“Caro e ineficaz”, dizem especialistas sobre voucher para saúde e educação

“Coisa de país subdesenvolvido” e “o SUS é muito mais sofisticado”, avaliam especialistas em saúde pública sobre proposta do governo 
 
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
 
Jornal GGN – O ministro da Economia, Paulo Guedes trabalha para enxugar o serviço público nas áreas de educação em saúde e, para manter a responsabilidade Constitucional que obriga o Estado oferecer saúde e educação, estuda na criação de vouchers para os dois setores. 
 
Seriam uma espécie de “bolsa-saúde” ou “bolsa-educação” entregues para que o cidadão pague pelos serviços no setor privado. Especialistas nas duas áreas, entrevistados pela Folha de S.Paulo, criticaram a proposta:
 
“Acho um delírio, em nenhum lugar do mundo deu certo. É caro e ineficaz”, afirmou Mário Scheffer, professor de medicina preventiva da USP.
 
“O que e quem o paciente vai buscar? Que tipo de orientação vai receber? Qual a cobertura? O risco é disso ser uma enganação para a população. Ter acesso aparente a serviços mesmo que isso não reflita em melhoria da sua condição de saúde.”, acrescentou Walter Cintra, coordenador do curso de gestão de saúde na Fundação Getúlio Vargas (FGV).
 
Segundo ele, não seria eficiente aplicar a mesma proposta, na área da saúde, do bolsa família onde a pessoa vai ao supermercado e comprar mantimentos. “Se o cidadão não estiver orientado pela atenção básica, ele provavelmente terá um consumo ineficiente e ineficaz do serviço”, reforçou.
 
Para o médico Gustavo Gusso, um dos diretores da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), o governo vai aumentar os gastos com a saúde, se trocar estruturas do Sistema Único de Saúde pela política do voucher.
 
“É coisa de país subdesenvolvido. A gente já tem um SUS, com uma estrutura muito mais sofisticada do que a maioria dos países do nosso nível.”
 
O mesmo princípio aplicado à Educação, também preocupa. A experiência do voucher nos Estados Unidos não contribuiu para a promoção dos níveis educacionais das populações mais pobres, como mostra um levantamento feito pelo  economista Martin Carnoy, professor da Escola de Educação da Universidade Stanford.
 
Segundo ele, os alunos negros de baixa renda, de Milwaukee, por exemplo, que tiveram acesso à educação via vouchers tiveram as piores notas em 2013, comparado aos alunos de outras regiões norte-americanas. 
 
A explicação para o diagnóstico foi que as escolas particulares que entram no programa de vouchers são piores que as públicas. Para ler a matéria da Folha na íntegra, clique aqui.
 
Redação

3 Comentários

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  1. Isto é privatização

    Não é apenas ineficaz. E’uma tentativa de destruir o únco sistema único de saude das Américas e principalmente destrui-lo ideologicamente. Guedes é um economista ideologico, que quer transformar tudo em direitos individuais. Cada individuo procura quem ele quiser  para tratar de sua saude, segundo sua cabeça. Guedes não sabe que aquela tal classe média ascendente do periodo Lula percebeu que seria muito melhor tratada no SUS, do que nas clínicas patrocinadas por arapucas disfarçadas de planos de saude. Aliás Guedes talvez saiba, mas não está nem aí.

  2. O Objetivo de Guedes é destruir a noção do publico.

    Transformar a obrigação constitucional em dar educação e saúde em pagar por educação e saúde é definitivamente destruir a noção constitucional . Que uma vez destruida vai gerar quando conveniente eliminação das bolsas por falta de verbas. E no meio tempo vai transformar escolas e hospitais publicos em predios vazios e ou privatizados.

  3. As garantias constitucionais

    Começo a meditar sobre o significado de “voucher”.

    Lendo a reportagem concluo que trata-se de um vale para atendimento de saúde e de educação.

    Como o atendimento à saúde e à educação figuram como obrigações constitucionais inarredáveis, o governo vai fazer como a balconista da lojinha da esquina, numa tarde quente, quando ela já não aguenta mais ficar de pé.

    Perguntada pelo cidadão se ela tem saúde e educação pra vender ela responderá desanimada:

    Tem sim sr., mas está em falta.

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