Wanderley Guilherme: Sucesso de Lula aumentará a violência da direita

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Ricardo Stuckert
 
 
Jornal GGN – O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos publicou artigo em seu blog, o Segunda Opinião, avaliando que a Lava Jato não conseguiu destruir a imagem de Lula e o sucesso da caravana que ele tem feito pelo Nordeste é prova de que o povo ainda acha o ex-presidente “irresistível”. Diante dessa fato, Santos aponta que a direita pode não saber lidar com o sucesso e o potencial eleitoral de Lula e aumentar o discurso de ódia e descambar para a violência física. O título do artigo resume tudo: “O fedor da força bruta”. 
 
O fedor da força bruta
 
Por Wanderley Guilherme dos Santos
 
No Segunda Opinião
 
O Golpe de 2016 expulsou a representação popular do circuito legal do poder executivo.  A violência continua, exonerando técnicos de governo por suspeitada simpatia pelas teses econômicas e sociais progressistas. Evitar a qualquer custo o retorno legítimo de representantes populares ao Executivo resume a cláusula pétrea do breviário golpista. Atenção para o “evitar a qualquer custo”. Não se trata de recurso estilístico de mau gosto: indica o compromisso prioritário dos reacionários com a manutenção da liderança golpeada no ostracismo. Antes ou depois da vitória eleitoral da oposição popular.
 
A coalizão reacionária não tem programa a oferecer. Desastrosos resultados de iniciativas delirantemente privatistas e antinacionais esgotaram a mínima reserva de expectativas, até daquela parte da população brasileira solidária com a truculência primitiva. Prometer o quê? Privatizar a Caixa Econômica e o Banco do Brasil? Fechar a Embrapa, o Ita, a Embraer? Alugar o BNDES ao sistema financeiro? Ceder a base de lançamento de foguetes de Alcântara aos Estados Unidos? Reafirmar a crença de que o mercado resolverá, em algum momento inespecífico do futuro, os problemas de emprego, renda, miséria e desigualdade? A derrota é inevitável.
 
O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é indestrutível. Ele ascendeu àquela região em que a pessoa física continua vulnerável, mas o poder mobilizador permanece inalterado. A direita e a esquerda de nariz torcido evitam reconhecer que a indestrutibilidade de Lula não é propaganda partidária, mas fenômeno sociológico. Terá parentesco com crenças religiosas, sim, porém com fundamento empírico inegável. Por isso, a menos da descoberta de contas abrigando, no mínimo, um Pedro Barusco, as trampolinagens jurídicas que apresentam um apartamento em Guarujá e sítio em Atibaia como prova de corrupção resvalam para o vazio da fúria impotente. Sabe a maioria da população que, na bichada cultura cívica brasileira, a corrupção está “precificada”, como lá dizem os corruptos. Doações inferiores ao valor de venda de um apartamento, arbitrado pela família de Aécio Neves junto aos potentados da JBS, somado ao empréstimo obtido dos mesmos irmãos açougueiros, e às propinas que surgirão das obras da cidade administrativa de Minas Gerais e de Furnas, aquém desse montante, avaliam os empreiteiros, os burocratas e os políticos, não se trata de corrupção, é troco. E nem isso os ferozes curitibanos comprovaram.
 
O manual cotidiano entregue à população brasileira tem sido esse: profissionais liberais que sonegam o imposto de renda e chantageiam os clientes com preços diferenciados, com e sem recibo; ainda quantidade assustadora dos restaurantes, papelarias, lojas de roupas, farmácias, padarias, supermercados não dão nota fiscal e ninguém reclama; os jogos de azar (jogo do bicho, corridas de todo tipo de animal, bingos, cassinos) são de conhecimento geral e, à exceção dos cassinos, operando às claras. O consagrado intermediário nas negociações ilegais entre a população e o varejo dos serviços públicos é o famoso “despachante”. Há estratificação de credibilidade e renda entre eles, estabelecidas pelo mercado, em função da celeridade dos resultados e economia no valor do suborno vencedor. A população foi ensinada a ser cínica, cultivar elevadíssimo limiar de indignação diante de absurdos e a incorporá-los aos cálculos de sobrevivência. Reagir individualmente é arriscar-se à antipatia social.
 
A caravana iniciada por Lula, agora em agosto de 2017, será irresistível. É razoável esperar que os radicais direitistas inaugurem a violência física. O pavor dos reacionários os levará à criação de problemas a granel e a intensifica-los de tal modo que a urgência de soluções tenderá a romper os prazos com que a democracia opera. É o que esperam para que a cláusula golpista mantenha-se pétrea: o voto popular deixará de ser o único recurso para chegar ao poder. Sinto o fedor da força bruta.
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

8 Comentários

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  1. Em contra partida pode haver
    Em contra partida pode haver resposta da esquerda.
    Aliás, já está na hora da esquerda responder à altura e dá um chega prá la nesses reaças da direita.

    Esses caras estão muito folgados.
    Duvido que esses coxinhas aguentam pressão da peãzada da esquerda.

  2. Muitos comentadores desse

    Muitos comentadores desse blog já estão cantando essa pedra há tempos. Afinal, essa súcia reacionária já passou do ponto de retorno bem lá atrás. Vamos ver se os “cavalheiros” da esquerda se mancam de uma vez por todas diante da boçalidade golpista.

  3. Momento crucial para o aprofundamento do golpe .

    Atenção total na segurança física de Lula e alerta total para evitar-se um possivel atentado fake ao juizeco da farsa a jato .

    Está chegando o momento em que a alta cúpula dos conspiradores poderão descartar o juizeco (como um bagaço de laranja) forjando um atentado e colocando a culpa em lideranças petistas .

    Lembrai-vos do evento na Rua Tonelero, em 1954 .

  4. O maior erro do PT foi

    O maior erro do PT foi acreditar que era possível qualquer espécie de compromisso com essa gente. 2016 deixou definitivamente claro que não existe a mais remota possibilidade de diálogo e entendimento com a direita brasileira. Para ela só existe um remédio, o mesmo aplicado tantas vezes em sociedades que buscam a redenção: a guilhotina.

    Quem gosta realmente do Brasil tem que ter claro que a direita deve ser eliminada a qualquer custo. Não pode sobrar um.

  5. Voces tem la suas queixas
    Voces tem la suas queixas contra o acima assinado,e eu as entendo de maneira sublimar,visto que,nenhum comentarista daqui conseguiu sobrepor a nenhuma colocao feita por mim,demonstradas pelos cadastrados e cadastradas que dormem e acordam por aqui, traduzidas por meio dessas insurportaveis estrelas cujo refrao vergonhoso e ridiculo se resume no “eu vou bater para tu,pra tu bater para mim”.Sabe qual a ultima da minha lavra mano?Postei comentario na quinta-feira,colocando que Lula alem de um ser humano extraordinario,era o maior lider politico que o Solo Consolidado Patrio ja produziu.Disse mais,que Lula e unico.Para dessassosego de todos voces,ao que parece o Prof.Wanderley Guilherme dos Santos,o maior pensador politico brasileiro,tem a mesmissima opiniao que a minha.Eu ficaria regojizado se voces agraciasse com 5 estrelas o artigo dele.

  6. Insisto

    A melhor e mais eficaz resposta aos traidores do Brasil é a adesão de milhões ao Partido dos Trabalhadores.

    É o Lula e o PT que querem destruir, é ao Lula e ao PT que devemos dar todo o suporte.

  7. Ontem, 21, enquanto esse

    Ontem, 21, enquanto esse artigo estava sendo postado fiquei plantado numa espécie de sala vip da Associação Atlética de Itabaiana, das 13 às 16p5min, à espera de Lula. Fui parar lá porque, na qualidade de primeiro presidente do diretorío municipal em 5 de setembro de 1981, e consequentemente primeiro anfitrião de Luiz Inácio Lula da Silva por essas bandas, minha Itabaiana, Sergipe fui convidade pela atual direção para fazer parte de um grupo histórico de fundadores a recepcioná-lo ontem or breves momentos, fazer a foto oficial, durante a sua passagem. E Lula não chegou na hora certa. E isso fez desarmar todo o circo. Particularmente, o máximo que consegui foi presentear-lhe com um livro sobra a história da cidade, com o natural aperto de mão e, um tapinha no meu ombro dado por ele.
     

    Às 14 horas alguém disse que Lula não viria mais! Comoção total. Motivo: estava preso à multidão no município de São Domingo, da grande Itabaiana (foi parte do nosso município), com a pista, a rodovia SE-170 coalhada de gente logo depois da ponte sobre o rio Vaza-Barris até próximo da histórica Lomba, fazenda usada pelos holandeses de 1637 para laçar nosso gado, a quatro quilômetros da cidade de Campo do Brito, e de lá iria direto para Nossa Senhora da Glória. Bem, exercitamos a paciência e cinco minutos depois o desmentido: Lula vinha sim; apenas estava preso à multidão na estrada.
     

    Tão logo o ônibus desceu a ladeira e entrou na cabeceira da ponte, sinais de gente a fazer as primeiras saudações já na mesma. Depois vieram as entradas para povoados mais populosos e enfim a entrada da cidadezinha de São Domingos… Lula teve que parar. Depois de satistfeitas as esperanças dos sandominguinses, mais adiante, no Campo do Brito, celulares em punho, sandominguenses e britenses trocavam mensagens o tempo inteiro e, assim que a caravana avistou o trevo rodoviário para Macambira… lá estava a multidão. Mais paradas, mais carinho a Lula, mais Lula do povo… e a gente cá esperando. Pouco antes das quatro, finalmente sandominguenses e britenses liberaram a comitiva.
     

    Não houve vereador, cabo eleitoral, deputado, prefeito, locutor de rádio, âncora de TV… a organizar. Até mesmo os próceres do partido ficaram de mãos atadas: o povo de Lula quis ver Lula e fim de papo! Saiam da frente, coxinhas, que nós queremos passar e ver Lula.
     

    Preocupantes, mas ao mesmo tempo me são confortantes as palavras do professor Wanderley porque me mostra que essa preocupação não é só minha; tem gente muito maior a vigiar.

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