Contra falas de Marcelo Castro, Planalto atua para combater Aedes aegypti

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Mais uma declaração do deputado federal licenciado e ministro da Saúde, Marcelo Castro, causou desconforto com o Palácio do Planalto. O indicado peemedebista no Executivo soma declarações polêmicas, que vem causando insatisfação junto a presidente Dilma Rousseff. Em sua última exposição, Castro disse que o Brasil “está perdendo feio” a batalha contra o mosquito Aedes aegypti e que o país enfrenta “uma das maiores crises de saúde pública da história”, com o avanço da zika.
 
“Nós estamos há três décadas com o mosquito aqui no Brasil e estamos perdendo feio a batalha para o mosquito”, afirmou, ao lembrar que o país registrou recorde de casos de dengue em 2015, com mais de 1,6 milhão de casos, disse, nesta segunda-feira (25).
 
Em dezembro do último ano, o ministro registrou uma das declarações mais desastradas sobre o tema. Para explicar que o vírus atacava mais as mulheres do que os homens, Castro encontrou a seguinte conclusão: “Eu percebo que os homens se protegem melhor do que as mulheres. As mulheres normalmente ficam com pernas de fora e quando usam calça comprida, não usam meia, usam sandália e os pés ficam descobertos. E o mosquito da dengue, segundo os estudiosos, é um tanto tímido, não é tao agressivo quanto pernilongo, que faz aquela zoada e pica a pessoa. Ele chega devagar e gosta das extremidades”.
 
De outro lado, o Planalto tem buscado reforçar ações no combate ao mosquito, que além de transmitir a dengue, viu crescer nos últimos meses o número de Estados com circulação confirmada do vírus zika. 
 
Logo após a declaração de que o país “perdia feio” para o mosquito, a presidente Dilma Rousseff se encontrou com o ministro para por fim ao aquecimento de suas declarações e apresentar saída de emergência ao problema de saúde pública. Após a reunião, anunciou que as Forças Armadas vão colocar 220 mil homens para visitar todos os domicílios do país e entregar panfletos, e o governo vai distribuir repelentes gratuitamente para 400 mil grávidas do Bolsa Família.
 
Para a organização da medida anunciada pela presidente Dilma, 19 órgãos e instituições federais se unirão. O plano de mobilização em escala nacional, em parceria com estados e municípios, é dividido em três eixos de ação: Mobilização e Combate ao Mosquito, Atendimento às Pessoas e Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa.
 
Para reforçar a orientação à população, realizarão trabalhos mais de 266 mil agentes comunitários de saúde, 6.188 profissionais das equipes de Atenção Domiciliar/Melhor em Casa, e cerca de 44 mil agentes de endemias para o controle do vetor e eliminação de criadouros. Além das equipes, as Forças Armadas e a Defesa Civil darão apoio logístico para transporte e distribuição de inseticidas e de profissionais de saúde. Os dois órgãos também vão atuar em visitas a residências para eliminação e controle do vetor, além de mobilizações de prevenção como mutirões.
 
Após a reunião com a presidente, Marcelo Castro tentou consertar a declaração: “Temos 30 anos de convivência com o mosquito do Aedes aegypti. Sem querer culpar ninguém, houve uma certa contemporização com o mosquito. Mas agora a situação é completamente diferente, porque, além da dengue, o mosquito está transmitindo a chicungunha e a zika. Não estou condenando ninguém, o fato é que o mosquito está convivendo conosco este tempo todo. E agora não podemos perder a batalha”, tentou corrigir, completando que “a presidenta está tão ou mais preocupada do que eu”.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

13 Comentários

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  1. O ministro, um imbecil, tem razão:

    faz trinta anos que o Brasil convive com dengue e o poder público se limita a fazer visitas domiciliares e espalhar uns cartazes no verão, o que nunca adiantou. Descaso puro.

  2. O Ministro falou alguma

    O Ministro falou alguma mentira?

    Afinal, é mentira que o Brasil atingiu o recorde histórico de casos de dengue em 2015?

    O número de casos é realmente maior em mulheres?

    O mosquito transmissor não tem de fato o hábito de circular junto ao solo, ao contrário do pernilongo, por exemplo?

  3. Queria saber…

    Queria saber…

     A quem interessa derrubar o ministro?

    Acabei de ver uma “critica” ao mesmo no Estadão.

    De duas uma o querem derruba-lo pelo acordo do impeachment ou alguém no PMDB/PT quer o cargo.

    Tudo que ele está falando está certo, apenas não fazem apenas 30 anos.

  4. Sai, zica!

    Dilma atravessou mesmo o Rubicão ao nomear esse peemedebista para a Saúde. Deu com os burros n´água. Depois do desastre da nomeação do novo coordenador da saúde mental do Ministério, nossa querida Presidenta ainda não aprendeu nada. #ForaMarceloCastro. Se é para ceder a pasta ao PMDB, chama logo de volta o José Gomes Temporão.

    1. rs……………gostei dessa, foi ótima

      mas que esse cara tem pinta de ser mais um complicador do PMDB, tem

      lembrando que os outros dois complicadores, T e C,  também suicidaram-se saltando da língua

  5. Dengue e Zika

    Achei interessante este comunicado de um especialista do Sírio-Libanês.

    http://ultimosegundo.ig.com.br/igvigilante/2016-01-21/mitos-e-verdades-sobre-zika-e-microcefalia.html

    Interessante também saber que os sintomas são muito mais leves que no caso de dengue e chinkungunya e que uma vez pego, você está imune.

    Em todo cas, seria bom que o Ministério da Saúde permitisse o aborto terapêutico para as grávidas infectadas.

     

  6. Esse ministro é gênio, vai

    Esse ministro é gênio, vai ver que é por isso que aqui em Cuiabá a dengue e zica fazem a festa. Debaixo de um calor bestial, que sempre ultrapassa fácil os 40º, ninguém aguenta usar o tempo todo meias, calças compridas, mangas compridas e tudo o mais que poderia proteger do mosquito, portanto a infestação aqui é arrasadora, mas quem se importa quando se tem que proteger São Paulo, Rio e litoral? Gostaria que eles se lembrassem que foi  de Estados daqui de cima que se espalhou a dengue para o resto do Brasil por isso não adianta ficar exterminando mosquito apenas por aí enquanto por aqui continua a exportação. Tenho a relação das datas em que recebi visita dos agentes de saúde, a partir de 2003, quase todos os meses eles apareciam e deixam registrado, em 17/04/2011 foi a última visita do agente que recebi, de lá pra cá nunca mais e estamos com uma enorme infestação de zica. Ministro, gostaria de não ter que usar proteção, gostaria mesmo é de não ter o mosquito.

  7. No final do ano passado fui

    No final do ano passado fui na casa de parentes fazer uma festa de aniversário. Resolveram pendurar balões num arco. O que sustentaria o arco? Dois eixos de ferro que estavam no quintal. Cheguei lá e encontrei dois ótimos criadouros do mosquito. Tirei a água dos eixos e expliquei aos meus parentes que eles estavam criando o mosquito, e que deixassem os eixos virados para baixo. Na semana seguinte voltei lá e os eixos estavam novamente para cima com água dentro. Dessa vez expliquei ao meu sobrinho de 8 anos e pedi pra ele ficar alerta. Dia desses recebo mensagem dele pelo celular dizendo que os eixos estavam novamente para cima com água dentro.

    O Ministro tem certa razão, estamos perdendo feio. A esperança é que as novas gerações tenham mais juizo…

  8. se a própria OMS já o reconheceu como exagerado…

    dizer mais o que?

    sem deixar de reconhecer o seguinte:

    insuficiências pontuais de combate, não representa o todo

    se acredita que já entrou perdendo, é sinal de quem não terá interesse em fazer grandes coisas não

  9. Eo Serra ?

    Não vai entrar nessa não? Quem acabou com os mata-mosquitos que existiam no Min. da Saúde, foi o outro sabichão, que só entende mesmo é de privatização baratinha. Logo após teve início as epidemias de dengue. A meu ver, ele nosdeve mais essa.

    E o atual ? entende de que? de falar mal de um governo no qual o seu partido é o vice presidente? Mas tudo só “cola” no PT.

  10. Uso gratuito dos meios de comunicação na batalha contra o aedes

    Afinal concessão pública precisa ser usada a favor do público, ou não?  Que se crie uma lei sobre isto.

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