Xadrez do fator Ciro Gomes, por Luis Nassif

Sem um fato novo, de coordenação ampla da resistência a Bolsonaro, é possível que, na perda de rumo atual que caracteriza a oposição, a estrela de Ciro comece a brilhar com mais intensidade

Peça 1 – a resistência sem liderança

Espocam resistências em todas as partes do país contra os desmandos de Bolsonaro e seu grupo. Hoje em dia, há juízes pela democracia, economistas, procuradores, uma classe média indignada,  resistência no Judiciário, no mundo político, entre prefeitos e governadores, mas de forma difusa. 

A prova maior é a falta de rumo da oposição em relação às eleições no Congresso. Há apoios a Baleia Rossi, críticas ao apoios a Baleia Rossi, defesa de chapa pura, defesa de alianças, em uma perda de rumo que não perdoa nem esquerda nem centro-direita.

Não há ponto de coordenação.

Há um sentimento difuso de que o país está sendo destruído, as instituições arrebentadas, que os hunos de Bolsonaro não poupam educação, saúde, ciência e tecnologia, movimentos sociais, indústria nacional, mercado, empregos. E, a partir da tragédia de Manaus, a constatação de que o país está completamente à deriva no combate à pandemia.

Enfim, um sentimento de urgência generalizado, pronto para explodir, mas com o calor se dispersando no ar pela entropia, de defeitos nos fios condutores da eletricidade.

Peça 2 – as ameaças do bolsonarismo

Não se trata de um problema exclusivo de destruição das instituições, mas de um risco iminente de controle do país pelo crime organizado.

Há sinais nítidos no ar de que Bolsonaro irá tentar o golpe, mais cedo ou mais tarde. Mais cedo, se conseguir juntar massa crítica em favor do golpe. Mais tarde, com a perspectiva de ser derrotado nas eleições de 2022.

  1. Desde já coloca em dúvida as eleições.
  2. Há dois anos estimula o armamento para a população, de um lado facilitando a importação de armas e reduzindo o controle da Polícia Federal sobre munição. De outro, atuando diretamente contra policiais e fiscais da Receita que atuavam no combate ao contrabando de armas no porto de Itaguai – o ponto central do contrabando de armas no país.
  3. Além das milícias, há uma ligação umbilical dos Bolsonaro com os Clubes e Tiro e Caça e com grupos muralistas armados espalhados por todo o país.
  4. A aproximação com sindicatos das Polícias Militares estaduais e a corte às bases das Forças Armadas.

Todos esses fatores aumentam a eletricidade na política e estimulam o antibolsonarismo. Mais uma vez, a falta de coordenação provoca dispersão do calor.

Peça 3 – a perda de rumo das instituições

Some-se a desorganização das instituições com o desmanche constitucional que permitiu o impeachment. O vale-tudo do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Lava Jato contaminaram praticamente todas as instituições de controle do país.

Hoje em dia, a ameaça maior é Bolsonaro. No pós-Bolsonaro, o desafio maior será preservar a governabilidade, no caos que se instalou em todas as instituições da República.

Hoje se tem o seguinte quadro:

Judiciário – o ativismo se espalhou por todos os poros do Judiciário. Não há mais obediência aos fatores intangíveis de controle – jurisprudência, respeito aos códigos, razoabilidade nas sentenças. Jogam-se com prazos ou com a condescendência das corregedorias e dos tribunais superiores para uma militância política desmoralizante para a Justiça. É um poder que caminha rapidamente para a desmoralização. Só que, nessa trajetória, deixará muitas vítimas pelo caminho. Para evitar ameaças futuras ao Judiciário (e à democracia) há a necessidade de uma freada de arrumação. Mas o corporativismo do Judiciário, e a ação imprudente de Ministros do Supremo, como Luis Roberto Barroso, estimulando o protagonismo dos juízes, coloca muita resistência a qualquer forma de coordenação.

Mídia – em anos 2.010, a mídia brasileira cometeu o mais imprudente dos pecados da arrogância, articulando diretamente o impeachment de Dilma Rousseff e se apresentando como a verdadeira oposição ao país. É um trem sem rumo. O modelo de negócio faz água, não conseguiu viabilizar o grande motivo da conspiração – a blindagem contra as grandes redes sociais – e, hoje em dia, atua como um peru bêbado. Depois de ter gastado toda a credibilidade em um anticomunismo de guerra fria, não tem como desenvolver um discurso eficaz contra o direitismo de Bolsonaro. Limita-se a praticar a inviabilização dos adversários pré-Bolsonaro, a imprecar contra o bolsonarismo, a enaltecer Luciano Huck e a endossar cegamente o negócio da privatização.

É incapaz de pensar fora da caixinha ou no dia seguinte.

Governos estaduais – espremidos pela pandemia e pela crise fiscal, não conseguem esboçar reação mais sólida ao bolsonarismo. 

Legislativo – como em todo caso de governo enfraquecido, aumentam as demandas por cargos e verbas. E têm sido regiamente atendido por Bolsonaro. Só agirá quando o movimento de opinião pública pelo impeachment se tornar irresistível.

Peça 4 – as forças políticas

Nesse quadro confuso, há dois desafios para as forças políticas remanescentes da destruição imposta pela Lava Jato. Primeiro, como derrubar Bolsonaro. Depois, como garantir a governabilidade pós-Bolsonaro. São justamente as duvidas em relação ao pós-Bolsonaro que travam a batalha final pelo impeachment, a direita temendo um ressurgimento das esquerdas nas eleições; as esquerdas temerosas do que seria um governo Hamilton Mourão.

Em qualquer país racional haveria um pacto entre as forças democráticas, em cima de regras claras. Primeiro, entender o pacto como uma trégua para a disputa política. Ou seja, dá-se um prazo para a reconstrução da democracia, cada lado abre mão de suas demandas mais relevantes e, depois, abre-se novamente a disputa política.

Mas não há nenhum caminho claro pela frente.

O centro-direita continua se escudando nas tolices da mídia em pretender transformar Luciano Huck em estadista e em inviabilizar os adversários. Hoje em dia suas manifestações se resumem a generalidades de bom mocismo, a favor da redução da miséria, da desigualdade, do racismo etc., mas sem apresentar uma proposta concreta sequer para viabilizar os princípios,. Fica-se nisso: bom mocismo apenas. Mesmo as manifestações de boas intenções  são soterradas pelo interesse imediato nos negócios da privatização e do desmonte do Estado.

Do lado da esquerda, há a mesma perda de rumo. Não foi capaz sequer de definir uma ação conjunta em relação às eleições no Congresso. 

A partir do governo Temer houve uma ação sistemática de quebra das pernas dos sindicatos. O PT foi engolfado por uma polarização maliciosa conduzida pela mídia, apresentando-o como a outra face da moeda do bolsonarismo e até agora não conseguiu escapar da armadilha. E Lula já não tem o mesmo pique do passado, compreensível depois da perseguição infame. a que foi submetido na última década. Aliás, o maior crime cometido pelo movimento mídia-Supremo-Lava Jato contra o país foi a inviabilização política de Lula. Em qualquer país civilizado, ex-presidentes são ativos nacionais, essenciais para os grandes pactos de governabilidade.

Peça 5 – o fator Ciro Gomes

É por aí que se deve analisar o fator Ciro Gomes. Ciro tem algumas características que certamente o farão crescer nos próximos meses.

* Tem diagnósticos claros sobre os problemas centrais do país, não apenas econômicos, como institucionais. 

* Tem personalidade forte e determinação, qualidades que fortalecem em períodos de perda de rumo e de comando. As atitudes do irmão Cid Gomes em Fortaleza, enfrentando o motim da Polícia Militar, apesar da imprudência pessoal, mostrou um grau de determinação à altura do desafio de enfrentar o crime organizado que se apossou do comando do país.

* Tem boa penetração no Nordeste e capacidade de articular com os governadores.

* Ajudou a desenvolver boas políticas públicas no Ceará

* É reconhecidamente honesto. Enquanto Ministro do Interior, conduziu a transposição do São Francisco com pequenas e médias empreiteiras. Assim que saiu, e assumiu Fernando Bezerra Coelho – do centrão – voltou-se ao esquema anterior das grandes empreiteiras. Entende-se, aí, parte de sua bronca com o PT.

* Seu desenvolvimentismo vem alicerçado em argumentos racionais.

* Enfrenta menos resistências que o lulismo em redutos do centro-direita.

* Tem sinceridade suficiente para desmascarar as ilusões políticas alimentadas pela direita, como Huck e João Dória.

 Não são poucos os defeitos:

* A capacidade de criar conflitos dentro do seu próprio campo.

* Um ego monumental, que o fez abrir mão da possibilidade de ter sido presidente em 2018, ao recusar a proposta feita pelo PT – através de Fernando Haddad – de ser o vice-presidente na chapa de Lula, para assumir a candidatura a presidente quando Lula fosse impedido pelo STF. E sua viagem a Paris, para não se posicionar em relação ao seguro turno das eleições.

* A dificuldade em dialogar com movimentos e sindicatos, comprometendo um dos pilares da modernização do país: o aprofundamento da democracia através de modelos de participação. 

* A demonização de quem ousar apontar erros em suas estratégias.

* A ojeriza aos acordos políticos. Mas que pode ser uma vantagem na quadra política atual, para arregimentar seguidores.

Em quem está na oposição, voluntarismo é qualidade. No poder, pode ser ameaça. Mas, em preparativos para a guerra – como ocorre agora, na resistência a Bolsonaro – pode ser a única alternativa de resistência.

É possível que a perda de rumo atual faça com que seus defeitos sejam minimizados e que a impulsividade atraia cidadãos desiludidos com a ideia de que será possível reconstruir o país e as instituições com bons modos. 

No cenário político atual, o governador do Maranhão, Flávio Dino, tem entendimento muito mais apurado sobre os instrumentos de democratização, de políticas sociais. E tem pulso para enfrentar desafios pesados. Seria o nome ideal para a construção na paz com bons modos, mas não necessariamente em períodos de guerra. E Fernando Haddad – provavelmente o melhor Ministro da história do país, pelo conjunto de políticas que implementou – não tem mostrado disposição para assumir um protagonismo maior no jogo político.

Por tudo isso, sem um fato novo, de coordenação ampla da resistência a Bolsonaro, é possível que, na perda de rumo atual que caracteriza a oposição, a estrela de Ciro comece a brilhar com mais intensidade.

 

Luis Nassif

24 Comentários

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  1. Voluntarismo: o x do problema Ciro Gomes.
    Se você chega ao poder de uma forma, dificilmente se acostuma à idéia de exercê-lo de outra forma; normalmente, é obrigado a isso. O voluntarismo funciona bem quando você tem liberdade de movimentação, não quando se está sob as amarras de uma burocracia jurídico-legal, forçado a agir dentro de procedimentos que terminam por engessá-lo.
    A idéia de ‘Vanguarda Revolucionária’, personificada no Partido, desenvolvida por Lênin, permitiu a ele alcançar o poder; e foi ao mesmo tempo a semente que gerou a burocratização da Revolução e o stalinismo.
    O PT pensou estar dando um drible na elite conservadora do país, com a “Carta aos Brasileiros”; essa mesma elite riu, e assistiu de camarote à inegável guinada do partido a uma forma política estanque, estratificada, burocratizada.
    Deram a essa forma política o nome de Presidencialismo de Coalizão.
    Ciro é, de fato, uma mente articulada, e com uma visão bastante clara da realidade e dos problemas do Brasil. Seus vídeos, disponíveis no Youtube, da época da campanha de 2018, atestam isso, além de serem bastante engraçados, principalmente quando ele rebate neoliberais nas platéias.
    Quem se lembra de Collor, com os cabelos despenteados, rebeldes, durante a campanha, e, tão logo assumiu, exibiu essas mesmas madeixas impecavelmente domadas pela brilhantina. Metáfora mais perfeita, impossível.
    Como dizia Glauber Rocha, fazendo o elogio do povo brasileiro, nele só se achava um defeito: saía correndo atrás do primeiro que aparecesse com uma cruz ou uma espada. Lula não empunhava nem uma nem outra; deu no que deu, foi tolerado até um certo ponto, ainda que sempre tenha respeitado as regras do jogo. Respeitou até demais, como se viu.
    E sem essa de dizer que isso é coisa de povo atrasado; basta ver a corrida recente dos europeus atrás de líderes estilo Donald Trump. E quem crê que Joe Biden difere muito do antecessor, em breve verá essa casca cair.
    O voluntarismo se serve bem, tanto da cruz, como da espada; mas, uma vez que o objetivo é conquistado, cede a esse asqueroso “identitarismo”, e aceita a idéia de que nem uma nem outra coisa lhes cai bem ou pertencem – ficam melhor nas mãos dos outros.
    E os outros são sempre os mesmos, os que sempre vencem, seja seu títere de ocasião um cordeiro ou um lobo.
    Qualquer fantasia serve.

  2. O prof. Wilson Gomes publicou o post abaixo no Facebook, em 25.09.2018. Ainda dava tempo de evitar aquilo que deu nome ao seu último livro(*), lançado em dezembro/2020. Por que salvei este post naquela época? Porque estava desenhado o que iria acontecer. Porque era óbvio. Ululante.

    Wilson Gomes
    25 de setembro de 2018 ·

    Vou repetir, tá? Não me queiram mal por isso, mas é que tá chato.

    Não existe cirista. Se existem, não os conheço. O que há são petistas moderados, ex-petistas e pessoas de centro e centro-esquerda que sempre votaram no PT e que não gostariam de votar no Partido dos Trabalhadores nesta eleição. A sua preferência por Ciro Gomes não é identitária, mas circunstancial e estratégica. Inclusive, poderiam votar em Marina se o xadrez eleitoral o exigisse. Dê-se por feliz por eles não estarem votando em Bolsonaro.

    Os eleitores de Ciro que conheço sequer são anti-Haddad, ao contrário, o têm em grande apreço. E teriam adorado votar em uma chapa Ciro-Haddad se Lula não lhes tivesse tirado esse gostinho.

    Não há mal algum em as pessoas não quererem votar no PT e até tentar que outras pessoas não votem no PT. Não importa se o fazem por voto estratégico (ou útil) ou por voto ideológico (só votam no PT se a alternativa for Bolsonaro). Não preferir o PT é legítimo e moralmente justificado. O que é moralmente injustificado é o ódio ao PT, principalmente o que transborda para a brutalidade do bolsonarismo.

    Os eleitores de Ciro podem até ser poucos agora, mas podem representar a diferença entre ganhar e perder no segundo turno. Se eu fosse petista, os trataria com enorme respeito e civilidade, se não por respeito e tolerância, que no petismo há pouca, pelo menos por estratégia. A não ser que o objetivo seja mesmo demonstrar que os petistas são chatos e criadores de caso. Mas aí vocês conhecem a minha regra de ouro, não é? “Toda causa sustentada por chatos é uma causa perdida, não importa quão boa ela seja em si mesma”.

    Fiquem em paz e escolham melhor seus inimigos.

    https://web.facebook.com/wilson.gomes.1614460/posts/2190672797879437

    (*) Crônica de uma tragédia anunciada. Como a extrema direita chegou ao poder. Wilson Gomes. Sagga Editora. Salvador, 2020.

  3. A “estratégia” do PT para vencer as eleições 2018 pela 5ª vez consecutiva

    Como não dá mais para colar fotos, reproduzo ipsis litteris dois prints do Twitter do Breno Altman, que integra o chamado núcleo duro do PT:

    Breno Altman – 22 de setembro de 2018 às 18:24

    O PAÍS CAMINHA PARA O SEGUNDO TURNO IDEAL
    Haddad e Bolsonaro é a segunda volta dos sonhos, por contrapor sem máscaras a civilização e a barbárie.

    E prossegue, o lépido, fagueiro, intrépido e perplexo “estrategista” do PT, alguns minutos depois:

    Breno Altman – Mas porque iríamos querer tirar o Bolsonaro do segundo turno? Para perdermos as eleições?

    *************************************

    A “estratégia” era perfeita, só faltou combinar com os eleitores, pois 57,7 milhões deles enxergaram exatamente o oposto, a barbárie personificada em Haddad e a civilização, veja só, em Bolsonaro. Como assim, quem autorizou o povo a desobedecer os estrategistas do PT?

    Levaram em conta o VIOLENTO antipetismo? Claro que não, antipetismo NON ECZISTE, segundo todos os dirigentes, Lula inclusive.

    O PT adotou como “estratégia” de campanha poupar Bolsonaro, bateu em todos, principalmente no café-com-leite Geraldo Alckmin, fizeram de tudo para conduzir Bolsonaro ao segundo turno, daí seria barbada. Haddad já podia encomendar o terno da posse.

    Aí abrem-se as urnas do primeiro turno: 46,03% para aquele que seria uma barbada vencer. E a eleição se decidiu ali. Só alguém em estágio avançado de delírio lisérgico para acreditar que seria possível reverter isso.

    Conviver com realidade adversa não é fácil, pelo contrário, é penoso, dolorido. Por isso, frequentemente recorrem-se a fantasias psicodélicas, por exemplo, a de que Haddad perdeu a eleição por culpa do Ciro Malvadão, que “fugiu” para Paris.

    A eleição foi decidida no primeiro turno: 46,03%. Porque o PT levou Bolsonaro ao segundo turno.

  4. Do Facebook do Tom Cardoso

    Tom Cardoso Cardoso
    16 de janeiro às 13:27 ·

    Meus amigos, entendam: o Rodrigo Maia, até os 12 anos, ainda gritava “Mãeeeee, cabei”. Ele não vai pautar porra nenhuma. E nem o próximo presidente da Câmara.

    E não se iludam: Bozo vai seguir com a popularidade em alta até 2022. Mais do que isso: se polarizar com alguma liderança mais à esquerda, vai ganhar de novo, recebendo os votos dos que hoje batem panela contra ele.

    O ódio ao Lula, por conta do longo processo de demonização do PT, é muito maior do que o ódio ao Bozo, independentemente do número de mortos por Covid, ou do número de árvores queimadas.

    Enfim, pra se livrar desse cara, a gente vai precisar se aliar à turma do churrasco, fazer muita pizza com borda recheada no forno da varanda. Escolher um nome junto com eles. É uma realidade dura, mas necessária.

    Uma coisa de cada vez.

  5. “Não existe antipetismo” e voto útil vai beneficiar Haddad, diz Dirceu
    Por Cíntia Alves

    24/09/2018

    Jornal GGN – “Não existe antipetismo, o que tem é o eleitor que não é petista” e o eleitor que é “conservador”. “Como falar de antipetismo se Lula tem 45% de intenções de voto? O PT tem 22% de rejeição, a mais baixa da série histórica, tem 29% da preferência dos brasileiros, será o partido mais votado para a Câmara dos Deputados.”

    A análise acima é do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu. Em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta segunda (24), Dirceu avalia que o voto “conservador”, no Brasil, pode bater um teto de 45%. Mas o PT, em eleições passadas, chegou neste mesmo patamar. A questão que se coloca hoje é: quem vai com Fernando Haddad para o segundo turno.

    Tudo indica que será Jair Bolsonaro, e Dirceu, de olho nas pesquisas, não discorda. “Se o Alckmin não consegue empolgar esse eleitorado, esses eleitores correm para o Bolsonaro, nem tapam o nariz. Se votaram no [Fernando] Collor e em Jânio [Quadros] por que não votariam no Bolsonaro?”

    Bolsonaro, segundo Dirceu, “pode chegar nos 30%, não é impossível. Mas depende da campanha, dos debates, dos incidentes. Porque não existe candidato do governo nem dos governos do PSDB. No Nordeste, Haddad vai ter 60% dos votos, pode escrever.”

    Enquanto mingua no quarto lugar nas pesquisas, a campanha de Alckmin já antecipou o apelo ao voto útil, e passou a cravar em programas eleitorais que Bolsonaro e Haddad são dois lados da mesma moeda, e não teriam condições de governar.

    Para Dirceu, o voto útil não beneficiará Alckmin, e tampouco Ciro Gomes, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas. “(…) mas vai funcionar para o Haddad que está na frente.”

    Sobre o medo disseminado na sociedade, Dirceu respondeu: “Isso aí falavam do Lula [em 2002], mas ele foi eleito e nós demos um banho de governo. Haddad vai assumir, se for eleito, e vai melhorar o ambiente político e a economia, vamos fazer a reforma tributária e do sistema bancário e financeiro.”

    Não existe antipetismo, o que tem é o eleitor que não é petista, é natural que o eleitor conservador não vote no PT. Como falar de antipetismo se Lula tem 45% de intenções de voto? O PT tem 22% de rejeição, a mais baixa da série histórica, tem 29% da preferência dos brasileiros, será o partido mais votado para a Câmara dos Deputados.

    Isso aí falavam do Lula [em 2002], mas ele foi eleito e nós demos um banho de governo. Haddad vai assumir, se for eleito, e vai melhorar o ambiente político e a economia, vamos fazer a reforma tributária e do sistema bancário e financeiro.

    Ele pode chegar nos 30%, não é impossível. Mas depende da campanha, dos debates, dos incidentes. Porque não existe candidato do governo nem dos governos do PSDB. No Nordeste, Haddad vai ter 60% dos votos, pode escrever.

    Não acredito em voto útil para o Ciro, mas vai funcionar para o Haddad que está na frente.

    No Brasil, 45% dos votos são nossos, e 45% dos conservadores. Se o Alckmin não consegue empolgar esse eleitorado, esses eleitores correm para o Bolsonaro, nem tapam o nariz. Se votaram no [Fernando] Collor e em Jânio [Quadros] por que não votariam no Bolsonaro?

    Não é assim, naquela época [de Jânio] não tinha o PT e não tinha Lula. E quando elegeram Collor, o PT não tinha o eleitorado consolidado que tem hoje.

    ******************************

    Realidade paralela – Faltando 12 dias para o primeiro turno, era esse o nível de delírio entre a cúpula do PT. Sendo breve para não encher o saco, o que mudou de 2018 para cá? Nada. Vai mudar para 2022? Não, porque as pessoas que continuam lá são as mesmas. E nada vai mudar. Então tendem a repetir o desastre? Sim, porque muita água passou por debaixo da ponte, a fila andou, e ninguém consegue enxergar isso. E o antipetismo não arrefeceu 1 milímetro, pelo contrário, aumentou.

    Tenho um arquivo no word chamado “Delírios de 2018”. Está cheio. Amostra:

    1) A melhor solução será derrotar Bolsonaro no primeiro turno

    por Josias Pires

    Ouvi o jornalista Breno Altman afirmar, em conversa no Fórum Revista com Renato Rovai, que a melhor alternativa eleitoral para o PT no segundo turno da eleição presidencial será enfrentar Bolsonaro. Do meu modesto ponto de vista, esta estratégia é uma temeridade e, no limite, é irresponsável. Se a estratégia eleitoral do PT for realmente esta enunciada por Altman, mais uma vez, na história do Brasil, paulistas estariam reduzindo o país a São Paulo. Agora, mais uma vez, submeteriam o projeto de nação e submeteriam a Política ao marketing eleitoral. Ainda continuo imaginando que Ciro e Haddad, como defendeu lucidamente Jaques Wagner e outros, teria que ter sido a chapa para vencer tanto Alckmin quanto Bolsonaro.
    (segue)
    https://jornalggn.com.br/opiniao/a-melhor-solucao-sera-derrotar-bolsonaro-no-primeiro-turno/

    2) A esquerda brasileira vai obter a maior vitória de sua história (Brasil 247, onde mais?)

    O colunista Gustavo Conde afirma que a esquerda brasileira tem a maior chance histórica para fazer prevalecer sua concepção de sociedade diante de um país arrasado pelo golpe; ele diz que “a cena presente é de um indiscutível 3 a 0 para a democracia contra o golpe”, mas pondera, no entanto, que “esse só é o primeiro tempo”; e lança o desafio: “resta saber como se comportar no segundo tempo, com a torcida toda a favor: se vamos recuar para garantir o resultado ou se vamos partir para uma goleada histórica”

    Um novo governo Lula aponta no horizonte como uma das previsões mais elementares da cena política brasileira. Aliás, é bom que se diga: o mercado das previsões andou em baixa como todos os outros mercados no Brasil. Esta coluna navega contra a corrente porque segue a piracema dos fatos empíricos e faz o cotejo dos dados concretos estatísticos com suas curvas recentes e históricas.
    (segue)
    https://www.brasil247.com/blog/a-esquerda-brasileira-vai-obter-a-maior-vitoria-de-sua-historia

  6. Ciro Gomes se parece um pouco com o grande Leonel Brizola: na determinação ao falar, em não ter papas na língua, qualidades que o povo eleitor aprecia. O povo está à procura de um Pai que mande, que bata com o punho na mesa e que enfrente os males do mundo que os afligem no dia a dia. MAS CIRO GOMES NÃO É LEONEL BRIZOLA. Ciro Gomes me faz pensar mais em um plano B da direita. Da direita mundial, quero dizer. Daquela direita que faz planos ocultos lá em seus institutos internacionais (alguns se chamam Milenium, Open Society, Americans for Prosperity, Atlas Network, Libertarians, etc.) e as agências de inteligência do império, todos trabalhando para desestabilizar democracias, derrubar governos com qualquer viés de esquerda, assumir controles de riquezas mundiais mais que o que já controlam. Não confio nesse político.

  7. ciro gomes rejeitou o q Brizola com certeza acertaria: a aliança ao Partido dos Trabalhadores contra um racista. e Brizola era fervoroso crítico das politicas econômicas dos saídos da USP. e do próprio presidente Lula. mas jamais retrocederia à investida da ultra – direita q usa do dispêndio das perdas internacionais ao “mercado” como patrocínio (e agora, José) a figuras boçais como bolsonaro. a+a l@buta sem jamais retroceder…

  8. Em um comentário acima, o comentarista faz pouco caso de que a ida de Ciro a Paris prejudicou a eleição de Haddad. Discordo. Se Ciro tivesse se aproximado de Haddad, poderia negociar um belo cargo num eventual governo deste. Conquistaria, mesmo com a derrota de Haddad, a simpatia dos petistas e, nas próximas eleições, poderia arrefecer a antipatia da esquerda e passar ao segundo turno. Ciro comete muitas tolices, sua vontade férrea de chegar à Presidência o deixa cego

  9. Ciro tem 2 dos problemas: o primeiro é que se tornou antipetista, quando mais se torna antipetista, mais se distancia da esquerda. E Ciro mais longe da esquerda significa ceder – inclusive no seu projeto desenvolvimentista. O outro é seu projeto. Ele só terá sucesso se tiver apoio da esquerda e do campo progressista. A direita e o centro liberal vai boicotá-lo, caso Ciro insistir com ele.

  10. Ciro não teve grandeza ao fugir para Paris. Não aceitou um arranjo que o levaria a ser o candidato da esquerda em 2018. Se achava maior e melhor que os outros. Quando percebeu que não tem a grandeza necessária para sozinho ir ao segundo turno, com revanchismo se eximiu, e portanto é cumplice, do que aconteceu. Talvez mesmo apoiando fortemente Haddad no segundo turno, Bolsonaro venceria. Mas em política adora-se um traidor, mas nunca o perdoam. Assim vejo Ciro: um traidor.

  11. Lula Livre

    Lula lá!
    Querem calar nossa voz
    Não dá, não dá, não dá
    Mas não dá
    Lula já é cada um de nós
    Queremos Lula novamente
    É a genuína voz do povo
    Com Lula Presidente
    O Brasil vai ser feliz de novo!

  12. Se o PT insistir na mesma tática de 2018, Bolsonaro será reeleito! Até agora, o PT não fez nenhuma grama de autocrítica sobre as merdas que fez! Receita certa para novo fracasso!

  13. CARTA ABERTA à IVAN SALOMÃO,Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do PARANÁ.

    Caro Professor?

    -Quem vai repor a Lula uma eleição presidencial que seria liquidada no primeiro turno?
    -Quem vai repor a Lula 580 dias tranficado numa masmorra de Curitiba?
    -Quem vai repor a Lula o assassinato de Dona Mariza Letícia,sua alma gêmea?
    – Quem vai repor a Lula,o mais popular e brilhante presidente que o Brasil já teve,a dignidade perdida?
    – Quem vai repor a Lula as acusações de ladrão,corrupto e desonesto deblaterada por centenas de milhares de vezes por detratores contumazes,entre eles Ciro Gomes e seus cães de guarda?
    -Quem vai repor a Lula a condição de olhar nos olhos dos seu netos,provavelmente com eles marejados,e dizer que “eu não sou isso que levianamente jogaram sobre os meus ombros”?
    – Quem,por fim,vai repor a Lula uma vida destruída,destroçada,aniquilada diante do povo pobre do Brasil?

    Seria um pouco mais decente e correto,que Lula fosse tratado como ele realmente é:
    O maior líder político que este País amargurado e deserdado de Deus,já teve desde a sua triste e penosa existência.

    Para minha cara e minha nobre Dona Lourdes Nassif,em tempos de pandemia,incerteza e solidão.DJ.

  14. O Ciro Gomes não tem liderança nem no seu próprio partido. O PDT votou maciçamente no golpe. O que fez Ciro Gomes ? Nada. É líder de um exército de Brancaleone.

  15. Sobre líderes e estadistas

    Um leitor do Tom Cardoso publicou o seguinte comentário no post que está copiado acima:

    “faz 1 livro sobre como a esquerda construiu o antipetismo no Brasil? sua cara ?
    tem aquela frase espetacularmente de ódio “plus aumentado” da jornalista que “dizia” (e sério?) estar fazendo campanha pro hadad:
    “Se Lula fosse um estadista, ele teria apoiado um nome fora do PT. Alguém que pudesse aglutinar a esquerda e o centro, como Ciro Gomes (PDT). E Haddad poderia ter sido o vice. Mas Lula, infelizmente para o país, não é um estadista. Lula é um grande líder, mas não um estadista. Moveu-se nesta eleição por vingança, não pelo bem do Brasil. Quis mostrar que, mesmo de dentro da cadeia, poderia dominar a campanha.

    Ao que o Tom responde: “concordo com tudo”

    E o leitor arremata: só vc tem o humor necessário para se aproximar desse delicadíssimo tema/tabu

    ***************************
    Acrescento:

    Lula é um patrimônio do país, uma liderança incontestável, jamais um estadista. A eleição de 2018 está aí como prova, com seu candidato suicida-kamikaze, que vai se repetir de forma previsível e até monótona em 2022. Estadistas colocam o país antes de tudo.

  16. Estadista ele até pode não ser,mas “ele é o cara”,segundo Barak Obama,na condição de Presidente dos Estados Unidos da América.

  17. Pensando melhor você tem razão.
    Estadista no Brasil é aquele cidadão que movido por energia álcoolica,desce ao saguão do apartamento onde mora,com um trezoitão nas mãos e coloca uma cambada de bolsominios pra correr.

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