Conselho de Medicina critica criação de planos populares

Jornal GGN – O Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu uma nota criticando a proposta do ministro interino da Saúde, Ricardo Barros, de resolver os problemas do SUS com a criação de “planos populares”. Para a entidade, a venda desses planos mais baratos “apenas beneficiará os empresários da saúde suplementar e não trará solução para os problemas do Sistema Único de Saúde”.

O ministro interino publicou na última sexta-feira (5) uma portaria criando grupo de trabalho para discutir e elaborar projetos de convênios médicos privados de baixo custo e cobertura limitada. De acordo com o CFM, esses planos serão limitados a consultas ambulatoriais e exames de menor complexidade e “não evitarão a procura pela rede pública ou impacto prejudicial ao financiamento do SUS”.

O Conselho defende outro tipo de medida para o desenvolvimento da saúde no país, como “o fim do subfinanciamento; o aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão; a criação de políticas de valorização dos profissionais, como uma carreira de Estado para os médicos; e o combate à corrupção”.

Da Rede Brasil Atual

Para CFM, planos populares vão beneficiar a saúde privada sem resolver problemas do SUS

Conselho Federal de Medicina diz que esses planos defendidos pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, com cobertura reduzida, não vão desafogar o SUS; entidade defende mais verbas para o setor

São Paulo – Os chamados “planos populares” de saúde defendidos pelo ministro interino da Saúde, Ricardo Barros, como saída para resolver os problemas do SUS, não são a solução – e sim mais recursos – conforme o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Nesta sexta-feira (5), quando as atenções do país estavam voltadas para o início oficial dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial a criação de um grupo de trabalho para discutir e elaborar projetos de convênios médicos privados de baixo custo, porém, de cobertura limitada.

Em nota oficial, o CFM se posicionou de maneira crítica à proposta do ministro Barros, que teve campanha financiada principalmente pelos planos de saúde. Para a entidade médica, “a venda de ‘planos populares’ apenas beneficiará os empresários da saúde suplementar e não trará solução para os problemas do Sistema Único de Saúde”.

Esses planos, limitados a consultas ambulatoriais e exames de menor complexidade, conforme o CFM, “não evitarão a procura pela rede pública ou impacto prejudicial ao financiamento do SUS”.

A entidade defende medidas estruturantes, com mais recursos para o setor, o aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão, a criação de políticas de valorização dos profissionais, como uma carreira de Estado para os médicos, e o combate à corrupção.

“Somente a adoção de medidas dessa magnitude será capaz de devolver à rede pública condições de oferecer, de forma universal, o acesso à assistência segundo parâmetros previstos na Constituição de 1988 e com pleno respeito à dignidade humana”, defende o CFM.

Íntegra da nota:

Em relação à portaria do Ministério da Saúde publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (5), que cria Grupo de Trabalho para discutir e elaborar o projeto de plano de saúde com caráter popular, o Conselho Federal de Medicina (CFM) informa que:

A autorização da venda de “planos populares” apenas beneficiará os empresários da saúde suplementar, setor que movimentou, em 2015 e em 2016, em torno de R$ 180 bilhões, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);

Se implementada, esta proposta não trará solução para os problemas do Sistema Único de Saúde (SUS), possivelmente sem a inclusão de doentes crônicos e idosos, resultando em planos limitados a consultas ambulatoriais e a exames subsidiários de menor complexidade. Portanto, não evitarão a procura pela rede pública ou impacto prejudicial ao financiamento do SUS;

Propostas como a de criação de “planos populares de saúde” apropriam-se e distorcem legítimos desejos e anseios da sociedade;

Na expectativa de um novo governo e de uma nova cultura de proficiência, eficácia e probidade na Nação, a sociedade conta, na verdade, com a adoção de medidas estruturantes para o SUS, como: o fim do subfinanciamento; o aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão; a criação de políticas de valorização dos profissionais, como uma carreira de Estado para os médicos; e o combate à corrupção.

Somente a adoção de medidas dessa magnitude será capaz de devolver à rede pública condições de oferecer, de forma universal, o acesso à assistência segundo parâmetros previstos na Constituição de 1988 e com pleno respeito à dignidade humana.

Brasília, 5 de agosto de 2016

Redação

7 Comentários

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  1. A causa dos médicos leitores

    A causa dos médicos leitores de Vesga não é nem um pouco nobre. Eles são contra os planos populares e o fechamento do SUS simplesmente por que não querem perder essa boquinha, dinheiro público fácil,  poucas horas trabalhadas quando não usam  dedos de silicone para marcar o ponto. O médico brasileiro é o típico coxinha que odeia tudo que é público, detesta pagar impostos mas adoram uma boquinha de meio horário (ou horário nenhum) nos hospitais públicos,

  2. A conta chegou salgada, mas

    A conta chegou salgada, mas já era previsível. Grande naco do Congresso Nacional financiado pelos planos de saúde, associado à política “de sacrifícios” anunciada semanas antes da votação para o prosseguimento do processo de impeachment, não poderia resultar em uma outra situação.
    O que fizeram os médicos?
    Talvez tenha sido a categoria mais raivosa dentre todas as pró-impeachment.

    O Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu uma nota criticando a proposta do ministro interino da Saúde, Ricardo Barros, de resolver os problemas do SUS com a criação de “planos populares”. Para a entidade, a venda desses planos mais baratos “apenas beneficiará os empresários da saúde suplementar e não trará solução para os problemas do Sistema Único de Saúde”.
    E??? Não faltou mais nada?
    Melhor seria “apenas beneficiará os empresários da saúde suplementar, não trará solução para os problemas do Sistema Único de Saúde e degradará sobremaneira o nível de renda da maioria dos médicos, estes tornar-se-ão ‘escravos’ dos planos de saúde”. E cada vez mais, à medida que o ataque ao SUS for avançando, afinal esses planos populares “apenas para atendimentos básicos” são apenas o começo.

     

     

    Na expectativa de um novo governo (e como trabalharam por isso!) e de uma nova cultura de proficiência, eficácia e probidade na Nação (com o PMDB?!), a sociedade conta, na verdade, com a adoção de medidas estruturantes para o SUS, como: o fim do subfinanciamento; o aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão; a criação de políticas de valorização dos profissionais (este é o ponto principal para a categoria; o restante é apenas para embelezar), como uma carreira de Estado para os médicos; e o combate à corrupção (de quem? só a dos políticos?).

     

  3. Mas os médicos e suas

    Mas os médicos e suas entidades representativas não queriam Dilma fora? Uai, agora que ela saiu também estão reclamando. Que gente difícil de contentar.

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