Sindicato de caminhoneiros critica bloqueio de rodovias

Do R7

Protesto que bloqueou rodovias no País só serve a empresários, diz sindicato de caminhoneiros 

Organizador de manifestações quer isenção de pedágio e óleo diesel subsidiado

Os recentes protestos de caminhoneiros que chegaram a fechar mais de 40 trechos de rodovias federais em dez Estados brasileiros, desde a última segunda-feira, têm uma pauta voltada a alguns empresários, de acordo com José Araújo da Silva, presidente da Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), que representa 2 milhões de motoristas de caminhão em todo o País. O organizador das manifestações é o empresário Nélio Botelho, presidente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro). Dentre as principais reivindicações de Botelho, está a isenção do pedágio para caminhões e o subsídio do óleo diesel.

Desde o primeiro dia de manifestações, a reportagem do R7 tem procurado o empresário Nélio Botelho e o MUBC para esclarecer detalhes das reivindicações do movimento. No entanto, a entidade não respondeu a qualquer pedido de entrevista até a publicação desta matéria. Silva diz a pauta dos protestos em nada ajuda o caminhoneiro. Ele também acrescentou que Botelho seria contrário ao novo modelo de pagamento dos fretes, feito por depósito em conta corrente desde 2007, por determinação da Lei 11.442 de 2007, o que fez com que muitos motoristas saíssem da informalidade.

 — Eles [MUBC] querem o contrário de tudo o que conquistamos com diálogo com as autoridades até agora. Querem reduzir o tempo de descanso dos caminhoneiros para apenas seis horas por dia. Se isso acontecer, vai ser uma tragédia. O número de acidentes em todo o Brasil vai aumentar absurdamente.

Para a Unicam, os protestos tiveram baixa adesão pelo fato de outras entidades que representam os caminhoneiros também não apoiarem as causas reivindicadas pelo MUBC.

— Digamos que 400 caminhões parem 20 estradas no Brasil todo. Não é quase nada, perto dos 2 milhões de caminhoneiros que existem. O restante do País está rodando. Não pararam nada.

A Lei 10.209 de 2001 determina que o pagamento da taxa de pedágio deve ser de responsabilidade do “proprietário originário da carga, contratante do serviço de transporte rodoviário de carga”. Ou seja, mesmo autônomo, o caminhoneiro não desembolsa o valor do pedágio. A lei ainda acrescenta que o pedágio “não integra o valor do frete e não será considerado receita operacional”.

Outra queixa do movimento comandado por Botelho é referente ao subsídio do óleo diesel – combustível usado pelos caminhões. Na terça-feira (2), o ministro dos Transportes, César Borges, rebateu a reclamação.

— Há reivindicações do MUBC para subsídio ao óleo diesel. É um combustível que todos sabem que é subsidiado no Brasil para baratear o transporte das cargas, já que o modal rodoviário é o principal para o transporte das cargas brasileiras. Então não há como fazer outro subsídio para transporte de cargas, uma vez que o óleo diesel serve a vários setores, e não seria possível controlar o que iria para o transporte de cargas ou não. E o subsídio já é dado, numa compensação com os diversos combustíveis brasileiros.

Silva questiona os interesses do atual protesto e diz que há um “oportunismo” do MUBC.

 — Ele [Nélio Botelho] não representa mais nenhum caminhoneiro autônomo. É um homem que tem uma frota de mil caminhões. Ele só representa um pequeno grupo de empresários, ligados ao agronegócio. A Unicam representa 2 milhões de caminhoneiros e defende o movimento social. O que não defende são pessoas mascaradas que querem tratar as rodovias com interesses próprios.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador