Culturas transgênicas e segurança alimentar

Sugerido por jns

Do Yahoo

Por Shivani Shah

 

‘A União Europeia, a China, o Brasil, o Japão, a Austrália e a Rússia são alguns exemplos de governos que tornaram obrigatória a rotulagem de alimentos geneticamente modificados’ – Greenpeace

A Engenharia Genética é a transferência artificial de genes de uma espécie para outra – planta ou animal. 

Isso resulta em um organismo geneticamente modificado (OGM). 

Como resultado, a composição genética ou o código genético do organismo é completa e permanentemente alterada. 

O objetivo da modificação é incorporar uma determinada função – nas plantas, por exemplo – como a produção de proteínas tóxicas para eliminar pragas, desenvolvendo uma tolerância aos produtos agroquímicos como herbicidas, etc.

Ocorre a criação de um novo organismo, utilizando técnicas de biologia molecular, que não é encontrada na natureza. 

As sementes geneticamente modificados (GE / GM) não tem nada a ver com a segurança alimentar. 

Monsato's GE corn

O que está errado? 

As evidências científicas crescentes, mostram que os transgênicos são uma ameaça potencial para a saúde humana e a biodiversidade natural. 

Além disso, uma vez liberados no ambiente, os OGM não podem ser rastreados. 

Há também a questão do controle das grandes corporações sobre a agricultura por meio de empresas de sementes transgênicas.  

As empresas de biotecnologia, como a Monsant,o alteram os genes em um organismo natural ou forma de vida, como uma semente, e registra as patentes como suas propriedades. 

Os agricultores são obrigados, então, a comprar as suas sementes e se tornam dependentes destas empresas. 

Uma vez, estabelecida a dependência, o agricultor também terá que usar os produtos associados (agrotóxicos), como é o caso de culturas tolerantes apenas a herbicidas da Monsanto, contribuindo, assim, para a empresa ganhar rios de dinheiro tanto de suas sementes patenteadas, como de produtos agroquímicos. 

Ao controlar a agricultura, as empresas podem controlar os alimentos e, de fato, toda a arena política, especialmente em um país agrário como a Índia. 

Na Índia o algodão Bt é a primeira e única cultura GM cultivada comercialmente. 

É um produto patenteado pela Monsanto, a maior empresa de sementes de biotecnologia do mundo, também conhecido pela fabricação do agente laranja, do aspartame e o DDT, entre outros. 

Recentes documentos do governo indicam que, uma década após a aprovação do algodão Bt na Índia, não houve aumento de rendimento e nem redução do uso de pesticidas em culturas de algodão, como é reivindicado pelos desenvolvedores da tecnologia. 

Tem, de fato, aumentados os custos de produção, alimentando assim a crise agrária existente na produção de algodão do país.

Após o algodão Bt, o governo tentou introduzir a berinjela Bt, no final de 2009. 

Foi a primeira safra de alimentos GM a ser comercializada na Índia, mas foi colocado em uma moratória, por tempo indeterminado, devido aos graves preocupações levantadas por cientistas, acadêmicos, ecologistas, agricultores e consumidores. 

Enquanto a berinjela Bt ainda está em compasso de espera, a indústria tem tentado obter a liberação da comercialização de outras culturas GM. 

O milho GM é uma das 71 lavouras geneticamente modificadas e poderá ser comercializado na Índia em breve. 

Para ser consumido, com segurança, este produto alimentar deveria ser analisado por laboratórios independentes, considerando-se que este milho é um produto da Monsanto, que, dada a sua história duvidosa, não pode ser tomada pelo seu valor de face. 

Além disso, o sistema de regulação indiano foi apontado como relapso em muitos aspectos.

Greenpeace obteve os dados sobre milho GM usando o direito de Informação, e transmitiu ao Testbiotech, um instituto de avaliação, na área de biotecnologia, para uma análise independente. 

Na sua análise do milho da Monsanto, o Testbiotech destacou que existem muitas preocupações sobre a segurança para a saúde humana e o meio ambiente. 

De forma surpreendente, as autoridades reguladoras permitiram a liberação, sem resrvas, do milho GM, em nome de ensaios de campo, com base nos dados de segurança gerados pela própria Monsanto, nos seus laboratórios nos EUA. 

Este é um caso clássico de conflito de interesses que, obviamente, indica a necessidade de avaliações independentes, como tem sido apontado inúmeras vezes antes e reiterado no relatório do Testbiotech. 

Ele também destacou que os relatórios da Monsanto eram velhos, defasados e não são relevantes no contexto indiano. 

O governo indiano aceitou, anos atrás, testes, feitos pela Monsanto, em variedades de milho cultivados e testadas nos EUA, apesar de, naturalmente, saber que a composição genética de variedades de milho na Índia é diferente. 

Além disso, as condições climáticas dos EUA não serão as mesmas da Índia e é impossível saber como o milho vai responder no clima e em solo indiano. 

Existem inúmeras lacunas no estudo da Monsanto e é algo que o sistema regulatório indiano tem que ser extremamente cauteloso. 

Monsanto Corn exposed

Esta não é a primeira vez que problemas dessa natureza têm sido apontados e esta não será, certamente, a última. 

Isto porque o OGM, quando liberados, são perigosos e, reconhecidamente, prejudiciais para o ambiente e para quem consome – seres humanos, animais, abelhas, borboletas ou pássaros. 

Ainda, o governo continua a gastar o dinheiro dos contribuintes para pesquisar as culturas transgênicas, usando a segurança alimentar como justificativa. 

O fato é que não há necessidade de culturas GM e a atual crise alimentar é o que se chama de‘fome nos tempos de abundância’. 

A escassez de alimentos é o resultado de políticas erradas de compras, gestão fraudulenta de ações, falta de armazenamento adequado, acumulação não padronizada e perdas maciças na distribuição pública e no sistema de entrega. 

Hoje, a Índia produz alimentos suficientes para toda a sua população e, na verdade, existe um estoque regulador com cerca de 667 toneladas lakh, que é 2,5 vezes mais do que o ponto de referência governamental. 

Onde toda essa comida vai parar? 

É hora de corrigir o déficit do sistema atual, preencher as lacunas e o governo aceitar que os alimentos geneticamente modificados ou quaisquer correções técnicas não são a panaceia para a segurança alimentar. 

O que é necessário é garantir que a agricultura seja sustentável e que sistemas de distribuição de alimentos sejam eficientes.

Shivani Shah, ativista do Greenpeace, é militante para a Agricultura Sustentável da Índia.

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador