Teocracia e mídio(cracia) nas eleições brasileiras de 2014, por Cesar Rossatto e Renato Sigiliano

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Sugestão de Henrique, o Outro

Do El Diário – México

Teocracia e mídio(cracia) nas eleições brasileiras de 2014

Cesar Rossatto e Renato Sigiliano

Tradução da equipe GGN

Há aproximadamente 12 anos, o esquerdista Lula (Luis Ignácio Lula da Silva) foi eleito presidente do Brasil combinando alianças entre vários movimentos sociais: Teologia da Libertação, MST (Movimento de Trabalhadores sem Terras), Movimento Negro, Partido dos Trabalhadores/Uniões, Movimento das Mulheres, entre outros. Além de buscar os direitos dos trabalhadores, para completar o componente que falta na execução, Lula convidou o empresário José Alencar como vice-presidente para que examinasse também o direitos dos empregadores.

No início, o Governo esquerdista de Lula parecia uma questão o Governo direitista estaduinense de Bush. Naquele momento, antes das melhoras na administração de Lula, o Brasil passava por uma importante crise econômica. O Brasil estava totalmente colonizado pelos países economicamente desenvolvidos e subjugado pelo controle do FMI (Fundo Monetário Internacional), que impôs a educação vocacional e outros programas de austeridade. Muitos cidadãos saíram do país durante esses tempos difíceis.

Os brasileiros foram o segundo grupo, depois dos mexicanos, a cruzar a fronteira do México- Estados Unidos. Quando novos imigrantes cruzam aos Estados Unidos em busca de melhores oportunidades, pode-se sentir a tensão global vivendo na fronteira. A exploração da maioria das nações poderosas, e seu abuso de poder sobre países menos desenvolvidos economicamente se reflete socialmente, forçando migrações.

No entanto, o êxito do Governo de Lula provocou uma mudança fundamental de paradigmas. Depois de pagar ao FMI e recuperar a soberania, o Brasil se converteu em um país economicamente sustentável. O Governo de Lula moveu o país da décima-terceira economia mais forte do mundo à sétima. Esta migração se moveu para o sul, e milhões de brasileiros retornaram à sua nação. Migrantes de países vizinhos também foram para o Brasil, incluindo muitos do Haiti.

Depois de seu segundo mandato, Lula não poderia reeleger-se e então apoiou Dilma Rousseff, que foi eleita com sucesso como presidente e é agora candidata à reeleição.

Neste cruzamento histórico, está sucedendo algo sem precedentes. Embora as religiões e o poder das mídias estivessem sempre presentes em eleições passadas, nesta eleição presidencial de 2014 algo inusual está em jogo. Tragicamente, um dos candidatos, Eduardo Campos, morreu em um acidente aéreo. Seu pequeno avião perdeu o controle quando voava através de uma tempestade considerável.

De acordo com as pesquisas, neste momento Eduardo estava em terceiro lugar, e sua parceira político-partidária, a candidata à vice-presidente Marina Silva, tomou a dianteira do partido. Depois deste acidente, Marina ganhou 18,2 milhões de intenções de voto e agora compete com a presidente Dilma Rousseff. Este fenômeno eleitoral merece um estudo profundo. Parece que a morte de Eduardo Campos é a razão principal da reorganização de 20 milhões de eleitores indecisos, os quais não declararam a intenção de votar em Campos, mas agora sinalizam votar em Marina.

Os enganos da religião e das mídias dominantes se converteram no centro deste unusual câmbio. Marina é evangélica, e tem o apoio de grupos religiosos que popularmente dizem que “está bem com Deus”. Então, ela leva a bandeira verde do partido e tem o apoio da mídia. Devido ao fato de que a maioria do poder da mídia no Brasil está de posse de 14 famílias, os grupos elitistas vêem Marina como uma alternativa à linha dura de Dilma.

Apresentando uma excelente evolução nos aspectos econômicos e sociais, atual presidente Dilma tenta demonstrar evidência de melhoras nos últimos 12 anos. Usando sua enérgica influência, demonstra como lutou contra a corrupção, e como tem lutado constante e diligentemente contra a pobreza, e desenvolvido a economia… Na verdade, a ONU (Organização das Nações Unidas) acaba de publicar que, pela primeira vez na história, o Brasil é varrido do mapa de países com problemas de fome.

É inegável que as condições do Brasil melhoraram dramaticamente nesses 12 anos.

Em um país onde 5% da população possui 65% da riqueza, agora com os programas sociais, muitas famílias recebem ajuda social e de saúde. Os pobres começaram a ocupar os espaços que antes eram utilizados somente pelos ricos. O ressentimento e o medo dos grupos dominantes do Brasil são desproporcionais. A campanha contra Dilma é motivada por imensos esforços dos meios de comunicação e dos grupos religiosos (alguns exportados para o Brasil) que retratam Marina como uma escolha surpreendente.

Embora Dilma siga nas pesquisas com uma vantagem marginal, é mais provável que ambos candidatos sigam para uma segunda rodada de votações. Marina tem demonstrado instabilidade política e saltado já por 3 partidos políticos. Seria um alvo fácil para as forças dominantes estrangeiras e internas. Ao mesmo tempo, alguns de seus partidários locais de grupos da elite dominante começam a perguntar-se sobre a viabilidade de Marina, e se de fato seria de seu interesse debilitar potencialmente a economia. Ainda que 200 líderes evangélicos tenham enviado recentemente uma carta de apoio para Dilma, muitos brasileiros seguem com uma conscientização cega e ingênua.

No entanto, não há dúvida que os meios de comunicação estão contra o Governo atual no Brasil, e que não demonstram seus motivos ocultos para preservar seus próprios privilégios. Podem temer as regulações que poderiam tirar algo de seu atual poder excessivo, que durante a ditadura militar foi mantido à distância. Confirma-se que a teocracia e a mídio(cracia) dos meios de comunicação existe no Brasil de hoje. Ainda que toda ditadura seja ruim, aquela exercida pela religião e pelos meios de comunicação pode ser a pior de todas, porque por um lado a religião propõe o doutrinamento e o fanatismo, e por outro lado os meios dominantes são capazes de perpetuar a ascensão ou a minimização dos fatos. Uma mentira repetida mil vezes se converte em verdade.

Cesar Rossatto é professor universitário e Renato Sigiliano é jornalista.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

13 Comentários

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  1. ou seja ,qualquer coisa igual

    ou seja ,qualquer coisa igual ou pior que o nazismo,agora com muito mais tecnologia e mercenários à disposição para eventualidades!

        1. nazismo sim ,quem está na

          nazismo sim ,quem está na briga da propaganda,mídia e religião bem no centro, leu e lê muito do que o nazismo criou e testou

  2. A ascensão social dos pobres é…

    … exatamente o que deixa inconformada a direita e seu partido: O PiG!

    marina é o instrumento da direita para destruir as conquistas sociais de Lula e Dilma.

     

    Impressionante é a irresponsabilidade total da pior “elite” do mundo,  ao apostar em uma alternativa que mistura fundamentalismo religioso com neoliberalismo radical.

    marina é o atraso completo.

  3. Abutres também por aquí………………

    ” … muitos brasileiros seguem com uma conscientização cega e ingênua.”

    Artigo esclarecedor, lpara que tem um mínimo de conscientização!

    Quando o autor relata os anos dificeis pelos quais o país passava, e os brasileiros juntamente com os mexicanos eram os segundos a tentarem melhorarem a sorte nos EUA, poucos se lembram!

    A mídia, esta amestrada por interesses escusos e aliada principalmente aos intresses mercenários estrangeiros, não deve surpreender a ninguém, pois sempre será contra ao que de melhor for para o Brasil e os brasileiros!

    Haja visto o que propõem os candidatos da oposição que também concorrem, – entregar o pré-sal, cancelar os ganhos sociais, rediscutir a CLT, detonar o Mercosul e os Brincs,  e o que é mais estarrecedor, atrelar-se incondicionalmente às politicas do império!!!!  

    E o mais estarrecedor-2, é ter alguns que mesmo beneficiados, ainda acreditam nestes apátridas!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  4. Um governo religioso, pressupôe…

    Um governo religioso(ou comandado por um líder religioso fundamentalista)  pressupôe o doutrinamento e o fanatismo da sociedade à moda islâmica, enquanto um governo com viéz midiático remete-nos ao comando das ações governamentais, ditadas pelos poucos porem influentes Barões da mídia, o que significaria perpetuar e/ou minimizar os fatos, quando estes lhes forem adversários, repetindo até a exaustão qualquer factóide, até que eles virem verdade.

    Têm razão os analistas deste post, que nos mostram que a melhor´senão a única hipótese de continuarmos avançando nas metas sociais, é dando continuidade do que foi implantado pelo Lula, continuado nesta 1ª gestão Dilma, e com a garantia dada pela candidata, não sofrer descontinuidade.

  5. Eleição vista de fora

    Nada como estar fora de uma situação para percebê-la com mais clareza. O jornalista em questão fez uma análise perfeita de marina e sua relação com a religião e seu aproveitamento pela mídia para tentar derrubar Dilma e o projeto petista. Pelas últimas pesquisas no entanto, esqueceram-se de combinar com o povo, o maior beneficiário dos projetos  e conquistas do Brasil nos últimos 12 anos. Passada a comoção com a morte trágica de Eduardo a praticidade da vida e suas necessidades vitais estão ganhando  mentes e corações. Quanto à mídia torço para que seja no próximo mandato de Dilma vista com mais atenção e cuidado.

    1. Argolo digita diretamente do vaso sanitário.

      Argolo, proponho outro tema, “como ganhar a eleição usando a boçalidade da extrema direita”. Você seria um excelente estudo de caso.

  6. boa e importante análise dos

    boa e importante análise dos perigos da

    teologia fundamnnentalista

    e da mediocracia

    para um regime democrático

    de direito como o nosso.

  7. Não é dinastia!

    Dia 05 (e principalmente, dia 26) se responderá: você quer extender para os próximos 4, os últimos 4 anos?

    Se sim, opte pela continuidade. Se não, opte pela MUDANÇA!

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