Presidente da Câmara nos EUA da aval para o texto de acusação contra Trump

Mandatário norte-americano é acusado no Congresso de improbidade, abuso de poder e obstrução da Justiça

Jornal GGN – A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi (democrata), formalizou nesta quinta-feira (5) o pedido para que o Comitê de Justiça da Casa legislativa prepare o artigo de acusação que será usado no julgamento do impeachment do presidente daquele país, Donald Trump.

O mandatário, que é do partido Republicano, é acusado de cometer improbidade, abuso de poder e obstrução de Justiça no Congresso no caso em que teria pressionado o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para investigar as empresas do ex-vice-presidente americano Joe Biden e seu filho, na Ucrânia.

Em troca da investigação contra seu oponente político, Trump teria prometido a Zelensky uma ajuda de 250 milhões de dólares para o setor militar do país, congelados pelo governo norte-americano até então.

O tema foi vazado em setembro, na imprensa norte-americana, a partir de uma troca de conversas entre Trump e Zelensky, sugerindo que o presidente dos EUA estava oferecendo os recursos para o setor militar ucraniano em troca de investigações sobre Biden.

“Nossa democracia está em jogo. O presidente não nos dá outra opção a não ser agir, porque tenta, mais uma vez, corromper a eleição para seu benefício próprio. O presidente praticou abuso de poder, minou nossa segurança nacional e pôs em risco a integridade de nossas eleições”, afirmou Pelosi ao formalizar o pedido da redação.

“Se permitirmos que o presidente esteja acima da lei, o faremos, certamente, colocando em risco a nossa República”, pontuou.

Ontem, quarta-feira (4), durante audiência no Comitê de Justiça da Câmara, três dos quatro juristas constitucionalistas convidados pelo Parlamento americano para avaliar as denúncias contra Trump afirmaram que existem evidências de crimes e, portanto, que justificam o impeachment. O único jurista que não acompanhou os demais foi convidado pelo partido Republicano, de Trump.

Assim como no Brasil, o Congresso norte-americano é dividido entre a Câmara dos Deputados e o Senado. O processo foi aprovado na primeira casa, onde os democratas, partido de oposição ao governo Trump (republicano), têm maioria. Na Câmara Alta, ou seja, no Senado, os republicanos são a maioria e podem impedir a saída de Trump.

Por causa disso, especialistas avaliam que é baixa a possibilidade de impeachment, mas não há dúvidas de que o processo enfraquece Trump politicamente. O republicano está no último ano do mandato e pretende concorrer à reeleição.

As votações dos artigos em torno do processo de impeachment, na Câmara, devem ocorrer de maneira célere, ainda neste mês de dezembro, prevê a direção da Câmara. A fase mais demorada – dos depoimentos de autoridades e do próprio governo, envolvidos no caso – foi concluída. A abertura do processo de impeachment contra Trump aconteceu no dia 24 de setembro.

Para a oposição e a opinião pública, as audiências reforçaram o envolvimento de Trump nas irregularidades. Em uma sessão do dia 14 de novembro, o embaixador interino na Ucrânia, William B. Taylor, que possui 50 anos de serviço público, confirmou a acusação contra Trump.

“Encontrei um canal irregular de política para a Ucrânia”, disse. “Escrevi que seria ‘uma loucura’ reter a assistência de segurança como forma de troca para obter ajuda em uma campanha política doméstica nos Estados Unidos”, completou.

O embaixador da Ucrânia disse ainda que uma pessoa de sua equipe ouviu uma conversa entre Gordon Sondland, um diplomata americano, e Trump, em 26 de julho, onde o presidente norte-americano teria perguntado sobre “as investigações”. Quando desligou a ligação com Trump, Sondland teria dito ao funcionário de Taylor que o presidente “se importava mais com as investigações de Biden” do que com a Ucrânia.

O outro a prestar depoimento na sessão, George Kent, alto funcionário do Departamento de Estado, acusou Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump, de ter realizado uma campanha para “sujar” Marie Yovanovitch, ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, para demiti-la com “acusações falsas”, porque ela havia denunciado a pressão de Trump.

Redação

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