Xadrez da aposta de Bolsonaro no caos social que já está a caminho, por Luis Nassif

Qual seria a estratégia final de Bolsonaro? Ele criou uma situação sem retorno: se for apeado do poder, será julgado e condenado criminalmente, com toda a família, pela morte de milhares de pessoas. Não se trata mais de mera disputa política entre Bolsonaro e os governadores. Há uma intenção deliberada de espalhar o caos e atribui-lo à quarentena.

Peça 1 – Bolsonaro não governa mais

Ontem publiquei o artigo “Xadrez do novo período em que Bolsonaro não mais governa”. Nele mostrava que Bolsonaro perdeu o controle sobre o governo.

  • A Saúde não mais obedece a ele, inclusive questiona suas atitudes.
  • As Forças Armadas, através de seus comandantes, vieram a público reforçar as ordens de confinamento para enfrentar a doença.
  • Não tem nenhuma ascendências sobre a economia.
  • Perdeu completamente e ascendência sobre o meio empresarial, com seu apoio ficando restrito a figuras desmoralizadas.
  • A tentativa de uma campanha a favor da flexibilização da quarentena foi derrubada pela Justiça.
  • Suas declarações a favor da flexibilização foram publicamente questionadas pelos presidentes da Câmara e do Senado e por Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
  • A frente dos governadores se impôs nos Estados, inclusive com a adesão até de recalcitrantes, como os governadores de Santa Catarina e de Minas Gerais.

Hoje em dia, há certeza de que nenhuma loucura a mais será tolerada pelas instituições. A ameaça de Bolsonaro, de uma Medida Provisória liberando os trabalhadores da quarentena, nem chegou a ser levada a sério.

Peça 2 – a estratégia derrotada

Bolsonaro se espelha totalmente em Donald Trump. Quando começou a peste, Trump fez duas apostas:

  1. Levantou a bandeira anti-quarentena recorrendo a dois argumentos: seria uma gripezinha qualquer, sem consequências maiores; e a economia não podia parar.
  2. Quando aumentou a incidência de afetados, levantou a tese de que haveria vacinas prontas para debelar a peste.

Bolsonaro repetiu a tática em tempo real.

Só que Trump perdeu as duas apostas. O coronavirus invadiu os Estados Unidos de forma avassaladora, como ocorreu na Itália e Espanha, dois outros países que minimizaram os riscos. E, mesmo depois de descobertas as vacinas corretas. É um maratonista enfrentando um sprinter, em uma corrida de 100 metros.

Quando percebeu o tamanho do tsunami, Trump recuou, deixando Bolsonaro com a broxa na mão. Já isolado dentro do próprio governo, e tendo feito apostas excessivamente altas, não soube como recuar.

Peça 3 – a derrota nas redes

Perdendo o controle sobre o governo, Bolsonaro manteve a bandeira da anti-quarentena recorrendo aos dois únicos instrumentos de que dispõe:

  1. A palavra do Presidente, inclusive o poder de convocar redes nacionais.
  2. A estrutura de mobilização montada pelos filhos e praticada pelo chamado Gabinete do Ódio.

Mas está perdendo a batalha. De um lado, pelo trabalho exemplar de algumas redes de TV – especialmente a Globo, através do Jornal Nacional e do Fantástico. O jornalismo apresentou não apenas estatísticas e informações sobre o caos em outros países, como os dramas individuais de pessoas afetadas. Os depoimentos de vítimas ou familiares de vítimas tiraram a discussão do campo das versões e levaram para dentro das casas dos telespectadores o mundo real.

Nas redes sociais, o bolsonarismo refluiu. No Pará, um tracking encomendado pelo governo do Estado – que agiu prontamente contra as carreatas – mostrou 60% de desaprovação às atitudes de Bolsonaro.

A direita desembarcou do bolsonarismo. Os empresários que se apresentaram contra a quarentena foram publicamente desmoralizados pelos fatos, e se recolheram.

Perdendo em todas as frentes, Bolsonaro aumentou a aposta.

Está sob suspeita forte de ter contraído o vírus de forma assintomática – isto é, sem apresentar os sintomas. Prova disso é a contaminação de quase 30 pessoas no seu entorno e o fato do hospital de Brasília, onde foram feitos os testes, ter liberado todos os resultados, menos dois. Mesmo assim, saiu a campo, visitou a periferia de Brasília, provocou aglomerações, provavelmente contaminou dezenas de pessoas que estiveram com ele.

Peça 4 – a estratégia final

Qual seria a estratégia final de Bolsonaro? Ele criou uma situação sem retorno: se for apeado do poder, será julgado e condenado criminalmente, com toda a família, pela morte de milhares de pessoas.

Não se trata mais de mera disputa política entre Bolsonaro e os governadores. Há uma intenção deliberada de espalhar o caos e atribui-lo à quarentena.

Ontem mesmo, Flávio Bolsonaro divulgou fake News, com cenas antigas de saques apresentadas como recentes, E atribuiu à quarentena. Ao mesmo tempo, o bolsonarismo convocou carreatas em diversos estados, de pessoas convenientemente protegidas dentro dos carros ou por máscaras seguras.

A estratégia de espalhar o caos está nítida em uma mistura de intenção e/ou incompetência.

As medidas antidesemprego de Paulo Guedes

Paulo Guedes sumiu das aparições em público, assustado com o coronavirus. As medidas que anunciou, visando minorar o desemprego, terão efeito mínimo na economia.

As PMEs (Pequenas e Microempresas) não tomarão financiamento para garantir dois meses de trabalhadores em casa, sem serem dispensados. É uma tolice criminosa supor que uma empresa, em dificuldades para manter sua folha, vai se endividar sem saber o que ocorrerá com a economia daqui a dois meses.

As liberações de recursos para os bancos

Do mesmo modo, o dinheiro do compulsório liberado para os bancos não reverterão em crédito para as empresas. O principal fator de travamento é o risco de crédito. A liberação não resolve em nada esse risco, principalmente porque persistem as incertezas sobre a retomada da economia.

Nem seria preciso recorrer às iniciativas dos países centrais, bancando o custo do desempregado e definindo estratégias de liberação de crédito – disponibilizando recursos para os bancos emprestarem, assumindo 85% do risco. Bastaria um mero exercício de lógica.

No caso brasileiro, simplesmente de jogaram os recursos nos bancos, sem nenhuma exigência de contrapartida e sem nenhuma redução de riscos.

Ninguém vai emprestar.

Os recursos para informais e vulneráveis

Até hoje não começou a ser operacionalizada a remessa da merreca de 600 reais para os desassistidos. O dinheiro mínimo, abaixo do salário mínimo, não está chegando nas favelas, nas periferias, para informais, favelados, população de rua. Some-se a extrema insensibilidade até de governos estaduais com a população carcerária.

É evidente que nos próximos dias começarão os saques.

PMs e seguranças

Considere-se que a base das Policiais Militares de todo o país é constituída de classe baixa, moradora de periferia. Eles são os aliados preferenciais de Bolsonaro e estão sendo bombardeados pela propaganda bolsonarista, de que a fome e os saques são decorrência do confinamento. Eles têm seu soldo garantido. Mas em breve estarão atingidos pelo coronavirus sem acesso aos hospitais. O que será disso?

É questão de dias para explodir o caos social.

Guedes tornou-se figura patética. Em pleno tiroteio sumiu por uns dias no Rio de Janeiro e só aparece em seminários virtuais para instituições do sistema financeiro.

Não se soube de nenhuma reunião dele com a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), de nenhuma conversa com técnicos do Banco Central, para discutir formas do crédito chegar na ponta, nenhuma reunião com técnicos do Bolsa Família e IPEA, para saber como chegar nos desassistidos.

É uma galinha morta.

Peça 5 – os recursos não utilizados

O Estado brasileiro possui todas as condições para uma guerra eficaz contra o coronavirus. Tem quadros de primeira nas áreas da saúde, planejamento, Banco Central, BNDES e demais bancos públicos. Tem know-how para essas transferências, através do Bolsa Família, do Cadastro Geral. O IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) desenvolveu estudos sobre como chegar nos demais vulneráveis. Na área de crédito, tem toda o sistema bancário familiarizado com as operações de repasses do BNDES.

Nada é feito.

Como demonstraram os casos italiano, espanhol e norte-americano, cada dia de atraso na implementação dos programas significa dezenas de milhares de infectados.

O Brasil está pronto para o grande pacto de sobrevivência. Há boa vontade da parte das empresas, sociedade civil, movimentos populares, governadores. Falta só governo.

Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) tem a obrigação de atuar rapidamente, tirar os Bolsonaro do poder e assumir um papel de coordenação do grande pacto nacional.

Peça 6 – os sociopatas

Repito o óbvio: não estamos tratando com pessoas normais. Não há nenhuma forma de paralelismo com todos os governos pós-Constituinte. Aos demais, se podia atribuir erros, omissões, defeitos e virtudes. Agora, o país está nas mãos de uma família de sociopatas. DSM-5 (Manual de diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – 5ª edição), elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria e que se tornou padrão para a identificação de transtornos mentais.

Retirei as informações do blog Vittude:

Os sociopatas são socialmente irresponsáveis, apresentam desrespeito pelos outros, falsidade e manipulação para obter ganhos e vantagens pessoais.

O DSM-5 diz que a característica principal dos indivíduos que apresentam transtorno de personalidade antissocial é a sua disposição em desconsiderar ou violar os direitos dos outros. Isso é, o sociopata busca dominar e manipular o outro para obter vantagens para si próprio, como bens materiais, dinheiro, parceria para negócios, sexo, reputação, e assim por diante. Mas os sociopatas podem também querer dominar o outro apenas pela sensação de poder e controle.

Os sociopatas não têm consciência de que estão fazendo algo negativo, seus impulsos os levam a praticar atos que a maioria das pessoas nunca fariam. 

Muitas vezes, os sociopatas podem apresentar comportamento agressivo e se irritam facilmente. Em geral, os antissociais não sentem empatia pelo outro e nem mesmo remorso das suas ações e conduta.

Quem apresenta transtorno de personalidade antissocial tende a ser muito autoconfiante, arrogante e teimoso. Por isso, podem ser charmosos, desenrolados verbalmente e espontâneos, exercendo fascínio e encanto nas suas vítimas. Apresentam também distinta capacidade de argumentação e articulação para conseguirem o que querem. 

Luis Nassif

28 Comentários

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  1. Os pequenos empresarios do ramo de construção, aqueles da bonança do MCMV, estão desesperados pra retormar ao trabalho. Já estavam estrangulados com a crescente dificuldade e cortes dos financiamentos da Caixa, e agora isso.

    O irônico é que a maioria votou em Bolsonaro…

    1. “Liberação de recursos para os bancos … Ninguém vai emprestar”.
      Se existe aqui um setor super-canalha, este é o financeiro. Invariavelmente!
      Como na majoração do álcool gel, a necessidade de capital de giro pelos empresários de diversos portes “também gera oportunidades para “atentado criminoso contra a economia”…
      Assistindo TV, vejo a notícia de que após receberem recursos do governo, os bancos diminuíram os prazos e aumentaram os juros e as exigências.
      Alegam “riscos”…
      Provavelmente aquele de suas famíglias acionistas diminuírem seus lucros acima de 25 bilhões!
      Afinal quem neste país pode viver com menos de 25 bilhões no ano, né?
      (principalmente em tempos de covid19!)
      É “vomitante”

  2. o jornlista Bruno Torturra com seu canal do Estúdio Fluxo tem feito boas entrevistas. Faz dois dias e o convidado foi o filósofo Marcos Nobre onde o analista político traça um diagnóstico da loucura no método, e o método na loucura de Bolsonaro frente à pandemia de Covid-19.
    Caos e ruptura democrática, os riscos em torno do impeachment ou da deposição do presidente. O papel do Congresso e os riscos à frente nas próximas semanas ou meses.
    Vale a pene ver e até se atentar com possibilidades que ele traça.

    https://www.youtube.com/watch?v=JUMPoCWxtRM

  3. Nassif, a maneira mais rápida para fazer chegar o dinheiro aos desempregados e informais é via celular. Em vários países africanos o celular é usado para transferências de recursos financeiros. A base de dados das operadoras é gigantesca, me admira que até hoje elas não se transformaram em verdadeiros bancos.

    1. Em Portugal também. Há um aplicativo chamado MBWay com o qual faz-se todo tipo de pagamento e transfer, apenas com o castramento de seu celular junto ao banco onde tem conta.

  4. Atenha-se que do jeito que vai, já já vc dará um atestado de INIMPUTÁVEL à família do BOZO ..mas não é bem assim que deve ser, né ?..
    Doutra feita, analisando qq cria animal, sem esquecer que “filho de peixe peixinho é”, ou mesmo atentando ao fato de que intervenções científicas monitoradas, como a LOBOTOMIA, provam que a anatomia afeta verdadeiramente a personalidade humana, fora das influências sócio-culturais, então podemos concluir com absoluta tranquilidade que há algo de HEREDITÁRIO que explica o comportamento dessa família de sociopatas.
    Se me permitissem opinar, eu defenderia que apartar permanentemente, por todo o sempre, os elementos que compõem esta familícia, seria a medida mais adequada e prudente pra que o BRASIL pudesse se ver minimamente protegido destes disfuncionais. (no popular – prisão terapêutica PERPETUA, tal como BOZO imaginou pro Adelio)

  5. Nassif,

    Se você está certo, temos de pressionar o Maia. Coloca-lo como genocida ao lado do Bozonazzi. Acusa-lo formalmente, pedir sua destituição pelos mecanismos do Congresso como presidente etc.

  6. A grande interrogação do país hoje é: como vamos nos livrar de bolsonaro?

    Trata-se de um cadáver político insepulto que perdeu a serventia para a sua base econômica e financeira, militares e setor do agronegócio.

    Um tipo sociopata como bolsonaro isolado como está é um grande perigo ao país, ele vai continuar provocando e incitando o caos porque já não tem mais nada a perder.

  7. Alguém poderia me esclarecer se existe algum meio legal e imediato de depor esse estrupicio e seus bozokids do poder, sem que ele promulgasse o estado de sítio antes? Se há pq ainda não foi feito?

  8. Que o clã bozó é um agrupamento de sociopatas já não resta dúvida faz tempo. Agora, sinceramente, acho que o bozó-mor partiu praquele comportamento revanchista de moleque birrento: ‘se eu não ganhar, ninguém ganha’.

    E dá-lhe tocar o terror.

    Mas cabe uma pergunta: Não houve, em algum lugar do passado, duas instituições chamadas Congresso e STF? O que haverá de ter acontecido que nunca mais ouvimos falar?

  9. Volto a repetir: O governo fará o que tiver que ser feito segundo a OMS e experiência de outros países,com a competência ou incompetência que lhe é peculiar.
    O sujeito que ocupa a presidência da república terá,como desde o início deste governo, a função de distrair,como está fazendo, e manter a manada unida.
    Depois,seja qual for o resultado,ele estufará o peito para propagandear sua vitória e culpar os outros pelos desgastes.
    Convenhamos,em matéria de diversionismo o sujeito tem beirado a perfeição ocupando quase 100% das discussões e anulando completamente qualquer discussão mais aprofundada sobre o tema.

  10. Será no caos que encontraremos a saida. Urge esclarecer como Nassif fez ontem que a queda de Bolsonaro via impeachment será a queda de toda a chapa eleita fraudulentamente.

  11. Fernando Morais
    19 h
    Frei Betto, meu querido irmão em Castro, é um velho cadeeiro. Já cumpriu anos e anos de confinamento coercitivo. Neste texto ele dá dicas, a partir de suas experiências no xadrez, para que nossas quarentenas sejam menos penosas. A bença, frade, frater, irmão.

    Dez dicas para enfrentar a reclusão

    Frei Betto

    Estive recluso sob a ditadura militar. Nos quatro anos de prisão trancaram-me em celas solitárias nos DOPS de Porto Alegre e da capital paulista, e também, no estado de São Paulo, no quartel-general da PM, no Batalhão da ROTA, na Penitenciária do Estado, no Carandiru e na Penitenciária de Presidente Venceslau.

    Partilho, portanto, 10 dicas para suportar melhor esse período de reclusão forcada pela pandemia:

    1. Mantenha corpo e cabeça juntos. Estar com o corpo confinado em casa e a mente focada lá fora pode causar depressão.

    2. Crie rotina. Não fique de pijama o dia todo, como se estivesse doente. Imponha-se uma agenda de atividades: exercícios físicos, em especial aeróbicos (para estimular o aparelho respiratório), leitura, arrumação de armários, limpeza de cômodos, cozinhar, pesquisar na Internet etc.

    3. Não fique o dia todo diante da TV ou do computador. Diversifique suas ocupações. Não banque o passageiro que permanece o dia todo na estação sem a menor ideia do horário do trem.

    4. Use o telefone para falar com parentes e amigos, em especial com os mais velhos, os vulneráveis e os que vivem só. Entretê-los fará bem a eles e a você.

    5. Dedique-se a um trabalho manual: consertar equipamentos, montar quebra-cabeças, costurar, cozinhar etc.

    6. Ocupe-se com jogos. Se está em companhia de outras pessoas, estabeleçam um período do dia para jogar xadrez, damas, baralho etc.

    7. Escreva um diário da quarentena. Ainda que sem nenhuma intenção de que outros leiam, faça-o para si mesmo. Colocar no papel ou no computador ideias e sentimentos é profundamente terapêutico.

    8. Se há crianças ou outros adultos em casa, divida com eles as tarefas domésticas. Estabeleça um programa de atividades, e momentos de convívio e momentos de cada um ficar na sua.

    9. Medite. Ainda que você não seja religioso, aprenda a meditar, pois isso esvazia a mente, retém a imaginação, evita ansiedade e alivia tensões. Dedique ao menos 30 minutos do dia à meditação.

    10. Não se convença de que a pandemia cessará logo ou durará tantos meses. Aja como se o período de reclusão fosse durar muito tempo. Na prisão, nada pior do que advogado que garante ao cliente que ele recuperará a liberdade dentro de dois ou três meses. Isso desencadeia uma expectativa desgastante. Assim, prepare-se para uma longa viagem dentro da própria casa.

    (Frei Betto é escritor, autor, entre outros, de “Cartas da prisão”- Companhia das Letras.)

  12. Em tudo que hoje acontece, ecoam, de forma retumbante, três acontecimentos: o golpe de estado que foi o impeachment de Dilma Rousseff, a prisão de Lula por Sérgio Moro no bojo da operação Lava-Jato e a eleição completamente fraudada de 2018, com resultados contrariando totalmente as pesquisas dos institutos, e com um sem-número de violações ao processo eleitoral, a começar pela ausência de Lula nas urnas.

    Esses acontecimentos formam uma totalidade, isto é, compõem um só processo dividido em distintas fases. Para termos clareza, lembremos de quem são os atores do grande golpe de estado que nos conduziu até aqui:

    – O imperialismo estadunidense, desde os episódios de espionagem em 2013 contra a Petrobrás, passando pela entrega do pré-sal no impeachment, e pela destruição da economia brasileira e lawfare com a operação Lava-Jato. Com Bolsonaro, essa influência toma ares humilhantes.

    – Os empresários brasileiros. Dos grandes banqueiros e controladores de grupos à média burguesia de Havans e Riachuelos, o empresariado brasileiro se mostrou unido no projeto de destruir a rede de proteção social com a finalidade de privatizar o tesouro nacional. Após a destruição das leis trabalhistas, do SUS, do sistema público de ensino e pesquisa, da previdência social, isso chega ao apogeu com a transferência de inacreditáveis 1,2 trilhão de reais de DINHEIRO PÚBLICO ao controle privado dos bancos.

    – As forças armadas. Essa instituição, que nunca pediu míseras desculpas ao país por sequestrar o poder político por 21 anos e impor um regime de terror, assassinando boa parte da inteligência nacional e promovendo um processo de modernização desumana que nos legou nossas metrópoles problemáticas, mais uma vez veio à carga no golpe contra Dilma Rousseff. Ali, os militares permaneceram calados, mas hoje fica óbvio que estiveram dando o apoio determinante ao processo. Com a prisão de Lula, e as declarações golpistas do general da ativa Mourão, e tuítes do general da ativa Villas-Boas, ameaçando golpe militar e pressionando publicamente o STF, ficou claro que nunca se arrependeram de ter feito o que fizeram com o país, e com Bolsonaro, perderam-se as ilusões sobre do que são feitos os militares brasileiros: de muito reacionarismo, subserviência imperialista, golpismo e uma mentalidade perturbada. Isso tudo, claro, pode ser chamado de suprema covardia, que é a matéria-prima de nossos militares.

    – O centrão. O que chamamos de centrão são as derivações ao longo das décadas do ARENA da ditadura. Que acabou atraindo siglas como o PMDB e o PSDB. Pense na base do governo FHC. Isso é o centrão. É um nome que induz ao erro, pois trata-se basicamente de uma direita. Diferencia-se da direita Bolsonarista por não ser histriônica e ser muito profissional. Mas é tão direita quanto, e vem implementando uma agenda retrógrada no país intensamente desde o espetáculo do impeachment. Essas forças não são aliadas da classe trabalhadora de forma alguma. Quem destruiu o SUS, a Educação, o Pré-Sal, a Previdência e tudo o mais FOI O CENTRÃO.

    – As corporações do Judiciário, a Mídia, etc.

    Onde quero chegar: é extremamente perigoso “bolsonarizar” a crise, como se o problema fosse esse indivíduo. Quero chamar a atenção para o seguinte ponto: os governadores, que estão sendo elogiados, estão tomando medidas DE IMPROVISO, como o confinamento. Cadê os testes? Cadê a verba para o SUS? Cadê o subsídio aos trabalhadores? Cadê as medidas claras e vigorosas para a segurança alimentar? Me desculpe, mas dizer “fique em casa” é muito mais um improviso que uma política consistente. Cadê as condições para se ficar em casa? A inoperância não é só de Paulo Guedes e Bolsonaro. João Dória, Wilson Witzel, Zema e outros são TÃO INOPERANTES QUANTO.

    Conclusão: pacto é pra trouxa. O povo está diante de uma catástrofe produzida intencionalmente, porque salvar o povo está fora do radar dos governos. Simplesmente estão tentando MINIMIZAR a crise, e não SOLUCIONAR a crise. Dória, Witzel, Zema não são fundamentalmente diferentes de Bolsonaro. Não vamos esquecer quem é quem e por que estamos aqui.

    1. Perfeitíssimo, André Lameira, perfeitíssimo, seu comentário. Politicamente é isso. Agora voltando ao combate à pandemia, ele tem que ser em três pilares:
      1. DINHEIRO PARA AS PESSOAS POBRES PODEREM PERMANECER EM CASA. URGENTE.
      2. Isolamento.
      3. Fabricação em massa dos remédios que apresentam alguma indicação/suspeição de eficiência.
      Sou médico. Mas não precisava ser, para dizer o que eu vou dizer: Se você decidir ir a uma pescaria no Amazonas, em uma área sabidamente com prevalência de malária, você vai procurar um médico para saber como evitar ficar doente. Entre algumas opções ele poderá passar para você um coquetel de Mefloquina ou de Cloroquina. É muito utilizado. Todo remédio pode apresentar efeitos colaterais. Mas diante de um risco maior usa-se o remédio mesmo assim. Ora, há pesquisadores que pesquisam os efeitos da cloroquina e mefloquina sobre as reações teciduais idiopáticas provocadas pelos vírus. A China sabia disso e usou. Agora a Rússia declarou que está usando com bons resultados. A indústria farmacêutica está em polvorosa desejando ganhar milhões com essa epidemia. A cloroquina e a mefloquina são remédios baratos. Houve recentemente roubo de milhares de toneladas de cloroquina na França. Médicos ficam gritando: e os efeitos colaterais? Não foram feitos testes conclusivos!! Ora, se os efeitos colaterais são tão ameaçadores, por que se prescreve eles para quem vai a uma simples pescaria no Amazonas? O risco da morte pelo vírus não é bem maior nesse momento? Ah, mas não foram feitos testes conclusivos!! Meus amores, então está na hora de fazer os testes in loco, nos pacientes que estão adoecendo e em risco de morrer. Não são remédios desconhecidos, que pudessem envenenar as pessoas com qualquer dosagem. Não, já se conhecem os seus possíveis efeitos colaterais. Estão ideologizando uma coisa técnica. Bolsonaro, por influência de Trump, mandou os laboratórios das forças armadas produzirem cloroquina. Dessa vez esse deficiente mental está certíssimo. Tem que mandar produzir mesmo. Como não sabemos de nada com certeza, temos de nos valer dos murmúrios e das mínimas evidências, mas que ainda assim indicam algum caminho a seguir. Leiam o texto abaixo, e por favor, disseminem. Acho que estamos esquecendo essa vertente dos medicamentos e podemos estar dando ao Bolsonaro uma grande vitória, já que só ele aparentemente está apostando nisso.

      MEFLOQUINA
      Disse o Sputnik há dois dias: “A Agência Federal para Assuntos Médico-Biológicos (FMBA) da Rússia anunciou em declaração que apresentou um medicamento para tratar o coronavírus – a pandemia que tem afetado quase todos os cantos do globo.” https://br.sputniknews.com/russia/2020032815387993-agencia-biomedica-federal-da-russia-apresenta-medicamento-para-tratar-covid-19/

      Esse medicamento é um parente da cloroquina. Ambos são usados para tratamento e profilaxia de malária.
      A Mefloquina, em combinação com um medicamento chamado Artesunato, pode ser usado por quem vai viajar para áreas de malária, como profilaxia, ou seja, para evitar pegar a doença.
      A cloroquina também é usada para pacientes com doenças autoimunes como a artrite reumatoide e lúpus, que são doenças em que certos tecidos do corpo são agredidos pelo sistema autoimune do próprio corpo. É sabido que a cloroquina ajuda a controlar essa agressão.
      Há pesquisadores que se dedicam (antes da pandemia) ao estudo dos efeitos da cloroquina sobre as reações teciduais causadas pelos vírus. O Professor Didier Raoult, diretor do Instituto Hospital Universitário Méditerranée Infection de Marselha é um deles.
      A China usou a cloroquina e passou dados para Moscou. Agora Moscou está afirmando que está usando a Mefloquina com sucesso. Trump soube disso, e através dele o Bozó também soube.
      O mecanismo de ação não está esclarecido mas tem uma certa lógica: Se a cloroquina tem ação de conter a autoagressão de tecidos e se a principal causa de morte do corona é uma destruição não explicada do pulmão (autoimune?), possivelmente pode, então, agir contra a destruição dos alvéolos pulmonares.
      Esses medicamentos estão sendo usados junto com o antibiótico Azitromicina, para prevenir a pneumonia secundária.
      Um infectologista de Moscou afirmou recentemente no blog The Saker, que o efeito da cloroquina só é satisfatório no início da doença, quando o pulmão ainda não está muito destruído (ou seja, quando o paciente já necessita de ventilação artificial não existe mais grande eficácia da medicação). Portanto, só vai ter eficácia SE HOUVER A POSSIBILIDADE DE FAZER O TESTE DE CORONAVÍRUS PRECOCEMENTE PARA INICIAR O TRATAMENTO PRECOCEMENTE.
      Controvérsias à parte, se a cloroquina e a mefloquina são medicamentos amplamente usados no mundo há anos, inclusive para uma simples prevenção de malária para um viajante, POR QUE OS LABORATÓRIOS DO MUNDO INTEIRO NÃO JÁ OS ESTÃO PRODUZINDO EM LARGA ESCALA, 24 HORAS POR DIA, PARA SALVAR VIDAS, NA EMERGÊNCIA EM QUE ESTAMOS? Que mimimi é esse de efeitos colaterais? Que estória é essa de que tem de “fazer testes”?
      Numa hora dessas, não convém aos deputados e senadores de esquerda e a esquerda em geral ficar de mimimi, em vez de exigirem trabalho integral na produção desses medicamentos para distribuição universal ao SUS. Vão dar de bandeja esse troféu ao Bozo, que, segundo consta, já mandou os laboratórios das forças armadas produzirem cloroquina.
      Mesmo que os medicamentos não tenham o efeito que precisamos, na hora do desespero não há como esperar. É tentar tudo que apresenta uma esperança.
      A Mefloquina no Brasil é produzida pelo Laboratório da Marinha e, acho, não tenho certeza, por Manguinhos, no Rio.

  13. O suposto “poder” de Bolsonaro se baseia em três pontos:
    – Apoio do exército brasileiro (porquê só Deus sabe);
    – Apoio do patético judiciário brasileiro (garantia dos privilégios dignos da realeza);
    – Apoio dos “empresários” brasileiros (que querem poder continuar usando os seus empregados como massa escrava);

    O judiciário se deu conta de que as patéticas decisões que eles tomaram contra os inimigos de Bolsonaro não teriam qualquer efeito contra uma pandemia, então como bons covardes estão tratando de salvar a própia pele. O que indiretamente beneficia a população é verdade, mas NÃO confundam esse ato com qualquer genuína tentativa de proteger a população. Eles estão protegendo é eles mesmos, como sempre.

    O empresário brasileiro nunca saiu do tempo do Brasil Império, aonde empregado sempre foi algo abstrato a ser explorado até a exaustão e descartado quando se torna incapaz de trabalhar. Esses irão continuar gritando que os seus escravos… perdão, “colaboradores” devem voltar imediatamente para o trabalho mesmo quando o que deveriam estar fazendo era gritar para o governo ajudá-los DE VERDADE nessa situação atípica da pandemia. Pois é verdade que não dá de continuar um negócio sem funcionários trabalhando mas também não dá de continuar um negócio se os seus funcionários morrerem. O “Deus Mercado” dos idiotas de Chicago não irá salvá-los

    O exército é o VERDADEIRO poder no Brasil e ele sozinho banca todos os atos criminosos de Bolsonaro, até ameaçando o judiciário quando esse tentou tomar decisões contra o “capitão”. TODOS os atos do idiota foram tomados com ele sabendo que se a merda batesse no ventilador o exército impediria qualquer reação. Porquê eles fazem isso só eles sabem, a minha suspeita é uma ordem direta de Washington (que por sua vez recebe ordens diretas de Wall Street), mas pode ter algum outro motivo mais obscuro.

    Então se vocês querem salvar o país e eliminar a família Bolsonaro, vocês precisam descobrir quem realmente manda no exército brasileiro.

  14. Penso que esse sumiço do Paulo Guedes não é apenas incompetência ou vergonha dela. Dado o seu fascínio por regimes totalitários (vide Chile de Pinochet), não duvidaria de que ele e o sociopata estão em conluio, para a produção do caos social.

  15. As medidas econômicas dependem do Presidente da República.
    Sem essas medidas extraordinárias, haverá caos social.
    O Presidente da República não toma essas medidas e anuncia o caos social.
    Que fazer?

  16. Nassif, não ha dúvidas de que uma intervenção do Congresso e do STF para conter Bolsonaro é imprescindível. No entanto, a percepção de que o bolsonarismo tenha refluído parece, se não de todo equivocada, muito longe do consenso. Muitos profissionais com larga experiência política em Brasília, incluindo amplo conhecimento do Congresso e STF, têm avaliado que a aposta de Bolsonaro tem pleno respaldo eleitoral. Para desespero dos progressistas, SE A ELEIÇÃO FOSSE HOJE, BOLSONARO SERIA REELEITO NO PRIMEIRO TURNO. Isso não é torcida: é desespero diante do absurdo da realidade. E infelizmente, muitos não se atentam para isso, exatamente como não se atentavam no inicio de 2018.

  17. Que Bolsonaro aposta no caos não é de hoje e o coronavirus veio de cambulha.Me permito discordar em parte de Nassif.O que quer reste de mando no na figura de BOLSONARO,posso afirmar peremptoriamente que eles já inexistem.Basta acompanhar o dia a dia,as atitudes e ações do Presidente.Ele não fala mais coisa com coisa,perdeu completamente as condições mentais para tocar o País,aliás nunca as teve.Que estamos numa situação desesperadora não há menor dúvida.Meus adoráveis admiradores sabem que meus erros em política são mínimos.Desse modo,vou apostar todas as minhas fichas na renúncia atrelada a habeas corpus para o Clã.Veremos.

  18. e aqui em Pernambuco a Justiça determinou a apreensão dos carros de quem saísse em passeatas contra a quarentena. Bastou isso! Não teve umzinho sequer disposto a doar o carro pra ajudar no combate ao Corona virus.

    (…)
    1. Em cumprimento ao Decreto nº 48.809/2020 e suas alterações posteriores, adote todas as providências necessárias para evitar que a Carreata Geral de Recife, marcada para 30.03.20, às 10h, seja realizada e concretizada, evitando-se, com isso, a propagação de
    maiores níveis de infecção nesta cidade;

    2. Identifique cada responsável pelo evento, a fim de que a Polícia Judiciária e o Ministério
    Público possam encetar o manejo de ação penal pública, especialmente considerando os
    tipos previstos nos arts. 267 e 268 do Código Penal;

    3. Apreenda todos os veículos utilizados na carreata, colocando-os à disposição do serviço público para combate à COVID-19, inclusive com a possibilidade de perdimento a favor do
    Estado de Pernambuco e Município do Recife;

    4. Em relatório circunstanciado, apure inicialmente os danos causados ao patrimônio público e à sociedade, a fim de que os envolvidos respondam coletivamente com os
    próprios bens em ação civil pública, inclusive pelo evidente descumprimento do dever de solidariedade;

    5. Informe, no prazo de 5 dias, sobre o acatamento desta Recomendação.

    Publique-se.

    Notifique-se.

    Recife, 27 de março de 2020.

    Helena Capela
    34ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital
    Promoção e Defesa da Saúde

    Maria Ivana Botelho Vieira da Silva
    11ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

  19. Há um erro grave na matéria.
    O DSM-5 diz que sociopatas

    “Apresentam também distinta capacidade de argumentação e articulação”

    Então é certo que o Bozo não é sociopata! Kkkkkk

  20. O perfil do Bolsonaro se encaixa perfeitamente nestas características da personalidade antissocial :
    – Desprezo pelas leis, praticando atos que inclusive são passíveis de detenção.
    -Ser enganador, mentiroso e ludibriador, visando obtenção de vantagens, benefícios e ganhos pessoais.
    -Agem impulsivamente, sem planejamento de seus atos.
    -São imprudentes e não se preocupam com a sua segurança ou com a segurança de outras pessoas.
    -Ficam facilmente irritados e agressivos, se envolvem em brigas físicas ou discussões constantemente.

  21. Dizer que o Bolsonaro é sociopata apenas o livra dos crimes que comete. Ele é um canalha, uma pessoa extremamente má, um egoísta total que merece cadeia, não internação hospitalar.

  22. Na lata, Nassif!

    Meu recado pro Msndetta:
    Mandetta, põe a boca no trombone. Interdita esse demente. Você é médico! Tem apoio de todos! Inclusive da OMS, de toda a comunidade científica séria! Eu ainda, juro, convocaria os Militares pra dar um jeito, “com muito carrinho ” nesses bolsominions lunáticos. Chama a sociedade pra você! Exerça a liderança que o momento pede!
    Enquadra o Congresso, o Senado, o STF. E aproveita que Eu tô calma. Mesmo depois de ter assistido O POÇO e não ter dormido direito . ?

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