Dados comprovam interiorização da Covid-19 em Pernambuco

O pesquisador da Fiocruz Pernambuco Wayner Vieira, que é estatístico e epidemiologista, realizou esta análise quantitativa com base em dados disponibilizados até 6 de junho, pela Secretaria de Saúde de Pernambuco.

Arte Revista Torque

da Agência de Notícias Fiocruz

Dados comprovam interiorização da Covid-19 em Pernambuco

Fiocruz Pernambuco

Um estudo da Fiocruz Pernambuco traz dados que comprovam o panorama atual de interiorização dos casos da Covid-19 no estado. A capital pernambucana, que concentrava 71% dos casos da doença no estado no início do mês de abril, passou a responder por apenas 34% em junho, no último período observado na pesquisa. O inverso aconteceu com os demais municípios, que partiram de 29% em abril e passaram a responder por 66% de todos os novos registros da doença no estado em junho.

O pesquisador da Fiocruz Pernambuco Wayner Vieira, que é estatístico e epidemiologista, realizou esta análise quantitativa com base em dados disponibilizados até 6 de junho, pela Secretaria de Saúde de Pernambuco. Foram incluídas no estudo as informações referentes a moradores do estado atendidos na rede de saúde pernambucana no período. Os atendimentos referentes a moradores de outros estados ou países não foram incluídos nessa análise.

O estudo se dividiu em quatro intervalos consecutivos, que permitem observar o deslocamento da maior incidência da Covid-19 para fora da capital, em direção ao interior do estado. Até 4 de abril, o Recife concentrava 156 casos (71%) e os demais municípios contabilizavam 56 (29%). No intervalo seguinte (5 a 25 de abril) a capital passou a ter 55% dos novos casos e o restante da Região Metropolitana (RMR) e interior, 45% no período. De 26/4 a 16/5, os novos casos ficaram distribuídos assim: 49% no Recife e 51% nos demais. No último intervalo observado (17/5 a 6/6) a capital respondeu por 34% dos casos, enquanto a fatia dos demais municípios representou 66%.

A partir desses resultados, Vieira destaca a flagrante interiorização da epidemia, com acelerado crescimento do número de casos em residentes no interior. “O que traz como consequência o aumento da demanda assistencial, face à pequena disponibilidade de leitos hospitalares, principalmente de UTI, nessas regiões”, explica. Um desafio para ser enfrentado pelo sistema de saúde do estado e dos municípios.

Crescimento exponencial

O comparativo dos números absolutos permite também perceber o crescimento acelerado nesse período. No Recife, o acumulado dos casos cresceu de 156 em 4 de abril para 16.909 em 6 de junho, um aumento de 108 vezes em relação ao número inicial. Enquanto isso, o total nos demais municípios cresceu de 56 para 23.253 no mesmo período, o que representou um incremento muito maior, de 415 vezes.

Quando se separam os números dos municípios que compõe a RMR (sem o Recife) esse crescimento foi de 40 para 12.521, um número 313 vezes maior. Voltando o foco para o conjunto dos demais municípios do interior, o aumento se revela mais preocupante, de 16 para 10.732 no acumulado de todo período, o que representa uma multiplicação dos casos por 671, num período aproximado de dois meses.

Esse crescimento exponencial na quantidade de novos casos no interior pode ser percebido claramente a cada intervalo de 20 dias observado. Em 4 de abril eram apenas 16 casos. Esse número salta para 487 novos casos nas semanas de 5 a 25/4 e em seguida alcança 2.444 (de 26 a 16/5). No último intervalo do estudo (17/5 a 6/6) esse número aumentou para 7.785 (37,5% do total dos casos novos do estado no último período).

A distribuição do número de óbitos no estado também reflete essa interiorização. A distribuição dos dados acumulados até 6 de junho mostra 38% dos óbitos em moradores do Recife e 62% nos demais municípios, sendo 36% na RMR e 26% no interior. O pesquisador alerta que essa distribuição também vai se deslocar, no mesmo sentido do aumento dos casos do interior, com o passar do tempo.

Redação

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