Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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A ameaça do Pacote do Veneno, por Rui Daher

Hortaliças

Foto: Agência Brasil

Por Rui Daher

Em CartaCapital

Fazendo uso do Congresso Nacional, onde a maioria dos deputados e senadores atua de forma fisiológica e de acordo com interesses pessoais, Judiciário que bate cabeças em rococós vários, e mídia garantidora do acordo secular de elites, o governo ilegítimo de Michel Temer tenta nos iludir com firulas mentirosas de que o País melhorou e vai bem.

Conforme demonstram as pesquisas de opinião até aqui divulgadas, convencem apenas parcela ínfima da população, até a página 5, digamos.

Treze milhões de desempregados; aumento pífio do PIB no 1º trimestre, carregado pelo peso agropecuário, pois indústria, comércio e serviços não financeiros permanecem estagnados; Selic caindo e spreads e taxas de serviços bancários subindo, a ponto de os lucros dos cinco principais bancos (concentração), no 1º trimestre, terem aumentado perto de 15% (para 17 bilhões de reais) sobre o mesmo período do ano anterior; ajudou terem demitido 2.200 funcionários.

Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam 7,7 milhões de déficit de moradias no país, com as decorrências trágicas conhecidas. Do IBGE, a Pnad Contínua mostra um aumento de 11% na pobreza extrema, para 14,8 milhões de pessoas.

Adicione-se algo ainda mais terrível e resultado dos fatos antes narrados, a que leitores e leitoras, se preocupados com país mais justo, poderiam apontar vários outros: contadas como “crianças mortas até um ano por mil nascidas vivas”, que havia caído, entre os anos 2000 e 2015, de 26,1 para 12,4 (53%), a partir de 2016, segundo o Ministério da Saúde, voltou a ter tendência crescente.

Afinal, foi isso o que vocês pediram eles fizeram? Para tais resultados? Ainda mais: mostraram-se verdadeira quadrilha em cafofos apaniguados por Polícia Federal, Ministério Público e instâncias superiores do Judiciário.  

Agem livres, leves e soltos, como agora, com o “Pacote do Veneno”, do deputado federal Luiz Nishimori (PR-PR), e seu Projeto de Lei 3.200/2015 que pede mais rapidez no registro de agrotóxicos no país. Ou seja, pede coxas no lugar de profundidade e segurança.

O que Nishimori propõe é um prazo de um ano (hoje em dia, são três) até a aprovação e o registro das novas moléculas agroquímicas, não importando se proibidas fora do Brasil. Há falta de técnicos e recursos para tempo tão curto das pesquisas. Depois, babau, poderão ser comercializadas e usadas.

Nosso deputado paranaense fala em “registro provisório”. Faz me chorar. Todo o provisório no Brasil, se para o mal, é definitivo, se para o bem, é cortado. No caso, estariam suprimidos os poderes decisórios de ANVISA e IBAMA.

Isso, num momento em que a China amplia o rigor para o trato com o meio ambiente. O fechamento de fábricas irregulares de glifosato, por exemplo, reduz a oferta para exportação do veneno e aumenta seus preços. A medida pode ser boa para as agora irmãs Bayer e Monsanto, mas não para o produtor brasileiro. A China faz o que o planeta sempre cobrou dela. Nosso agronegócio pede o contrário.

Enquanto a porca tenta esticar o rabo, coloca-se as mais sérias restrições aos controladores biológicos ou biodefensivos, capazes de substituir ou, pelo menos, diminuir o uso das moléculas químicas. Permitidos com a regulamentação da Lei de Orgânicos, são de forma jocosa chamados de “caseiros” e geram preocupação entre as associações da Federação de Corporações.

Um dos líderes mundiais no consumo de agrotóxicos, quem preocupado em ter seu mercado invadido pelos “caseiros”?

Volto ao assunto. Se não mudar de ideia.

Nota: o vídeo abaixo do Gregório Duvivier diz mais que meu texto. Formidável.

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

4 Comentários

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  1. Mais um episódio do “Hospício Brasil”.
    É um dos legados dos bobalhões batedores de panelas. Perderam o emprego, as perspectivas de melhoria de vida e agora, estão condenados a morrer de câncer provocado pelo veneno permitido pelos deputados “da liberdade”. A cada dia, legiões de “zumbis”, imbecilizados pela mídia, desafiam os limites da sanidade em nosso país.

    1. Marcos,

      Um hospício envenenado que compra uma bancada ruralista coisa nenhuma. Poucos ali plantam. Vivem do lobby e da compra de seus votos. No lugar de “Hospício Brasil” deveria ser “Leprosário Brasil”.

      Abraços

  2. A ameaça….

    Novamente a foto de uma saudável maçã como produto venenoso? É esta a mensagem para a População e para as Crianças Brasileiras? Os Agricultores que produzem maçãs são os responsáveis por envenenar os Brasileiros? Vejo nomes da agropecuária aqui citados, Bancada Ruralista, o Agro, ou seja o Brasil. Onde estão as Marcas Internacionais que produzem tais Venenos? Com Matriz nos mesmos países de Ong’s Ambientalistas Internacionais que culpam nossa Agropecuária mas não citam tais marcas. Conveniente, não é mesmo? Os Venenos que são prioibidos na sua terra, são produzidos e comercializados por aqui. E a culpa não é deles? A Shell envenenou o solo em Paulinia / SP e o rio Atibaia. Aumentou em seis vezes a incidência de câncer na região. Não vamos falar da Bancada da Shell? Diz aí, Serra? Continua praticando seu Socialismo AntiCapitalista financiado pela Shell? E Rhodya e Basf que adubaram Cubatão / SP com ‘Pó da China’? É Pó da China (pentaclorofenato de sódio), caro Aécio. Este dá um ‘barato’ diferente, mas um caixa-dois tão maravilhoso quanto o outro. Você sabe, sabemos. Uma das substâncias cancerígenas mais conhecidas que existem. Nada disto foi usado na Agropecuária, no entanto, causaram os maiores envenenamentos na história tupiniquim. Qual é a Bancada da Basf? E da Rhodya? Quais suas marcas utilizadas, juntamente como as da Monsanto? Subsidios, ‘latifúndios’ comerciais, isenções fiscais bilionárias são só para a Agropecuária? Estas MultiNacionais não recebem tais benefícios 3 vezes maiores que nossa Agropecuária? Existe algum Diretor desta Multinacionais que esteja preso? Que foi preso? Quais são os nomes destes Diretores? Como é o nome dos donos destas Empresas, que fabricam tais venenos? O que Americanos, Alemães, Noruegueses, Franceses, Holandeses tão civilizados, ‘loiros de olhos azuis’ tem a falar sobre este genocídio praticado por suas Marcas e suas Empresas? A maior indenização da história foi pela contaminação de solo e água nos EUA. Quais foram as indenizações bilionárias que estas empresas tiveram que pagar aqui no Brasil? Ah! Entendi. O problema é nossa Agropecuária Brasileira? 2018. Falar mais o que?    

    1. Zé Sérgio,

      Os nomes das multinacionais? Pergunte à “Agropecuária Brasileira”. Ela compra delas, recebe a nota, o produto rotulado e paga pontualmente.

      Abraços

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