Estudo mostra danos de tratamento precoce, e ministro sai em defesa de governo

Pesquisa mostra, pelo menos, 631 reações adversas por medicamentos defendidos pelo governo no Kit Covid, como a hidroxicloroquina, com danos ao coração. Marcelo Queiroga defendeu Bolsonaro

Imagem: FotoStock

Jornal GGN – Após a divulgação do estudo que mostra, pelo menos, 631 reações adversas por medicamentos usados pelo governo no Kit Covid, como a hidroxicloroquina, e a confirmação de especialistas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de que os fármacos geram danos à saúde, o novo ministro da Saúde não proibiu, e sim decidiu lançar “protocolo” para o uso dos remédios sem eficácia contra a Covid-19.

O primeiro estudo nacional sobre o uso desses medicamentos sem eficácias, defendidos até hoje pelo presidente Jair Bolsonaro e adquiridos pela Saúde para distribuição nacional para tratar a doença, mostrou que 402 pessoas com Covid-19 tiveram, pelo menos, 631 reações adversas, entre março e agosto de 2020.

As notificações das reações negativas, ainda, não foram feitas de maneira controlada e calculada, mas por espontaneidade dos próprios profissionais da saúde e pacientes, que decidiram denunciar os casos no sistema Vigimed, de vigilência farmacêutica.

Do total das notificações, 60% foram provocadas pela cloroquina. E os danos provocados por ela geraram reações graves, principalmente no coração. Em entrevista à Veja, o farmacêutica José Romério Rabêlo, da Anvisa, que analisou estes dados em estudo, afirmou ainda que a tendência é de o problema piorar, com a venda da ivermectina e outras drogas, autorizadas e incentivadas pelo governo federal.

Em meio aos registros e comprovações das primeiras notificações de casos graves e danos desses medicamentos, sem nenhuma eficácia comprovada contra a Covid-19, o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não interrompeu a propagação desses medicamentos. Decidiu, apenas, lançar um protocolo com orientações.

Em entrevista à reportagem de O Globo, Queiroga, que completa um mês no cargo, tentou ainda defender a linha de Bolsonaro, e disse que o tratamento precoce conta com estudos “observacionais”.

“E aí informaremos sobre a utilidade de cada um dos medicamentos no combate à Covid-19. Protocolo que vai ser feito não só sobre medicamentos mas sobre tudo, com todos os tipos de tratamentos. Vamos lançar em breve”, disse ao jornal.

Entrando em contradição, ao não mencionar o Kit Covid e a aquisição feita pelo próprio governo federal dos medicamentos, como a cloroquina, segundo o ministro, o objetivo é formar uma “recomendação” para os médicos, e jogou a responsabilidade nos profissionais da saúde, afirmando que eles “têm autonomia”.

“O objetivo é orientar a conduta. Para que médicos sigam um guia, uma recomendação. Claro que os médicos têm autonomia, mas para atuar dentro de contexto de evidencias médicas e da legislação brasileira. Esse protocolo é um guia. Uma recomendação. E quando aprovado pela Conitec, vai ser publicado no Diário Oficial e virar uma política pública”, continuou.

Redação

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