Seria a atuação da Lava Jato kamikaze?, por RR

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Foto: U.S. Navy
 
Por R R
 
Comentário ao post “Xadrez dos abusos no caso Eduardo Guimarães
 
O que eram as empreiteiras senão um dos principais ativos políticos brasileiros? Por meio de financiamento de campanha, as empresas nacionais da construção civil faziam valer seus interesses e lucros junto ao Estado brasileiro. Para isso tinham que se articular com os diversos centros de poder político regionais, estrutura herdada do passado colonial e até hoje em vigor no país. Havia uma relação de mútua dependência, ganho mútuo.
 
Sendo uma operação de indisfarçável caráter político, por que então ela ataca fortemente um setor tão constitutivo da organização política-partidária nacional? Do ponto de vista econômico, a Lava Jato se mostra imperturbável frente ao enfraquecimento de agentes nacionais. Politicamente, os alvos preferenciais de ações jurídicas e policialescas tem sido predominantemente integrantes dos quadros do PT e, menos enfaticamente, do PMDB e demais partidos da base governista. Nomes do PSDB foram atingidos exclusivamente por denúncias em jornais e revistas, preservando-se além do alcance de prisões preventivas ou conduções coercitivas.

 
Não há portanto como negar que o combate à corrupção da Lava Jato é seletivo. Ao buscar a anulação de um grupo político, a operação tem sido insensível aos graves efeitos colaterais provocados em setores econômicos e no sistema político como um todo. Pouco importa se o resultado é o fortalecimento da recessão econômica ou um abalo no modo geral de fazer política no país, levando-se a um descrédito dos partidos tradicionais e da instituição política em geral. O que não deixa de ser contraditório, pelo fato de que a Lava Jato tem lado e é seletiva. Ao escolher um partido, evidencia-se predileção por um entre os vários grupos regionais de poder político. O PSDB também se aproveitou amplamente da promiscuidade entre agente econômico e agente político; em certos momentos, aproveitou-se como ninguém.
 
A operação Carne Fraca mostrou que a insensibilidade pode se estender a outros setores econômicos. Apesar da investigação focar em casos de corrupção dentro do Ministério da Agricultura, ela foi promovida como um escândalo sanitário, envolvendo a qualidade dos produtos e a reputação de toda a indústria. Atribuir essa má promoção a um erro particular ou a um rompante de egos ignora que o modo de fazer política no país se formou sobre o agronegócio e ainda em boa parte se reproduz em função dele. Colocar o setor na berlinda é confrontar fortes interesses econômicos historicamente interligados à política.
 
Cabe dessa forma perguntar: seria a atuação da Lava Jato kamikaze? Por um lado ela escolhe lado e favorece um partido político, por outro lado ela destrói agentes econômicos com presença até então atuante na vida política nacional. Teria o PSDB a mesma facilidade para obter financiamento junto a empreiteiras e frigoríficos após os últimos acontecimentos? Quem o financiaria na próxima campanha presidencial?
 
Mas aqui se nota a vantagem geográfica. Com cerca de 34% do PIB e 20% da população, o estado paulistano concentra a indústria e o sistema financeiro nacionais. Que outros grupos políticos poderiam se beneficiar de relações com bancos e firmas financeiras, com multinacionais, com a sede da mídia e da indústria cultural tupiniquim, com indústrias e empreiteiras, com o maior dentre os orçamentos estaduais? Cabe ao estado de São Paulo, consequentemente, um papel de liderança entre todas as demais regiões do país, inclusive e crucialmente no atraso do desenvolvimento brasileiro.
 
Desarticulação do setor de óleo e gás e da indústria da defesa
 
Além do setor da construção civil pesada, a Lava Jato tem causado profundas consequências no setor de óleo e gás brasileiro. Quanto aos agentes econômicos, promove a substituição da Petrobras por outros competidores estrangeiros. Deve-se notar que o controle da Petrobras mudou de mãos no momento em que o Pré-Sal se revelava a principal fronteira petrolífera do século XXI. Simultaneamente, tanto a credibilidade da empresa quanto a da própria reserva energética foi minada junto à opinião pública nacional. A operação serviu de justificativa para uma revisão da contabilidade da empresa e para o discurso do desinvestimento, na prática se tratando do desmonte dos ativos existentes e da própria empresa.
 
Vale ressaltar que a nova administração da Petrobras, sob o comando de Pedro Parente, tem até deliberadamente usado de fraude na venda de ativos, como evidenciado no caso da ‘aquisição’ por uma empresa australiana de áreas do Pré-Sal. A existência de negociações fraudulentas soaria frontalmente oposto ao espírito de combate à corrupção da Lava Jato, se de fato houvesse genuinamente um tal espírito. Muito pelo contrário, há na verdade uma complementação entre Lava Jato e a administração Parente, cujo objetivo final é desarticular a capacidade exploratória da Petrobrás, provavelmente antes das eleições de 2018, e com isso o controle brasileiro, do ponto de vista técnico, da exploração do Pré-Sal.
 
As ações dos operadores da Lava Jato/administração Parente não se restringem à Petrobrás. Elas também atingiram em cheio a toda a cadeia de óleo e gás nacional, como estaleiros e indústrias. Procura-se, por um lado, criar dependência técnica e econômica de agentes internacionais, enquanto se abre aos mesmos espaços de atuação na esfera nacional, inclusive em termos de participação de mercado. Vale lembrar que uma das táticas dos grandes importadores de energia – EUA e Europa – é contrabalançar o déficit no comércio com exportadores de petróleo via artigos de alto valor agregado, usualmente equipamento militar. Como no caso brasileiro faltam inimigos – ao menos por enquanto, a tática pode se concretizar via equipamentos, como plataformas.
 
E uma vez que junto com a descoberta do Pré-Sal foi erguido um projeto de fomento da indústria de defesa nacional, decidiram botar as barbas de molho e não dar sorte ao azar. Assim a Lava Jato colocou em suspeição todas as iniciativas da área, desde a compra dos caças suecos, passando pelas tecnologias nucleares, até chegar à Embraer. Esta se encontra sob supervisão direta de um interventor estrangeiro, outra demonstração da absoluta falta de soberania do país.
 
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Redação

12 Comentários

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  1. Enquanto são postas estas

    Enquanto são postas estas questões “acadêmicas”, o desmonte corre solto.

    É evidente que estes ativistas da lava jato têm uma “tioria” na cabeça: e a prova é que os bancos sempre despejaram dinheiro em campannhas mas nem por isso foram incomodados em nada.

    E na hora que acharem que está de bom tamanho, o complexo midia, bancos e concurseiros acaba logo com a brincadeira, apaga o fogo e limpa a churrasqueira.

    É óbvio que acreditam – ideologia é pra essas coisas – estar promovendo algum tipo de “modernização” das instituições passando o rodo em tudo que se associou ao lulopetismo. Incluindo aí o setor exportador, que esteve, mesmo a contragosto, constante em todas as análises acerca da bonança dos governos Lula e Dilma. O fato de o delegado da operação carne fraca ser um total obtuso, pra dizer o mínimo, não invalida em nada esta constatação, pelo contrário.

    1. Enquanto isso

      Será que Aécio vai ser punido?

      Quando será que o Lula será preso?

       A CUT  promove hoje um debate sobre reformas…….

      Abuso de autoridades…

      Será que vai ter greve?

      E enquanto isso estão entregando o Brasil.  

      Pré-sal, Petrobrás, terras, Centrais Elétricas,  Amazônia junto com aquela riqueza de valor incalculável, água…..

      O que vai sobrar desse País?

      É ROUBO !

      Um assalto à mão desarmada (sic)

      É uma GUERRA e estão levando tudo.

      E enquanto isso, e enquanto isso

  2. Tem fila pra pedir pra

    Tem fila pra pedir pra LavaBunda se kamikazar mais rapidinho?  Me contem como o primeiro na fila:

    OOOOOH PUTADA, DA PRA SE KAMIKAZAR MAIS RAPIDINHO???

  3. seria…..

    Kamikaze também é esta tentativa da esquerda, da Gestapo Ideológica tupiniquim em tentar diminuir as conclusões da Lava Jato que estão surgindo. Até as pedras sabem o tamanho da corrupção e da ditadura no Brasil. Em qualquer municipio, desde os menores no interior até as periferias das capitais. Dória há alguns dias querendo terceirizar poda de árvores. Isto mostra o tamanho do cabresto nacional. O prefeito de uma cidade como São Paulo preocupado com poda de árvore?! Deveraim todos estarem cobrando a transformação naional. E não empurrando sujeira para debaixo do tapete. Não existe mais tapete para tanto. Quanto à destruição da indústria nacional? É verdadeiro e gritante. O que está por trás é volta das Privatarias e mediocridades tucanas. Eleições livres, diretas, soberanas e facultativas. E a Justiça dando respostas céleres como na exceção de Lava Jato. Por que a exceção apenas neste caso? Acordemos, Brasil.   

  4. Quem julga os julgadores?
    Enquanto destroem a Democracia, o Estado de Direito e a Economia do país, juiz e procuradores dá Lava Jato ajem como se a sociedade lhes houvesse outorgado a presunção da inocência e da ética.

    Fatos sobre fatos evidenciam o cinismo, a hipocrisia, a incompetência e a corrupção desses agentes públicos.

    O vazamento da delação​ de Marcelo Odebrecht ao site Antagonista, hoje, em tempo real, poucos dias após o discurso do juíz em Harvard, pregando o oposto, atesta sua desonestidade.

  5. Seria a atuação da Lava Jato kamikaze?

    Um kamikaze se mata, aqui outros morrem: crescimento econômico, desenvolvimento social, empregos, salários, etc… Ideologicamente existe afinidade entre os togados e os tucanos, mas eles não dependem do poder político, hoje são o poder de fato. A prostituinte de 1988 entregou o Brasil à sanha dos bacharéis.

  6. Acho que não são Kamikazes

    Os Kamikazes estavam do outro lado da guerra, e consideravam que se imolavam por algo maior. Estes destroem nossas Instituições Públicas e também as Privadas, Destroem o país,  e parecem mais pilotos do  Enola Gay comandados por outros.

  7. A lava jato tem dono;forças poderosas. Br por conta!

    Uê…. Sim, o Br está sendo atacado violentamente… A resposta para a nossa destruição tem nome e endreço e está sendo desmontado por procuração.. É só pensar um pouquinho que as coisas clareiam. O Br é a Grécia da vez!! Parece óbvio que as forças que estão atuando no Brasil, nos bastidores, agem é para se apropriar dele e engolir tudo o que dê lucro$$$$ [um país rico em riquezas naturais – minérios, nióbio, ferro, urânio, etc, terras raras, pedras preciosas, Petróleo, água, empresas lucrativas públicas e privadas, agrocegócio em todos os setores-grãos, boi, ave, suíno etc,populaçao imen$a].

    Essas forças, uma elite empresarial internacional que atua em diversos setores, não falam nossa lingua, não estão nem aí com quem quer que seja, não são eleitas e nem tem seus nomes conhecidos. mas estão acostumadas a golpes de Estado através de ente político que se presta a revoluções coloridas, ataques de falsa bandeira, intervenções millitares em nome da garantia de direitos civis e democráticos.. financiando ongs, mídia, movimentos populares fabricados , parlamentares corruptos, autoridades publicas de instituições do Estado, lideranças diversas e por aí vai… Promovem o caos por onde passam com o objetido de se apropriar das riquezas do  país e explorar o seu povo. Está tudo dominado aqui… Preste atenção na atuação das autoridades públicas brasileiras! Óbvio que venderam o país e o povo de uma só vez, sem nehum remorso ou vergonha. O brasileiro, não demora muito, será estrangeiro dentro do próprio país, e pior –  vai ser o protagonista de uma jaboticaba: a de ter o status de refugiado dentro do próprio país de nascimento!  Quem sabe um dia a ficha cai e o povo compreenda que foi massa de manobra para produzir a sua própria desgraça?? Se bem que tem gente, que de uma forma forjada e incompreensível, adora a própria escravidão, mas ái a história é longa.. 

  8. Kamikase não, mas orquestrada é o que parece

    Parece haver em curso uma investigação parcial com objetivos claros, corte ideologico e submissão a interesses externos, revogação das liberdades individuais com objetivo de eliminar dissidencia, ataque direto a alvos estrategicos como defesa e setores produtivos, dobrando a lei para enquadrar inimigos enquanto simplesmente despreza o mar de provas que incriminam os aliados, agem no sentido de revogar a soberania nacional oferecendo provas sob sigilo de justiça para governos estrangeiros processarem empresas nacionais estrategicas no exterior inclusive colocando interventores em territorio nacional dentro das empresas.

    Para legitimar ações constroem narrativas ao longo do processo por meio de de vazamentos seletivos somente de um lado, sempre no momento apropriado e sempre para meios de comunicação aliados, o que sugere coordenação e monitoramento constante. Impressiomante aparato de vigilancia parece estar sendo largamente utilizado nas interceptações seguidas de vazamentos em intervalos de horas e mais recentemente em vazamento em tempo real de depoimentos sob sigilo.

    Ainda não se sabe de onde vem a coordenação se interna ou externa mas certamente não atende interesse nacional orquestrar depreciação violenta de ativos nacionais inclusive terras para vende-los ao mercado externo e usar bancada cooptada no congresso para introduzir na constituição ajuste fiscal de 20 anos sem limitação para juros e impedir que governos futuros retomem investimentos destruindo os mecanismos de financiamento de longo prazo enquanto de maneira sincronizada promovem contra-reformas retirando todas as garantias dos trabalhadores num dos maiores regimes concentradores de renda ja vistos.

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