Reverendo Amilton “deve ter tratado remuneração” com Dominghetti, diz Cristiano Carvalho

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"Nós temos pedidos de propina, pedidos de comissionamento e pedidos de doações", concluiu o senador Humberto Costa (PT)

Foto: Agência Senado

Publicado em 15 de julho de 2021

Jornal GGN – No emaranhado de relações envolvendo interesses para tentar vender a vacina da AstraZeneca, por meio da atravessadora norte-americana Davati Medical Supply e seu vendedores no Brasil, o reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), quem abriu as portas do Ministério da Saúde para os vendedores, receberia uma “doação” nas tratativas.

Segundo o depoimento do representante da Davati no país, Cristiano Carvalho, na CPI da Covid, a principal figura do Ministério da Saúde o qual ele fez tratativas para negociar a venda da vacina foi Lauricio Monteiro Cruz, diretor de imunização do Ministério da Saúde. Assim como outros personagens da pasta, esse encontro foi organizado pelo reverendo Amilton. E o reverendo, por sua vez, foi apresentado a ele pelo vendedor de vacinas Luiz Paulo Dominghetti.

Cristiano afirmou que as negociações com o governo de Jair Bolsonaro estavam avançando, chegando a cadastrar a proposta da venda da vacina no site do Ministério da Saúde e que, em sua opinião, “o reverendo Amilton também não tinha ciência de nenhum tipo de propina”, mas que ele “deve ter tratado” com Dominghetti algum tipo de remuneração por articular os encontros.

“Qual é o papel do reverendo?”, perguntou o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Ele foi apresentado pelo [Luiz Paulo] Dominghetti. No primeiro momento, fiquei totalmente incrédulo. O posto de reverendo não é muito comum. Sempre me pareceu uma pessoa de Deus, um fiel de Deus que queria levar a imunização ao Brasil”, disse Cristiano.

“Se ele ganharia algo com isso, ele nunca negociou comigo, mas algum coisa ele deve ter tratado com Domingheti”, continuou o depoente. “Eu acredito, até pelo pouco que conheço o Dominghetti, ele não sabe falar o nome CEO, não consigo acreditar que um cabo da PM de Minas Gerais buscando a sobrevivência da sua familia tenha chegado a altos escalões da República”, continuou.

Em seguida, o senador Humberto Costa (PT) adicionou a informação de que Dominghetti teria oferecido “doação” ao reverendo. “Nós temos pedidos de propina, pedidos de comissionamento e pedidos de doações”, completou o parlamentar.

Cristiano Carvalho informou parecer “descabida” a hipótese de que o CEO da Davati nos Estados Unidos, Herman Cardenas, enviaria alguam doação ao reverendo. “Pelo pouco que consigo imaginar é impossível o Herman Cardenas fazendo doação para uma entidade evangélica, ou qualquer coisa do tipo.”

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Assista ao depoimento da CPI da Covid na TV GGN:

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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