Cuba e México discutem parceria semelhante ao Mais Médicos brasileiro

Programa prevê contratação de 3 mil cubanos; México sofre crise na saúde pública aprofundada com cortes que se arrastam desde 2016 
 
Foto: Reprodução da página oficial de Andrés Maunel López Obrador, no Facebook
 
Jornal GGN – Parte dos médicos cubanos que deixarão o Brasil, com o fim da parceria entre Cuba e Brasil no Programa Mais Médicos, devem trabalhar no México. Segundo matéria do Estado de S.Paulo, o novo presidente daquele país, Andrés Manuel López Obrador, negocia com Cuba um programa semelhante ao Brasileiro para sanar a crise na saúde pública, aprofundada desde a gestão anterior, de Enrique Peña Nieto. A negociação prevê a contratação de cerca de 3 mil médicos.  
 
Em 2016, o ex-presidente mexicano, Penã Nieto, anunciou um corte na saúde, gerando uma onda de protestos incluindo greve de funcionários. A mais recente está sendo movida pelo Sindicato dos Trabalhadores de Saúde de estado de Chiapas, onde a greve dura um mês por falta de pagamento, suprimentos e medicamentos. 
 
As tratativas com o governo cubano teriam começado em setembro, segundo o Estado, e Cuba anunciou a retirada dos seus médicos do Brasil no dia 14 de novembro. Para o jornal, o movimento foi calculado pelo governo caribenho, mas pode ser ponderado como uma ação típica de Cuba que mantém parcerias com 67 países na prestação de serviços no campo da saúde, incluindo os Estados Unidos. Neste último caso, para a criação da primeira empresa mista entre os países contra o câncer. 
 
Desde que iniciou sua campanha à presidência do México, Obrador utiliza o slogan “é austeridade, não vingança” pontuando que sua gestão trabalharia com poucos recursos. A parceria com os cubanos tem o objetivo de cobrir os gastos públicos com a saúde, mas preocupa profissionais mexicanos, com salários em atraso.
 
O jornal O Estado de S.Paulo também apresenta a relação do novo governo mexicano com Cuba como uma ação maior dentro do espectro das esquerdas dos países Latino Americanos, apontando que o coordenador de assessores da presidência mexicana, Lázaro Cárdenas Batel, ex-governador do estado de Michoacán e casado com a cubana Mayra Coffigny, fez declarações que estudou no Instituto Superior de Arte de Havana, pontuando que possui laços próximos ao país caribenho que vão além da política.
 
Durante o mandato de Batel, de 2002 a 2008, Michoacan fez acordos com Cuba no campo da Educação contratando cinquenta professores daquele país que atuaram em um programa de alfabetização. Cárdenas Batel também ajudou os cubanos a fecharem um acordo semelhante nos estados de Oaxaca Veracruz e Tabasco. 
 
Para completar a teoria de articulação das esquerdas, que vão além da política, o jornal O Estado diz que Cárdenas Batel foi um elo entre os representantes cubanos e os ex-presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula das Silva e Dilma Rousseff, lembrando que o ex-governador é filho de Cuauhtémoc Cárdenas Solórzano, visto em vários encontros com membros do PT, baseado-se ainda na declaração de Jesús Vázquez Martínez, um dos colaboradores do político mexicano:
 
“Ele [Cuauhtémoc Cárdenas] sempre manteve a vocação para defender as causas da esquerda. Sua relação com Lula começou há pelo menos 15 anos”. 
 
O papel do Mais Médicos no Brasil 
 
Com o fim da participação dos cubanos no Mais Médico, o Brasil irá perder 8.332 profissionais da saúde, do total de 18.240 que hoje atuam no programa. A decisão de Cuba partiu em resposta a declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro que “expulsaria” os profissionais da saúde que vieram do país, além de questionar a qualificação dos médicos propondo a revalidação do diploma. Para completar, num tom que remonta às tensões da guerra fria, disse que sua decisão seria baseada no fato de os médicos cubanos serem tratados como escravos pelo governo de Cuba. 
 
O programa foi criado, durante o governo Dilma para levar médicos para regiões afastadas dos centros urbanos, como cidades mais pobres, zonas rurais e sertão nordestino, onde a maior parte dos médicos brasileiros não estão dispostos a atuar. 
 
Em entrevista para o G1, o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota, disse que a saída dos médicos cubanos irá impactar no tratamento de mais de 1,6 milhão de pernambucanos. A situação será agravada no Sertão, onde proporção chega a ser de 22 profissionais cubanos para três ou quatro brasileiros. Em todo o estado de Pernambuco, há 414 médicos cubanos em atuação.
 
Já a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima que, em todo o país, mais de 28 milhões de pessoas devem ficar sem proteção médica com o fim da parceria. 
 
“Entre os 1.575 Municípios que possuem somente médico cubano do programa, 80% possuem menos de 20 mil habitantes. Dessa forma, a saída desses médicos sem a garantia de outros profissionais pode gerar a desassistência básica de saúde a mais de 28 milhões de pessoas”, afirmou a entidade em nota.  
Redação

2 Comentários

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  1. Ótimo negócio!

    Estq terceirização da saúde pública com médicos cubanos é um ótimo negócio para o país contratante. Recebe um profissional a um baixo custo sem que tenha gastado um tostão no seu treinamento, não precisa se preocupar com questões trabalhistas, já que são regidos pelas leis cubanas, não precisa oferecer educação e saúde aos dependentes do médico, que ficam na Ilha deixando o médico totalmente focado no trabalho, e não sobrecarrega sua previdência, já que se tiver que ficar afastado ou atingir a idade de aposentar, é substituído por outro cubano novo em folha. Só vantagens para o empregador. Capitalismo selvagem na veia! O que estranha é governos de esquerda defenderem com tanta ênfase uma terceirização tão descarada na área fim….

  2. Neste mundo velho não há mais inocência, nem culpas

    Possível que Cuba não tivesse interesse primário em retirar médicos do Brasil, mas se há conversas com o méxico desde setembro, tudo pode ter se tornado mais fácil e as palavras do falastrão federal apenas pode ter ajudado na operação. Agora vemos que o grande perdedor será mesmo o Brasil e as camadas mais pobres da população. O mundo de ilusão desmonta-se dia a dia, pois nem com o golpe do MBL e outros grupos bolsominions, provocando mais acessos às páginas do Mais Médicos para simular a grande procura – algo falso já que o número de acessos foi o dobro da população médica do pais.

    Que saibam eles que a rede de mentiras e intrigas criadas no facebook e whatsapp serve e funciona para destruir, N-U-N-C-A para construir algo que preste.

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