Sobretaxa de aço nos EUA pode prejudicar Brasil

Indústria brasileira teme perder espaço não só no país norte-americano com aumento de 25% e 10% sobre aço e alumínio exportados 
 
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(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
 
Agência Brasil
 
Após decisão dos EUA de sobretaxar aço, indústria brasileira teme perder mercado
 
Por Pedro Rafael Vilela
 
Com a decisão dos Estados Unidos de sobretaxar as exportações de aço e alumínio em 25% e 10%, respectivamente, a indústria brasileira teme perder espaço não só no país norte-americano, mas também no próprio mercado interno. Representantes das principais indústrias siderúrgicas, ouvidos pela Agência Brasil, avaliam que os demais países afetados pela medida buscarão destinar suas vendas a outros consumidores, o que resultará numa forte pressão comercial sobre as empresas que produzem e empregam no Brasil.
 
“São dois problemas a partir dessa decisão. O primeiro é perder o principal mercado de exportação [EUA], e o segundo é que aquele aço russo, coreano, japonês, chinês que vai buscar outros mercados, e a indústria local será alvo [de concorrência]”, avalia Alexandre Lyra, presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, que reúne as principais empresas do setor.
 
Ao todo, 32% do aço exportado pela indústria brasileira tem como destino os Estados Unidos. Com isso, o país figura como o segundo maior exportador para o mercado norte-americano, com 4,7 milhões de toneladas embarcadas em 2017. Só perde para o Canadá, que exportou 5,8 milhões de toneladas ano passado.
 
Entre os 10 os maiores exportadores de aço para os EUA, além de Brasil e Canadá, estão outros parceiros tradicionais do país, como Coreia do Sul (3º), México (4º), Japão (7º) e Alemanha (8º). Países como Rússia (5º) e Turquia (6º) também figuram na lista dos principais exportadores do produto. A China, apesar de ser apenas a 11ª exportadora de aço para os EUA, reponde por 50% da produção mundial e tem uma capacidade instalada ainda maior, de mais de 400 milhões de toneladas, o que poderia inundar os mercados de todos os países com o produto.
 
No caso do alumínio, a decisão dos EUA de sobretaxar o produto em 10% pode frustrar a expectativa da indústria brasileira do crescimento previsto para este ano, após três anos de quedas sucessivas nas vendas para o mercado interno (entre 2015 e 2017). “A gente estava prevendo um crescimento de 5% no mercado doméstico este ano, agora vamos ter que rever isso em função da decisão do governo Trump”, lamenta Milton Rego, presidente executivo da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), que representa as empresas do setor.
 
O presidente da Abal teme exatamente o efeito que a sobretaxa na exportação de alumínio deve ter no deslocamento do mercado doméstico pela indústria de outros países. “A primeira coisa que tem que ser feita é monitorar o que pode acontecer com nossas importações. A indústria brasileira compete bem com os EUA e a Europa. Com a China, é mais complicado, estamos falando de subsídio cruzado, uma realidade completamente diferente”, observa.
 
A indústria do aço também deve rever o crescimento de 4% nas vendas que estava previsto para este ano no mercado doméstico. “Essa reviravolta [sobretaxação do aço pelos EUA] vai abrir um flanco para a nossa importação em termos de concorrência com outros países e vamos ter que ver como nos proteger”, afirma Alexandre Lyra, do Instituto Aço Brasil.
 
Reações
 
Anunciada na quinta-feira (1º) pelo presidente norte-americano Donald Trump, a sobretaxa para as importações de aço e alumínio pelo país deve começar a valer na próxima semana, com a edição de um decreto. Em resposta, o governo brasileiro afirmou que ainda espera chegar a um acordo com os EUA para evitar que o país seja incluído na aplicação das tarifas. Caso isso não seja possível, o Brasil deve questionar a elevação das tarifas em foros globais. “O governo brasileiro não descarta eventuais ações complementares, no âmbito multilateral e bilateral, para preservar seus interesses nesse caso concreto”, informou, em nota, o Ministério do Desenvolvimento, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
 
O principal argumento do governo brasileiro e da indústria é que 80% da exportação de aço do país para os EUA é do produto semiacabado, que chega lá para ser reprocessado pelas indústrias do país e se tornar matéria-prima para o setor automobilístico, militar, de petróleo. “O aço brasileiro não destrói emprego nos EUA e ainda complementa a cadeia produtiva deles”, explica Alexandre Lyra.
 
A redução das exportações brasileiras de aço pode causar um efeito colateral para indústria de carvão mineral dos EUA. Isso porque o Brasil importa mais de US$ 1 bilhão por ano de carvão norte-americano, que serve de base justamente para a obtenção do aço produzido nacionalmente.
 
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão norte-americana de impor sobretaxas ao aço e alumínio é “injustificada, ilegal e prejudica o Brasil”. “Se adotadas, as medidas vão afetar US$ 3 bilhões em exportações brasileiras de ferro e aço e US$ 144 milhões em exportações de alumínio. Isso equivale a uma massa salarial de quase R$ 350 milhões e impostos da ordem de R$ 200 milhões”, ressaltou a entidade, em nota.
 
As indústrias de aço e alumínio empregam mais de 200 mil trabalhadores no país. Em nota, as principais centrais sindicais do país manifestaram repúdio à decisão e afirmam que farão atos e manifestações em diversos locais. “O anúncio da medida causa enorme preocupação de que, se a taxação for confirmada, as exportações brasileiras de aço e alumínio serão afetadas, com diminuição da produção e, consequentemente, dos empregos no Brasil. A intenção é preservar milhares de empregos que serão perdidos na cadeia produtiva do setor e a cota de exportação”, diz um trecho da nota.
 
Edição: Talita Cavalcante
Redação

10 Comentários

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  1. Com o Tio Sam, é taca no lombo….

    Olá Donald Trump Pato, envie mais presentes de grego para Pindorama: mais tanques, mais taxação sobre o aço: logo logo os manifestoches vão estar sem graça por não terem grana pra comprar barbeador: um par da marca Prestobarba já custa 5 reais….depois da taxação do aço deve ir a 10 reais….ai me lembro que li dias atrás sobre imperialismos: que a diferença entre o imperialismo chinês e o americano, é que com este, o pais colonizado fica cada vez mais pobre e o chinês permite um certo enriquecimento do pais colonizado, vide a rota do desenvolvimento, vide BRICS….

    Com o Tio Sam, é taca no lombo….

    Ah sim, achei o link sobre a diferença entre os imperialismos chinês e americano O Fórum China-Celac abraça a iniciativa chinesa Um Cinturão, Uma Rota: Fará os EUA?
     https://jornalggn.com.br/blog/rogerio-mattos/o-forum-china-celac-abraca-a-iniciativa-chinesa-um-cinturao-uma-rota-fara-os-eua 

  2. Enquanto isso os neoliberais

    Enquanto isso os neoliberais brasileiros repudiam completamente o conceito de CONTEUDO NACIONAL na exploração do pre-sal. O polo de construção naval de Rio Grande perdeu 21 mil empregos porque todas as encomendas de 8 sondas para a Petrobras,, inclusive algumas semi-prontas, foram CANCELADAS e as encomendas transferidas para a China, porque politica protecionista é pecado desenvolvimentista que os neoliberais detestam alem do que os estaleiros nacionais foram carimbados pela Lava Jato.

    Agora porque não vão conservar com o Trum e convence-lo de que protefer a industria nacional é coisa de pais ATRASADO, não é mesmo? O Estaleiro Atlantico Sul, que empregava 6 mil pessoas em Pernambuco, estado carente de empregos,  tambem fechou, m homenagem à Lava Jato, para os neoliberais o Brasil deve só exportar minerio de ferro e soja, industria é para os chineses, que penhoradamente agradecem, é um Pais onde a moral impera, eles nunca pagaram comissão a clientes.

     

    1. Caro André, devido o teu bom trânsito entre algumas “elites”….

      Caro André, devido o teu bom trânsito entre algumas “elites” brasileiras, seria importante verificar quantos ainda apoiam a “pinguela para o passado”, ou eles ainda pensam que reduzindo o custo trabalhista a praticamente zero ainda se tornarão competitivos.

  3. O pato amarelo
    O Pato Amarelo sabe como solucionar isto! É só ir atrás do Pato Amarelo! QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ QUÁ

    1. O pato não está mais fazendo qua-qua-quá, pois o cabo da …….

      O pato não está mais fazendo qua-qua-quá, pois o cabo da panela já está saindo da mão e sendo colocado em outro lugar!

  4. Exelente hora para o setor
    Exelente hora para o setor privado “dar seus pulos” e mostrar sua competência, não esperar do governo (setor público) ir pedir bênçãos de joelho.
    Brasil também tem um mercado interno no setor do aço marcado por abandono tendo produtos manufatorados sendo importados, uma vez que deixaram de se produzir no mercado interno. A rede ferroviária mesmo é uma das; temos taxação para consumo interno e insentivos vergonhosos para importações que não nos favorecem por se tratar de produtos de base, sem qualquer valor agregado, o próprio texto o diz, ou seja, não investimos em tecnologia, ao contrário, compramos genunflexos, deixando de potencializar nossas indústrias e comércio.
    Por último, somos tomados de assalto por políticos que nos fazem o desfavor de piorar a situação, causando desinvestimentos em tecnologias, entregando reservas naturais à indústria estrangeira muitas das quais com massivo capital público de seus países para explorar com mão de obra barata setores também como os energéticos; liberam a exploração do mercado sem qualquer fortalecimento da indústria nacional, que também não apresentam ligação nenhuma com seu povo, ao contrário do que notamos em países potencialmente industrializados como os da europa após as crises durante o processo de globalização.
    Veja bem, indústrias com dinheiro público estão atuando no pré-sal e quando temos a iniciativa de investir no exterior com o BNDES, os “liberais do país” taxam o propósito de corrupção e projeto de governo.
    Brasil não saiu de onde está, ainda vivemos o período escravagista e de capitanias pelo simples fato, como atesta nobre autor, da elite do atraso.

  5. Não pense em crise, trabalhe!
    Exelente hora para o setor privado “dar seus pulos” e mostrar sua competência, não esperar do governo (setor público) ir pedir bênçãos de joelho.
    Brasil também tem um mercado interno no setor do aço marcado por abandono tendo produtos manufatorados sendo importados, uma vez que deixaram de se produzir no mercado interno. A rede ferroviária mesmo é uma das; temos taxação para consumo interno e insentivos vergonhosos para importações que não nos favorecem por se tratar de produtos de base, sem qualquer valor agregado, o próprio texto o diz, ou seja, não investimos em tecnologia, ao contrário, compramos genunflexos, deixando de potencializar nossas indústrias e comércio.
    Por último, somos tomados de assalto por políticos que nos fazem o desfavor de piorar a situação, causando desinvestimentos em tecnologias, entregando reservas naturais à indústria estrangeira muitas das quais com massivo capital público de seus países para explorar com mão de obra barata setores também como os energéticos; liberam a exploração do mercado sem qualquer fortalecimento da indústria nacional, que também não apresentam ligação nenhuma com seu povo, ao contrário do que notamos em países potencialmente industrializados como os da europa após as crises durante o processo de globalização.
    Veja bem, indústrias com dinheiro público estão atuando no pré-sal e quando temos a iniciativa de investir no exterior com o BNDES, os “liberais do país” taxam o propósito de corrupção e projeto de governo.
    Brasil não saiu de onde está, ainda vivemos o período escravagista e de capitanias pelo simples fato, como atesta nobre autor, da elite do atraso.

  6. Não pense em crise, trabalhe!
    Exelente hora para o setor privado “dar seus pulos” e mostrar sua competência, não esperar do governo (setor público) ir pedir bênçãos de joelho.
    Brasil também tem um mercado interno no setor do aço marcado por abandono tendo produtos manufatorados sendo importados, uma vez que deixaram de se produzir no mercado interno. A rede ferroviária mesmo é uma das; temos taxação para consumo interno e insentivos vergonhosos para importações que não nos favorecem por se tratar de produtos de base, sem qualquer valor agregado, o próprio texto o diz, ou seja, não investimos em tecnologia, ao contrário, compramos genunflexos, deixando de potencializar nossas indústrias e comércio.
    Por último, somos tomados de assalto por políticos que nos fazem o desfavor de piorar a situação, causando desinvestimentos em tecnologias, entregando reservas naturais à indústria estrangeira muitas das quais com massivo capital público de seus países para explorar com mão de obra barata setores também como os energéticos; liberam a exploração do mercado sem qualquer fortalecimento da indústria nacional, que também não apresentam ligação nenhuma com seu povo, ao contrário do que notamos em países potencialmente industrializados como os da europa após as crises durante o processo de globalização.
    Veja bem, indústrias com dinheiro público estão atuando no pré-sal e quando temos a iniciativa de investir no exterior com o BNDES, os “liberais do país” taxam o propósito de corrupção e projeto de governo.
    Brasil não saiu de onde está, ainda vivemos o período escravagista e de capitanias pelo simples fato, como atesta nobre autor, da elite do atraso.

  7. Pois é,

    Parece que está faltando política externa soberana. Nem isto, está faltando quem represente os interesses do país. Atualmente só existem conluios  para tentar alongar a permanencia do bando no poder ao custo de diferentes interesses nacionais.

    Depois de abrir as jazidas de petróleo a tio Donald e permitir que petróleo fosse precificado em dólar(o lastro do dólar é a reserva de petróleo dos outros) aquele ingrato fechou a porta na cara do setor industrial, logo o setor siderúrgico, privatizado, portanto eficiente

    A CNI já esteve mais indignada com as intoleráveis pedaladas fiscais. É o caso de usar dinheiro do sistema S para uma  campanha publicitária lá nos EUA pedindo, melhor, exigindo a volta ao tradicionais livres mercados. Dica: chamem o Trump de POPULISTA, aí ninguém resiste, ele vai voltar atrás.

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