Temer tem 11% de aprovação como vice-presidente, por José Roberto de Toledo

Do Estadão

A volta do bumerangue
 
José Roberto de Toledo
 
Se é difícil para Dilma Rousseff ir até 2018 “com 7% ou 8% de popularidade”, tampouco seria fácil para o autor da frase concluir o mandato que por acaso venha a herdar só com 11%. Essa é a parcela da população que acha Michel Temer ótimo ou bom como vice-presidente, segundo pesquisa inédita do Ibope divulgada com exclusividade. Temer e Dilma estão tecnicamente empatados em desaprovação. Na última pesquisa Ibope divulgada, em junho, ela tinha 9%, com margem de erro de dois pontos porcentuais.
 
A dificuldade de a presidente terminar no prazo legal o mandato para o qual foi eleita foi ressaltada pelo próprio vice há 20 dias, durante entrevista à coordenadora de um dos muitos movimentos de classe média alta paulistanos que defendem o impeachment de Dilma: “Se continuar assim, vou dizer a você, com 7%, 8% de popularidade, fica difícil passar três anos e meio”.

 
Como qualquer um imaginaria, o desarranjo verbal percutiu como uma granada – até porque não foi o primeiro. Desde então, Temer afastou­se para longe dos holofotes brasilienses. Bem longe. Foi em missão oficial à Rússia, onde posou para foto negociando com o vice-primeiro­ministro. Vice com vice, subentendia­-se da legenda. Mas Temer não foi para seu Gulag sem antes conversar separadamente com dois eternos presidenciáveis do PSDB. Não falaram sobre impeachment, garantem os três. “Da, konechno.”
 
Temer passou a ser a nota em comum entre os sempre dissonantes caciques tucanos desde que eles avaliaram que o PSDB não deveria assumir publicamente a vanguarda do impeachment. Para não dar de mão beijada a Dilma o discurso de que ela é vítima de golpe – e, de quebra, deixar com o PMDB o desgaste da estabilização. Como raramente fazem, Aécio Neves, Fernando Henrique, José Serra e até Geraldo Alckmin concordaram que é melhor o PMDB comandar o processo, segundo revelou a repórter Daniela Lima, no sábado.
 
Não chega a ser uma conclusão original. Até o Planalto sabe que sem o PMDB o impeachment não alcançará os 342 votos necessários na Câmara dos Deputados. Mais importante, sem o aval do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB), o pedido para sacar Dilma nem sequer entraria na pauta de votação. Daí que Cunha e o PMDB estão sendo cortejados simultaneamente pelo PSDB e por Lula da Silva para fazer o oposto. Mesmo que tudo venha a ser acertado por cima, faltou combinar por baixo. Qual a opinião pública sobre os chefes do PMDB? A questão é pertinente e oportuna. Afinal, eles comandariam o processo de impeachment e assumiriam a frente do governo – com os tucanos atrás – caso Dilma entregue a faixa mais cedo.
 
Entre 12 e 16 de setembro, o Ibope perguntou: “Pelo que sabe ou ouve falar, como avalia a atuação do Michel Temer, vice-­presidente da República? É ótima, boa, regular, ruim ou péssima?”. Só 2% ficaram com a primeira opção; 9%, com a segunda; 29%, com a terceira; 14%, com a quarta; 26% com a última. Isto é: 11% de ótima/boa contra 40% de ruim/péssima e 29% de regular. Os outros 21% não responderam. Não têm ideia de quem seja Temer nem do que é capaz. É nesses que ele pode ter alguma esperança. Na maioria que tem ideia, o vice é como a presidente, quase uma unanimidade. A popularidade de Temer varia de 7% no Sul a 12% no Nordeste; de 10% entre os mais pobres a 11% entre os mais ricos. Popularidade é bumerangue: vai longe, mas volta na orelha.
 
E os presidentes da Câmara e do Senado, que ocupam o terceiro e o quarto lugares na linha sucessória de Dilma? Como são avaliados? Do mesmo jeito que a primeira e o segundo da linha: Cunha tem 11% de ótimo/bom e 35% de ruim/péssimo; Renan Calheiros, 8% de ótimo/bom e 40% de ruim/péssimo. São ilustres desconhecidos para 26% e 25% da população, respectivamente.
 
O pós-­Dilma, se vier, não será fácil como seus vendedores dão a entender que será.
Redação

5 Comentários

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  1. O golpe que vira

    O golpe – que pode ter o nome que quiserem dar, mas na forma é um golpe ao Estado de Direito, esta pronto. O PT sabe disso.

    Ja passou da hora de conclamarmos as pessoas pelos diversos canais a manifestarem-se em todos os estados pela democracia, pela constituição e o estado de direito, pela nação unida em prol de um projeto maior. Se não funcionar agora, não havera depois. 

    1. Não me surpreenderia se

      Não me surpreenderia se fizessem uma pesquisa perguntando quem é o vice presidente da República e mais de 50% das pessoas não soubessem.

  2. Confiam no IBOPE?

    Acho engraçado, em época eleitoral vocês vivem malhando o pau no Ibope. Para destruir a Globo vocês falam sempre que o Ibope superestima a audiência da emissora.

    Mas então, como num surto de amnésia, tecem teorias e mais teorias com base nos famosos números mentirosos da empresa do amigo dos Marinho.

    Deveriam concentrar fogo para acabar com a reputação destes caras, não vamos esquecer das pesquisas que tiraram de Brizola a chance de “matar” Fernando Collor nos debates do segundo turno.

    Não vamos esquecer nas pesquisas que ninguém responde, que ninguém conhece alguém que respondeu, que jamais foram feitas além do asfalto das grandes cidades.

    Acho lamentável que gente como vocês, Nassif, PHA, Azenha, Miguel e tantos outros, baseiem-se em pesquisas de Ibope e Datafolha, legitimando o que sabidamente é fruto de manipulação espuria, indecente.

    Eu moro no maior estado coxinha do país, e no meu local de trabalho 50% não votaria em Ruim ou péssimo, embora praticamente todos concorde que houveram grandes mentiras, mas também concordam que preferem a Dilma mentirosa e incompetente do que o Aécio desonesto e preguiçoso.

    Poderiam, nestas pesquisas, perguntar desta maneira, diga-se de passagem.

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