Quem tem medo da participação popular?

Enviado por Sérgio T.

Da Carta Maior

Quem tem medo da participação popular?
 
Quem tem medo da participação popular é quem consegue neutralizar o poder da democracia mediante sua perversão pelo poder do dinheiro, do monopólio da mídia.
 
por Emir Sader
 
A proposta do governo da formação de Comitês de Participação Popular foi seguida por editoriais furibundos da mídia, como se se estivesse atentando contra os fundamentos essenciais da democracia brasileira. Os mesmos editoriais e colunistas que passam todos os dias desqualificando os políticos e a política, o Congresso e os governos, reagem dessa forma quando se busca novas formas de participação da cidadania.
 
O que está em jogo, para eles, é o formalismo da democracia liberal, aquela que reserva para o povo apenas o direito de escolher, a cada dois ou quatro, quem vai governá-los. É uma forma de representação constituída como cheques em branco pelo voto, sem que os votantes tenham nenhum poder de controle sobre os eleitos,  no máximo puni-los nas eleições seguintes. Um fosso enorme se constitui entre governantes e governados, que desgasta aceleradamente os órgãos de representação política. Cada vez menos a sociedade se vê representada nos parlamentos que ela mesma escolheu, com seu voto.

 
Acontece que as formas atuais de representação política colocam, entre os indivíduos, a sociedade realmente existente, e seus representantes, o poder do dinheiro, mediante os financiamentos privados de campanha. Grande parte dos políticos são eleitos já com a missão de representar os interesses dos que financiaram suas campanhas.
 
Criou-se assim um círculo vicioso: processos viciados de eleição de políticos já nascem desmoralizados. A direita adora porque é fácil desgastá-los. E política, governos, Estados fracos, significa mercados fortes, onde reina diretamente o poder do dinheiro.
 
Os Conselhos de Participação Popular são formas de resgatar e fortalecer a democracia e não de enfraquecê-la. Toda forma de consulta popular fortalece a democracia, dá mais consistência às decisões dos governos, permite ao povo se pronunciar não somente através do processo eleitoral, mas mediante seus pronunciamentos sobre medidas concretas dos governos.
 
Quem tem medo da participação popular é quem consegue neutralizar o poder da democracia mediante sua perversão pelo poder do dinheiro, do monopólio privado e manipulador da mídia. Tem medo os que se apropriam dos partidos como máquinas eleitorais e de chantagem política para obtenção de cargos, de favores e de benefícios.
 
O povo não tem nada a temer. Tem que se preocupar que esses Conselhos sejam eleitos da forma mais democrática e pluralista possível. Que consigam a participação daqueles que não encontram formas de se pronunciar pelos métodos tradicionais e desgastados da velha política. Especialmente daquela massa emergente, dos milhões beneficiados pelas políticas sociais do governo, mas que não encontram formas de defendê-las, de lutar por seus interesses, de resistir aos que tentam retorno a um passado de miséria e de frustração.
 
Só tem medo da participação popular quem tem medo do povo, da democracia, das transformações econômicas, sociais e políticas que o Brasil iniciou e que requerem grande mobilizacoes organizadas do povo para poder enfrentar os interesses dos que se veem despojados do seu poder de mandar no Brasil e bloquear a construção da democracia política que necessitamos.
Redação

7 Comentários

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  1. > Toda forma de consulta

    > Toda forma de consulta popular fortalece a democracia (…)

    No caso em questão, apenas se se restringir a consultar sem a obrigação de acatar e desde que essa consulta não fique restrita a alguns grupos escolhidos a dedo em função de uma maior afinidade ideológica com o governo de turno em detrimento de outros que não sejam alinhados ou mesmo lhe façam oposição. E este é, de fato, o receio de muita gente (eu inclusive). Pululam hoje no Brasil grupos de pressão (sem medo de errar, todos de viés esquerdista) cujo discurso pode ser resumido em “ou temos o que queremos ou botamos pra quebrar”. São atores sociais importantes, a despeito dos métodos reprováveis, e têm de ser ouvidos, claro. Só não têm que ser atendidos só porque berram muito, principalmente porque muitas das suas demandas se chocam com os direitos de outros setores da sociedade.

  2. Caro Nassif e demais
    Um

    Caro Nassif e demais

    Um grande número de deputados, senadores, prefeitos, governadores, o PSDB, DEM, PSD enrte outros, se pelam de medo da consulta popular.  

    Os menosd e 1%, então, nems e fala, mas eles estão atrás desse movimento contra a Copa, mas estão ganhando fortuna com ela.

    Saudações

  3. Que texto demagogo…
    Não ha

    Que texto demagogo…

    Não ha medo de particpaçao popular, o medo existe é dos totalitarios de sempre  que adoram falar em participaçao popular e democracia.

    Quando na verdade só querem usurpar o papel do povo junto à democracia, elegendo os ” seus ” como representantes junto ao governo.

    Todo autoritario fala muito em democracia , como todo charlatao fala muito em Deus.

    fazem isso para tentar mostrar possuir algo que desconhecem completamente.

    Para a esquerda a vontade do povo é soberana, porem ” povo ” para ela é que  ELA  defina como tal.

    Esse e o pequeno ” detalhe ” se ela nao lhe considera como povo, entao voce é :

    agente da CIA

    espiao ocidental

    contra revolucionario

    golpista

    E sendo assim pode ser morto, torturado, preso, estuprado , executado

    E tudo isso sera considerado ” danos colaterais ” necessarios para ” PROTEGER O POVO ”  rs

    Sao gente muito democratica esses caras…rs

  4. Comitê de Participação

    Comitê de Participação Popular é uma excelente idéia, trazer   a  sociedade civil e o seu mau-humor com relação aos políticos e deixa um bem mais próximo do outro com certeza causará mais impactos positivos que negativos.  É óbvio que não podemos limitar os membros ou o comando de um Comitê aos forças sindicais e CUT’s assim como é o universo sindicalista,  mas esse é um pequeno detalhe. Basta transparência e honestidade e que venha SIM essa nova forma de relacionamento entre a sociedade e os políticos. 

  5. Enquete

    Sugiro responder à enquete do site do Senado: A Constituição criou o Imposto Sobre Grandes Fortunas, a ser regulamentado. Você é a favor ou contra o projeto (PLS 534/2011) que define como tributável o patrimônio superior a 2,5 milhões de reais?

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