As Fake News do pronunciamento de Bolsonaro

Confira as mentiras no novo discurso do presidente, até então negacionista frente à Covid-19 e à vacinação

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Jornal GGN – O discurso do presidente Jair Bolsonaro, na noite desta teça (23), marcou uma mudança de posicionamento do mandatário, até então marcadamente negacionista frente à pandemia do coronavírus. O GGN separou as Fake News do pronunciamento de Bolsonaro, confira:

  • “Somos incansáveis na luta contra o coronavírus”

Durante o ano de 2020, a pandemia foi minimizada pelo presidente Jair Bolsonaro, que incentivou aglomerações, não usou máscara e constantemente se manifestou contra o isolamento social, disseminou Fake News e, juntamente com o Ministério da Saúde, prejudicou e atrasou a aquisição de vacinas contra a Covid-19 para o Brasil.

  • “Em nenhum momento, o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus, como para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome”

Além de tentar impedir que cidades e estados decretassem o ‘lockdown’ para combater o coronavírus, sendo essa medida levada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que liberou governadores e prefeitos a discordarem do mandatário, o auxílio emergencial – única medida para conter as consequências econômicas da pandemia – foi suspenso durante 3 meses. A pandemia gerou desemprego no Brasil, atingindo um recorde acima de 14,1% de desempregados entre junho e novembro, que equivale a mais de 14 milhões de brasileiros.

  • “Sempre afirmei que adotaríamos qualquer vacina, desde que aprovada pela Anvisa. E assim foi feito. (…) Em julho de 2020, assinamos um acordo com a Universidade de Oxford para a produção, na Fiocruz, de 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca e liberamos, em agosto, R$ 1,9 bilhão”

A vacina AstraZeneca foi contratada pelo governo antes da aprovação da Anvisa, o que ocorreu somente em 17 de janeiro deste ano. Ao contrário do que ocorreu com a vacina CoronaVac, do Instituto Butantan, que em julho de 2020, o Ministério da Saúde recusou uma oferta de 60 milhões de doses desde o ano passado. Em agosto, o Butantan voltou a oferecer 45 milhões de doses para dezembro e mais 15 milhões para o início deste ano, também negadas.

Em outubro, o Butantan cobrou respostas, e Bolsonaro respondeu que iria cancelar a aquisição da “vacina chinesa do Doria”. “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, foi a manifestação do presidente.

O presidente também disse que articulou pessoalmente com a Pfizer para antecipar o calendário de entrega de 100 milhões de doses. Tal “iniciativa” de Bolsonaro ocorreu no dia 8 de março, um ano após o início da epidemia e quando o país já estava no ápice de novos contágios e mortes diárias. E, no ano passado, o governo também rejeitou uma oferta da Pfizer de entrega de 70 milhões de doses até dezembro deste ano.

  • “Quero destacar que, hoje, somos o quinto país que mais vacinou no mundo. Temos mais de 14 milhões de vacinados e mais de 32 milhões de doses de vacinas distribuídas para todos os estados da federação, graças às ações que tomamos logo no início da pandemia”

Além de ter cancelado a aquisição da CoronaVac pelo Butantan, que poderia ter sido distribuída desde o último trimestre de 2020, e negado a primeira oferta da Pfizer, o Brasil está longe de ser o 5º país que mais vacinou no mundo. Segundo dados do Our World in Data, da Universidade de Oxford, o país é o 58º de taxa de vacinação por habitantes.

Redação

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