Serra diz “sentir clima de virada”

Da Folha

Abatido, Serra fala em ‘clima de virada’

DE SÃO PAULO

No último dia de campanha, José Serra (PSDB) percorreu ontem cerca de 120 km na zona norte de São Paulo. Iniciou o trajeto no início da tarde, debaixo de sol forte, e concluiu a maratona sob chuva pesada, às 19h.

No fim do dia, já abatido pelo cansaço e o resultado das pesquisas que apontam a vitória de Fernando Haddad (PT), despediu-se dizendo que estava “sentindo um clima grande de virada” e que sentiria falta da campanha.

Serra iniciou sua maratona num ato com mulheres, acompanhado do governador Geraldo Alckmin, por volta das 12h. Depois, partiu para a periferia da zona norte, na Parada de Taipas. O tucano, que durante toda a campanha enfrentou uma rejeição alta, cumprimentou eleitores e tirou fotos. Mas também ouviu críticas pesadas.

“Você só trabalha para os ricos”, bradou Adriana Aparecida da Silva, de 36 anos, desempregada, com o dedo em riste. “Você tem o direito de votar em quem quiser”, respondeu Serra.

A tensão foi aliviada menos de 30 metros depois. Ao entrar num restaurante, Serra foi abordado por uma cozinheira. De uniforme, ela abraçou e beijou o tucano. Chorou no ombro dele. “O senhor tem caráter, tem honra. E vai ter sempre o meu voto”, afirmou Cleonice Alves de Oliveira, 30.

De Taipas, seguiu para o Expocenter Norte. Encontrou o prefeito Gilberto Kassab (PSD). Com os rumores sobre os resultados das últimas pesquisas, os aliados já demonstravam abatimento. Incitado a fazer um balanço da campanha, Kassab negou. “Deixa para amanhã.”

Serra, no entanto, fez o possível para não externar desânimo. Concluiu o passeio dizendo que pediria votos “até o último instante”. “De hoje para amanhã, ainda tem muita gente que vai tomar a decisão”, afirmou.

Na última coletiva, evitou polêmicas. O jornal “O Estado de S. Paulo” informou que a campanha de Serra usou um cadastro de eleitores da prefeitura para pedir votos por telefone. A administração municipal e a campanha negaram o episódio.

Do ExpoCenter Norte, partiu para Brasilândia. Fez uma caminhada pelo comércio. Em alguns momentos, tropeçou. “Eu estou com muita fome. Mas como um sanduíche no carro e o ânimo volta.”

Num gesto de esforço, atendeu ao pedido de um motorista de ônibus e entrou no veículo para cumprimentá-lo. “A gente não pode deixar o PT ganhar aqui”, disse o homem. “Deus te ouça”, rebateu Serra, em tom baixo.

De lá, partiu para a Freguesia do Ó. Já escurecia, a chuva apertou e Serra se refugiou em um supermercado. Aproveitou para saudar clientes e caixas. Estava já embaixo do guarda-chuva quando pediu para falar novamente. “Chego amanhã muito otimista.”(DANIELA LIMA E PAULO GAMA)

Luis Nassif

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