Uma contextualização dos Black Blocs; por Boaventura Souza Santos

Por João Sabóia Jr.

Comentário ao post “Black blocs e a falência do sistema político

Parte da Entrevista dada pelo Sociólogo português Boaventura de Souza Santos

A integra está no site Mariafro.com (http://mariafro.com/2013/10/26/boaventura-apesar-de-dilma-demonstrar-insensibilidade-social-marina-nao-e-uma-alternativa-a-esquerda/)

Foi nesse contexto que surgiram os grupos “black blocs”, com a tática de causar danos materiais para fazer suas denúncias. Eles aparecem em tudo, da greve de professores à ação para libertar cachorros de um laboratório de pesquisa médica. Qual é a opinião do senhor sobre esses grupos?

Esses grupos nasceram nos anos 70 na Alemanha, na luta contra a energia nuclear. Na década de 80, adquiriram uma ideologia autonomista. A ideia de que “temos que criar na sociedade espaços de autonomia que não dependem do capitalismo e que, portanto, podem oferecer outra maneira de viver”. Tiveram muita repercussão.

No momento em que começam os protestos contra a globalização, Seatle (EUA) é o marco, eles começaram a assumir duas características de sua tática: de um lado a ideia de violência contra propriedades símbolos do capitalismo, que pode ser um McDonald’s, um banco; de outro lado, a defesa dos manifestantes. Eles assumiram isso. Em muitas mobilizações, foram eles que, diante da violência policial, defenderam mais eficazmente os manifestantes pacíficos. Então a violência policial, no meu entender, é uma das grandes responsáveis pelo protagonismo “black bloc”. Eles enfrentavam. E a notícia muitas vezes passava a ser o enfrentamento entre os “black blocs” e da polícia.

Um terceiro fator que complica, principalmente a partir do ano 2000, isso está documentado, é que a polícia infiltra o “black bloc” para depois justificar sua violência. Isso está demonstrado em vários países. E este é o contexto em que nós estamos.

Mas como entender o “black bloc”?

Não são grupos de extrema-direita. Eu penso que, acima de tudo, temos que entender por que surgem esses movimentos. E encontrarmos, através do diálogo, formas de ver se estas são as melhores formas de luta. No meu entendimento, como já disse, estamos num momento político daquilo que chamo de guerra civil de baixa intensidade. Numa guerra assim, queremos que cada vez mais gente venha para a rua. No meu entender, para fazer pressão pacífica sobre os Estados.

Quando o capital financeiro será cada vez mais influente, quando as Monsantos conseguem pôr no Congresso a [semente] Terminator, quando os evangélicos dominam a agenda política, quando os ruralistas dominam a agenda política, os governos, mesmo que tenham uma orientação de esquerda, precisam ser pressionados de baixo. A partir de baixo. E essa pressão tem de ser pacífica. E tem de ser inclusiva. E para ser inclusiva tem de trazer para a rua as pessoas que nunca foram para a rua, os chamados despolitizados, as avós, os netos.

Ora bem, se é esse o objetivo, o “black bloc” é uma força contraproducente. As pessoas querem ir para a manifestação, mas com medo que haja violência, com medo da brutalidade e violência policial, dizem ao final “não vamos”. Penso, portanto, que o “black bloc” deve analisar em que contexto nós estamos.

O ex-presidente Lula fez uma crítica direta ao uso das máscaras. Disse que participou de muita manifestação de rua, mas que nunca usou máscara porque não tinha vergonha do que fazia.

Eu acho que é uma posição legítima, mas não sei se é a única resposta que se pode dar. As pessoas têm suas formas de representação. Exemplo disso é o governo do Peña Nieto, o [partido] PRI, no México, que eu considero de direita. Nas últimas manifestações, o protesto de professores no México, teve a presença dos “black blocs” com as máscaras negras. E chegou ao ponto também em que o governo está para promulgar uma lei que proíbe as máscaras. Sabe qual foi a reação? Os homossexuais começaram a usar máscaras pink. Foram para os protestos com máscaras cor-de-rosa, máscara homossexual. Então a polícia vai prender? Eles não praticam nenhuma violência, usam máscara agora para afirmar a diversidade sexual.

Isso é para ver como a coisa é complicada. Criou-se uma solidariedade entre os homossexuais e o “black bloc”. Então, por vezes, as autoridades se excedem na forma. Eu penso que essa não é a forma. Penso que a forma é de dialogar, de trazer para uma mesa de conversa. Obviamente é uma discussão muito difícil, mas é uma discussão que é preciso ter.

Boaventura de Souza Santos é sociólogo português, 72 anos. Doutor pela Universidade de Yale (EUA), professor da Universidade de Coimbra (Portugal) e da Universidade de Wisconsin (EUA). Livro revcente: “Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos” (Cortez Editora)

Redação

16 Comentários

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  1. Tenho a impressao que ele nao

    Tenho a impressao que ele nao tem ideia do que esta falando!  “Não são grupos de extrema-direita” e “Criou-se uma solidariedade entre os homossexuais e o “black bloc””, por exemplo, dao vivida impressao disso pois ele ta falando da Europa, onde, por exemplo, o Anonymous eh de esquerda.

    Pouco do que ele fala se aplica ao Brasil.

    1. Ivan,Boaventura não é

      Ivan,

      Boaventura não é leviano e entende muito de Brasil.

      Tem ampla pesquisa feita aqui na nossa terra, e para você que é curioso indico o link abaixo que fala:

      1 influência de boaventura de sousa santos em pesquisas em …

      e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/download/2742/2134‎de KH Moreira – ‎Artigos relacionados

      INFLUÊNCIA DE BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS EM PESQUISAS EM. EDUCAÇÃO NO BRASIL. THE INFLUENCE OF BOAVENTURA DE SOUSA …

  2. Black Blocs

    É que agora tudo, exatamente tudo que não é a favor do PT, é resumido pela militância petista fanática como: a) fascita b) tucano c) conservador d) elite burguesa e) todas as anteriores

    Só existe o santo PT em sua tarefa de salvação da sociedade brasileira, isento de falhas, de contradições, de vícios.

    O petista virou um tucano esquerdista e nem se deu conta, pra proteger suas crenças e seu partido vale tudo, até subverter toda lógica e a realidade.

    Não há mais nuances, não há mais cinza, há só os amigos da presindenta Dilma e os inimigos. Simples assim.

    O PT pode fazer as alianças mais bizarras para ganhar eleição, pode andar com Maluf, Costa Neto, bancada evangélica, PMDB, PP, PR e outras merdas, mas aí de quem faz o mesmo e está do lado oposto. Dilma tem o Sarney  e o Cabral do seu lado mas ruim é a Marina que anda com Eduardo Campos (mas o Eduardo Campos não era camarada? Por que só agora começam a falar mal do cara?). O PT pode receber dinheiro de empreiteira, do Itaú, da Friboi e de qualquer empresa do mundo. Agora se o oposito rec eber (Se o Aécio ou a Marina recebem do Itaú é um horror, mas se o PT recebe ninguém dá um pio)

    Surge a insatisfação de uma massa de jovens desorganizados e poucos são os que param para analisar o fenômeno com racionalidade, não eles preferem criam conspirações (É o PSDB, os neonazistas, a CIA, os Iluminatti, a maçonaria, a tradição família e propriedade, os milicos ou os inca-venusianos querendo derrubar o PT), criminalizar um ato político, desprezar, diminuir. Não há nenhum esforço genuíno para tentar compreender o que se passa.

    Achar que existe uma liderança maligna por trás de um grupo de jovens descontralados, achar que só há filhinhos de papai revoltados, enfim achar que não há absolutamente nenhum motivo para se revoltar contra o governo do PT, é ser totatalmente acrítico e pelego.

    Pra quem acha que é moviemnto de direita o texto acima já é suficientemente elucidativo, pra quem acha que só tem burguês leia a notícia que segue:

    http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1363620-de-perdizes-a-cachoeirinha-perfil-de-black-blocs-presos-e-variado.shtml

    http://www.brasildefato.com.br/node/25629

    1. isso

      Olha, do jeito que essa turma anda se o Lula falar mal do PT é capaz de algum distraído chamar ele de vendido e tucano. Já vi aqui no blog, recentemente, chamarem o Paulo Nogueira de elitista, o Latuff de vendido e sabe-se lá que que o Azenha teve de ouvir por criticar o leilão de Libra.

      Se para o Serra absolutamente tudo que fosse contrário era culpa do PT, pra esse pessoal tudo que é contrário é pra “desestabilizar o projeto político do PT”. 

      1. isso…

        Isso que você vem dizendo a cada post em defesa de criminosos mascarados, me cheira a campanha de desconstrução do PT, encomendada e provavelmente até remunerada. 

      2. Parabéns pela lucidez, que anda difícil ultimamente.

        Olha um aí abaixo, para confirmar tudo o que você diz. Viu só, sua “vendida”, “defensora de criminosos”, “encomendada” e “remunerada” pelo PIG para desconstruir o PT? Não é para rir, é para chorar mesmo.

        Virou doença, epidemia incontrolável, praga de madrinha, do coisa ruim. O PT, onde existem pessoas sérias, precisa se defender dos seus “defensores”, aos poucos eles vão minando suas bases, afastando simpatizantes que têm importantes contribuições com suas críticas.

        Mas eu acho que esses casos de militantes isolados mais ingênuos, embora perniciosos. Eu desconfio que entrou em jogo, algo mais articulado e pesado: a acessoria comentarista em rede. Dá para desconfiar de uma presença notória aqui no blog; ele altera textos articulados e bem produzidos – embora não se concorde com o conteúdo – com comentários mal escritos, grosseiros e beirando a infantilidade até; não sei se nessa horas de baixa, a tarefa é delegada para estagiários, ou é da lavra do próprio, tendo a acreditar na segunda opção.

    2. O policial agredido é petista né cara ?

        Agora o governo de são paulo e a polícia viraram tudo petista, eu morro e não leio tudo!

       

      Façam um favor a si mesmos e esqueçam que o PT existe por um dia!

      vão se sentir bem melhor

  3. Abaixo a chantagem e o charlatanismo

    ABAIXO A CHANTAGEM E O CHARLATANISMO – Centenas de milhares de pessoas no Brasil são oriundas das lutas estudantis, sindicais e populares. A luta pela desmilitarização das polícias, pela sua unificação e pelo fim dos autos de resistência, por exemplo, é histórica, não é nova.

    Como também não é nova a luta contra o fim da Lei da Anistia (auto-anistia), pela punição aos torturadores, estupradores e ocultadores de cadáveres a serviço do regime militar. Estas centenas de milhares de pessoas que militam há décadas nos mais diferentes movimentos, do campo e da cidade, conhecem perfeitamente bem a mão pesada dos órgãos de repressão do Estado.

    Fundar a CUT em 1983 ou o MST logo em seguida foi uma experiência não muito agradável para os que se engajaram nestas duas grandes empreitadas.

    Tudo isto tem que ser dito e enfatizado porque hoje no país há uma espécie de esquizofrenia (muitas vezes estimulada propositalmente). Nesta esquizofrenia, um contingente considerável, majoritário entre os milhares de lutadores sociais do país tem sido colocados numa falsa e chantagista dicotomia.

    Fazer uma crítica contra a ‘tática’ Black Bloc virou uma automática e mentirosa aceitação das práticas policiais! Isto é uma aberração. Mas não é surpreendente que esse maniqueísmo cínico e mentiroso dos pés a cabeça esteja sendo utilizado. Nem mesmo partidos de esquerda que fazem oposição ao governo federal tem sido poupados.

    É o caso do PSTU, que já produziu documentos oficiais criticando a ‘tática’ dos anarcoprimitivistas e até mesmo de importantes figuras públicas do PSOL. Mais de uma vez, e desde o mês de junho, os alertas tem sido dados de forma insistente e até mesmo chata, de tão repetidas vezes que se tem feito tais alertas. Quais sejam?

    Os fantasiados são parasitas dos movimentos sociais, eles não tem nenhuma proposta sobre coisa nenhuma. Tem apenas o ódio comum contra absolutamente todos os partidos de esquerda (em especial contra o PT). Este grupo fantasiado possui também ligações com o Anonymous, braço da CIA que é utilizado há bastante tempo para provocar desestabilizações em distintos lugares do globo terrestre.

    Não são a mesma coisa, mas possuem laços cada vez mais estreitos.

    Como já foi dito inúmeras vezes anteriormente, setores da esquerda caíram no conto do vigário de que poderiam cerrar fileiras com máscaras e fantasias anarcoprimitivistas para conferir potência à sua luta política. No início, até pode ter rendido alguns frutos essa enviesada compreensão da realidade.

    Passado certo tempo, o que temos é a multiplicação de fatos onde movimentos sociais, estudantis e sindicais veem sequestradas as suas pautas por esses mesmos grupos que alguns românticos um dia decidiram apoiar. O saldo é que hoje não se fala mais nos movimentos sociais, sindicais, estudantis ou nas pautas dos mesmos. O que aparece cotidianamente nos meios oligopólicos de comunicação é o “saldo” das quebradeiras de vidraças, de ônibus, paradas de ônibus, lixeiras e caixas eletrônicos.

    A população passou aos poucos da alegria com a novidade fantasiada para a desconfiança e até mesmo para o repúdio puro e simples. E onde vai parar essa ‘tática’? Vai parar onde àqueles que se deram ao trabalho de conhecer um pouco mais a história recente já sabem de longa data.

    Vai parar na despotencialização dos partidos de esquerda, no alvorecer de partidos populistas, no reforço dos partidos conservadores que, mais cedo ou mais tarde, serão chamados para dar um jeito na “baderna” promovida pelos fantasiados. Ou seja, a ‘tática’ tem como efeito frutos muito pequenos e imperceptíveis. A ‘tática’ tem como efeito propiciar o discurso que a direita e que a polícia estão esperando para descer o sarrafo não apenas nos fantasiados, mas em todos os movimentos sociais. 

    A ‘tática’, ao fim e ao cabo, só interessa à direita. Foi assim que esses grupelhos destruíram movimentos, por exemplo, como o Occupy Wall Street.

    Nada de novo, tem sido assim em todos os lugares onde esses grupos conseguem um mínimo de enraizamento. Destroem os partidos de esquerda e não raras vezes surge um ‘Berlusconi’ da vida, populista, demagogo, defensor da família, da moral e da ordem, para dar vazão aos sentimentos já cansados de uma população ainda mais cansada de depredações.

    É necessário continuar a crítica ao aparelho repressor estatal, com tem sido feito há muito tempo. Mas é também necessário, e inadiável, que não se permita que as chantagens de charlatães de todos os naipes imperem neste momento.

    Ou seja, críticas às polícias, mas sem uma única concessão que seja aos charlatães que colocam a defesa de fantasiados ou de mascarados como sendo uma questão de princípios. Não, quem critica fantasiados, como o PSTU e outros partidos de esquerda, definitivamente, não está do lado da polícia! 

    Quem diz o contrário, lamentavelmente, apresenta-se como um chantagista e como um mistificador, nada mais do que isto.

  4. Vejo assim como Boaventura,

    Vejo assim como Boaventura, que os BB são órfãos de um estado que não conseguiu dar plena cidadania principalmente aos jovens da periferia. São orfão da educação, da saúde, do trabalho. São jovens que não acreditam mais em uma sociedade injusta, preconceituosa, violenta, que mostra o capitalismo como salvação, mas não permite a eles uma ascenção social, são fruto de uma poícia repressora, violenta e que descrimina. São orfãos da cultura, do lazer. Estão em guetos, não são politizados e estão cada vez mais próximos da selvageria porque nela conseguem se vingar desse terrível status quo que habitam.

    Hoje, no meu entender, são massa de manobra da direita que cada vez mais vai usá-lo para seus fins que consiste em aumentar a repressão policial na medida em que a mídia joga hostilizando-os sistematicamente, descredenciar as manifestações dos movimentos populares, criar para o cidadão comum um ar de desgoverno, de terra arrasada que só faz crescer atitude conservadoras e repressoras.

    E como alerta Boaventura, há infiltrações policiais que visão exatamente aumentar a repressão existente.

    1. Concordo.
      Os educadores do

      Concordo.

      Os educadores do RJ, recentemente, reuniram 50 mil pessoas para protestar contra a dupla Cabral/Paes, e no dia seguinte o Jornal Nacional mostrou só imagens de quebra-quebra.

      Que existem Blac Block’s “autênticos” (jovens frustrados das grandes cidades, que querem descontar em algo ou alguém sua raiva), com certeza existem, mas eu não tenho dúvidas que – no anonimato das redes sociais e no meio dos mascarados – exista gente instrumentalizando esta molecada, com o fito de produzir a manchete negativa do dia seguinte.

      A tática da direita sempre foi criminalizar movimentos sociais, só que se antes era fácil apontar pro caboclo e bradar “COMUNISTA”, depois da queda do Muro de Berlim, precisa-se de novos espantalhos, e esta juventude frustrada, vilipendiada, cheia de testosterona é o álibi perfeito para criminalizar protestos pacíficos e legítimos.

      O engraçado é que antes dos protestos de junho, ninguém nunca tinha ouvido falar deste Blac Blocks. Nunca frequentaram manifestação nenhuma, só começando a dar o “ar de sua graça” depois que protesto de rua ganhou contornos maciços e caiu nas graças da população.

       

    2. Orfãos do estado ?

      ‘”Vejo assim como Boaventura, que os BB são órfãos de um estado que não conseguiu dar plena cidadania”

       Como é que é isso ? vocês não conseguem ver que são de classe média e o resto de discurso que eles tem é acabar com o estado com uma versão tosca do anarquismo, a coisa mais difícil é você ver um desses caras na periferia.

  5. Um belo blá-blá-blá

    O camarada vem lança toda sua verborragia intelectual, se mostra como um bastião da verdadeira esquerda (afinal só a esquerda verdadeira, puro sangue, moderna e, sobretudo, petista pode escolher a hora, os meios e a forma de se fazer protesto ou não), embora faça isso disfarçadamente pra soar como uma opinião razoável que qualquer pessoa – petista ou não – deve ter.

    Defende que os black blocs e seus simpatizantes devem ser combatidos, embora isso não signifique apoiar a polícia. Ora, quem vai deter os black blocs então? A militância petista?

    Não estou apoiando a ação truculenta da polícia e a criminalização dos black blocs, embora eu deixe subentendido no meu texto que a polícia deve prendê-los ( o que fará na base da porrada) e a justiça processá-los ( o que significa criminalizar)

    Duplipensar petista

    Se não for um movimento social ligado a PT, um esquerdista típico, com carteira do partido e currículo aceitável, merece tomar sopapo mesmo.

    O pior é que o discurso é o seguinte: black blocs ajudam a direita porque dão espaço para que esta defenda a violência policial e a manutenção da PM. Como vamos combater isso? Exigindo que a PM fascitas e de direita – que tanto odíamos – prenda esses arruaceiros vagabundos.

    Seria cômico, se não fosse trágico

     

    1. Ótimo título

      “Se não for um movimento social ligado a PT, um esquerdista típico, com carteira do partido e currículo aceitável, merece tomar sopapo mesmo.”

       

         Tipo um policial comandado por alkmin, aí “os petistas” estariam mandando matar ele mesmo né ?

      Vocês estão prestando atenção no que escrevem ? não faz o menor sentido. Partidos da oposição ao PT foram defendidos aqui quando surgiu um pessoal de preto queimando suas bandeiras em junho, não me canso de dizer.

      pela milésima vez, não tem PT nessa história.

  6. Mesa de conversa…

    Essa “mesa de conversa” eu queria ver: De um lado as autoridades encarregadas de defender a sociedade, e do outro bandidos mascarados, com a mochila cheia de porrete, pedras e coquetel molotov.

  7. A direita ressuscita pelas mãos dos fantasiados

    A DIREITA RESSUSCITA PELAS MÃOS DOS FANTASIADOS – Não há nenhuma novidade na ‘tática’ Black Bloc. Desde Seattle eles atuam em diferentes pontos do globo terrestre. O que mudou a política na América Latina não foi a ‘tática’ dos fantasiados. A mudança de época na América Latina, em especial na América do Sul, deveu-se a uma luta política travada durante décadas por partidos, movimentos e sindicatos de esquerda.

    O grande catalisador das mudanças econômicas, políticas e sociais da América do Sul, nos últimos 12 anos, foi a organização e a solidariedade de experiências entre partidos, organizações, sindicatos e movimentos sociais diversos, amalgamados primeiro no Foro de São Paulo, a partir de 1990, e, posteriormente, na experiência do Fórum Social Mundial, iniciado em Porto Alegre em 2001.

    Este Fórum que se repetiu na capital gaúcha em 2002, 2003 e 2005. Em todos esses fóruns colocou-se mais de 150.000 pessoas nas ruas. Pessoas de diversas partes do Brasil, da América Latina e do mundo inteiro. O Fórum Social Mundial foi o contraponto mais eficaz à desgraça neoliberal e foi justamente a forma de luta empreendida ali que começou a alterar a correlação de forças em nuestra America.

    Não foram fantasiados parasitas de movimentos sociais que soterraram a ALCA! Quem soterrou a ALCA foi Lula, Chávez e Kirchnner, na IV Cúpula das Américas, que foi realizada na cidade argentina de Mar del Plata, em novembro de 2005. E isso foi fruto de lutas sociais e políticas que acumularam forças durante décadas!

    Lá em Porto Alegre já tínhamos a presença dos parasitas fantasiados. Enquanto a massa de mais de 150.000 pessoas ocupava as ruas com pautas bem definidas, os parasitas iam com o único e primordial objetivo de entrar em confronto com a Brigada Militar, para deleite do Grupo RBS e dos outros órgãos da imprensa pestilenta que veiculavam dia e noite os confrontos entre os parasitas fantasiados dos movimentos sociais e a polícia, como se isso fosse o principal numa manifestação com mais de 150.000 pessoas, com gente do mundo inteiro!

    A ‘tática’ dos parasitas fantasiados só interessa à direita, só fortalece à direita, só dá os motivos que a direita precisa para aumentar cada vez mais a repressão. Os parasitas sequestram as pautas dos movimentos sociais e sindicais, não propõe nada que preste e destroem esses movimentos por onde passam, como tentaram fazer inutilmente nos Fóruns Sociais Mundiais e como fizeram, efetivamente, em vários outros movimentos, como o Occupy Wall Street.

    A direita só tem a ganhar com a ‘tática’ dos parasitas fantasiados. A esquerda que mudou a América dos Sul não tem nada, absolutamente nada a ver com esses parasitas fantasiados. Quem mudou a Venezuela não foram os parasitas fantasiados, mas sim a luta popular e de massas comandada por Hugo Chávez e pelo Movimento V República. Quem mudou a Bolívia não foram os parasitas fantasiados, mas sim a luta popular e de massas capitaneada por Evo Morales e pelo MAS. No Equador foi exatamente igual, na Nicarágua, idem, etc, etc e etc.

    A luta política é fundamental para alterar a correlação de forças em qualquer país do mundo. A ‘tática’ dos parasitas fantasiados é contraproducente, não presta para nada. Aliás, só presta para fortalecer a direita com as suas teses de aumento da repressão estatal, de endurecimento da legislação penal e de respeito à ‘ordem’.

    A esquerda deve se manter a centenas de léguas de distância desses parasitas fantasiados. A atuação desses grupelhos afasta as massas populares! A atuação desses grupelhos sequestra as pautas de luta dos movimentos sociais. A atuação desses grupelhos não contribui em nada, em absolutamente nada para a luta da esquerda, muito antes pelo contrário.

    São agentes a serviço da direita (voluntária ou involuntariamente). A ‘tática’ desses fantasiados pseudo revolucionários fortalece o campo dos demagogos e dos populistas que logo subirão nos palanques para defender a família, a propriedade e a ordem. 

    E, pior ainda, agem como milicianos “oferecendo” proteção para manifestantes! Ora tenha a santa paciência! Os movimentos sociais não precisam da proteção desses parasitas. Isso é falso, isso é uma maneira dos parasitas poderem se achegar nas legítimas manifestações e desvirtuá-las com as suas imbecis ‘táticas’ que só interessam à direita. A truculência policial aumenta justamente graças a ‘tática’ dos fantasiados!

    A única coisa que os parasitas fantasiados vão conseguir empreender (pelo menos vão tentar) é a destruição do processo de mudanças capitaneado pelas lutas populares, estudantis, sindicais e de diversos movimentos sociais, feita a duras penas durante décadas e mais décadas de acúmulo de forças na América do Sul.

    Porque os parasitas não foram às ruas quando vivíamos na época dura do neoliberalismo?

    Porque vão somente agora, quando a América do Sul experimenta um inédito processo de ascensão social, de distribuição de renda, de diminuição das desigualdades sociais, de afirmação das soberanias nacionais, da tão almejada integração econômica, política e social dos países da região, de vigência do mais longo período de democracia política tido e havido na história dos países sulamericanos? Porque será…

    Tem algo mais reacionário do que isto? Impossível, não há nada mais reacionário do que isto. A ‘tática’ dos parasitas fantasiados está sendo o oxigênio que a direita perdeu ao longo da última década. Só não vê isso quem não quer ver.

    Fora parasitas fantasiados!

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