Médica cubana ganhava no Brasil 10 vezes mais que em Cuba

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O jornal The Guardian publicou nesta sexta (23) uma matéria repercutindo a saída dos médicos cubanos do Brasil, após as “ameaças” de mudança no programa feitas por Jair Bolsonaro. Na reportagem, os médicos cubanos relatam que mesmo não recebendo o valor cheio da bolsa oferecida no Mais Médicos, os ganhos em solo brasileiro chegavam a ser 10 vezes superior ao que eles recebiam trabalhando na Ilha.
 
“Yanet Rosales Rojas, 30, passou três anos trabalhando na cidade brasileira de Poços de Caldas, onde, em média, ganhava mais de dez vezes seu salário mensal em Cuba. Ela retornou à ilha no ano passado e conseguiu comprar um apartamento em Havana”, publicou o Guardian. Ao jornal, a médica disse: “Você ganha muito mais do que ganha em Cuba. Eu sempre quis viajar e tratar pessoas em outros países. Esta foi a minha chance ”, disse ela.
 
Segundo o Guardian, Cuba tem no “leasing” de médicos uma fonte de renda que supera o turismo na Ilha. Os serviços de médicos e enfermeiros oferecidos a outros Países levaram aos cofres do governo cubano cerca de 11 bilhões de dólares. Já o turismo levandou 3 bilhões de dólares. Atualmente, os médicos cubanos trabalham em 67 países, e a possibilidade de poder sair da Ilha para ganhar no exterior “é um grande incentivo para estudar medicina”, diz o jornal.
 
Um outro médico cubano que trabalha em comunidade indígena disse ao The Guardian que acha equivocada a visão de Bolsonaro, de que os profissionais são “escravos” aqui no Brasil. Ele disse que não acha certo o governo cubano ficar com uma parte grande dos salários – hoje, segundo o The Guardian, a Ilha recolhe 75% do valor destinado a cada médico, que fica com 2,4 mil libras e recebe alimentação e moradia dos governos locais – mas, sob a mesma lógica, “o povo brasileiro também é escravo de altos impostos”.
 
Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, 10% das cidades brasileiras só tinham médicos cubanos. Ao longo dos mais Médicos, pouco mais de 18 mil cubanos passaram pelo País, atendendo a 63 milhões de pessoas.
 
O jornal lembra ainda que “Alguns médicos cubanos se rebelaram contra o esquema. Cerca de 150 pessoas se juntaram a ações judiciais contra governos e a OMS para permanecer no Brasil no final de suas tarefas e receber o mesmo dinheiro que os colegas brasileiros, disse André Corrêa, advogado da capital Brasília. Ele representou com sucesso cinco clientes cubanos – três dos quais estão sendo totalmente pagos – e recebeu uma enxurrada de ligações desde o anúncio da semana passada.”
 
Para o The Guardian, a crise com o Mais Médicos “oferece um sinal preocupante de como o ex-capitão do Exército pode lidar com a diplomacia depois de assumir o cargo em 1º de janeiro.”
 
O DINHEIRO DESTINADO A CUBA
 
Em entrevista divulgada pela CartaCapital, a médica cubana  a médica cubana Mileydis Caridad González Gutierrez disse que Bolsonaro ” usa essa história de que deveríamos ficar com 100% do salário, mas as condições estavam previstas no contrato. Ninguém foi enganado, todos concordaram, não havia nenhuma reclamação de nossa parte.”
 
Ela também disse que é “descabido” alegar que os cubanos eram escravos. “Um porcentual da remuneração é destinado ao governo de Cuba porque lá não se paga pela saúde, não se paga pela educação, tudo é oferecido de graça. Nosso país passa por uma situação econômica difícil. Aceitamos o contrato e estávamos contentes, porque gostamos do nosso trabalho.”
 
A Telesur entrevistou a médica Yamirka Rodríguez, que disse que seu coração se parte ao meio quando recebe pacientes que dizem que sentirão sua falta. De malas prontas, ela contou que vai retornar a Cuba – o prazo dos médicos para deixar o País é 12 de dezembro – mas que está pronta para assumir sua missão humanitária em qualquer outro lugar do mundo.
 
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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