Ministério corta banda larga de postos de saúde, denuncia coordenador do Mais Médicos

Jornal GGN – Em denúncia publicada pelo Viomundo, o médico sanitarista e coordenador do Programa Mais Médicos, Hêider Pinto, diz que muitas unidades básicas de saúde (UBS) tiveram o serviço de banda larga interrompido pelo próprio Ministério da Saúde, que alegou corte de custos.

O médico afirma que é importante que as UBS tenham internet banda larga para que possam ser realizados agendamentos que que reduzem os tempos de espera, assim como a utilização do prontuário que contribui para a melhora na qualidade do atendimento.

“o que se observa são medidas de desmonte do SUS, retrocesso na gestão e piora no acesso à saúde e atendimento das pessoas. Não é mais gestão. É menos gestão, menos recursos e menos SUS”, critica Hêider.

Leia mais abaixo:

Do Viomundo

Hêider Pinto denuncia: Sem aviso, ministério corta banda larga de mais de 6 mil postos de saúde

No Ministério da Saúde o discurso é de “economia”, mas a prática é de desmonte

por Hêider Pinto, especial para o Viomundo

Nessa quinta-feira (02/09), milhares de unidades básicas de saúde (UBS) em todo o país amanheceram sem o serviço de banda larga oferecido pelo Ministério da Saúde. A interrupção foi feita e anunciada pelo próprio ministério, alegando corte de custos.

As UBS são serviços conhecidos como postos ou centros de saúde e que realizam ações capazes de resolver o problema de até oito em cada dez  pessoas que o procuram. O anúncio do governo Dilma de que as mais 40 mil do País entraria nos objetivos do Plano Nacional de Banda Larga foi comemorado.

E agora como ficam as unidades que já haviam se informatizado ou estavam fazendo, para melhorar a qualidade do atendimento? Terão que abandonar a ideia e retroceder a uma fase pré-internet.

Ter internet banda larga numa UBS é muito importante para várias ações. Permite implantar modelos de agendamento que reduzem os tempos de espera e atender primeiro as pessoas com maior necessidade (dor, sofrimento, riscos à saúde etc.).

Permite também o uso de prontuário eletrônico que, por registrar a história, exames, diagnóstico e medicamentos do paciente, melhora a qualidade do atendimento, evita a repetição e solicitação de procedimentos desnecessários, poupa tempo do usuário reduzindo a burocracia.

Além disso, dá base à implantação do telessaúde, que proporciona ao usuário a opinião de médicos especialistas e outros profissionais para cuidar de seus problemas sem que ele precise ser encaminhado para uma consulta cuja fila de espera pode passar dos três meses. Garante melhor controle do uso de medicamentos, evitando desvios. Disponibiliza mais informações aos profissionais de saúde, o que é vital para se manterem atualizados.

Em 2013, o ministério disponibilizou na internet um prontuário eletrônico gratuito que ainda pode ser baixado por qualquer município, o eSUS. Em 2014, iniciou-se a primeira etapa de conexão das UBS que previa 14 mil UBS conectadas em até três anos.

O ministério do governo ilegítimo tem anunciado entre as suas mais importantes prioridades a informatização e a melhoria da gestão.

Na última semana, anunciou que havia economizado 384 milhões de reais (0,4% de seu orçamento total) em supostas medidas de melhoria da gestão e redução de desperdício.

Paradoxalmente, dentre os contratos revistos estava o fornecimento de banda larga para mais de 6 mil UBS que já estavam conectadas e que, a partir de ontem, ficaram sem internet. A medida é um desrespeito com os prefeitos e secretários, que investiram na compra de computadores para informatizar as UBS, gastaram tempo e dinheiro implantando sistemas e agora ficam com tudo sem funcionar e com dificuldade de licitar, de última hora, uma empresa para garantir a internet.

É um desrespeito com os trabalhadores de saúde que agora precisaram voltar a fase da burocracia toda no papel e sem o importante acesso às informações e serviços da internet.

É um desrespeito e descompromisso com os cidadãos que terão que enfrentar a piora no atendimento e o aumento nos tempos de espera de todos os procedimentos – consultas, exames, encaminhamentos – que antes haviam melhorado por causa da informatização.

Conclusão: na prática, o que se observa são medidas de desmonte do SUS, retrocesso na gestão e piora no acesso à saúde e atendimento das pessoas. Não é mais gestão. É menos gestão, menos recursos e menos SUS.

Hêider Pinto é médico sanitarista. Coordenou o Programa Mais Médicos, no governo Dilma Rousseff.

Redação

9 Comentários

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  1. E vai piorar muito mais

    Prezados,

    A ficha de muita gente, sobretudo da classe média conservadora – essa que foi cooptada pelo 1% e que foi às ruas convocada pelo PIG/PPV, para defender as oligarquias plutocráticas e cleptocratas que derrubraram o governo legítimo- parece que ainda não caiu. Mas em pouco tempo, quando as maldades do governo golpista os atingir, é provável que os INCLAMEs tomem uma dose de simancol e caiam na real. 

  2. Fala uma coisa e faz outra

    Na cidade de Maringá-Pr, o irmão do ministro é candidato a prefeito. Silvio Barros, irmão mais velho de Ricardo Barros, tem como platarforma principal de campanha a informatização de vários serviços públicos, principalmente de saúde. Vejam só que ironia né? Mais ainda, a filha do ministro, Maria Victoria, candidata a vice-prefeita em Curitiba, correu o interior do Paraná nos últimos tempos divulgando (vendendo) software para a gestão em educação e demais serviços públicos. Na verdade o que Ricardo Barros está fazendo é provocando a demanda para as empresas de software que sua família representa, ainda mais se aproveitando da condição de agentes públicos. Essa é a cara mais explícita do novo ministério Temer, gente que está lá para dilapidar o erário e garantir ganhos fáceis nos negócios que patrocinam. Confesso que não me surpreende a notícia.  

  3. Eles querem piorar. Doutrina
    Eles querem piorar. Doutrina do Choque. Já fizeram isto com Dilma como presidente. Boicotaram o tempo tudo. Agora no poder , está mais fácil , é só a nao dar verba. Ainda mais com o Janot, que havia sido denunciado por Luis Nassif , se não me falhe a memoria, era o centro nervoso do golpe.Temos que tirar esses carrascos o quanto antes.

  4. Questão de ordem.
    Só para contextualizar.

    Alguém sabe informar o valor que se gasta com 6000 conexões de banda larga?

    Hipoteticamente se for R$ 1.000,00/mês, que para mim já seria um absurdo, seria uma economia de R$ 6.000.000,00/mês, (72.000.000,00/ano).

    Só para sabermos se houve superfaturamento….

  5. Pois é ! Senhores médicos

    E suas tão atuantes organizações, que estavam todo o dia na mídia, malhando o programa “Mais médicos”, Lula, Dilma e o PT.

    Agora vão se contentar com os planinhos de saúde do governo Temer. Quero ver o quanto receberão por Consulta Médica.

    Para esses eu digo: Bem feito ! mais do que Bem feito ! Será que irão tb trabalhar somente 2 hs/dia, como fazem atualmente, mesmo sendo contratados para 4 hs ?

  6. A UNIMED mando cortar…viva

    A UNIMED mando cortar…viva o deus mercado….o nosso pais está sendo governado por um porco engordado pelo mercado

     

  7. Esses golpistas estão mexendo

    Esses golpistas estão mexendo com um grupo social que eles não tem noção da revolta que isso pode causar.

    Digo e repito, quando as classes sociais, C,D,E forem atingidas, esse país convulsiona, a porrada vai comer.

    Conheço e convivo com esse povo aqui debaixo, essa raça não presta, sou um deles.

    Quando começarem quebrar postos de saúde por falta de atendimento e remédio, ai sim, a sociedade conhecerá os verdadeiro black block. Eu também vou jogar  as minhas pedrinhas incitando a galera. Guerra é guerra.

    Outro grupo de profissional que corerá risco serão os peritos do INSS. Quando eles começarem dá alta médica à aleijados, pessoas recém operadas, pessoas com deficiência… eles irão tomar muita porrada, serão agredido dentro dos posto. Já vi esse filme. Um segurado enfiou a porrada numa perita porque recebeu alta médica.

    Esse país vai virar um merdelê que dará gosto de ver.

    Não queriam brincar de golpe ? 

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