Pazuello divulga cronograma com 560 milhões de doses de vacina e diz que não pedirá para sair do Ministério

Demissionário, Pazuello admitiu que Jair Bolsonaro trabalha pela sua substituição e ainda se colocou à disposição para fazer uma transição pacífica

Jornal GGN – Em meio a rumores de que deixará o cargo, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, fez um pronunciamento, nesta segunda (15), para divulgar uma espécie de balanço de sua gestão no enfrentamento à pandemia de coronavírus. Em coletiva de imprensa, ele apresentou um cronograma das vacinas que podem entrar no Plano Nacional de Imunização até o final de 2021. Mesmo irritado com as perguntas, Pazuello admitiu que Jair Bolsonaro trabalha pela sua substituição e ainda se colocou à disposição para fazer uma transição pacífica, mas o general afirmou que, pessoalmente, não pedirá para sair da Pasta por “motivos pessoais ou doença”, porque não é uma “característica” sua. Se tiver de sair, será uma decisão exclusiva do presidente da República, disse.

Em seu pronunciamento, Pazuello disse que a Covid-19 não conseguiu colapsar o SUS em 2020, mas coloca o sistema à prova em 2021. Ele afirmou que distribuiu bilhões de reais a estados e municípios para custear leitos. Investigado, o ministro demonstrou ainda mais irritação quando questionado sobre seu papel na crise de oxigênio de Manaus. Segundo ele, o “governo federal” centralizou a questão e cuidará dos destalhes com o Ministério da Defesa.

VACINAS “CONTRATADAS”

De acordo com o cronograma de vacinas, são mais de 560 milhões de doses, mas não há garantia de que todas serão distribuídas aos estados até dezembro, ao contrário do que o ministro afirmou. Uma parte dos imunizantes sinalizados vem de laboratórios que ainda não tiveram autorização de uso pela Anvisa, como a vacina da Bharat Biotech. Outra fatia sequer foi contratada efetivamente, a exemplo de 30 milhões de doses do Butantan, que foram ofertadas, mas ainda não há contrato assinado pelo Ministério. Apesar disso, Pazuello inseriu a doses no calendário, como previstas para distribuição entre outubro, novembro e dezembro.

Pazuello também inseriu na conta a chegada de vacinas que são doações de consórcio internacional, sem data de entrega. Assim como computa doses que ainda dependem necessariamente da entrega do IFA (ingrediente importado para a produção de vacinas como a da Sinovac e a de Oxford) da China, para acelerar a produção local.

Pazzuelo, aliás, disse que até hoje não sabe porque o Brasil ficou sem o IFA em janeiro, atrasando o Plano Nacional de Imunização em 40 dias. “Até hoje não entendemos porque não atrasou. Deixar claro isso. Não há posicionamento do governo Chinês. Não há posicionamento da aduana chinesa. O contrato estava pago, com data de entrega e previsão de embarque. E por alguma razão que não sabemos, esse IFA ficou atrasado quase 40 dias ali.”

A médica Margareth Dalcolmo atribuiu à incompetência do governo federal, sobretudo nas relações exteriores, a responsabilidade pelo atraso do IFA. Confira aqui.

PRODUÇÃO INDEPENDENTE

Em sua tentativa de produzir manchetes positivas, Pazuello anunciou que o processo de transferência de tecnologia para produção de IFA pela Fiocruz, no Brasil, está “quase 2 meses adiantado”. “Temos todos os equipamentos instalados em Bio-Manguinhos. Nossos engenheiros químicos já foram capacitados e, no mês de abril, devemos começar a produção inicial e, em maio, estabilizar a produção do IFA Nacional”, disse Pazuello.

“Com o IFA produzido no Brasil, nós passamos a ter independência na produção de vacinas. E aí temos a previsão de 22 milhões de doses por mês a partir de agosto, indo até o final do ano”, garantiu.

Até o final do ano, portanto, a Fiocruz terá fornecido, segundo a previsão, 210 milhões de doses de vacina contra Covid desenvolvida em parceria com a Astrazeneca/Oxford, sendo que 110 milhões serão produzidas em solo nacional.

O ministro confirmou, ainda, que assumiu o compromisso de pagar por mais de 37 milhões de doses de vacinas que foram contratadas pelo Consórcio Nordeste.

Confira a coletiva na íntegra:

Redação

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