarados, para não mostrarem o rosto, é claro, entraram no meio das passeatas preparados para brigas com manifestantes, para quebradeira do patrimônio público e até para atear fogo em símbolos/ prédios do poder público, sedes de Governo e prefeitura. Em Brasília até o Palácio do Itamaraty entrou na roda.

    Jovens das classes média e média alta conservadoras, também saíram pras ruas, em menor número; foram protestar; aqui já com a pauta, outra, a da mídia tradicional, pauta Político-partidária: o PT, o Mensalão, o LULA, o Governo Federal e a corrupção entraram na roda. É o ódio de parte dos jovens reacionários dessas classes sociais mostrando suas garras.

    E, em silêncio, os beneficiários destas novas pautas: a oposição política. Ninguém se manifestou, apenas soltaram um comunicado de união para as eleições de 2014.

    A mídia tradicional buscou nesse televisionamento dos protestos, através da edição das imagens e opinião enviesada dar a sua versão do que acontecia, claro, como já disse, segundo os seus interesses.

    Hoje li relatos de quem esteve nas ruas de São Paulo que contradizem a versão da Rede Globo para a passeata de ontem em São Paulo.

    A Rede Globo mostrou manifestações da juventude com um civismo total e sem violência. E não foi verdade. Houve divergências de objetivos e militantes de partidos de esquerda foram obrigados a esconderem suas bandeiras partidárias, alguns, até foram agredidos. Não havia mais uma única passeata na rua e sim duas: a do MPL e as forças progressistas de um lado da Avenida Paulista e a dos conservadores do outro lado da Avenida Paulista.

    Na outra ponta deste jogo (de um lado é a mídia tradicional e o MPL nas ruas) aparecem as redes sociais, onde se tem o manifestante virtual, aquele incentivado a utilizar a camisa branca no trabalho, em solidariedade aos jovens manifestantes e que vê toda e qualquer manifestação das ruas do sofá da sala e se informa pela TV da mídia tradicional sobre as passeatas pelo país.

    O País do caos! Agora: Gigante! Acordou!

    Este público, das classes média e alta tradicionais, preferencialmente, impulsionados pela cobertura midiática e a inserção, nas passeatas do MPL, da Direita e suas pautas conservadoras como a da corrupção, mais a ideia dos gastos públicos exagerados com a Copa de 2014, explodiram todos os seus desejos reprimidos. Observem que de tempos em tempos aflora esse estado de espírito, antes da eleição de 2012 com o Julgamento do “Mensalão” foi idêntico o comportamento.

    Desde o final de semana passado já se notava a exaltação desse público. E que se intensificou com o Vídeo dos “caras-pintadas” da Rede Globo e o vídeo do Arnaldo Jabor dizendo que havia errado na análise da juventude nas ruas, na terça-feira pela manhã!

    A partir de então, a rebeldia desses jovens por mudanças! Jovens que antes tinham sido taxados por Arnaldo Jabor e pela mídia tradicional de “baderneiros” foi sendo transformada em um pretexto outro, utilizado politicamente, com interesses escusos, como o da não aprovação da PEC 37 – chamada de Lei da Impunidade.

    Nesta hora a Direita tem seus mananciais prontos, os que colocam nas redes sociais as iscas para que esse público se indigne e manifeste seu interesse em assinar abaixo-assinados, em dizer que vai em uma passeata, em divulgar fotos e slogans preparadinhos para a pauta de Direita explodir na nossa tela em segundos.

    Dai, surgiram os mais diferentes abaixo-assinados, como por exemplo, o impeachment da Presidenta DILMA e as mais diferentes pautas para passeatas, como a contra os gastos do Governo na Copa do Mundo do Brasil e a grande e nova bandeira desse público: a manifestação do dia 9 de julho (data sugestiva da Revolução Constitucionalista de 1932 e feriado no Estado de São Paulo) para se manifestarem a favor do impeachment da Presidenta DILMA, além do já citado abaixo-assinado contrário à PEC 37.

    Deste desenrolar dos fatos criou-se como sempre a ideia, para o eleitor dessas classes sociais: média e alta tradicionais de que agora conseguiremos por um basta nos “petralhas”, que conseguiremos afinal tirar o PT do poder e que a juventude nas ruas estava lá por isso.

    Maior desserviço para a Democracia e para o aprimoramento do conhecimento da realidade do Brasil e do Mundo impossível, para este público. Ele pouco sabe qual é a ideologia dos jovens do MPL, certamente, a maioria significativa é de esquerda e mais à esquerda do que o PT, mesmo que a luta deles pelo passe livre se dê afastada dos partidos políticos.

    Os “caras pintadas” do MPL estão mais para comunistas do que capitalistas!

    Se fizermos uma pergunta simples, para esses jovens do MPL:

    Escolha uma pessoa em quem confiar: Che Guevara ou Arnaldo Jabor?

    Em quem eles confiariam? Não é preciso responder, certo?

    O Passe livre responde por si só…

    E assim se sucederam os fatos. A Direita se apoderou dos jovens do MPL nas ruas em benefício próprio, visando é claro ganhar dividendos eleitorais em 2014.

    E todo mundo agora, parece estar nos convidando para uma passeata nova pelo Facebook.

    Claro que com o apoderamento das passeatas pela Direita se fortalece a costumeira atitude da mídia tradicional em divulgar o caos político e a corrupção no Brasil.

    Porém, não vai haver um golpe militar, parlamentar ou via judiciário no Brasil, por hora. As eleições é o que miram: Direita e mídia tradicional. Enfraquecer o Governo DILMA em qualquer oportunidade possível, para chegarem em 2014 com forças para derrota-la.

    Imagina nessa confusão das passeatas o que não sofre a Economia do País! E é esse o objetivo da Direita e seus aliados midiáticos, enfraquecimento da Economia e caos para aumentar a chance de votos nos candidatos da oposição.

    O que mais me assusta é que a se confirmar a vitória de DILMA em 2014 poderemos criar uma desilusão ainda maior para as classes média e média alta tradicionais, leitoras de VEJA, ouvintes das Rádios Jovem Pan e CBN e telespectadoras do Jornal Nacional e da Globonews.

    É bom nem pensar o que fazem as mídias tradicionais com seus telespectadores, ouvintes e leitores.

    País que não tem uma mídia plural, com diferentes opiniões sobre os fatos do cotidiano estará sempre sujeito a ver sua população refém da notícia sem haver o contraponto e opinião diversa da apresentada.

    A internet e as redes sociais são bons meios de se contrapor à informação da mídia tradicional, mas não tem a capacidade de competir com 5 ou 6 famílias que dominam, quase que na totalidade, as Redes de TVs e Rádios do Brasil + a imprensa escrita, parcela que luta diariamente contra a democratização dos meios de comunicação e de informação da nossa população.

    Tomara que o Governo Federal acorde para a necessidade de uma Lei de Médios, que não é uma imposição ditatorial, mas uma marca, presente nas principais Democracias do Mundo. Este o caminho mais seguro para se acalmar os ânimos da juventude e de ser a mídia um instrumento capaz de informar corretamente as ações do Governo DILMA para a população brasileira, um instrumento a mais para a consolidação de nossa Democracia e para o contínuo desenvolvimento do Brasil em benefício do seu povo.

    Informação plural e, certamente, o Governo DILMA teria apoio de muita gente, até de boa parte dos “alienados da informação” de plantão.

    1. Desde a época eu disse o mesmo

      Embora de forma mais simplificada, sem todos esses detalhes e sem esse texto ágil, com parágrafos breves, eu fiz aanálise semelhante a esta, de Alexandre Tambelli, enquanto ocorriam as tais “jornadas de junho de 2013”. Não sei se Tambelli é acdêmico, estudioso, cientista social ou político; não sou nenhuma dessas coisa, apenas um Engenheiro antenado com os problemas sócio-econômico-polítcos e obaservador atento dos fatos históricos. 

      Pelas razões acima expostas é que fico incomodado quando observo estudiosos e acadêmicos insistirem no auto-engano, não percebendo que as tais ‘jornadas de junho de 2013’ foram usadas pela direita golpista para desestabilizar um governo eleito e preparar o terreno para um golpe de Estado.

  4. A ilusão com as “jornadas de 2013” continua

    Há poucos dias, em mensagem que enviei a colegas, escrevi:

    “Uma das coisas mais difíceis para o ser humano é admitir que errou, que foi enganado, manipulado, que foi levado a odiar aqueles que estavam ao lado dele e/ou que poderiam ajudá-lo e, ao mesmo tempo, o indivíduo é orientado a apoiar os inimigos e com estes cerrar fileiras.”

    Quando observo intelectuais, acadêmicos e estudiosos, jornalistas ou analistas experientes insistirem no auto-engano em relação ao que foram as chamadas ‘Jornadas de junho de 203″, mais certo fico de que os chamados segmentos médios da sociedade são os mais aferrados, mais apegados a convicções e certezas apriorísticas, mesmo  que os fatos mostrem exatamente o oposto.

    Tenho respeito por Luís Felipe Miguel e por Fernando Horta, que por meio de artigos publicados na mídia alternativa (GGN Caviar Esquerda, etc.) têm proporcionado aos leitores um debate de alto nível. A meu ver nenhum dos dois está inteiramente com a razão ou desacompanhado dela; como sempre, a virtude está no meio do caminho. Embora as críticas de LFM ao “lulismo” sejam pertinentes, ele comprrendeu mal o que de fato foram as “jornadas de junho de 2013”; o mais grave, contudo, é a insistência e persistência no erro. Já Fernando Horta se mostra mais atento às críticas e aos diversos ângulos sob os quais os fatos históricos devem ser analisados e interpretados.

  5. Governo Dilma encontrou, sim, sua posição no novo cenário

    “Presto minha solidariedade ao coronel da PM Reynaldo Simões Rossi, agredido covardemente ontem por um grupo de black blocs em SP” – Dilma Rousseff

     

    Quando manifestantes foram agredidos covardemente pelas PM’s, levaram tiros de borracha, sprays de pimenta, houve solidariedade da Dilma?

    Portanto, seu texto está quase perfeito, não fosse o seguinte trecho:

    “O governo Dilma Rousseff foi incapaz de encontrar sua posição nesse novo cenário. Sua resposta às manifestações foi sempre ziguezagueante”.

    Você retira o que disse?

    Você não é obrigado a fazê-lo, mas seria muito bom se o fizesse, considerando que do rio que tudo arrasta se diz que é violento mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.

     

  6. na minha opinião…

    Na minha opinião a análise é perfeita.

    O MPL em 2013 deixou irresponsavelmente que seu movimento inchasse com a adesão de grupos da alta burguesia, que nada tinham a ver com as reivindicações originais, permitiu que o movimento se tornasse  “apolítico” ou com um grande viés anti-esquerda, inclusive com o ataque de gruposcomo os carecas nazistas a militantes do PT e até mesmo aqueles que apenas ussassem uma camisa vermelha.

    O movimento de junho de 2013 foi sequestrado pela direita e o governo Dilma, se  apercebeu-se ou não disso, não soube contrabalançar buscando estreitar seu relacionamento com os movimentos populares.

    Para ilustrar, nessa época trabalhava bem próximo a Av Paulista e em uma das últimas manifestações fui caminhar para ver a manifestação e encontro, senhores com pullovers Lacoste sobre os ombros, estudante em peso do Colégio Bandeirantes, frequentado pelos filhos da olgarquia paulistana, acompanhados pelos respectivos pais, uma grande festa burquesa por R$0,20…

  7. O único problema…

    …de tentar explicar o fenômeno de junho de 2013 em toda sua potência para os petistas é que essa “explicação” fere de morte a lógica do lulismo.

    Intuitivamente (e com toda razão) os petistas simplesmente recusam qualquer possibilidade de reconhecimento profundo do que tenha acontecido. A única atitude possível passa a ser a de evitação (os debates neste blog oferecem abundante material etnográfico a esse respeito).

    Eu diria até que os petistas são ontologicamente refratários ao exercício de uma outra percepção da política. Fazê-lo não é algo da ordem da compreensão (pois está fora das possibilidades significacionais do que o petismo se tornou); é algo da ordem da conversão.

    Isso me lembra o Rubens César Fernandes comentando o Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande, numa aula de graduação 25 anos atrás: não tem como você sair da lógica oracular e da magia a partir dos instrumentos que ela oferece; é preciso já partir de fora.

    1. Schiel, kd a turma do Fora

      Schiel, kd a turma do Fora Todos da qual vc faz parte. Tenho visto alguns por ai perdendo condições para pesquisa cientifica por causa do sucateamento do campo da ciencia, e vcs apoiaram o golpe de Estado.

      1. Não estou falando?

        O único argumento que resta pra esses caras é a imputação mentirosa e a caricaturização.

        Só lhes resta mesmo demonizar o que seja diferente, porque é incômodo demais.

        É isso o que o PT se tornou. Suspeito que eles vão acabar perdendo o bonde da história.

    2. O problema é vocês entenderem

      O problema é vocês entenderem que iniciaram,foram cúmplices da insanidade,burros voces não são sabiam muito bem o que eram as primaveras mundo afora e repito são cúmplices dessa desgraça toda;peçam desculpas ao país!

      1. E apesar dessa tragédia

        E apesar dessa tragédia Brasileira toda, o Brasil ainda é o país que passou por uma primavera que está melhorzinho… Síria, Líbia, Ucrânia, Egito… Era o que aconteceu nesses países que os “revolucionários” de Junho de 2013 queriam para o país ???

        Nem é o caso de pedir desculpas para o país por que eles jamais admitirão que tudo isso aí começou com ele. Infelizmente, o tal movimento é horizontal, e não tem nem líderes claros para serem enforcados por traição.

         

    3. São muito divertidos

      Esses petistas são muito divertidos.

      Os governos do PT dormiram com a direita por 13 anos; deixaram a Globo se lambuzar; as outras emissoras criminalizando a pobreza; encheram as burras dos capitalistas de isenções, perdões, incentivos etc.; os bancos nunca lucraram tanto; fugiram da auditoria da dívida pública; afrouxaram na Comissão da Verdade; abriram as portas da roubalheira com Copa e Olimpíadas (ou não sabiam que ambos são uma tremenda safadeza?); manietaram os sindicatos; cevaram os capangas do MPF; os do DPF; escolheram personagens esdrúxulos para o STF; destruíram o setor elétrico etc. (já chega); …

      …e põem a culpa no MBL.

      A bronca é a seguinte: antes de as ruas serem tomadas pela direita, os movimentos de 2013 expuseram toda a empulhação do PT. Revelaram a mentira, o engodo, a pseudomelhora em que os petistas acreditavam, do tipo magazine luiza (outra golpista amiga). Seria fácil atender a algumas reinvidicações justa e necessárias. Mas preferiram apoiar ou fazer vistas grossas a uma repressão nunca vista. Se aliaram aos repressores, o que abriu as ruas para a direita.

      Tiveram quase tudo na mão e nada fizeram para se proteger. Incompetentes e covardes.

      E agora, a academia petista pretende reescrever a história! Ainda admitem que o lulismo, tal como o conhecemos, deve retornar (https://jornalggn.com.br/blog/blogfernando/pode-lula-fazer-mais-por-fernando-horta)!!!!

      Para quê? Será que é para isso? “Os recursos obtidos com a venda das reservas deverão ser usados apenas para reduzir o endividamento público e não para fazer investimentos ou gastos correntes, pois senão haverá impacto negativo sobre o resultado primário das contas públicas e piora da dívida líquida, isto é, a diferença entre o aumento da dívida e a diminuição das reservas.” (https://jornalggn.com.br/noticia/capitalismo-de-estado-contra-capitalismo-de-livre-mercado-por-fernando-nogueira-da-costa).

      Voltar para sustentar o rentismo em troca do silêncio propiciado pelas bugigangas da luiza?

      Não adianta: as ruas vão gritar de novo.

      O petismo não as calará!!

      1. Marco, em nenhum momento o PT
        Marco, em nenhum momento o PT teve no Congresso votos para uma ruptura e implementaçao de um programa socialista,tendo que optar pela conciliaçao para consegui os avanços conquistados e vc sabe muito bem que foram muitos: pesquise os numeros, compare

        1. Foram treze anos…

          Parem de chororô!!! Foram TRE-ZE, repito, TRE-ZE, mais uma vez, TRE-ZE anos no poder!!! E não souberam usar a máquina do governo para fazer maiorias firmes??!! É isso?

          Quanta ingenuidade! Então, concluo que não estavam preparados para o poder. São incompetentes? Inapetentes? O que são? Covardes? Pusilânimes? O poder não é só papo. Há que se ter posturas firmes, decididas, soco na mesa. Ou não?

          Não deu, recolhe a tropa. Recuo não é vergonha. Há formas honrosas para isso.

          O “programa socialista” fica por sua conta, porque isso passou looooonge dos governos petistas. Ainda faz parte do programa do partido? Acho que não.

          “Avanços conquistados” a que preço, meu amigo? A que preço? A conta chegou.

          E se retornarem sobre as mesmas bases desses TRE-ZE, repito, TRE-ZE anos, como alguns petistas acadêmicos têm defendido aqui, de covardia e capachice, serão depostos de novo. Não resta a menor dúvida.

          O poder não é para fracos! Parem de lamúrias!!

          1. O poder não é para fracos, portanto, o Temer é forte

            “A pior coisa que pode acontecer com um líder de um partido extremo é ser compelido a governar em uma época em que o movimento ainda não está preparado para a dominação da classe que ele representa e para a realização das medidas que esta dominação implicaria”.  – [Engels, 1850]

          2. Foram treze anos….

            Foram treze anos……de práticas republicanas em um pais em que as Instituições não estão prepadas para o republicanismo e muito menos para a defesa do interesse nacional. Foram 13 anos em que o pais ousou fazer parte do jogo das nações com autodeteminação e respeito. Foram 13 anos em que o povo teve a sensação de que finalmente o pais pertencia a ele povo. Foi um período de avanços em várias áreas: comércio exterior, defesa, engenharia, pesquisa. No entanto temos uma elite avessa ao progresso e a democracia e, para piorar, temos muita gente que repete, como você, o discurso de uma classe dominante perversa, sovina e corrupta. Menos amigo, menos…

          3. Se formos falar de corrupção…

            … entrar na conversa udenista, posso afirmar que nessa o PT, como qualquer partido social-democrata, foi craque. E foi a essa “classe dominante perversa, sovina e corrupta” que vocês se uniram. Foi dessa “classe dominante perversa, sovina e corrupta” quevocês esperaram as benesses. Foi com essa “classe dominante perversa, sovina e corrupta” que vocês pensaram em compartir o butim. Mas essa “classe dominante perversa, sovina e corrupta” tem séculos de estrada, e os atraiu para a arapuca com quinquilharias, algumas moedas.

            Não se cubram de inocência, porque vocês foram tão corruptos quanto essa “classe dominante perversa, sovina e corrupta”.

            Tão ladravazes quanto.

            Mas rato pequeno é fácil de pegar.

            Parem de chororô.

            Preparem-se para o poder ou serão mais uma vez defenestrados, até aparecer o povo de seus sonhos.

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